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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
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GESTÃO E ELABORAÇÃO DE SERVIÇOS 
SOCIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
 
http://celuloseonline.com.br/oji-papeis-divulga-lista-de-projetos-sociais-para-2015/ 
 
A educação de uma pessoa começa nos seus primeiros instantes de 
vida. Desde o momento em que nasce o ser humano começa a receber 
orientação e treinamento, aprende a reagir perante situações criadas pela 
natureza, pela sociedade e vai adquirindo hábitos que farão parte de seu modo 
de ser. E quando começa a observar o meio em que está inserido e a ter a 
possibilidade de tomar decisões, inicia seu processo de integração na vida 
social. E daí por diante cada fato e cada situação exercerão influência sobre a 
definição de sua personalidade. A pessoa adulta será o resultado da educação 
recebida desde os primeiros instantes de vida. 
Como se verifica, a educação de uma pessoa começa na família ou no 
meio social em que a criança nasceu e passa a viver. Essa é chamada 
educação informal ou não formal, que é dada fora do ambiente escolar, tanto à 
criança quanto ao adolescente e ao adulto. Ao lado dessa, existe, ou pelo 
menos deve existir, a educação formal, que é dada na escola. Não pode dizer 
que seja mais importante do que a outra, pois na realidade ambas podem ter 
influência decisiva na vida de qualquer pessoa. 
Educação, hoje, é tarefa de todos e condição para o desenvolvimento 
pessoal e do país. Assegurar às crianças e jovens o sucesso na escola e na 
vida requer a participação dos que acreditam nisso e se dispõem a enfrentar 
essa batalha. Cabe ao voluntário, empresário – unido à família e à comunidade 
escolar e local – dar a sua contribuição para que, através de ações 
complementares à escola. 
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EIXOS DA EDUCAÇÃO SOCIAL 
 
 
http://sentidosdaeducacaosocial.blogspot.com.br/2011/09/encontro-voluntariado-contextos-e.html 
 
 
RODRÍGUEZ FERNÁNDEZ (1999) analisa uma série de elementos 
que considera os eixos da educação social: 
a. O âmbito socioeducativo é o espaço disciplinar onde se realiza a 
práxis da educação social. Na perspectiva desta ação prima a dimensão social 
do sujeito, já que este não o é senão no contexto da sua presença na 
comunidade. Por seu lado, a ação socioeducativa é entendida como ajuda 
social, e esta se formula desde o apoio e a mediação social. Aqui é onde entra 
a educação social que, do mesmo modo que outras disciplinas sociais, exerce 
a mediação para prevenir as situações de escassez e garantir a promoção dos 
indivíduos. 
b. A educação social pretende corrigir a concepção clássica de 
institucionalização. Esta afirmação não significa que a educação social se 
encontre à margem de estruturas, já que o indivíduo o é e se mostra em todos 
os espaços. Nesta concepção, o que se faz é afirmar a ideia de que a educação 
social não se esgota no não formal, muito pelo contrário, deve abarcar todos 
os espaços e todos os momentos, já que o homem se aperfeiçoa em qualquer 
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âmbito – formal ou não formal – e ao longo de toda a sua vida. 
Por outro lado, desenvolver a autonomia dos sujeitos quando se 
encontram em contextos institucionalizados de internamento (centros 
penitenciários, centros de menores) implica um indubitável “handicap” para a 
sua consecução, da mesma maneira que se limitam as possibilidades de 
interação. Na realidade, a educação social promove estratégias didáticas de 
caráter instrumentalista cujo meio é a autonomia pessoal, independentemente 
do contexto no qual se encontra o indivíduo. 
 
 
http://eufacoservicosocial.tumblr.com/post/24856078287/base-complementar-texto-postado-por-tony 
 
c) A educação social é uma prática social que medeia a socialização dos 
indivíduos. Para articular a sua prática educativa, a educação social 
obtém fundamentos científicos na pedagogia social. Esta, portanto, 
articula a intervenção sobre o seu objeto através da educação social, o 
que lhe confere uma natureza epistemológica de tecnologia 
socioeducativa e, por seu lado, encontra as balizas científicas na 
pedagogia social. Assim, a função socializadora é em si mesma, o 
objeto de intervenção da educação social. QUINTANA (1998) atribui à 
educação social o desenvolvimento da ação educativa que atua sobre a 
sociedade. A forma de materializar um dos objetos que são específicos 
da pedagogia social é cuidar da correta socialização do indivíduo. 
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d) a educação social propõe ações alheias ao subsidiário e ao 
assistencial. A dimensão educativa da educação social é a que traz qualidade 
de vida e bem-estar social ao indivíduo (PARCERISA, 1999). A sua didática 
deve promover no indivíduo a sensibilização e tomada de consciência das suas 
necessidades não sentidas para que estas possam ser percebidas e 
procuradas (necessidades exprimidas). A educação social deve intervir 
naquelas circunstâncias que geram situações de necessidade nas pessoas, 
sendo esta precisamente a função preventiva, a qual, logicamente, deve 
antepor-se à cronificação dos problemas. 
 
Para finalizar, queremos fazer nossas as palavras de PETRUS (1994): 
Para muitos autores a educação social é hoje sinônimo de socialização correta, 
seja ela socialização primária, secundária ou terciária, ou seja, a educação 
seria o processo de transformação do indivíduo biológico em indivíduo social, 
seria a aquisição das capacidades para participar e integrar-se no grupo no 
qual lhe corresponde viver. 
Contudo, a educação social, para além de solucionar determinados 
problemas de convivência, tem uma função não menos importante, que é a de 
ser um instrumento igualitário e de melhoria da vida social e pessoal. Estamos 
convencidos de que só uma estratégia criativa e inovadora de proteção e 
educação social poderá evitar o risco de conviver com situações injustas e 
conducentes a atitudes violentas, já que a violência social, em múltiplas 
ocasiões, é a expressão da insatisfação sentida por um setor da população que 
se vê privado da possibilidade de fazer parte dessa sociedade do bem-estar a 
que tem direito. 
 
 
https://valberlucio.com/2015/05/19/ma-juizado-criminal-de-sao-luis-seleciona-projetos-sociais/ 
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Diferentes perspectivas da educação social 
 
 
PETRUS (1998) percorre as diferentes perspectivas sobre a educação 
social que foram elaboradas a partir da cultura do bem-estar, sendo esta 
entendida dos seguintes modos: 
– Como adaptação: entendida assim, a educação social consistiria na 
aquisição, por parte do indivíduo, das características intelectuais, sociais e 
culturais necessárias à sua adaptação e que lhe permitem viver num ambiente 
social concreto. Deve considerar-se que esta adaptação social se dá ao longo 
de toda a vida e não apenas em determinados momentos ou fases. A educação 
social adaptativa é um processo de contínuas adaptações do homem ao meio 
ambiente. A educação social seria, pois, a expressão do desenvolvimento 
adaptativo do educando, como ser vivo, às necessidades sociais em 
permanente mutação. 
– Como socialização: a educação social é entendida, por alguns, como 
o processo que torna possível a integração social dos indivíduos, assimilando 
as normas, valores e atitudes que lhes permitem uma convivência normalizada. 
Nesta perspectiva, este tipo de educação consistiria numa aprendizagem social 
que permitiria ao homem e à mulher a entrada no grupo social. 
 
http://www.sociologia.com.br/a-socializacao-e-os-agentes-de-socializacao/ 
Cabe aqui falar de três tipos de socialização: a socialização primária é a 
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que se produz, fundamentalmente, no núcleo familiar e refere-se à 
aprendizagem afetiva dos comportamentos do grupo; a socialização 
secundáriaé o resultado das interações que se produzem em nível do 
ecossistema, com grupos mais gerais e menos afetivos (escola). 
Com este tipo de socialização consegue-se interiorizar o sistema de 
valores que as instituições se encarregam de transmitir; por último, falamos de 
socialização terciária para nos referirmos a ressocialização, reeducação social, 
etc., ou seja, o processo mediante o qual se pretende que um indivíduo se 
reintegre na sociedade depois de ter revelado condutas antissociais, associais 
ou dissociais. 
– Como aquisição de competências sociais: a educação social entendida 
deste modo é uma ação educativa que procura que os indivíduos pertencentes 
a uma determinada sociedade se formem e adquiram as habilidades e 
competências sociais, consideradas necessárias para alcançar a integração 
social. Educar para a participação social implica, fundamentalmente, melhorar 
as relações em todos os âmbitos relacionais da pessoa, é preparar o homem 
para atuar com habilidade social no campo das relações laborais, é gerar 
mudanças de atitude, face à cultura e às outras culturas, é, finalmente, assumir 
os princípios básicos de uma justa convivência social. 
– Como didática do social: nesta perspectiva a educação social é uma 
intervenção sócio comunitária em função de problemas e de determinadas 
orientações institucionais. Vista desta maneira, é algo parecido a uma ciência 
da intervenção face aos problemas sociais. É uma didática do social. 
 
