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APOSTILA - DIREITO CIVIL III -1 2019 2

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CURSO DE DIREITO – DIREITO CIVIL III – CONTRATOS
PROFESSORA: CLEIDE SECCA
Tel: 22- 99269 6200 - E-mail: 0346.cleidesecca@cnec.br
Programa da Disciplina - Parte Geral dos Contratos - Arts. 421 a 480
· 
1
· Conceito e funções
· Elementos contratuais
· Princípios dos contratos
· Classificação dos contratos
· Formação dos contratos
· Relatividade dos contratos
· Vícios redibitórios
· Evicção
· Contratos aleatórios
· Contrato preliminar
· Extinção dos contratos
· Resolução e revisão por onerosidade excessiva
· Exceção de contrato não cumprido
Programa da Disciplina - Contratos em Espécie:
· Compra e venda – Art.s 481 a 532
· Locação – Art.s 565 a 578
· Fiança – Art.s 818 a 839
Referências
· TARTUCE, Flávio. Direito Civil – Teoria Geral dos Contrato e Contratos em Espécie, V.3. São Paulo: Saraiva, 2010.
· GONÇALVES, Carlos Roberto. D. Civil Brasileiro, V.III. São Paulo: Saraiva, 2010.
1 - O CONTRATO EM GERAL
· Pergunta: Contrato é fonte de Obrigação? Contrato é a maior fonte de obrigação
· Conceito: “É o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar e extinguir direitos”.
· Acordo de vontades: o contrato exige um consenso, um acordo de vontades. 
É esse consenso que vai formar o contrato, principalmente se o contrato for verbal. O consenso é entre pelo menos duas partes. Por isso todo contrato é no mínimo bilateral quanto às partes, afinal ninguém pode ser credor e devedor de si mesmo.
O que se admite é o autocontrato, ou contrato consigo mesmo, quando uma única pessoa vai agir por duas partes.
Ex: “A” vai viajar e precisa vender sua casa, então passa uma procuração a seu amigo “B” autorizando-o a vendê-la a quem se interessar, eis que o próprio “B” resolve comprar a casa, então “B” vai celebrar o contrato como vendedor, representando “A”, e como comprador, em seu próprio nome. 
São duas vontades jurídicas distintas, embora expressas por uma só pessoa.
· Contrato = Convenção = Pacto = Avença.
· Importante: A força obrigatória dos contratos não se afere mais sob a ótica do dever moral de manutenção da palavra empenhada, mas da realização do bem comum”.
· Função Social dos Contratos: arts. 421 e 422, CC.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
· Requisitos de validade:
· De ordem geral -> requisitos de validade (art.104, CC) :
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
· De ordem especial -> consentimento recíproco e acordo de vontades.
· Capacidade das partes: este é o primeiro elemento (art. 104, I), pois o contrato celebrado pelo incapaz é nulo (166, I) e pelo relativamente incapaz é anulável (171, I). 
A nulidade é assim mais grave do que a anulabilidade. 
Imaginem uma doença: a nulidade é uma doença fatal, já a anulabilidade é curável. 
Mas o menor de 16 anos, embora incapaz, pode adquirir direitos e celebrar contratos, desde que devidamente representado. 
Então os pais representam os filhos, os tutores representam os órfãos e os curadores representam o curatelado. 
Desta forma, a capacidade de direito é inerente a todo ser humano (art. 1º), a capacidade de fato é que falta a algumas pessoas (menores) e que por isso precisam ser representadas para celebrar contratos (116).
· Objeto do contrato: é a operação, é a manobra que as partes visam realizar. 
O objeto corresponde a uma prestação lícita, possível, determinada e de valoração econômica. 
João não pode contratar José para matar Maria, nem Maria pode contratar João para comprar contrabando ou drogas, pois o objeto seria ilícito. 
Igualmente o filho não pode comprar um carro com o dinheiro que vai herdar quando o pai morrer, pois a lei proíbe no art. 426 (chama-se de pacta corvina, ou pacto de corvo este dispositivo já que é muito mórbido desejar a morte do pai, e ninguém garante que o filho é que vai morrer depois).
Quanto à possibilidade do objeto, seria impossível contratar um mudo para cantar, ou vender passagens aéreas para o sol. Para Marte breve já será possível…
O objeto também precisa ser determinado ou determinável.
Finalmente, o contrato precisa ter valor econômico para se resolver em perdas e danos se não for cumprido por ambas as partes.
O valor econômico do contrato viabiliza a responsabilidade patrimonial do inadimplente, já que não se vai prender um artista que se recusa a fazer um show. O artista será sim executado patrimonialmente para cobrir os prejuízos, tomando o juiz seus bens para satisfazer a parte inocente.
· Forma: a forma do contrato é livre, esta é a regra, lembrem-se sempre disso. 
Existem exceções, mas esta é a regra geral: os contratos podem ser celebrados por qualquer forma, inclusive verbalmente face autonomia da vontade que prevalece no Direito Civil. 
A vontade inclusive prevalece sobre a forma.
Já pensou ter que escrever um contrato e assinar com o motorista na hora de pegar um ônibus? 
Seria uma burocracia terrível a atrofiar a economia. 
Quando precisar escrever um contrato não há formalidades a obedecer, basta colocar no papel aquilo que seja imprescindível ao acordo entre as partes, até porque os contratos podem ser verbais, como na compra e venda, locação e empréstimo. 
