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Semiologia – Exame das Mamas Fláuber Sousa - Med - 79 - UFCG Exame das Mamas • Dividimos a mama em quatro regiões ou quadrantes por uma linha vertical e outra horizontal que passa pelo mamilo. • Normalmente, a superfície da mama é lisa podendo se ver a rede venosa superficial. O mamilo fica no centro da auréola, ambos pigmentados. Na auréola encontramos pequenas elevações que chamamos de tubérculos de Montgomery. • A mama masculina normal é rudimentar, com auréola e mamilo menores. Porém, na adolescência costuma haver um desenvolvimento transitório das mamas e, em caso de existência de mamas no homem chamamos de ginecomastia. • Constituição da mama: pele e tecido celular subcutâneo, cápsula superficial da fáscia, ácinos mamários (onde produz o leite), ductos, dúctulos, seio e óstio do ducto, glândulas areolares, tecido conjuntivo e adiposo. Existe uma cápsula profunda da fáscia que separa o espaço retromamário dos músculos peitorais. • Drenagem linfática: maior parte da drenagem é para os linfonodos axilares (75%) e o restante para os linfonodos infraclaviculares, supraclaviculares e paraesternais. Semiotécnica Começamos a examinar a paciente sentada e terminamos examinando-a deitada. • Início: paciente deve estar sentada na mesa do exame, com braços rentes ao tórax, vestida apenas com um avental aberto na frente e recebendo luz em incidência oblíqua. Usaremos a inspeção e palpação. • A inspeção será estática e dinâmica: o Estática - (simetria, trofismo, dimensões e formas da mama, papilas, auréolas e alterações da superfície como depressões, abaulamentos, retrações da superfície mamária ou papila). Para perceber todas as alterações o examinador deve caminhar diante do paciente para perceber variações na iluminação. Tubérculos de Montgomery o Dinâmica - realizamos duas manobras: ▪ Levantamento dos braços, a fim de aumentar a tensão dos ligamentos suspensores, e contração dos músculos peitorais. O objetivo é revelar ou acentuar retrações, abaulamentos, tumores, alterações papilares e areolares. Essas alterações geralmente ocorrem em tumores malignos avançados, menos frequente em benignos. • A palpação deve ser iniciada na mama, supostamente, normal. Devemos usar a mão oposta para palpar a mama, enquanto a outra mão fica no ombro do paciente. Mão direita do examinador na mama esquerda da paciente e Mão esquerda do examinador para a mama direita da paciente. Dois momentos: o 1° Palpação global – examina a mama como um todo, palpando com a mão espalmada na altura da papila, procurando tocar em toda a glândula. É útil para evidenciar tumores de maior diâmetro. o 2° Palpação por quadrantes - duas etapas: ▪ 1 - Usa-se a face palmar dos dedos juntos que percorrerão quadrante por quadrante. ▪ 2 – Manobra de Bloodgood – palpação digital, na qual realizaremos a chamada, habitualmente, “manobra de tocar piano sobre a mama”. Podemos realizar essa manobra por quadrante ou de forma radial, nesta você fará os movimentos da papila em direção as regiões periféricas da mama. • Por meio da palpação poderemos encontrar tumores menores, de até 3 mm de diâmetro, além de analisar melhor a superfície e a consistência ou até se há dor relacionada a palpação. • Ao terminar a palpação do lado supostamente normal, podemos passar para o lado que suspeitamos de alteração pela inspeção. • Palpação dos Linfonodos: Terminado a palpação das duas mamas podemos prosseguir para a palpação dos linfonodos. o Nesta, usaremos a mão do mesmo lado da paciente (direito – direito) para elevar o braço até uma posição horizontal, a fim de deixar livre o acesso ao oco axilar. o Com a mão contralateral do médico a paciente (direita – esquerda) iremos realizar a palpação dos linfonodos axilares, em seguida, os infraclaviculares, as fossas subclaviculares e as regiões laterais do pescoço. • Todos esses procedimentos anteriores foram com a paciente sentada. Agora iremos pô-la deitada (decúbito dorsal) com as mãos cruzadas atrás da nuca. • O examinador se posiciona atrás da cabeça da paciente, palpado cada mama com a mão homóloga (direita- direita). Palpação Global Palpação dos Linfonodos Axilares o Nesse exame veremos melhor os tumores pequenos ou de localização mais profunda, pois a mama está mais achatada por estar sendo pressionada contra o gradil costal. • Por último, devemos realizar a expressão das papilas mamárias, realizando-se com o dedo por quadrante (bidigital ou unidigital – o unidigital serve para avaliar cada quadrante - já o bidigital é para ver se há secreção quando pressionamos). Com o objetivo de identificar de onde surgiram as secreções. o As secreções variam de citrino claro ao francamente sangrento. Podemos realizar o esfregaço desse material para auxiliar no diagnóstico. o Secreções esverdeadas e sanguinolentas comumente indicam doença dos ductos mamários (papilomas ou carcinomas