No entanto, é necessário esclarecer que este nos parece um 
posicionamento num paradigma radicalmente tecnológico, que é contrário aos 
princípios da educação social, e isto porque, nesta perspectiva, só se procura 
a solução dos problemas sem que se coloquem os princípios éticos em que se 
baseiam umas soluções ou outras, bem como os possíveis problemas delas 
derivados. 
– Como ação profissional qualificada: a educação social é concebida 
também como a ação qualificada dos profissionais, os quais, mediante a 
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utilização dos recursos necessários e oportunos, procuram dar solução a 
determinados problemas e necessidades de pessoas ou grupos que se 
encontram em situação de risco ou necessidade social. 
– Como ação próxima da inadaptação social: há quem utilize a 
expressão educação social para referir, de forma exclusiva, a intervenção 
educativa que se realiza diante de problemas de inadaptação e marginalização 
social. A educação social, não só deve dar resposta aos problemas da 
inadaptação, mas também, entre outras coisas, deve desenvolver e promover 
a qualidade de vida dos cidadãos, aplicar estratégias para prevenir os 
desequilíbrios sociais, etc. Torna-se assim claro que a função da educação 
social não se esgota no âmbito da inadaptação social. 
– Como formação política do cidadão: desde o início que a educação 
social foi influenciada pelos poderes públicos com fins políticos, quer dizer, 
entendida como formação social e política do cidadão. No entanto, na 
atualidade, esta perspectiva não goza de muitos adeptos. A influência das 
políticas sociais dos Estados providência são as que dão forma e identidade às 
parcelas mais importantes da educação social. 
– Como prevenção e controlo social: a educação social, entendida como 
prevenção e controlo social, supõe um conjunto de procedimentos por meio 
dos quais se procura que os membros de uma sociedade cumpram as normas 
consideradas necessárias para conseguir a ordem social. No Estado-
providência todo o processo educativo transporta consigo controlo social, moral 
e cultural. O controlo é também uma prevenção dos desvios e, por isso, a 
educação social implica uma função preventiva do desvio social. 
A relação entre política social e educação social é clara, porém, a 
primeira não deve exercer um controlo severo, determinismo ou intrusismo nos 
princípios pedagógicos desta. A educação social alcançará o seu verdadeiro 
espaço quando conseguir melhorar a convivência entre os cidadãos. Se o 
trabalho socioeducativo é uma atividade que surge da própria necessidade da 
vida em convivência, a relação entre educação, prevenção e controlo parece 
evidente. 
– Como trabalho social educativo: muitos profissionais da educação 
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social entendem que o seu trabalho tem todas as características de um trabalho 
social, mas há que deixar claro que o trabalho destes profissionais deve ser 
sempre realizado a partir de uma perspectiva educativa, não se centrando 
exclusivamente, como até a não demasiados anos, nas atividades de caráter 
assistencial. Esse compromisso educativo é precisamente o que dará uma 
nova dimensão às suas intervenções, de tal modo que se gerará um 
compromisso para a mudança no sentido de uma sociedade mais justa. 
A educação social é uma atividade pedagógica inserida no âmbito do 
trabalho social; por seu turno, este e os serviços sociais podem encontrar nas 
teorias, modelos e métodos pedagógicos uma fundamentação e consistência 
que seria injustificável recusar por problemas principalmente corporativos. A 
intervenção social configura-se a partir de uma perspectiva interdisciplinar e, 
em consequência, a educação social pode ser concebida a partir de duas 
perspectivas complementares: em primeiro lugar, será função da educação 
social a correta socialização do indivíduo e, em segundo lugar, a intervenção 
para aliviar as necessidades geradas pela convivência, tarefa esta que, pelo 
seu caráter global, deve ser partilhada com outros profissionais como os 
trabalhadores sociais, psicólogos, sociólogos, etc. 
 
http://educacaoespiritaaplicada.blogspot.com.br/ 
– Como paidocenosis: poucos autores duvidam hoje que a educação é 
o resultado de um conjunto variado de estímulos e circunstâncias. Atualmente, 
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é comumente aceito a ideia de que a educação não se limita de forma exclusiva 
ao âmbito escolar. 
O educador faz parte de um sistema mais amplo – espaço escolar e 
extraescolar, no qual se informa o indivíduo. Nesta perspectiva, pode justificar-
se a ideia de entender a educação social como paidocenosis, ou seja, como 
uma ação educadora da sociedade. 
Este tipo de educação converteu-se num instrumento da inclusão social, 
mas não deve limitar-se a isso, deve ser um recurso para melhorar a própria 
sociedade numa constante revisão dos princípios nos quais esta se apoia e a 
própria educação social, propugnando que uma e outra se fundamentem em 
princípios éticos e de eficácia. 
– Como educação extraescolar: alguns autores defendem uma posição 
excludente relativamente à educação social e utilizam os termos de educação 
não formal para situá-la, isto é, recorrem ao conceito de extra escolaridade. 
Portanto, nesta perspectiva, a educação social abarcaria toda a 
intervenção educativa estruturada que se encontra à margem do sistema 
educativo regulamentado. Também é frequente a afirmação de que não deve 
ter a responsabilidade da atividade escolar. 
 
 
http://educacaoereflexoes.blogspot.com.br/ 
 
PEDAGOGIA SOCIAL: IMPASSES, DESAFIOS E 
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PERSPECTIVAS EM CONSTRUÇÃO 
 
Há 30 anos, as questões proeminentes que preocupavam os cientistas 
sociais, educadores, eram temas ligados ao desenvolvimento econômico, a 
modernização, a participação política, a democracia ou a mobilidade social 
ligadas direta ou indiretamente à educação. Hoje a pobreza e a exclusão social, 
são temas dominantes, que requerem imediatamente atenção e definição de 
foco, no âmago da totalidade socioeconômica das que geram pobreza, 
desigualdade social e injustiças para a maioria da população excluída da 
sociedade. 
Sem dúvida, nunca estes temários estiveram ausentes da discussão e 
do debate social, no entanto, hoje se colocam em primeiro plano, no que se 
referem às perspectivas paradigmáticas e conceituais, ligadasdiretamente a 
políticas públicas concretas e emergentes, além de necessárias e urgentes. 
O quadro ou o cenário da realidade é profundamente complexo, em 
relação aos acontecimentos históricos, aos valores, interesses econômicos 
contraditórios, as causas e efeitos geradores da exclusão social que requerem 
e exigem uma reconstrução histórica profunda com identificação refeita e 
redimensionada de concepções reconstruídas e reconceitualizadas do ponto 
de vista holístico, heurístico e interdisciplinar. 
Neste amplo cenário sócio-econômico-cultural, reaparece a educação, 
cuja má qualidade, a falta de formação de seus agentes, a pouca infraestrutura 
onde ocorre, dentre outros inúmeros fatores, também é responsável pela 
pobreza, pela desigualdade e exclusão social, não só no Brasil, mas em todas 
as regiões latino-americanas. 
Reafirmadas em estudos e pesquisas que comprovam esta relação, seja 
por falta de recursos, instrumentos e ou mecanismos para a melhora de 
qualidade da educação e o pleno êxito do aprendiz no que se refere ao seu 
espírito crítico, criativo e participativo, a partir de uma aprendizagem 
competente e consequente, ampla e inquietante, questionadora e discernida. 
Há um movimento em marcha, na sociedade global, onde as 
manifestações da sociedade civil se propõem, a novas crenças e capacidades 
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de organizar-se, mobilizar-se e conquistar, por si própria, aquilo que os setores 
públicos não conseguem proporcionar, frente à pobreza e a exclusão. 
No artigo 7° da Constituição Brasileira de 1988, há uma listagem de 34 
itens que consagram a noção de que, além dos direitos políticos, os cidadãos 
brasileiros também têm obrigatoriamente direitos sociais, que vão desde o 
direito ao emprego e a educação até o direito ao atendimento, pelo setor 
público, de suas necessidades de saúde, lazer, seguro social, dentre outros. 
Parece óbvio, a execução destes direitos, mas ainda estamos muito 
longe de começar a concretizar esta jornada. Na sociedade brasileira, portanto 
os processos de exclusão passam por acesso a emprego, renda e benefícios 
dos desenvolvimentos econômicos, restritos a determinados segmentes da 
sociedade. 
A economia brasileira se situa entre as mais desenvolvidas da região, 
mas socialmente geram níveis de exclusão e desigualdade entre os países 
piores do mundo, muitas pesquisas apontam de os pobres vivem com até US$ 
1 por dia por mês. A pobreza é urbana localizada nas periferias das grandes 
cidades e constituída por pessoas em grande parte oriundas do campo, ou de 
regiões pauperizadas do Brasil, como é o nordeste. 
Há uma análise geral feita por especialistas de que não só a 
desigualdade da renda no país é determinante, mas incluem a diferença de 
educação. Com a escassez da educação, relacionada à pobreza, há 
necessidade de reverter e alterar substantivamente esta situação: com 
aumentos significativos de custos, programas focalizados nas necessidades, 
com políticas redistributivas. 
O conceito de exclusão, portanto se liga aos diagnósticos da pobreza e 
da desigualdade, por não propiciarem efetivação da cidadania, apesar da 
legislação social e do esforço das políticas públicas, assim não pertencem à 
comunidade política e social, uma vez que não tem acesso ao consumo dos 
bens e serviços de cidadania. 
Portanto a concepção de exclusão social é inseparável do conceito de 
cidadania e se refere aos direitos que as pessoas têm de participar da 
sociedade e usufruir dos benefícios e bens produzidos por ela. Sejam os 
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direitos civis, políticos e sociais definidos como: 
Civis: aqueles que protegem o cidadão contra o arbítrio do Estado, 
facultando direito de ir e vir, se expressar com liberdade; 
Políticos: são aqueles direitos que facultam o papel do cidadão na 
organização política de sua comunidade, votar, ser votado, etc.; 
Sociais: são os direitos que se vinculam à vida digna e a convivência 
social, educação, saúde, trabalho dentre outros. 
Reafirmam-se outras formas de inclusão social cidadã, quando se 
concebem e se preenchem ausências de mecanismos de participação e 
controle como conselhos paritários – Estado e Sociedade Civil – orçamentos 
participativos e a implementação de organizações não governamentais e 
movimentos sociais que promovem as políticas públicas. 
As contribuições positivas da educação para a sociedade destacam-se 
duas: a reorganização da cidadania, pela criação de uma ordem mais justa, 
fraterna e o desenvolvimento das habilidades, competências para a vida, que 
permitam menos exclusão e as desigualdades sociais e econômicas, levando-
se em conta a diversidade e o multiculturalismo. 
Ainda ressalta-se, a priorização de valores cívicos, culturais, sociais e 
morais, com ênfase no meio ambiente e na ética, além da pluralidade cultural 
balizadas pelo conhecimento científico, técnico e humanista na formação dos 
aprendizes. A educação é uma atividade para vida, que ocorre na família, na 
rua, na igreja, no trabalho, na escola e em todos os espaços sociais. 
 