Assim salvo expressa previsão em lei, a forma do contrato é livre. 
Que contratos têm forma especial e precisam ser escritos? 
A doação de coisas valiosas (541 e pú) e a compra e venda de imóvel (108).
2 - Princípios Fundamentais do Direito Contratual
· Princípio da Autonomia da Vontade da Autonomia Privada: “Significa a liberdade que as pessoas têm em contratar ou não, sem qualquer interferência do estado”.
Este princípio contratual da autonomia da vontade é um poder criador, sendo amplo mas não absoluto, encontrando limites na ordem pública e nos bons costumes:
– Ordem pública: são as leis imperativas/obrigatórias presentes no direito privado e que interessam à sociedade e ao Estado. Ex: 426 (pacta corvina), 421, pú do 2.035). Em que consiste esta função social do contrato? Em trocas úteis e justas, afinal ninguém contrata para ter prejuízo. A propriedade, outro pilar do Direito Civil, também deve ser exercida respeitando sua função social (§ 1º do art. 1228).
 – Bons costumes: são as maneiras de ser e de agir, correspondendo à influência da moral no Direito. A moral varia de acordo com o tempo e o lugar, de modo que um desfile de moda-praia num shopping center é permitido, mas não na frente de um convento de freiras, por violar a moral da maioria da sociedade. Igualmente nossa moral não aceita o nudismo, todos nós usamos roupas, mas em algumas praias o nudismo é permitido.
· Princípio da Supremacia da Ordem Pública: “Impõe limitação na autonomia da vontade, dando prevalência ao interesse público”.
· Princípio do Consensualismo: “Concebe que o contrato resulta do consenso, de acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa”. Ex. art. 482, CC.
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço. A vontade é tão importante que ela pode predominar sobre a palavra escrita. Assim, aquilo que as partes queriam dizer é mais importante do que aquilo que as partes disseram, escreveram e assinaram. Não se trata aqui de rasgar o “preto no branco”, mas sim de respeitar a vontade das partes. Exemplos:
José aluga a João por cem reais um quartinho nos fundos de sua casa, mas no contrato, ao invés de escrever “aluga-se um quarto”, se escreveu “aluga-se uma casa”, vai prevalecer a intenção que era de alugar o quarto, João não vai poder exigir a casa pois sabia que, por aquele preço e naquelas circunstâncias, a locação era só de um aposento.
José morreu e deixou uma casa para seu filho João, só que João precisa viajar e não pode esperar a conclusão do inventário, então João vende a Maria os seus direitos hereditários porcem mil reais , eis que depois se descobre que José era muito rico e, além da casa, tinha ações, outros imóveis, carros, joias, aplicações financeiras, etc. Neste caso Maria não será dona de tudo pois só o que ela adquiriu, naquelas circunstâncias, foi uma casa, e não tantos bens, embora no contrato constasse que João lhe cedia todos os seus direitos hereditários.
· Princípio da Relatividade dos Contratos: “Funda-se na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, não afetando terceiros”.
· Importante: 
· Obrigações não-personalíssimas: “Vincula as partes e os seus sucessores a título singular ou universal”.
· Obrigações personalíssimas: “Não vincula os sucessores”.
· Exceções -> estipulação em favor de terceiro e convenções coletivas de trabalho.
· Princípio da Obrigatoriedade dos Contratos: “Representa a força vinculante das convenções, isto-é, sendo válido e eficaz as partes devem cumpri-lo”.
· Fundamentos:
· a) a necessidade de segurança nos negócios (função social dos contratos), que deixaria de existir se os contratantes pudessem não cumprir a palavra empenhada, gerando a balbúrdia e o caos;
· b) a intangibilidade ou imutabilidade do contrato, decorrente da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as partes (pacta sunt servanda), não podendo ser alterado nem pelo juiz. Qualquer modificação ou revogação terá de ser, também, bilateral. 
· Princípio da Revisão dos Contratos ou da Onerosidade Excessiva: “Opõe-se ao da obrigatoriedade, pois permite aos contratantes recorrerem ao Judiciário, para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em determinadas situações”. 
· Cláusula “rebus sic stantibus” : “Consiste basicamente em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência implícita (não expressa) de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários (uma guerra, p. ex.), que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente. 
· Teoria da Imprevisão: “Ocorrência de um fato extraordinário e imprevisível” 
· Código Civil de 2002 -> arts. 478 a 480, CC.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
· Princípio da Boa-fé (art. 422, CC): “É entendido como a exigência de comportamento leal dos contratantes”.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
3 - INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS
· Prevalência da teoria da vontade sobre a da declaração
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
· Presunção da boa-fé -> art. 113 e 422, CC.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
· Interpretação restritiva dos negócios benéficos ou gratuitos
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
· Cláusulas ambíguas ou contraditórias em contratos de adesão
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
· Cláusulas testamentárias art. 1.899,CC.
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador.
· Interpretação favorável ao consumidor art. 47, CDC.
“As cláusulas contratuais serão interpretadas	de maneira mais favorável ao consumidor”.
· critérios técnicos de interpretação
· a) a melhor maneira de se apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo pelo qual o vinham executando, de comum acordo;
· b) deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o devedor (princípio da extrema ratio);
· c) as cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com as demais;
· d) nos contratos e adesão, a interpretação das cláusulas duvidosas deve ser feita sempre em favor dos aderentes.