intraductais). Resumo Objetivo do Exame de Mama 1. Pele – coloração, se há retrações ou edema 2. Tamanho, forma e simetria – analisa-se comparando com a outra mama 3. Protuberâncias – ao encontrar massas devemos anotar a localização usando os quadrantes como referência. Além de: tamanho, forma, contorno, consistência, mobilidade e sensibilidade 4. Posição dos mamilos – compara um mamilo com o outro. Obs.: retração mamilar pode ser observada em mulheres normais, mas pode ser indicativo de carcinoma de mama. 5. Secreção - deve ser indicada se espontânea ou provocada por expressão da glândula. Características da substância também devem ser anotadas. Em casos de secreção láctea sem relação com gestação e lactações prévias são chamadas de galactorreia não puerperal, geralmente causada por alterações hormonais ou farmacológicas. Secreção láctea mamária unilateral indica lesão local e deve analisar malignidade ou benignidade. 6. Sensibilidade – espontânea ou a palpação? Processo inflamatório dói muito 7. Contextura e Consistência – normalmente é firme e podemos diferenciar os lóbulos glandulares, porém, depende de várias características (idade, menstruarão, n° de gestações) 8. Alterações do parênquima mamário – áreas de condensação ou nódulos. 9. Áreas de condensação – possuem consistência mais firme em relação ao parênquima mamário ao redor. Uma das principais causas é displasia mamária. Ao identificar um nódulo mamário devemos estabelecer as características semiológicas: • Limites (bem limitados são benignos; limites imprecisos são malignos) Expressão das papilas mamárias - Unidigital Expressão das papilas mamárias - Bidigital Retração Mamilar • Consistência (firmes ou elásticos são benignos; duros são malignos) • Mobilidade (ampla mobilidade são benignos) • Diâmetro (orienta o estadiamento da neoplasia) • Fixação nas estruturas adjacentes (a fixação é característica das neoplasias malignas) Afecções da Mama • Anormalidades Congênitas: as mais comuns são pequenas diferenças nas formas e tamanho, além da existência de mamilos extranumerários (localizam-se na região entre a mama e axila). • Nódulos Mamários: os tipos mais comuns são cistos macroscópicos, fibroadenoma e o câncer de mama; Principais Afecções das Mamas • São mastite aguda, displasias, fibroadenoma, câncer e ginecomastia Mastite Aguda • Definição: Inflamação da mama lactente (puerperal) • Causas: mais frequentemente, pela entrada de germes patogênicos gram-positivos, através de fissuras nas papilas ou por falta de higiene da papila para aleitamento • Quadro Clínico: sinais inflamatórios localizados ou em toda a mama, podendo evoluir para abscesso quando não tratado adequadamente. Fora do puerpério é raro e necessita avaliação semiológica detalhada para afastar câncer Displasias (antigas mastites crônicas) • Definição: alterações estruturais do parênquima mamário(cisto simples e papilar, adenose, proliferação dos ductos e ácinos, ectasia ductal, fibroesclerose e outras lesões proliferativas não neoplásicas). • Causas: resposta anormal da glândula aos hormônios (esteroides e não esteroides) • Quadro Clínico: a mama displásica possui parênquima doloroso (cíclico ou constante) e/ou relevo não é macio, nem uniforme ou elástico. Na verdade, é irregular, grosseiro, simulando micro ou macronódulos ou microespículas, endurecido (condições fibrocísticas). Necessita de diferenciação de neoplasias por exames clínicos, de imagem e biópsia. Podem ser, unilaterais e localizadas ou bilaterais e difusas. Em casos de localizados devem ser biopsiadas para distinguir de carcinoma incipiente, único estágio que o tratamento apresenta grandes chances de cura. Neoplasias • Fibroadenomas: tumores benignos, sólidos, limites precisos, superfície lisa, consistência firme e elástica, independentes do parênquima e não aderentes à pele (escorregam com facilidade entre os dedos). Costumam desenvolver-se de forma lenta e indolor com volume pequeno (máx. 2 a 3 cm). • Fibroadenoma gigante: desenvolve-se rápido com um volume que deforma a mama. Possui alta tendência a recidivar, comportando-se “malignamente”, mas não dá metástase. Câncer de mama: um nódulo ou zona endurecida de limites pouco nítidos, indolor, superfície áspera, pouco móvel (incorporado ao parênquima). Em estágios mais avançados é fixo a pele, podendo ulcerar. Estágios iniciais: 1 a 2 cm (indistinguível das benignas citadas). Fibroadenoma Gigante Todo nódulo mamário é suspeito até que se prove o contrário! Realizar métodos diagnósticos complementares adequados. Ginecomastia • Definição: crescimento excessivo das mamas no homem, podendo ser uni ou bilateral, espontâneo ou adquirido pelo uso de estrogênios. • Causas: insuficiência hepática, síndrome de Klinefelter, neoplasias da suprarrenal e dos testículos, uso prolongado de maconha na adolescência. Já em outros, não sabemos a causa.
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