 
http://consciencia.blog.br/2015/11/por-crenca-de-so-educacao-pode-trazer-mudancas-e-falha.html#.V4bQEtIrLIU 
Pedagogia Social: uma obra em construção 
 
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"A mão estendida é o início do abraço, esta é a nossa intenção, o ponto 
de partida, o marco inaugural do longo processo de busca da justiça, 
da liberdade, da igualdade... nossa utopia. Vamos ampliar os limites 
de nossas fronteiras na composição do novo. Vamos ousar... invadir o 
interior das pessoas... causar uma reviravolta... revelando e revisando 
desejos, prazeres, paixões. Junte-se a nós”.(Pe. Antonio Vieira -1994 
) 
 
Nesse sentido é que nascem as palavras e as ações diante da 
comunidade de educadores que nos cercam, em todos os lugares onde 
ocupamos qualquer território: escola, família, rua, igreja, comunidade. São 
momentos perenes onde o diálogo rompe o silêncio dando espaço para a 
conversa, circulando o ato de aprender e de ensinar simultaneamente. Foi a 
pedagogia freireana, que possibilitou esta reflexão e ação junto aos mais 
pobres e excluídos da sociedade. 
Foi esta relação social educativa que permitiu aos pobres tornarem-se 
sujeitos políticos, pois para Paulo Freire, toda educação é um ato político. Os 
excluídos contribuíram com sua pedagogia própria, suas crenças, valores e 
principalmente histórias de migração, de subsistência e sobrevivência em 
territórios áridos, propiciou que produzissem, não discursos abstratos e sem 
consistência empírica concreta, mas um discurso vivo, plástico, estético e 
poético baseado na vida. 
 
 
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-720180006-livro-paulo-freire-formaco-de-educadores-frete-gratis-_JM 
Discursos plenos e transbordantes de metáforas, onde não escrevem ou 
moldam conceitos, mas denunciam fatos acontecimentos existenciais, 
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carregados de emoção, profundidade e dignidade ética. Leem o mundo, 
através dos sentidos, quando apreciam um quadro, quando veem uma multidão 
se manifestando, quando dizem poesias de cordel, criadas no íntimo do 
coração dilacerado ou retratam um folguedo infantil; ou ouvem o anúncio de 
um ensino que badala ou os acordes da viola; tudo isto se refere à cultura 
popular. Frei Beto, na contra capa da Pedagogia da Autonomia afirma: 
 
"O que existem são culturas paralelas, distintas e socialmente 
complementares. (...) o pobre sabe, mas nem sempre sabe que sabe. 
E quando aprende é capaz de expressões como esta que ouvi da boca 
de um senhor alfabetizado aos 60 anos:” agora sei quanta coisa não 
sei““. 
 
A pedagogia freireana há quatro décadas propiciou transformações 
incríveis, não só em educadores, mas também em educandos, que saíram de 
sua ingenuidade para esfera crítica, da passividade para a militância em 
movimentos sociais, sindicaise populares, da descrença para a esperança de 
que as coisas possam mudar e da resignação para a utopia, convencidos de 
que são sujeitos históricos capazes de ocupar a vida política do brasileiro, 
indignados com a pobreza, com a exclusão e a desigualdade social. 
 
 
http://www.ovetor.com.br/portal/brasilianas-desigualdade-social-no-pais-comeca-na-educacao-diz-professor/ 
 
Estas representações sociais são tomadas como denúncias das 
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condições de pobreza que ocorre na sociedade, marcada por desigualdades 
de oportunidades nos diversos segmentos sociais excluídos. Entendemos por 
representação social, como a forma intercalada e assimilada de todas as coisas 
que entramos em contato, seja com o corpo – relações concretas vividas – seja 
com o pensamento – relações imaginárias – as quais aprendemos a significar 
ou valorizar. 
A pedagogia social caracteriza-se, pois, como um projeto radical de 
transformação política e social, uma vez que: 
a) Propõe inicialmente criar uma teoria renovada de relação homem, 
sociedade e cultura, com uma ação pedagógica que pretende fundar, a partir 
do exercício em todos os níveis e modalidades da pratica social, uma educação 
libertadora; 
b) Realiza-se no domínio específico da prática social com classes sociais 
populares, a partir de um trabalho político educacional de libertação popular, 
com o intuito de ser conscientizador com sujeitos, grupos e movimentos das 
camadas excluídas; 
c) Concretiza-se como ação educativa com agentes e sujeitos 
comprometidos, onde se estabelece através da relação dialógica, um 
sistemático processo de intercâmbio de conhecimento e saberes, onde a troca 
de experiências é primordial; 
d) Orienta-se pela pedagogia libertadora protagoniza baseada 
fundamentalmente na memória histórica na identidade coletiva, na dinâmica 
cultural, na possibilidade entre a capacidade lógica de compreender os liames 
capitalistas e a valorização da participação comunitária e, autoestima, 
autovalorização, autoconfiança e autodeterminação de sujeitos que tentam 
construir uma nova ordem social, econômica e cultural. 
Para efetivar uma pedagogia social competente e consequente 
historicamente, é imprescindível: de um lado, buscar conhecer a sabedoria 
popular expressa em seus códigos, dramaturgia, religiosidade, produtos 
culturais e senso comum, base fundamental que deve servir de plataforma para 
ele (indivíduo, grupo, classe popular) e os intelectuais orgânicos possam 
chegar à hegemonia da sociedade civil no processo concomitante de sua 
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libertação social, econômica e política; de outro, entender que o povo não se 
apresenta como uma entidade única, como conceitua Gramsci (1984): 
 
"O próprio povo não é uma coletividade homogênea, mas apresenta 
numerosas estratificações culturais, variadamente combinadas; 
estratificações que em sua pureza, nem sempre podem ser 
identificadas em determinadas coletividades populares históricas, 
sendo certo, porém, que o grau maior ou menor de isolamento histórico 
de tais coletividades fornece a possibilidade de uma certa 
identificação”. 
 
Além disso, os agentes da pedagogia social, que efetuaram a animação 
popular, precisam buscar e caracterizar os componentes ideológicos das 
classes populares, expressar organizar, com estímulos diferenciados, as 
ideologias dominadas em suas múltiplas formas de manifestação, empregando 
estratégias (técnicas e métodos) criativas de comunicação com o povo e 
utilizando meios e instrumentos ajustados à melhor divulgação dessas 
ideologias para o conjunto da sociedade civil, ganhando amplitude 
paulatinamente e conquistando aliados. 
 
http://culturadigital.br/labceus/2015/04/13/labceus-e-voz-da-ilha-juntos-na-ucupacao-do-ceu-sao-felix-do-xingu-pa/ 
 
É nesse sentido que os intelectuais ligados a essa área produzem 
conhecimentos reconstituindo o real, buscando explicação e previsão, 
aplicando conceitos e categorias de interpretação de dados por suas teorias e 
modelos, trabalhando para estruturá-los e hierarquizá-los em conformidade 
com as variações históricas, ou redefinindo os já existentes, ou criando novos, 
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sempre como consequência da interação teórico-prática. 
Como Luiz Wanderley ( 2003) coloca: 
 
"Uma condição relativa ao trabalho dos intelectuais com o povo 
reporta-se a determinadas qualidades pessoais e coletivas que esses 
intelectuais devem ter nas atitudes e comportamentos da sua prática 
efetiva junto ao trabalho de libertação das classes populares. Ou seja, 
é necessária sua identificação pela consciência e pela prática com as 
classes populares, o que implica a obtenção de novas adesões para a 
hegemonia das classes a que se quer vincular organicamente. Para 
ganhar a confiança e o respeito mútuo do povo, principalmente para 
vencer a desconfiança das palavras inúteis e das falsas promessas a 
que os trabalhadores em geral se acostumaram, exige-se dos 
intelectuais um esforço permanente de sobrepujar modos de agir e de 
pensar adquiridos historicamente em nosso país, configurados no que 
se tem cognominado de uma ‘filosofia tutelar’ – exemplificada, entre 
outras, pelas características de autoritarismo, de paternalismo, de 
clientelismo, de individualismo e de elitismo -, que impede a 
solidariedade fundamental para a comunhão de interesses e tem 
servido para atrasar a história irreparavelmente”. 
 