· Vedação de pactos sucessórios contratuais inter vivos	
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
· Exceções:
· É permitido aos nubentes dispor, no pacto antenupcial, a respeito da recíproca e futura sucessão;
· Podem os pais, por ato entre vivos, partilhar o seu patrimônio entre os descendentes (art. 2.018);
· Admite-se a estipulação, no pacto antenupcial, de doações para depois da morte do doador.
· Admissibilidade causa mortis
4 - FORMAÇÃO DO CONTRATO 
· Negociações preliminares (puntuação): “Fase em que as partes ainda não manifestaram a sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio”. 
· Importante: A falsa manifestação de interesse, se causar dano ao outro contraente acarretando perda de outro negócio, ou realização de despesas incorre em perdas e danos (art. 186, CC). 
· Manifestações de vontade: 
· Proposta (oferta, policitação ou oblação) 
· Aceitação
· PROPOSTA, OFERTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO: “É uma	declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende	celebrar um contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar”
· PROPOSTA X NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES
· As negociações preliminares não passam de estudos e sondagens, sem força obrigatória.
· A Proposta cria no aceitante a convicção do contrato em perspectiva, levando​-o à realização de projetos e, às vezes, de despesas, bem como à cessação de alguma atividade. Por isso, vincula o policitante, que responde por todas essas consequências se injustificadamente retirar​-se do negócio.
· Importante: A proposta, desde que séria e consciente, vincula o proponente, pode ser provada por testemunhas, qualquer que seja o seu valor e a sua retirada sujeita o proponente ao pagamento das perdas e danos (art. 427, CC).
· Pergunta: A morte ou a interdição do policitante (proponente) extingue proposta?
· Exceções a vinculação
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
· Exceções a vinculação
· A oferta não obriga o proponente se contiver cláusula expressa a respeito: “proposta sujeita a confirmação” ou “não vale como proposta” 
· Em razão da natureza do negócio
· Propostas abertas ao público, que se consideram limitadas ao estoque existente e encontram​-se reguladas no art. 429 do CC. 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvose o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
· Em	razão das circunstâncias do caso
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; É o “pegar ou largar”; Presente - é aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo que por algum outro meio mais moderno de comunicação à distância.
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; Inexistência de contato direto.
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; Fixado	prazo para a resposta
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
4 - A OFERTA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
· A proposta nos contratos que envolvem relações de consumo: Arts. 30 a 35, L. 8.078/90.
· “A proposta no CDC dirige-se a pessoas indeterminadas e dá ensejo à execução específica”. 
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.        
Parágrafo único.  As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével.         
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.        
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei.       
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.
        
Parágrafo único.  É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina.         
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
· Aceitação: “É a concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato”.
· Contraproposta: art. 431, CC.
 Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta.
· Aceitação:
· Tácita (art. 432, CC) “decorre de sua conduta, reveladora do consentimento”. 
· Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa.
· Ex: Fornecedor costuma enviar mercadoria e comerciante pagar. Turista reservando acomodações informando data, onde o hotel não cancela.
· Expressa: “decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência”.
· Aceitação sem força vinculante:
· Aceitação retardada: art. 430, CC.
· Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.
· Retratação do aceitante: art. 433, CC.
· Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
· Momento em que a convenção se reputa concluída
· Entre presentes: “Reputam-se concluídos no mesmo instante em que o aceitante manifesta sua concordância com a proposta”. 
· Entre ausentes: “A resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por diversas fases”. 
· Teorias
· Teoria da informação ou da cognição: “É o da chegada da resposta ao conhecimento do policitante”. 
· Teoria da declaração ou da agnição:
· Da declaração propriamente dita - Redação da correspondência. O aceitante pode destruir.
· Da expedição - É considerada​ a melhor, embora não seja perfeita, porque evita o arbítrio dos contraentes e afasta dúvidas de	natureza probatória.
· Da recepção - Além	de escrita e expedida, a resposta tenha sido entregue ao destinatário.
· Importante: O art. 434 do Código Civil acolheu expressamente a teoria da expedição. 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente; (Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.)
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III - se ela não chegar no prazo convencionado.
 Se há prazo convencionado e a resposta não chega no intervalo determinado, não houve acordo e, sem ele, não há contrato.
Na realidade, o CC filiou​-se à teoria da recepção, e não à da	expedição, uma vez que não é considerado concluído o contrato na hipótese de a resposta não chegar no prazo convencionado. Permitindo a retratação antes de a resposta chegar às mãos do proponente. 
· Lugar da Celebração
· Art. 435 , CC.
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
· Art. 9º, § 2º, LINDB. 
Art. 9o - Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.
§ 2º - A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.
O legislador, optou pelo local em que a proposta foi feita.	
Aparentemente, tal solução encontra​-se em contradição com a expressa adoção da teoria da expedição, presente no dispositivo anterior.
No campo do direito internacional aplicado aos casos em que os contratantes residem em países diferentes a determinação da Lei aplicável é do local do impulso inicial. Dentro da autonomia da vontade, podem as partes eleger o foro competente (foro de eleição).
5 - CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
· Quanto aos efeitos
· Unilaterais, bilaterais e plurilaterais
· Gratuitos e onerosos 
· Unilaterais: “São os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes”.
· Só cria direito para uma das partes e apenas obrigação para a outra, uma das partes será só credora e a outra só devedora, 
Ex: doação: só o doador tem a obrigação de dar e o donatário apenas o direito de exigir a coisa, sem nenhuma prestação em troca. 
