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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP ESCOLA DA SAÚDE GRADUAÇÃO DE PSICOLOGIA DISCENTES: Marianna Menezes Rejane Nunes ORIENTADORA: Caroline Lemos CONTOS DE LITERATURA INFANTIL: uma possibilidade terapêutica na hospitalização de adolescentes. ADOLESCÊNCIA Primeiras alusões (ALMEIDA; RODRIGUES; SIMIES, 2007; ARIÈS, 1978; ARMOND; BOEMER, 2004). Ponto de vista cronológico (OMS; SBP; ECA). A adolescência é uma etapa do ciclo vital compreendida como a fase das mudanças, do desenvolvimento e também do vigor físico, do grande apetite, da sede pelos exercícios físicos, esportes e lazer (ALMEIDA; RODRIGUES; SIMIES, 2007). HOSPITALIZAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA Fato relativamente recente (ALMEIDA; RODRIGUES; SIMIES, 2007). Carência de serviços de saúde (ALMEIDA; RODRIGUES; SIMIES, 2007). Efeitos da hospitalização (GUZMAN; CANO, 2002; (ARMOND; BOEMER, 2004). HOSPITALIZAÇÃO POR QUEIMADURA Problema de saúde pública (CASSAUDE, (2009). As queimaduras são responsáveis por complicações, além de físicas, sociais e psicológicas (MACHADO et al, 2009). Queimadura – adolescência – modificação da auto-imagem (ANZIEL, 1989; BORGES, 2009). CONTOS DE LITERATURA INFANTIL Recurso lúdico muito significativo no processo de hospitalização (LUCAS; CALDIN; SILVA, 2006; FERNANDES, 2011; BENJAMIN, 1994; BUENO, 2013). Pode se revelar como um bom recurso lúdico para se trabalhar com adolescentes (BENJAMIN, 1994; BUENO, 2013). MÉTODO Desenho Metodológico Cenário Participantes Os contos e suas temáticas Nome do adolescente (iniciais): A. R. P. S. Idade: 16 anos Sexo: Masculino Tempo de internação: 1 ano e 6 meses Motivo da hospitalização: Queimaduras provocadas por acidente de carro. Nome do adolescente (iniciais): M. V. F. Idade: 13 anos Sexo: Masculino Tempo de internação: 1 mês e 14 dias Motivo da hospitalização: Queimaduras provocadas por incidente ocorrido na escola enquanto brincava com os colegas. Lino Arthur “O apartamento em que se vive é povoado de seres oriundos daquelas histórias. (...) Mas o mergulho nesse mundo mágico não é sentimental ou vago; desemboca numa percepção precisa do cotidiano” (BENJAMIN,1984). “Contemo-nos histórias para, talvez, nos dizer verdades” (FERRO, 2000, p. 4). “Para que uma história? Quem não compreende pensa que é para divertir. Mas não é isto. É que elas têm o poder de transfigurar o cotidiano. Elas chamam as angústias pelos seus nomes e dizem o medo em canções. Com isto angústias e medos ficam mais mansos. Claro que são para crianças. Especialmente aquelas que moram dentro de nós, e têm medo da solidão “ (ALVES, 1999). MÉTODO Instrumentos e Materiais Termo de Consentimento Livre e esclarecido; Formulários de entrevistas semi-estruturadas; Figuras que representavam carinhas contendo imagens que lembram expressões faciais; Gravador de áudio; Livros de contos infantis; Caixa lúdica . LIVROS A cidade dos carregadores de pedra; CAIXA LÚDICA Lápis grafite; Arthur vai para o hospital; Chapeuzinho Amarelo; Hospital não é mole!; Lino; O menino maluquinho O patinho feio Borracha; Apontador; Giz de cera; Maleta médica com brinquedos/instrumentos que fazem parte dos procedimentos e rotinas hospitalares. Lápis de cor em madeira; Lápis de cor hidrocor; Quem tem medo de quê? MÉTODO Procedimentos Metodológicos de Construção do Corpus da pesquisa; 1º Encontro 2º Encontro 3º Encontro 4º Encontro Análise do Corpus da pesquisa Que efeitos os contos de literatura produzem nos adolescentes que os escutam? De que maneira esse recurso terapêutico pode contribuir no cuidado aos adolescentes hospitalizados? RESULTADOS E DISCUSSÃO Conto: A cidade dos carregadores de pedra Pesquisadora: E do que fala o conto? Lino: Das pedras que significam as dores e os fardos que os moradores eram obrigados a carregar desde que nasciam. Pesquisadora: Você se identificou com algum momento da história ou com algum personagem? Lino: (balançou a cabeça que sim) e em seguida falou: acho que tenho uma pedra pequenininha, mas vou demorar um