Há que se preocupar também com outro aspecto profundamente 
importante na prática de pedagogia social, que diz respeito ao uso de 
manipulação e massificação ante os grupos trabalhados e às alianças e 
compromissos típicos do jogo político, que dessa experiência emanam, ligados 
à luta e à disputa pelo poder. 
 
 
http://educadoresociais.blogspot.com.br/2014/08/origem-e-evolucao-da-pedagogia-social.html 
DISTINÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL, 
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FORMAL E INFORMAL 
 
 
A educação não formal designa um processo com várias dimensões tais 
como: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; 
a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de 
habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e 
exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com 
objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos 
cotidianos; a aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos 
fazerem uma leitura do mundo do ponto de vista de compreensão do que se 
passa ao seu redor; a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em 
especial a eletrônica etc. 
Em suma, consideramos a educação não formal como um dos núcleos 
básicos de uma Pedagogia Social. Quando tratamos da educação não formal, 
a comparação com a educação formal é quase que automática. O termo não 
formal também é usado por alguns investigadores como sinônimo de informal. 
Consideramos que é necessário distinguir e demarcar as diferenças entre estes 
conceitos. 
A princípio podemos demarcar seus campos de desenvolvimento: a 
educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos 
previamente demarcados; a informal como aquela que os indivíduos aprendem 
durante seu processo de socialização - na família, bairro, clube, amigos etc., 
carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos 
herdados: e a educação não formal é aquela que se aprende "no mundo da 
vida", via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente 
em espaços e ações coletivos cotidianas. 
Vamos tentar demarcar melhor essas diferenças por meio uma série de 
questões, que são aparentemente extremamente simples, mas nem por isso 
simplificadoras da realidade, a saber: 
 Quem é o educador em cada campo de educação que estamos 
tratando? 
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20 
 
 Em cada campo,quem educa ou é o agente do processo de construção 
do saber? Na educação formal sabemos que são os professores. Na não 
formal, o grande educador é o outro, aquele com quem interagimos ou 
nos integramos. Na educação informal, os agentes educadores são os 
pais, a família em geral, os amigos, os vizinhos, colegas de escola, a 
igreja paroquial, os meios de comunicação de massa etc. 
 Onde se educa? Qual é o espaço físico territorial onde transcorrem os 
atos e os processos educativos? Na educação formal estes espaços são 
os do território das escolas, são instituições regulamentadas por lei, 
certificadoras, organizadas segundo diretrizes nacionais. Na educação 
não formal, os espaços educativos localizam-se em territórios que 
acompanham as trajetórias de vida dos grupos e indivíduos, fora das 
escolas, em locais informais, locais onde há processos interativos 
intencionais (a questão da intencionalidade é um elemento importante 
de diferenciação). Já a educação informal tem seus espaços educativos 
demarcados por referências de nacionalidade, localidade, idade, sexo, 
religião, etnia etc. A casa onde se mora, a rua, o bairro, o condomínio, o 
clube que se frequenta, a igreja ou o local de culto a que se vincula sua 
crença religiosa, o local onde se nasceu etc. 
 Como se educa? Em que situação, em qual contexto? A educação 
formal pressupõe ambientes normatizados, com regras e padrões 
comportamentais definidos previamente. A não formal ocorre em 
ambientes e situações interativos construídos coletivamente, segundo 
diretrizes de dados grupos, usualmente a participação dos indivíduos é 
optativa, mas ela também poderá ocorrer por forças de certas 
circunstancias da vivência histórica de cada um. Há na educação não 
formal uma intencionalidade na ação, no ato de participar, de aprender 
e de transmitir ou trocar saberes. Por isso, a educação não formal situa-
se no campo da Pedagogia Social- aquela que trabalha com coletivos e 
se preocupa com os processos de construção de aprendizagens e 
saberes coletivos. A informal opera em ambientes espontâneos, onde 
as relações sociais se desenvolvem segundo gostos, preferências, ou 
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21 
 
pertencimentos herdados. 
 Qual a finalidade ou objetivos de cada um dos campos de educação 
assinaladas? 
 
Na educação formal, entre outros objetivos destacam-se os relativos ao 
ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados, 
normalizados por leis, dentre os quais se destacam o de formar o indivíduo 
como um cidadão ativo, desenvolver habilidades e competências várias, 
desenvolver a criatividade, percepção, motricidade etc. 
 
 
http://pesquisadoresdoensino.blogspot.com.br/2011/11/educacao-formal-nao-formal-e-informal.html 
 
A educação informal socializa os indivíduos, desenvolvem hábitos, 
atitudes, comportamentos, modos de pensar e de se expressar no uso da 
linguagem, segundo valores e crenças de grupos que se frequenta ou que 
pertence por herança, desde o nascimento. Trata-se do processo de 
socialização dos indivíduos. 
A educação não formal capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos 
do mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de conhecimento sobre o 
mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais. Seus objetivos não 
são dados a priori, eles se constroem no processo interativo, gerando um 
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22 
 
processo educativo. 
 
 
http://filoeducacao.blogspot.com.br/2011/11/meios-de-comunicacao-em-massa.html 
 
Um modo de educar surge como resultado do processo voltado para os 
interesses e as necessidades que dele participa. A construção de relações 
sociais baseadas em princípios de igualdade e justiça social, quando presentes 
num dado grupo social, fortalece o exercício da cidadania. 
A transmissão de informação e formação política e sócio- cultural é uma 
meta na educação não formal. Ela preparar os cidadãos, educa o ser humano 
para a civilidade, em oposição à barbárie, ao egoísmo, individualismo etc. 
Quais são os principais atributos de cada uma das modalidades educativas que 
estamos diferenciando? 
A educação formal requer tempo, local específico, pessoal 
especializado. Organização de vários tipos (inclusive a curricular), 
sistematização sequencial das atividades, disciplinamento, regulamentos e 
leis, órgãos superiores etc. Ela tem caráter metódico e, usualmente, divide-se 
por idade/ classe de conhecimento. 
A educação informal não é organizada, os conhecimentos não são 
sistematizados e são repassados a partir das práticas e experiência anteriores, 
usualmente é o passado orientando o presente. Ela atua no campo das 
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23 
 
emoções e sentimentos. É um processo permanente e não organizado. 
A educação não formal tem outros atributos: ela não é organizada por 
séries/ idade/conteúdos; atua sobre aspectos subjetivos do grupo; trabalha e 
forma a cultura política de um grupo. Desenvolve laços de pertencimento. Ajuda 
na construção da identidade coletiva do grupo (este é um dos grandes 
destaques da educação não formal na atualidade). 
Ela pode colaborar para o desenvolvimento da autoestima e do 
empowerment do grupo, criando o que alguns analistas denominam, o capital 
social de um grupo. Fundamenta-se no critério da solidariedade e identificação 
de interesses comuns e é parte do processo de construção da cidadania 
coletiva e pública do grupo. 
Quais são os resultados esperados em cada campo assinalado? 
Na educação formal espera-se, além da aprendizagem efetiva (que, 
infelizmente nem sempre ocorre), há a certificação e titulação que capacitam 
os indivíduos a seguir para graus mais avançados. Na educação informal os 
resultados não são esperados, eles simplesmente acontecem a partir do 
desenvolvimento do senso comum nos indivíduos, senso este que orienta suas 
formas de pensar e agir espontaneamente. 
A educação não formal poderá desenvolver, como resultados, uma série 
de processos tais como: 
 Consciência e organização de como agir em grupos coletivos; 
 A construção e reconstrução de concepção (s) de mundo e sobre o 
mundo,; 
 A contribuição para um sentimento de identidade com uma dada 
comunidade; 
 Forma o indivíduo para a vida e suas adversidades (e não apenas 
capacita-o para entrar no mercado de trabalho); 
 Quando presente em programas com crianças ou jovens adolescentes 
a educação não formal resgata o sentimento de valorização de si próprio 
(o que a mídia e os manuais de autoajuda denominam, 
simplificadamente, como a autoestima); ou seja dá condições aos 
indivíduos para desenvolverem sentimentos de autovalorização, de 
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24 
 
rejeição dos preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo de lutarem 
para de ser reconhecidos como iguais (enquanto seres humanos), 
dentro de suas diferenças (raciais, étnicas, religiosas, culturais etc.); 
 Os indivíduos adquirem conhecimento de sua própria prática, os 
indivíduos aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca. 
 
 
Educação informal ou Educação Não formal? 
 