Empréstimo e fiança também são exemplos de contratos unilaterais que estudaremos em breve.
· Bilaterais (sinalagmáticos): “São os que geram obrigações para ambos os contratantes”.
· Sinalagma - em grego significa reciprocidade
Ex: compra e venda: o comprador tem o dever de dar o dinheiro e o direito de exigir a coisa, enquanto o vendedor tem a obrigação de dar a coisa e o direito de exigir o dinheiro;
Ex. Locação: o locador tem a obrigação de transferir a posse do imóvel e o inquilino tem a obrigação de pagar o aluguel.
· Plurilaterais: “São os contratos que contêm mais de duas partes”. 
Ex.: contrato de sociedade, em que cada sócio é uma parte.	
Contratos de consórcio. Uma característica dos contratos plurilateraisé a rotatividade de seus membros. 
· Onerosos: “onerosos ambas as partes têm vantagem e proveito econômico.
Ex: os contratos bilaterais, onde ambas as partes ganham e perdem. 
· Gratuitos: “Só beneficiam uma das partes” - Geralmente todo contrato unilateral é gratuito, como na doação e no empréstimo. Pode haver contratos unilaterais e onerosos quando existe uma pequena contraprestação da outra parte.
Ex. doação modal, aquela onde há um encargo por parte do donatário, ou seja, o doador exige um pequeno serviço do donatário em troca da coisa (ex: José doa uma fazenda a Maria com o ônus de construir uma escola para as crianças carentes da região; João dá um carro a seu filho com o ônus de levar a mãe para passear todo sábado, art. 553). O encargo tem que ser pequeno, senão descaracteriza a doação. Se o encargo for grande o contrato não será nulo, apenas não será doação, mas outro contrato qualquer. Ex: empresto um apartamento a João sob pagamento mensal de mil reais, ora isto não é empréstimo, mas locação. Outro exemplo de contrato unilateral e oneroso é o mútuo feneratício ( empréstimo de dinheiro a juros, art. 591). Empréstimo entre amigos em geral não tem juros (mútuo simples), sendo unilateral e gratuito, mas no empréstimo econômico os juros são naturalmente devidos, tratando-se de contrato unilateral e oneroso.
· Exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti 
contractus) art. 476, CC. 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
· Exceção do contrato parcialmente cumprido (exceptio non rite adimpleti contractus) art. 476, CC. 
· Cláusula “solve et repete”: “limitação a exceção do contrato não cumprido” - A cláusula "solve et repete", significa “pague e depois reclame”,  é a que se estabelece num, contrato, com o objetivo de tornar a exigibilidade de sua prestação a qualquer intenção contrária do devedor, sendo que o mesmo só poderá reclamar desta em outra ação, visando assim o pagamento ao credor sem outra oposição.
· Pergunta: A cláusula “solve et repete” poderia ser interposta em contrato que verse sobre relações de consumo? Resposta: Nas relações de consumo deve ser evitada, em razão da cominação de nulidade a toda cláusula que coloque o consumidor em desvantagem exagerada (CDC, art. 51).
· Garantia de execução da obrigação a prazo art. 477CC.
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
· Cláusula resolutiva tácita art. 475, CC
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. 
· Atitudes do contratante pontual diante do inadimplemento do outro
· Atitude passiva: “Permanecer inerte e defender-se, caso acionado, com a exceptio non adiinpleti contractus”.
· Atitudes ativas:
· Pleitear a resolução do contrato, com perdas e danos, provando o prejuízo sofrido;
· Exigir o cumprimento contratual, quando possível a execução específica (CPC, arts. 461 e Pú).
6 - CONTRATOS GRATUITOS (BENÉFICOS) E ONEROSOS
· Gratuitos ou benéficos: “são os contratos em que apenas urna das partes aufere benefício ou vantagem”. 
· Onerosos: “Contratos em que ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual corresponde um sacrifício”. 
· Importante: Em geral. todo contrato oneroso é, também, bilateral. E todo unilateral é, ao mesmo tempo, gratuito , como na doação e no empréstimo.
· Exceções:
· Mutuo feneratício ou oneroso (em que é convencionado o pagamento de juros) é contrato unilateral e oneroso.
· Mandato que pode ser bilateral e gratuito, embora se trate de bilateral imperfeito, 
· Doação modal, aquela onde há um encargo por parte do donatário, ou seja, o doador exige um pequeno serviço do donatário em troca da coisa 
· (ex: José doa uma fazenda a Maria com o ônus de construir uma escola para as crianças carentes da região; João dá um carro a seu filho com o ônus de levar a mãe para passear todo sábado, art. 553). 
· O encargo tem que ser pequeno, senão descaracteriza a doação. 
Se o encargo for grande o contrato não será nulo, apenas não será doação, mas outro contrato qualquer. 
Ex: empresto um apartamento a João sob pagamento mensal de mil reais, ora isto não é empréstimo, mas locação. 
Outro exemplo de contrato unilateral e oneroso é o mútuo feneratício ( empréstimo de dinheiro a juros, art. 591). 
Empréstimo entre amigos em geral não tem juros (mútuo simples), sendo unilateral e gratuito, mas no empréstimo econômico os juros são naturalmente devidos, tratando-se de contrato unilateral e oneroso.