pouco a me livrar dela, estou triste porque semana passada morreu um grande amigo meu. Mas, assim como Pedrinho, um dia conseguirei me livrar dessa pedrinha. Lino: uma história de perdas, superações e resiliência Conto: Lino Pesquisadora: E hoje Lino, você conseguiu se identificar com o conto? Lino: Apenas com absolutamente tudo! (E pedindo licença, pegou o livro do colo de uma das pesquisadoras, procurou uma página e mostrou): essa foi à parte que mais me identifiquei. A página mostrava o personagem principal sentado sozinho, triste e pensativo e o trecho da leitura dizia assim: “Lino perguntou por ela a todos os seus amigos. - Aqui, onde moramos, é assim – disse um deles – de repente alguém desaparece”. Lino: Meu amigo também desapareceu. Pesquisadora: No fim da história, o porquinho Lino encontrou novamente sua melhor amiga. Lino: Não era mais a mesma coisa, ele só podia vê-la ao longe ou em seus pensamentos e não podia mais ouvi-la. RESULTADOS E DISCUSSÃO Arthur: O menino que era “medo” e virou “coragem”. Conto: O patinho feio Arthur: Ele não é feio. Ele é mais bonito do que os outros. Eu queria ter um patinho feio desse. Arthur: Tá mais bonito ainda, ta bem bonito. Pesquisadora: Ele não é feio, é Arthur? Arthur: Não, não. Ele é só diferente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Arthur: O menino que era “medo” e virou “coragem”. Arthur: Vou escolher um bem grande para você ler para mim. O mais grosso! Pesquisadora: Eita, que coisa boa, deve ser porque você gosta quando leio pra você, não é? Arthur: Por mim, vocês passavam o resto do ano aqui, nem iam mais embora Pesquisadora: E aí, Arthur, o que você achou dessa historinha? Arthur: Parece um pouquinho comigo... (pensativo)... Ele tinha medo das injeções, teve que ficar internado. Conto: Arthur vai para o hospital CONCLUSÃO “Se os homens fizeram o que pensaram, sonharam bem antes de o realizar; e se o conseguiram foi porque sonharam sonhos que ninguém queria acreditar. E os contos de fadas, sempre repetidos de velhos e novos pelas gerações, traziam em si sonhos escondidos que os homens guardavam em seus corações”. (Autor anônimo) REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 2004. ALMEIDA, Inez Silva da; RODRIGUES, Benedita Maria Rigo Deusdar; SIMÕES, Sonia Mara Faria. Hospitalização do Adolescente. Revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem Pediatrica. São Paulo, v.7 n.1 pp 33-39, 2007. ANZIEU, Didier. O Eu-pele. São Paulo: Casa do psicólogo, 1989. ARIÈS, Philippe. História social da infância e da família. Tradução: D. Flaksman. Rio de Janeiro: LCT, 1978. ARMOND, Lindalva Carvalho; BOEMER, Magali Roseira. Convivendo com a hospitalização do filho adolescente. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, vol.12 n. 6, 2004. BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo. Summus, 1984. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 2009. BORGES, Edson Sá. Psicologia clínica hospitalar: trauma e emergência. 1ª Ed. São Paulo. Vetor, 2009. FERNANDES, Ariane Cristiny Silva. Contando histórias de cuidado à infância em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. Dissertação (mestrado) – UFRN - Natal, 2011. GUZMAN, Christine Ranier; CANO, Maria Aparecida Tedeschi. O adolescente e a hospitalização. Revista. Eletrônica de Enfermagem (online), Goiânia, v.2, n.2, jul-dez. 2000. Disponível: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen. Acesso em: 06 out. 2013. LUCAS, Elaine Oliveira; CALDIN, Clarice Fortkamp; SILVA, Patrícia Pinheiro. Biblioterapia para crianças em idade pré-escolar. Estudo de caso. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 11, n. 3, p. 398 – 415. set/dez. 2006. MACHADO, Tiago Haddad Simões et al. Estudo epidemiológico das crianças queimadas de 0-15 anos atendidas no Hospital Geral do Andaraí, durante o período de 1997 a 2007. Revista Brasileira de Queimaduras. Florianópolis, v. 8, n.1, 2009. Disponível em: <http://www.rbqueimaduras.com.br/ detalhe_artigo.asp?id=3>. Acesso em: 14 out. 2013.
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