Você sabe qual é a diferença entre educação não formal e educação 
informal? 
Segundo PARK e FERNANDES, 2005, (...) entende-se que educação 
informal é toda gama de aprendizagens que realizamos (tanto no papel de 
ensinantes como de aprendizes), e que acontece sem que haja um 
planejamento específico e, muitas vezes, sem que nos demos conta (Trilla, 
2003). 
Acontece ao longo da vida, constitui um processo permanente e 
contínuo e não previamente organizado (Afonso, 2002). 
Keis, Lang, Mietus e Tiapula (apud Brembeck, 1974) ainda fazem uma 
sutil diferenciação entre educação informal e incidental. Para eles, este termo 
diz respeito “a algumas experiências educacionalmente não intencionais, mas 
não menos poderosas”. 
Os resultados são tão comuns e são produzidos tão completamente sem 
consciência ou intençãoque são comumente pensados como sendo ‘naturais’ 
ou ‘inerentes’. “O fato é que são aprendidos”, “as mesmas experiências ou 
similares podem ser conscientemente examinadas e deliberadamente 
incrementadas através de conversa, explanação, interpretação, instrução, 
disciplina e exemplo de pessoas mais velhas, de pares e de outros, tudo dentro 
do contexto de vivência individual e social do dia-a-dia. 
Alguns incrementos podem pretender ser educativo, mas as próprias 
experiências não são planejadas conscientemente para isso. Alguns 
incrementos de experiências da vida real constituem a educação informal”. 
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25 
 
Fazem parte deste rol de aprendizagens e conhecimentos a percepção gestual, 
moral, comportamentos, provenientes de meios familiares, de amizade, de 
trabalho, de socialização, midiática, nos espaços públicos em que repertórios 
são expressos e captados de formas assistemáticas. Tais experiências e 
vivências acontecem, inclusive, nos espaços institucionalizados, e a apreensão 
se dá de forma individualizada, podendo, posteriormente, ser socializada. 
 
 
Educação formal e educação não-formal 
 
Define-se educação não formal como “toda atividade educacional 
organizada, sistemática, executada fora do quadro do sistema formal para 
oferecer tipos selecionados de ensino a determinados subgrupos da 
população” (La Belle, 1982:2). 
 
Uma definição que mostra a ambiguidade dessa modalidade de educação, já 
que ela se define em oposição (negação) a outro tipo de educação: a educação 
formal. Usualmente define-se a educação não formal por uma ausência, em 
comparação com a escola, tomando a educação formal como único paradigma, 
como se a educação formal escolar também não pudesse aceitar a 
informalidade, o “extraescolar”. 
Gostaria de definir a educação não formal por aquilo que ela é pela sua 
especificidade e não por sua oposição à educação formal. Gostaria também de 
demonstrar que o conceito de educação sustentado pela Convenção dos 
Direitos da Infância ultrapassa os limites do ensino escolar formal e engloba 
as experiências de vida, e os processos de aprendizagem não formais, que 
desenvolvem a autonomia da criança. 
Como diz Paulo Freire “Se estivesse claro para nós que foi aprendendo 
que aprendemos ser possível ensinar, teríamos entendido com facilidade a 
importância das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas 
salas de aula das escolas, nos pátios dos recreios, em que variados gestos de 
alunos, de pessoal administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
26 
 
significação” (Freire, 
 
1997:50). 
A educação formal tem objetivos claros e específicos e é representada 
principalmente pelas escolas e universidades. Ela depende de uma diretriz 
educacional centralizada como o currículo, com estruturas hierárquicas e 
burocráticas, determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos 
ministérios da educação. 
A educação não formal é mais difusa, menos hierárquica e menos 
burocrática. Os programas de educação não formal não precisam 
necessariamente seguir um sistema sequencial e hierárquico de “progressão”. 
Podem ter duração variável, e podem, ou não, conceder certificados de 
aprendizagem. 
Toda educação é, de certa forma, educação formal, no sentido de ser 
intencional, mas o cenário pode ser diferente: o espaço da escola é marcado 
pela formalidade, pela regularidade, pela sequencialidade. O espaço da cidade 
(apenas para definir um cenário da educação não formal) é marcado pela 
descontinuidade, pela eventualidade, pela informalidade. A educação não 
formal é também uma atividade educacional organizada e sistemática, mas 
levada a efeito fora do sistema formal. Daí também alguns a chamarem 
impropriamente de “educação informal”. 
São múltiplos os espaços da educação não formal. 
Além das próprias escolas (onde pode ser oferecida educação não -
formal) temos as Organizações Não governamentais (também definidas em 
oposição ao governamental), as igrejas, os sindicatos, os partidos, a mídia, as 
associações de bairros, etc. Na educação não formal, a categoria espaço é tão 
importante como a categoria tempo. 
O tempo da aprendizagem na educação não formal é flexível, 
respeitando as diferenças e as capacidades de cada um, de cada uma. Uma 
das características da educação não formal é sua flexibilidade tanto em relação 
ao tempo quanto em relação à criação e recriação dos seus múltiplos espaços. 
Trata-se de um conceito amplo, muito associado ao conceito de cultura. 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
27 
 
Daí ela estar ligada fortemente a aprendizagem política dos direitos dos 
indivíduos enquanto cidadãos e à participação em atividades grupais, sejam 
esses adultos ou crianças. 
Segundo GOHN (1999:98-99), a educação não formal designa um 
processo de formação para a cidadania, de capacitação para o trabalho, de 
organização comunitária e de aprendizagem dos conteúdos escolares em 
ambientes diferenciados. Por isso ela também é muitas vezes associada à 
educação popular e à educação comunitária. 
A educação não formal estendeu-se de forma impressionante nas 
últimas décadas em todo o mundo como “educação ao longo de toda a vida” 
(conceito difundido pela UNESCO), englobando toda sorte de aprendizagens 
para a vida, para a arte de bem viver e conviver. 
“A difusão dos cursos de autoconhecimento, das filosofias e técnicas 
orientais de relaxamento, meditação, alongamentos etc. deixaram de ser vistas 
como esotéricas ou fugas da realidade. Tornaram-se estratégias de resistência, 
caminhos de sabedoria. É também um grande campo de educação não formal” 
(GOHN, 1999:99). 
Não se trata, portanto, aqui, de opor a educação formal à educação não 
formal. Trata-se de conhecer melhor suas potencialidades e harmonizá-las em 
benefício de todos e, particularmente, das crianças. 
Gostaria, a seguir, de me referir a um exemplo concreto de um espaço 
cada vez mais utilizado para na educação tanto formal quanto não formal. 
Trata-se do ciberespaço da formação propiciado pelo avanço das novas 
tecnologias. 
A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL: CAMPOS E 
PROBLEMAS 
 
 
A educação não formal designa um processo com quatro campos ou 
dimensões, que correspondem a suas áreas de abrangência. 
-O primeiro envolve a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos 
enquanto cidadãos isto é, o processo que gera a conscientização dos 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
28 
 
indivíduos para a compreensão de seus interesses e do meio social e da 
natureza que o cerca, por meio da participação em atividades grupais. 
-O segundo se refere à capacitação dos indivíduos para o trabalho, por 
meio, seja, da aprendizagem de habilidades ou desenvolvimento de 
potencialidades. 
-O terceiro, a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os 
indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltados para a 
solução de problemas coletivos cotidianos. 
-O quarto, mas não menos importante, é a aprendizagem dos conteúdos 
da escolarização formal, escolar, em formas e espaços diferenciados. Aqui o 
ato de ensinar se realiza de forma mais espontânea, e as forças sociais 
organizadas de uma comunidade têm o poder de interferir na delimitação do 
conteúdo didático ministrado bem como estabelecer as finalidades a que se 
destinam àquelas práticas. 
-O quinto é a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial 
a eletrônica, que alguns educadores ainda não têm dado muita atenção a esta 
modalidade. 
Finalmente, deve-se registrar ainda o campo da educação para a vida 
ou para a arte de bem viver. Em tempos de globalização, devemos traduzir isto 
em: como viver ou conviver com o stress. 
A educação não formal também tem conseguido um grande campo na 
difusão dos cursos de autoconhecimento, das filosofias e técnicas orientais de 
relaxamento, meditação, alongamentos etc. deixaramde ser vistas como 
esotéricas ou fugas da realidade. Tornaram-se estratégias de resistência, 
caminhos de sabedoria. 
A Educação transmitida pelos pais na família, no convívio com amigos, 
clubes, teatros, leitura de jornais, livros, revistas etc. são considerados como 
temas da educação informal. O que diferencia a educação não formal da 
informal é que na primeira existe intencionalidade de dados sujeitos, em criar 
ou buscar determinadas qualidades e/ou objetivos. 
A educação informal decorre de processos espontâneos ou naturais, 
ainda que seja carregada de valores e representações, como é o caso da 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
29 
 
educação familiar que ocorre nos espaços de possibilidades educativas no 
decurso da vida dos indivíduos, como a família, tendo, portanto caráter 
permanente. Mas o termo informal não abrange as possibilidades da educação 
não formal que se destaca neste texto, ou seja, as ações e práticas coletivas 
organizadas em movimentos, organizações e associações sociais. 
Usualmente se define a educação não formal por uma ausência, em 
comparação ao que há na escola (algo que seria não intencional, não 
planejado, não estruturado), tomando como único paradigma à educação 
formal. Conclui-se que os dois únicos elementos diferenciadores que têm sido 
assinalados pelos pesquisadores são relativos à organização e à estrutura do 
processo de aprendizado. 
Os espaços onde se desenvolvem ou se exercitam as atividades da 
educação não formal são múltiplos, a saber: no bairro-associação, nas 
organizações que estruturam e coordenam os movimentos sociais, nas igrejas, 
nos sindicatos e nos partidos políticos, nas Organizações Não governamentais, 
nos espaços culturais, e nas próprias escolas, nos espaços interativos dessas 
com a comunidade educativa etc. Entretanto, as categorias de espaço e tempo 
também têm novos elementos na educação não formal porque usualmente o 
tempo da aprendizagem não é fixado a priori, e sim são respeitadas as 
diferenças existentes para a absorção e reelaboração dos conteúdos, implícitos 
ou explícitos, no processo ensino-aprendizagem. 
Na educação não formal a cidadania é o objetivo principal, e ela é 
pensada em termos de coletivo. Organizam-se processos de acesso à escrita 
e à leitura - por meio de métodos de alfabetização - para coletivos específicos, 
a saber: grupos de trabalhadores, grupos de jovens, adultos etc. Ou organizam-
se processos de reciclagem ou formação, segundo determinadas demandas 
sociais. 
 