7 - CONTRATOS COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS
· Importante: Os contratos onerosos subdividem-se em comutativos e 
aleatórios. 
· Comutativos: “são os de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco”. Ex: compra e venda, troca, locação, etc.
· Contratos aleatórios: “caracterizam-se pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que deles pode advir. É que a perda ou lucro dependem de um fato futuro e imprevisível”. 
· Importante: O vocábulo aleatório é originário do latim alea, que significa sorte, risco, acaso. 
· Importante: contrato de seguro é comutativo, porque o segurado o celebra para se acobertar contra qualquer risco. No entanto, para a seguradora é sempre aleatório, pois o pagamento ou não da indenização depende de um fato eventual. 
Jogo, aposta, compra e venda de coisa futura, são outros exemplos de contratos aleatórios que veremos oportunamente.
· Contratos Aleatórios
· Aleatórios por natureza
· Acidentalmente aleatórios
· Venda de coisas futuras;
· Venda de coisas existentes mas expostas a risco. 
· Venda de coisas futuras
· O risco se refere à própria existência da coisa (art. 458 CC). 
É a compra de uma esperança, quando o comprador assume o risco da existência da coisa (ex: pago cem reais a um pescador pelo que ele trouxer no barco ao final do dia)
· O risco se refere à sua quantidade (art. 459, CC).
Aqui o risco é na quantidade, então se não vier nada, ou se nada for produzido, o preço não será devido, depende do que for combinado entre as partes
8 – CONTRATOS PERSONALÍSSIMOS E IMPESSOAIS
· Personalíssimos ou intuitu personae: “são os celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contraentes. Por essa razão, o obrigado não pode fazer-se substituir por outrem, pois essas qualidades (culturais, profissionais, artísticas etc.) tiveram influência decisiva no consentimento do outro contratante”. 
· Impessoais: “são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro, O importante é que seja executada, pois o seu objeto não requer qualidades especiais do devedor”. 
· Importante: As obrigações personalíssimas, não podendo ser executadas por outrem, são intransmissíveis aos sucessores. Também não podem ser objeto de cessão. 
9 – CONTRATOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS
· Contrato individual: “É aquele que as vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias pessoas”. 
· Contratos coletivos: “São os contratos que se perfazem pelo acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais, sendo denominados convenções coletivas”.
· Importante: Pode haver contrato coletivo no âmbito do Direito de Empresa, celebrado por pessoas jurídicas representativas de determinadas indústrias ou sociedades empresárias, destinado a inibir a concorrência desleal, a incentivar a pesquisa, a desenvolver a cooperação mútua etc. 
10 - CONTRATOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS, CONTRATOS DERIVADOS
· Contratos principais: “são os que têm existência própria e nãodependem, pois, de qualquer outro (compra e venda, locação etc.)”. 
· Contratos Acessórios: “são os que têm sua existência subordinada à do contrato principal (cláusula penal, fiança etc.)”. 
· Contratos derivados: “Espécie de avença em que um dos contratantes transfere a terceiro, sem se desvincular, a utilidade correspondente à sua posição contratual”. Ex: o contrato de subempreitada sucede o contrato de empreitada.
· Importante: Têm em comum com os acessórios o fato de que ambos são dependentes de outro. Diferem, porém, pela circunstância de o derivado participar da própria natureza do direito versado no contrato-base. 
11 - CONTRATOS SOLENES E NÃO SOLENES
· Solenes: “são os que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar”. Ex.:doação e fiança que devem ser por escrito (541 e 819). Na compra e venda de imóvel, pelo valor e importância dos imóveis, o contrato além de escrito deve ser feito por tabelião, pelo que para adquirir uma casa só o acordo de vontades não basta, é necessário também celebrar uma escritura pública (arts. 108 e 215)
· Importante: Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene e a formalidade é ad solemnitatem, isto é, constitui a substância do ato (escritura pública na alienação de imóvel, testamento etc.). 
· Livre ou Informais: “são os contratos de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação. Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer forma, inclusive a verbal”.
· Importante: Os contratos informais podem ser verbais, enquanto os contratos solenes devem ser por escrito, seja particular (feito por qualquer pessoa/advogado, como na fiança e doação) ou público (feito apenas em Cartório de Notas, compra de imóvel).
12 - CONTRATOS CONSENSUAIS E REAIS
· Contratos consensuais: “são os que se aperfeiçoam com o consentimento, isto é, com o acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma”. 
· Contratos reais: “são os que exigem, para se aperfeiçoar. além do consentimento, a entrega da coisa (tradição) que lhe serve de objeto”. Ex: doação de bens móveis (pú do 541), comodato (579), mútuo, depósito (627). Podem  até ser verbais/informais, mas não nascem antes da entrega da coisa.
· Importante: Todos os contratos reais são unilaterais. E quando, entregue a coisa (quando o contrato torna-se perfeito e acabado), só resta obrigação para o depositário, o comodatário e o mutuário. 
· ILUSTRANDO:
Existe contrato após o acordo de vontades e mesmo antes da entrega da coisa, de modo que uma eventual desistência pode ensejar perdas e danos ou até a execução compulsória do 475. 
Se A  promete emprestar sua casa de praia para B passar o verão (comodato), só haverá contrato após a ocupação efetiva da casa por B. 
Já se A se obriga a alugar sua casa de praia a B durante o verão (locação), o contrato surgirá do acordo de vontades, e eventual desistência de A, mesmo antes da entrega das chaves, ensejará indenização por perdas e danos (389). 