Algumas Características da Educação Não formal: Metas, e 
Metodologias 
 
A seguir listamos algumas características que a educação não formal 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
30 
 
pode atingir em termos de metas. Consideramos estas metas como um campo 
a ser desenvolvido pela Pedagogia Social: 
 Aprendizado quanto a diferenças - aprende-se a conviver com demais. 
Socializa-se o respeito mútuo; 
 Adaptação do grupo a diferentes culturas, e o indivíduo ao outro, 
trabalha o "estranhamento"; 
 Construção da identidade coletiva de um grupo; 
 Balizamento de regras éticas relativas às condutas aceitáveis 
socialmente. 
 O que falta na educação não formal: 
 Formação específica a educadores a partir da definição de s eu papel e 
atividades a realizar; 
 Definição de funções e objetivos de educação não formal; 
 Sistematização das metodologias utilizadas no trabalho cotidiano; 
 Construção de instrumentos metodológicos de avaliação e análise do 
trabalho realizado; 
 Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do 
 
 trabalho realizado; 
 Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do 
trabalho de egressos que participaram de programas de educação não 
formal; 
 Criação de metodologias e indicadores para estudo e análise de 
trabalhos da educação não formal em campos não sistematizados. 
Aprendizado gerado pela vontade do receptor; 
 Mapeamento das formas de educação não formal na autoaprendizagem 
dos cidadãos (principalmente jovens no campo da autoaprendizagem 
musical). 
 
Metodologias 
A questão da metodologia merece um destaque porque é um dos pontos 
mais fracos na educação não formal e a comparação com as outras 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
31 
 
modalidades educativas que utilizamos no item anterior não nos ajuda muito. 
De toda forma, na educação formal as metodologias são, usualmente, 
planificada previamente segundo conteúdos prescritos nas leis. 
As metodologias de desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem 
são compostas por um leque grande de modalidades, temas e problemas e não 
vamos adentrar neste debate porque não é nossa área de conhecimento. A 
educação informal tem como método básico à vivência e a reprodução do 
conhecido, a reprodução da experiência segundo os modos e as formas como 
foram apreendidas e codificadas. 
Na educação não formal, as metodologias operadas no processo de 
aprendizagem parte da cultura dos indivíduos e dos grupos. O método nasce a 
partir de problematização da vida cotidiana; os conteúdos emergem a partir dos 
temas que se colocam como necessidades, carências, desafios, obstáculos ou 
ações empreendedoras a serem realizadas; os conteúdos não são dados a 
priori. São construídos no processo. O método passa pela sistematização dos 
modos de agir e de pensar o mundo que circunda as pessoas. Penetra-se 
portanto no campo do simbólico, das orientações e representações que 
conferem sentido e significado às ações humanas. Supõe a existência da 
motivação das pessoas que participam. Ela não se subordina às estruturas 
burocráticas. É dinâmica. Visa à formação integral dos indivíduos. 
Neste sentido tem um caráter humanista. Ambiente não formal e 
mensagens veiculadas "falam ou fazem chamamentos" às pessoas e coletivos, 
e as motivam. Mas como há intencionalidades nos processos e espaços da 
educação não formal, há caminhos, percursos, metas, objetivos estratégicos 
que podem se alterar constantemente. 
Há metodologias, em suma, que precisam ser desenvolvidas, 
codificadas, ainda que com alto grau de provisoriedade, pois o dinamismo, a 
mudança, o movimento da realidade segundo o desenrolar dos 
acontecimentos, são as marcas que singularizam a educação não formal. 
Qualquer que seja o caminho metodológico construído ou reconstruído 
é de suma importância atentar para o papel dos agentes mediadores no 
processo: os educadores, os mediadores, assessores, facilitadores, monitores, 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
32 
 
referências, apoios ou qualquer outra denominação que se dê para os 
indivíduos que trabalham com grupos organizados ou não. 
Eles são fundamentais na marcação de referenciais no ato de 
aprendizagem, eles carregam visões de mundo, projetos societários, 
ideologias, propostas, conhecimentos acumulados etc. Eles se confrontarão 
com os outros participantes do processo educativo, estabelecerão diálogos, 
conflitos, ações solidárias etc. 
Eles se destacam no conjunto e por meio deles podemos conhecer o 
projeto socioeducativo do grupo, a visão de mundo que estão construindo, os 
valores defendidos e os que são rejeitados. Qual o projeto político-cultural do 
grupo em suma. 
Para finalizar a primeira parte deste texto destacamos que diferenciamos 
a educação não formal de outras propostas educativas, que também se 
apresentam como educação social, mas que tem um caráter conservador. A 
maioria dessas propostas se voltam para os grupos sociais dos excluídos 
objetivando, na maior parte das vezes apenas inseri-los no mercado de 
trabalho, com práticas assistencialistas apoiadas por políticas sociais 
compensatórias. 
Entendemos a educação não formal como aquela voltada para o ser 
humano como um todo, cidadão do mundo, homens e mulheres, numa 
perspectiva da emancipação, numa pedagogia libertadora e não integradora a 
uma dada ordem social desigual. 
Em hipótese NENHUMA a educação nãoformal substitui ou compete 
com a Educação Formal, com a educação escolar. Poderá ajudar na 
complementação dessa última, via programações específicas, articulando a 
escola e a comunidade educativa localizada no território de entorno da escola. 
A educação não formal tem alguns de seus objetivos próximos da 
educação formal, como a formação de um cidadão pleno, mas ela tem também 
a possibilidade de desenvolver alguns objetivos que lhes são específicos, via a 
forma e os espaços onde se desenvolvem suas práticas, a exemplo de um 
conselho ou a participação em uma luta social, contra as discriminações, por 
exemplo, a favor das diferenças culturais etc. 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
33 
 
Resumidamente podemos enumerar os objetivos da educação não 
formal como sendo: uma educação para cidadania. Esta educação abrange os 
seguintes eixos: 
 Educação para justiça social; 
 Educação para direitos (humanos, sociais, políticos, culturais etc.); 
 Educação para liberdade; 
 Educação para igualdade; 
 Educação para democracia; 
 Educação contra discriminação; 
 Educação pelo exercício da cultura, e para a manifestação das diferenças 
culturais. 
 
 
A Educação Não formal em Ação 
 
Observa-se que inúmeras inovações no campo democrático advêm das 
práticas geradas pela sociedade civil que alteram a relação estado-sociedade 
ao longo do tempo e constroem novas formas políticas de agir, especialmente 
na esfera pública não estatal. De fato, são inúmeras as novas práticas sociais 
expressas em novos formatos institucionais da participação, tais como os 
conselhos, os fóruns, as assembleias populares e as parcerias. Em todas elas 
a educação não formal está presente, como processo de aprendizagem de 
saberes aos e entre seus participantes. 
Ao analisarmos as possibilidades de participação da comunidade 
educativa em uma escola, articulando-a aos processos de aprendizagem não 
formal que os métodos de gestão participativa desenvolvem, não podemos 
deixar de tecer algumas considerações sobre as estruturas de participação que 
já existem no interior das escolas, a exemplo dos distintos e diferenciados 
colegiados e conselhos. Nos conselhos se entrecruzam necessidades 
advindas da prática da educação formal/escolar, com a educação não formal, 
principalmente no que se refere à participação dos pais e outros membros da 
comunidade educativa nas suas reuniões. 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
34 
 
Observa-se que o processo brasileiro de descentralização da educação 
não descentralizou, de fato, o poder no interior das escolas. Usualmente, esse 
poder continua nas mãos da diretora ou gestora, que o monopoliza, faz a pauta 
das reuniões dos conselhos e colegiados escolares, não a divulga com 
antecedência etc. A comunidade externa e os pais não dispõem de tempo e, 
muitas vezes, nem avaliam a relevância de participar ou de estarem presentes 
nas reuniões. Além disso, usualmente, esses pais não estão preparados para 
entender as questões do cotidiano das reuniões, como as orçamentárias. 
Só exercem uma participação ativa nos colegiados aqueles pais com 
experiência participativa anterior, extraescolar, revelando a importância da 
participação dos cidadãos (ãs) em ações coletivas na sociedade civil. O caráter 
educativo que essa participação adquire, quando ela ocorre em movimentos 
sociais comunitários, organizados em função de causas públicas, prepara os 
indivíduos para atuarem como representantes da sociedade civil organizada. E 
os colegiados escolares são uma dessas instâncias. 
Muitos funcionários das escolas são membros dos conselhos e dos 
colegiados escolares, mas, usualmente, exercitam um pacto do silêncio, não 
participando de fato e servindo de "modelo passivo" para outros setores da 
comunidade educativa que compõem um colegiado. Por que eles se 
comportam assim? Porque, na maioria dos casos, estão presentes para 
referendar demandas corporativas, ou para fortalecer diretorias 
centralizadoras. 
Como elo mais fraco do poder, eles participam para "compor", para dar 
número necessários aos colegiados, contribuindo com esse comportamento 
para não construir nada e nada mudar. Por que isso ocorre? Porque, embora 
os colegiados sejam um espaço legítimo e de direito, e uma conquista para o 
exercício da cidadania, até por serem previstos em lei, essa cidadania tem que 
ser qualificada e construída na prática. 
Os projetos políticos dos representantes dos diferentes segmentos e 
grupos, seus valores, visões de mundo etc. interferem na dinâmica desses 
processos participativos. Para terem como meta projetos emancipatórios, eles 
devem ter como lastro de suas ações os princípios da igualdade e da 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
35 
 
universalidade. Os colegiados devem construir ou desenvolver essa 
sensibilidade por meio de um conjunto de valores que venham a ser refletidos 
em suas práticas. 
Sem isso, temos uma inclusão excludente: aumento do número de 
alunos nas escolas e estruturas descentralizadas que não ampliam de fato a 
intervenção da comunidade na escola. Temos setores que pretensamente 
estão representando o interesse público, mas que na realidade defendem o 
interesse de grupos e corporações, ou a manutenção do poder tradicional, cujo 
papel é exercer o controle, a vigilância em razão de uma falsa participação 
ordeira e voltada para a responsabilização da comunidade (pais, mães e outros 
mais) nas ações em que o Estado se omite (vide SILVA, 2003). 
Não se deve perder de vista que, por intermédio dos Conselhos, a 
sociedade civil exercita o direito de participar da gestão de diferentes políticas 
públicas, tendo a possibilidade de exercer maior fiscalização e controle sobre 
o Estado, em suas políticas públicas. Os fóruns são frutos das redes tecidas 
nos anos 70/80 que possibilitaram aos grupos organizados olhar para além da 
dimensão do local; têm abrangência nacional e são fontes de referência e 
comparação para os próprios participantes. 
As assembleias e plenárias têm ganhado formatos variados que vão de 
encontros regulares e periódicos entre especialistas, interessados e gestores 
públicos, como no caso da saúde, a observatórios e grupos semi-
institucionalizados do orçamento participativo. As novas práticas constituem, 
assim, um novo tecido social denso e diversificado, tencionam as velhas formas 
de fazer política e criam novas possibilidades concretas para o futuro, em 
termos de opções democráticas. 
As novas práticas de interação escola/representantes da sociedade civil 
organizada devem ser examinadas à luz dos processos da educação não 
formais caracterizados na primeira parte deste texto. São aprendizagens que 
estão gerando saberes. Processos difíceis, tensionados mas educativos para 
todos, pelo que trazem de novo, pela resistência ou pela reiteração obstinada 
do velho, que não quer ceder à pressão das novas forças. 
 
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Novos espaços de formação e informalidade da educação 
 
As novas tecnologias da informação criaram novos espaços do 
conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar 
e o espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estudam em 
casa, podendo, de lá, acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem 
à distância, buscar fora das escolas a informação disponível nas redes de 
computadores interligados, serviços que respondem às suas demandas 
pessoais de conhecimento. 
 
http://jotamadureira.blogspot.com.br/2011/11/revisao-curricular-versao-nuno-crato.html 
Por outro lado, a sociedade civil (ONGs, associações, sindicatos, 
igrejas...) está se fortalecendo, não apenas como espaço de trabalho, mas 
também como espaço de difusão e de reconstrução de conhecimentos. Como 
previa Herbert Marshall McLuhan (1969), na década de 60, o planeta tornou-
se a nossa sala de aula e o nosso endereço. 
O ciberespaço rompeu com a ideia detempo próprio para a 
aprendizagem. O espaço da aprendizagem é aqui, em qualquer lugar; o tempo 
de aprender é hoje e sempre. Hoje vale tudo para aprender. Isso vai além da 
“reciclagem” e da atualização de conhecimentos e muito mais além da 
“assimilação” de conhecimentos. A sociedade do conhecimento é uma 
sociedade de múltiplas oportunidades de aprendizagem. 
As consequências para a escola, para o professor e para a educação 
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em geral são enormes. É essencial saber comunicar-se, saber pesquisar, ter 
raciocínio lógico, saber organizar o seu próprio trabalho, ter disciplina para o 
trabalho, ser independente e autônomo, saber articular o conhecimento com a 
prática, ser aprendiz autônomo e a distância. 
Nesse contexto, o professor é muito mais um mediador do 
conhecimento, diante do aluno que é o sujeito do sua própria formação. O aluno 
precisa construir e reconstruir conhecimento a partir do que faz. Para isso o 
professor também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar 
novos sentidos para o que fazer dos seus alunos. Ele deixará de ser um 
lecionador para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem. O 
professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um 
cooperador, e, sobretudo, um organizador da aprendizagem. É aquele que 
“cuida” da aprendizagem. 
O “cuidado” (Boff, 1999) é uma categoria essencial na tarefa de 
educador. 
Não se trata do cuidado no sentido assistencial, mas do cuidado no 
sentido da atenção e da responsabilidade ético-política do educador. De nada 
adiantará ensinar, se os alunos não conseguirem organizar o seu trabalho, 
serem sujeitos ativos da aprendizagem, auto disciplinados, motivados. E não é 
suficiente oportunizar o acesso e a permanência na escola para todos: o direito 
à educação implica o direito de aprender. 
Hoje as teorias do conhecimento estão centradas na aprendizagem. Mas 
só aprendemos quando nos envolvemos profundamente naquilo que 
aprendemos, quando o que estamos aprendendo tem sentido para as nossas 
vidas. Conhecer e aprender são processos “autopoiéticos” (Maturana & Varela, 
1995), auto-organizativos. Só conhecemos realmente o que construímos 
autonomamente. 
Frente à disseminação e à generalização da informação, é necessário 
que a escola e o professor, a professora, façam uma seleção crítica da 
informação, pois há muito lixo e propaganda enganosa sendo veiculados. Não 
faltam, também na era da informação, encantadores da palavra que desejam 
tirar algum proveito, seja econômico, seja religioso, seja ideológico. Isso é 
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válido tanto para a educação formal quanto para a educação não formal. 
 
Para que serve o conhecimento? 
O conhecimento serve primeiramente para nos conhecer melhor, a nós 
mesmos e todas as nossas circunstâncias. Serve para conhecer o mundo. 
Serve para adquirirmos as habilidades e as competências do mundo do 
trabalho; serve para tomar parte nas decisões da vida em geral, social, política, 
econômica. Serve para compreender o passado e projetar o futuro. Finalmente, 
serve para nos comunicar, para comunicar o que conhecemos, para conhecer 
melhor o que já conhecemos e para continuar aprendendo. 
 
 
http://paulabressann.com.br/wordpress/blog/conhecimento-e-tudo-tudo-mesmo/ 
Conhecer é importante porque a educação se funda no conhecimento e 
este na atividade humana. Para inovar é preciso conhecer. A atividade humana 
é intencional, não está separada de um projeto. Conhecer não é só adaptar-se 
ao mundo. É condição de sobrevivência do ser humano e da espécie. Antes de 
conhecer o sujeito se “interessa” (Habermas). É “curioso”, é “esperançoso” 
(Freire). 
Daí a importância do trabalho de “sedução” (Nietzsche -2005) do 
professor, da professora, frente ao aluno, à aluna. 
Seduzir no sentido de encantar pela beleza e não como técnica de 
manipulação. Daí a necessidade da motivação, do encantamento. Motivação 
que deve vir de dentro do próprio aluno e não da propaganda. É preciso mostrar 
que “aprender é gostoso, mas exige esforço”, como dizia Paulo Freire no 
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primeiro documento que encaminhou aos professores, na forma de carta, 
quando assumiu a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, em janeiro 
de 1989. 
Não podemos estabelecer fronteiras muitas rígidas hoje entre o formal 
e o não formal. Na escola e na sociedade, interagem diversos modelos 
culturais. O currículo consagra a intencionalidade necessária na relação 
intercultural preexistente nas práticas sociais e interpessoais. Uma escola é um 
conjunto de relações interpessoais, sociais e humanas onde se interage com a 
natureza e o meio ambiente. 
Os currículos monoculturais do passado, voltados para si mesmos, 
etnocêntricos, desprezavam o “não formal” como “extraescolar”, ao passo que 
os currículos interculturais de hoje reconhecem a informalidade como uma 
característica fundamental da educação do futuro. 
O currículo intercultural engloba todas as ações e relações da escola; 
engloba o conhecimento científico, os saberes da humanidade, os saberes das 
comunidades, a experiência imediata das pessoas, instituintes da escola; inclui 
a formação permanente de todos os segmentos que compõem a escola, a 
conscientização, o conhecimento humano e a sensibilidade humana, considera 
a educação como um processo sempre dinâmico, interativo, complexo e 
criativo. 
PROJETOS SOCIAIS 
 
http://www.childhood.org.br/dicas-para-escrever-um-bom-projeto-social 
 
 
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40 
 
Primeiramente vamos definir o que são projetos. 
 