A tradição não é requisito de validade, mas de existência dos contratos reais.
13 - CONTRATOS PRELIMINARES
· Contrato preliminar ou pactum de contrahendo: é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. 
· Importante: O contrato preliminar é também denominado pré-contrato e na compra e venda de imóvel é chamado de promessa de compra e venda, ou compromisso de compra e venda . O contrato preliminar não é uma minuta ou rascunho, é contrato mesmo que visa concretizar um contrato futuro e definitivo.
· ILUSTRANDO:
O contrato preliminar é muito usado na aquisição de imóveis a prazo.  Se o contrato preliminar for descumprido, ou o contrato definitivo não for celebrado oportunamente, caberá indenização por perdas e danos ou mesmo a execução forçada. Na execução forçada o juiz celebra o contrato no lugar da parte que não está cumprindo sua obrigação. 
Exemplo: A adquiri um imóvel para pronta moradia, celebra um contrato preliminar de promessa de compra e venda com uma construtora, recebe as chaves e vai pagando as prestações ao longo dos anos. Ao término do pagamento de todas as prestações, celebra outro contrato com a construtora, desta vez um contrato definitivo que será levado a registro no Cartório de Imóveis. 
O contrato preliminar pode ser feito mediante instrumento particular, mas o definitivo vai exigir escritura pública. Se A adquire à vista celebra logo o contrato definitivo. 
14 - CONTRATOS PARITÁRIOS, DE ADESÃO E CONTRATO-TIPO.
· Paritários: “são os contratos do tipo tradicional, em que as, partes discutem livremente as condições, porque se encontram em pé de igualdade (par a par)”.
· Contratos de adesão: “são os que não permitem liberdade, devido à preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro adere ao modelo de contrato previamente confeccionado, não podendo modificá-las: aceita-as ou rejeita- as, de forma pura e simples, e em bloco, afastada qualquer alternativa de discussão”. 
· Importante: O Código Civil resguarda a posição do aderente, nos contratos de adesão, nas cláusulas ambíguas ou contraditórias e, proíbe a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio (arts. 423 e 424). 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
· Contrato de adesão no CDC ou CPDC (Lei nº 8.078/90) - art. 54. 
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
· Contrato-tipo: “É espécie de contrato apresentado por um dos contratantes, em fórmula impressa ou datilografada, ao outro, que se limita a subscrevê-lo.” contrato de massa, em série ou por formulários
EX. : contratos bancários, que já vêm impressos, mas com espaços em branco no tocante à taxa de juros, prazo e condições do financiamento, a serem estabelecidos de comum acordo.
Difere do contrato de adesão porque não lhe é essencial a desigualdade econômica dos contratantes, bem como porque admite discussão sobre o seu conteúdo.
No contrato-tipo, as cláusulas não são impostas por uma parte à outra, mas apenas pré-redigidas. 
Em geral, são deixados espaços, a serem preenchidos pelo concurso de vontades.
15 - CONTRATOS DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E DE TRATO SUCESSIVO
· Execução instantânea ou imediata: “São os que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração”. 
· Execução diferida: “são os que devem ser cumpridos também em um só ato mas em momento futuro”. Ex.: Entrega, em determinada data, do objeto alienado .
· Trato sucessivo ou de execução continuada: “são os que se cumprem por meio de atos reiterados” 
Ex.: compra e venda a prazo, prestação permanente de serviços e fornecimento periódico de mercadorias. Locação.
· Características Importantes
· 1) O princípio da onerosidade excessiva só se aplica aos contratos de execução continuada;
· 2) O princípio da simultaneidade das prestações só se aplica aos de execução instantânea; (não se permite, em contrato de execução diferida ou de trato sucessivo, que o contratante, o qual deve satisfazer em primeiro lugar sua prestação, defenda-se pela exceptio non adimpleti contractus, alegando que a outra parte não cumpriu a dela)
· 3) No contrato de execução instantânea, a nulidade ou resolução por inadimplemento reconduz as partes ao estado anterior, enquanto nos de execução continuada são respeitados os efeitos produzidos, não sendo possível restituí-las ao statu s quo ante.
16 - CONTRATOS NOMINADOS, INOMINADOS, TÍPICOS, ATÍPICOS, MISTOS E COLIGADOS
· Contratos nominados: “São os que têm designação própria. 
· Contratos inominados:“São os que não possuem designação própria.” 
· Contratos típicos: “São os regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado.” 
· Contratos atípicos: “São os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as suas características e requisitos definidos e regulados na lei.” 
·  Contratos mistos:  “Resultam de uma combinação de elementos de diferentes contratos, formando uma nova espécie contratual a qual não é estabelecida em lei.”
Exemplo: compra e venda + locação = LEASING.
· Contratos Coligados: Representam um grupo de contratos que têm algum ponto em comum entre si, uma mesma pessoa, por exemplo, que faz com que estes contratos interajam uns com os outros, muito embora cada um deles seja um contrato independente, dotado de autonomia. São contratos principais, cada qual dotado com suas características próprias.
Exemplos: 
contratos celebrados pelas distribuidoras de petróleo com os exploradores de postos de gasolina, que engloba várias avenças interligadas, como fornecimento de combustíveis, arrendamento de bombas, locação de prédios, financiamento etc.
Subcontratos (locação, arrendamento), são exemplos de coligação necessária e unilateral, em que invalidades e falta de eficácia do contrato principal afeta diretamente esta espécie de contrato, mas o contrário não afeta o principal.
17 – ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO
· Conceito: “É a convenção entre duas pessoas onde uma delas concederá uma vantagem ou benefício em favor daquele, que não é parte no contrato. 
Tanto o contratante como o beneficiário poderão exigir a prestação se a outra parte atrasar. 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.
Na estipulação, a qualquer momento o beneficiário pode ser substituído, bastando comunicar ao outro contratante.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
Ex 1: Alugo minha casa e determino que o aluguel seja pago a meu irmão
Ex 2: Faço um seguro de vida para beneficiar meu filho. 
Outras modalidades de seguro:(de vida, contra acidentes pessoais e contra acidentes do trabalho. onde: segurado (estipulante) convenciona com o segurador (promitente) pagar ao beneficiário terceiro) o valor ajustado em caso de sinistro.
· Exceção ao princípio da relatividade : ”Funda-se na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, não afetando terceiros”
· Sujeitos do negócio jurídico:
· estipulante
· promitente
· beneficiário 
· Pergunta: É essencial a capacidade plena de todos os sujeitos envolvidos neste negócio jurídico? A capacidade só é exigida dos dois primeiros (estipulante e promitente), pois qualquer pessoa pode ser contemplada com a estipulação, seja ou não capaz.
· Características
· Consensual
· Livre
· Terceiro determinado, determinável ou futuro
· Gratuidade do benefício
· Regulamentação - arts. 436 a 438, CC. 
18 - PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO
· “É uma promessa de obrigação de fazer que será realizada por terceiro.”
Ex: Um promotor de eventos promete ao dono de uma casa de shows trazer um artista para cantar na cidade. Se o artista não vier, o promotor será responsabilizado .
· Importante: A inexecução do contrato se resolverá por perdas e danos (art. 439, CC). 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar.
· Isenção de responsabilidade do terceiro se seu cônjuge for o promitente - art. 439, p.único, CC.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
· Diferença da estipulação em favor de terceiro
O promotor não vai beneficiar o artista, e sim se responsabilizar pela sua apresentação. 
O artista não integra o contrato inicial entre o promotor e o dono da casa de shows, mas sim participará de um segundo contrato com o promotor do evento.
19 - CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR
“Modalidade de relação contratual chamada de cláusula pro amico eligendo, ou pro amico electo, pela qual se contrata por alguém, ou uma pessoa se reserva a prerrogativa de nomear alguém que vá assumir sua posição contratante (art.467, CC).” 
Comum nos compromissos de compra e venda de imóveis, em que o compromissário comprador reserva para si a opção de receber a escritura definitiva ou indicar terceiro para nela figurar como adquirente.
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.
Utilizada para evitar despesas com nova alienação, nos casos de bens adquiridos com o propósito de revenda, com a simples intermediação do que figura como adquirente.
· Efeito retroativo do contrato - art. 469, CC.
Feita validamente, a pessoa nomeada adquire os direitos e assume as obrigações do contrato com efeito retroativo.
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
· Participam desse contrato:
■ o promitente, que assume o compromisso de reconhecer o amicus ou eligendo;
■ o estipulante, que pactua em seu favor a cláusula de substituição; e
■ o electus, que, validamente nomeado, aceita sua indicação, que é comunicada ao promitente.
· Fatos autorizativos de eficácia do contrato entre os contratantes originários - art. 470 e 471, CC.
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
Ex: Compro um apartamento para pagar em quinze anos e celebro um contrato preliminar com a construtora, pois o contrato definitivo só virá ao término do pagamento integral, após os quinze anos, posso pedir à construtora-vendedora que coloque o imóvel logo no nome dos meus filhos. Se essa pessoa futura não aceitar o contrato, continuará válido entre os contratantes originários.
· CONCEITOS CORRELATOS À BOA-FÉ OBJETIVA
· Venire contra factum proprium - Protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente. 
Ex. 1: Credor que concordou, durante a execução do contrato de prestações periódicas, com o pagamento em lugar ou tempo diverso do convencionado não pode surpreender o devedor com a exigência literal do contrato. 
Ex. 2: vende um estabelecimento comercial e auxilia, por alguns dias, o comprador, inclusive preenchendo pedidos e novas encomendas com seu próprio número de inscrição fiscal, não pode, posteriormente, cancelar tais pedidos, sob a alegação de uso indevido de sua inscrição.
· Suppressio - Um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo, por contrariar a boa -fé. 
Ex. : O contrato de prestação duradoura que tiver permanecido sem cumprimento durante longo tempo, por falta de iniciativa do credor, não pode ser motivo de nenhumaexigência, se o devedor teve motivo para pensar extinta a obrigação e programou sua vida nessa perspectiva
· Surrectio - É a outra face da suppressio. Acarreta o nascimento de um direito em razão da continua da prática de certos atos.
Ex. :A duradoura distribuição de lucros da sociedade comercial em desacordo com os estatutos pode gerar o direito de recebê-los do mesmo modo, para o futuro
· Tu quoque - Proíbe que uma pessoa faça contra outra o que não faria contra si mesma, consistindo em aplicação do mesmo princípio inspirador da exceptio non adimpleti contractus.