De acordo com o Dicionário Aurélio, um projeto é “uma ideia de executar 
ou realizar algo no futuro. Um plano. Um empreendimento a ser realizado 
dentro de determinado esquema.” Já a palavra “social” é definida como “da 
sociedade ou relativo à sociedade, comunidade ou agremiação.” Logo, um 
projeto social é uma ideia, um plano a ser executado para o benefício da 
sociedade, comunidade, agremiação etc. 
Apesar de o termo projeto implicar necessariamente ideias propostas 
para uma ação futura, convencionou-se, entre os especialistas da área, chamar 
de projeto tanto o esquema de planejamento como a própria execução das 
ações planejadas. 
Assim, se você consultar mais de uma publicação sobre o assunto, 
encontrará diversas definições, na verdade semelhantes e de certa forma 
complementares, nas quais os projetos sociais são tratados como “meios”, 
“empreendimentos”, “atividades”. 
 
Ficam, portanto, bem claros alguns pontos relativos a projetos: 
 Têm a intenção de provocar mudanças; têm limites de tempo e 
recursos; 
 Visam a melhorar as condições de vida dos beneficiários; são 
ações planejadas e coerentes entre si. 
 
A escola continua tendo o papel central no processo educativo, mas 
pode partilhar responsabilidade criando um espaço de corresponsabilidade em 
ações que visem a aprofundar o que já está sendo ensinado. Mas por que 
trabalhar com projetos? 
Quando um grupo de voluntários decide aliar-se à escola para 
estabelecer uma parceria, nada mais justo e conveniente do que partir dos 
desafios existentes e, numa atuação solidária e cooperativa, colocar mãos à 
obra. Aí entra o projeto que é o planejamento das ações a serem desenvolvidas 
para fazer frente às necessidades detectadas – num levantamento prévio – 
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pela comunidade escolar e pelos próprios voluntários. 
O projeto tem, então, o propósito de costurar ações e participações, 
direcionando-as para um objetivo comum que se pretende alcançar. Somam-
se forças e maximizam-se resultados sempre que se tem um horizonte único, 
tarefas integradas e definição clara do papel a ser desempenhado por cada 
uma das partes envolvidas. E, até que se estabeleça uma relação de confiança 
e de cooperação entre escola e voluntáriosé prudente ir se aproximando aos 
poucos. 
Transparência e compromisso dos voluntários com a proposta são 
fatores que reforçam a credibilidade e abrem portas. Por outro lado, uma 
reunião, uma oficina, atividades recreativas, entre tantas outras possibilidades, 
são ações pontuais que abrem espaço para se pensar e realizar um projeto 
coletivo. 
Por esse caminho é possível saber mais a respeito da realidade e das 
necessidades das crianças e jovens brasileiros e definir metas e passos do 
projeto. É por aí, também, que se consegue maior envolvimento e, com isso, 
maior probabilidade de sucesso. 
 
 
 
Por que projetos sociais? 
 
 
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http://stakeholdernews.com.br/tags/equipe-do-projeto/ 
 
Os projetos sociais nascem do desejo de mudar uma realidade. Os 
projetos são pontes entre o desejo e a realidade. São ações estruturadas e 
intencionais, de um grupo ou organização social, que partem da reflexão e do 
diagnóstico sobre uma determinada problemática e buscam contribuir, em 
alguma medida, para “um outro mundo possível”. Uma boa definição é 
formulada por Domingos Armani: “Um projeto é uma ação social planejada, 
estruturada em objetivos, resultados e atividades, baseados em uma 
quantidade limitada de recursos (...) e de tempo” (Armani, 2000:18). 
Os projetos sociais tornam-se, assim, espaços permanentes de 
negociação entre nossas utopias pessoais e coletivas – o desejo de mudar as 
coisas –, e as possibilidades concretas que temos para realizar estas 
mudanças – a realidade. 
A elaboração de um projeto implica em diagnosticar uma realidade 
social, identificar contextos sócio-históricos, compreender relações 
institucionais, grupais e comunitárias e, finalmente, planejar uma intervenção, 
considerando os limites e as oportunidades para a transformação social. 
Os projetos sociais não são realizações isoladas, ou seja, não mudam o 
mundo sozinhos. Estão sempre interagindo, através de diferentes modalidades 
de relação, com políticas e programas voltados para o desenvolvimento social. 
Um projeto não é uma ilha. 
Neste sentido, os projetos sociais podem tanto ser indutores de novas 
políticas públicas, pelo seu caráter demonstrativo de boas práticas sociais, 
quanto atuarem na gestão e execução de políticas já existentes. 
Políticas públicas são aquelas ações continuadas no tempo, financiadas 
principalmente com recursos públicos, voltadas para o atendimento das 
necessidades coletivas. Resultam de diferentes formas de articulação entre 
Estado e sociedade. A tomada de decisão quanto à direção das ações de 
desenvolvimento, sua estruturação em programas e procedimentos 
específicos, bem como a dotação de recursos, é sancionada por intermédio de 
atores governamentais. Num modelo de gestão participativa, é desejável que 
estas políticas resultem de uma boa articulação da sociedade civil com o 
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Estado, permitindo que a sociedade civil compartilhe não apenas a execução, 
mas, sobretudo, os espaços de tomada de decisão, atuando no planejamento, 
monitoramento e avaliação destas políticas. 
O desafio das políticas públicas é assegurar uma relação de participação 
e boa articulação entre os setores sociais envolvidos nas instâncias de gestão 
compartilhada. Este é o caso dos conselhos gestores que vêm se 
estabelecendo em várias áreas das políticas sociais tendo como finalidade um 
modelo de gestão participativa. Um projeto social é uma unidade menor do que 
uma política e a estratégia de desenvolvimento social que esta implementa. 
Os projetos contribuem para transformação de uma problemática social, 
a partir de uma ação geralmente mais localizada no tempo e focalizada em 
seus resultados. A política pública envolve um conjunto de ações diversificadas 
e continuadas no tempo, voltadas para manter e regular a oferta de um 
determinado bem ou serviço, envolvendo entre estas ações projetos sociais 
específicos. 
Finalmente, vale lembrar que há também muitos projetos sociais que não 
estão diretamente ligados a uma política pública governamental. Operam com 
recursos públicos e privados provenientes de agências de cooperação 
internacional. Mas, ainda assim, nestes casos, os projetos estarão ocupando 
um espaço de mediação e interlocução com as políticas públicas nacionais no 
campo do desenvolvimento social. Ou seja, também são públicos. 
Por que, atualmente, se fala tanto em projetos sociais? 
 Por que, cada vez mais, as formas de intervenção ou iniciativas de ação 
social acontecem em forma de projetos? 
 Por que, de forma crescente, o mais variado tipo de instituições vêm 
exigindo a apresentação de projetos? 
 
Os projetos sociais são uma importante ferramenta de ação, 
amplamente utilizada pelo Estado e pela Sociedade Civil. Para entender porque 
os projetos sociais tornaram-se esta ferramenta tão difundida, é necessário 
perceber as mudanças ocorridas nas últimas décadas, tanto nas esferas 
estatais como na Sociedade Civil brasileira. Tais mudanças apontam para 
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formas alternativas de implementação das políticas sociais. 
Em outras palavras, houve uma democratização em aspectos 
fundamentais da intervenção do Estado na sociedade, tais como eleições livres 
e diretas, descentralização, formação de mecanismos mais amplos de 
comunicação e de controle social, implementação de instrumentos de 
governança com maior visibilidade, além de novas formas de participação na 
elaboração dos orçamentos e das políticas públicas. 
Estamos falando de orçamentos participativos, conselhos de direitos, 
elaboração de estatutos de cidadania, fóruns, entre outras formas de 
democratização das atividades do Estado. Ao mesmo tempo em que a 
Sociedade Civil, com sua heterogeneidade, vem se fortalecendo e 
desenvolvendo novas formas de organizações (não governamentais, redes, 
entre outras), ela se converte em protagonista da ação social. 
Isto quer dizer que vem atuando de forma direta nas questões sociais e 
também participando ativamente na elaboração de políticas públicas. 
Atualmente, um amplo conjunto de organizações sociais consegue uma melhor 
articulação entre si e com o Estado no desenvolvimento de agendas de ação 
conjunta. 
Elaboração de Projetos Sociais 
 
 
http://www.centrodeestudoseformacao.com.br/cursos-online/suas-sistema-unico-de-assistencia-social 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
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“Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de 
atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos 
específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo 
dados”. ( PROCHONW, Schaffer, 1999 apud ONU, 1984) 
Um projeto surge em resposta a um problema concreto. Elaborar um 
projeto é, antes de qualquer coisa, contribuir para a solução de problemas, 
transformando IDÉIAS em AÇÕES. O documento chamado projeto é o 
resultado obtido ao se “projetar” no papel tudo o que é necessário para o 
desenvolvimento de um conjunto de atividades a serem executadas: quais são 
os objetivos, que meios serão utilizados para atingi-los, quais recursos serão 
necessários, onde serão obtidos e como serão avaliados os resultados. 
A organização do projeto em um documento nos auxilia sistematizar o 
trabalho em etapas a serem cumpridas, compartilhar a imagem do que se quer 
alcançar, identificar as principais deficiências, a superar e apontar possíveis 
falhas durante a execução das atividades previstas. 
 
Alguns itens devem ser observados na formulação de projetos: 
 Estabelecimento correto do problema - deve ser significante em relação aos 
fatores de sucesso no negócio; deve ter dimensão administrável; deve ser 
mensurável. 
 Identificação das pessoas e instituições a quem afeta resolver o problema, 
buscando criar vínculos com os mesmos desde o início do projeto; 
 Busca adequada de fontes de financiamento.

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