Ex. : O condômino que viola a regra do condomínio e deposita móveis em área de uso comum, ou a destina para uso próprio, não pode exigir do outro comportamento obediente ao preceito.
Ex. A empresa 123 Eventos e Fábio firmaram, no ano 2000, contrato de prestação de serviços, por prazo indeterminado, por meio do qual Fábio prestava assessoria em informática para a empresa. Uma das obrigações contratuais de Fábio era enviar, quinzenalmente, um relatório descritivo das tarefas realizadas naquele período. Fábio nunca enviou os relatórios e o representante legal da empresa também nunca os exigiu. Em 2017, a 123 Eventos exigiu todos os relatórios, desde o início da prestação dos serviços, ameaçando cobrar a multa estipulada em cláusula penal caso Fábio não atendesse à solicitação. Fábio apontou que não poderia atender ao pedido e argumentou que durante os 17 (dezessete) anos de vigência do contrato, tal obrigação jamais havia sido exigida. Desse modo, concluiu Fábio que a obrigação contratual não seria mais exigível. A argumentação e conclusão de Fábio têm suporte, em tese,
a)na vedação ao comportamento contraditório.
b)na teoria do adimplemento substancial.
c)na função social dos contratos.
d)na presumida vulnerabilidade do fornecedor pessoa física.
e)no instituto da suppressio.
EX. João e José celebram um contrato e ajustam que o adimplemento será feito sempre em dinheiro e pessoalmente, no dia 10 (dez) do mês vencido. Ocorre que o contrato, que é de trato sucessivo, há mais de 12 (doze) anos é executado por João, por meio de depósito em conta corrente, em cheque e na data acordada, sem questionamento de qualquer natureza por José. Essa situação passa a ser fonte criadora de direitos subjetivos para João. O instituto que fundamenta a afirmação feita é:
a) surrectio;
b) venire contra factum proprium;
c) supressio;
d) teoria do adimplemento substancial;
e) tu quoque.
· SUPRESSIO E SURRECTIO – A supressio configura-se quando há a supressão, por renúncia tácita, de um direito, em virtude do seu não exercício. A surrectio, por sua vez, ocorre nos casos em que o decurso do tempo implica o surgimento de uma posição jurídica pela regra da boa-fé
· Supressio: suprime um direito. Se o devedor está pagando de forma reiterada e contrária ao entabulado, bem como não há oposição do credor quanto a essa prática, posteriormente este não poderá reclamar, pois não impugnou em tempo hábil.
Ex: Em uma relação de consumo, foi estabelecido que o pagamento deveria ser realizado de determinada maneira.
No entanto, após certo tempo, o pagamento passou a ser feito, reiteradamente, de outro modo, sem que o credor se opusesse à mudança.
Nessa situação, considerando-se a boa-fé objetiva, para o credor ocorreu o que se denomina supressio.
· SURRECTIO– aquisição do direito correspondente
· Surrectio: surge um direito. Se o devedor está pagando de forma reiterada e contrária ao entabulado, bem como não há oposição do credor quanto a essa prática, surge um direito do devedor de continuar agindo da mesma forma
20 - VÍCIOS REDIBITÓRIOS
· Conceito: “São os defeitos ocultos da coisa que, de alguma forma, a tornem imprópria para o uso a que se destina ou diminua o seu valor.”
· Efeitos: A coisa pode ser rejeitada (art. 441, CC). Abatimento no preço (art. 442, CC).
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
· Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
Importante: Regras aplicáveis somente em contratos bilaterais e comutativos (prestações certas e determinadas).
Importante - Não há que se confundir o vício redibitório com o erro. 
No caso de vício redibitório o problema atinge o objeto do contrato, ou seja, a coisa. 
No erro o vício é do consentimento, atingindo a vontade, pois a pessoa se engana sozinha em relação a um elemento do negócio celebrado (arts. 138 a 144 do CC)
EXEMPLO: Alguém compra um imóvel de um particular, que não é profissional nessa atividade de venda de imóveis, por R$ 300.000,00, e este apresente um sério problema de encanamento. Como não há relação de consumo, o caso envolve um vício redibitório, aplicando-se o Código Civil. Sendo assim, o adquirente terá a seu favor as opções e prazos previstos no art. 445 do CC
· Princípio da Garantia: há uma garantia legal contra os vícios redibitórios nos contratos bilaterais (sinalagmáticos), onerosos e comutativos, caso da compra e venda. 
Devem ainda ser incluídas as doações onerosas, conforme preceitua o art. 441, parágrafo único, do CC, caso da doação remuneratória e da doação modal ou com encargo.
O adquirente prejudicado pelo vício redibitório pode fazer uso das ações edilícias, nos termos do art. 442 do CC
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
Merece aplicação o princípio da conservação do contrato, anexo à função social. 
Sendo assim, deve-se entender que a resolução do contrato é o último caminho a ser percorrido. 
Nos casos em que os vícios não geram grandes repercussões em relação à utilidade da coisa, não cabe a ação redibitória, mas apenas a ação quanti minoris, com o abatimento proporcional do preço.
· Ações Edilícias
· Ação redibitória - Requerer a resolução do contrato
· Ação quanti minoris ou estimatória - Pleitear o abatimento no preço.
· Expressão edilícias: Origem no Direito Romano, pois a questão foi regulamentada pela aediles curules, por volta do século II a.C., “com o objetivo de evitar fraudes praticadas pelos vendedores no mercado romano. Ressaltemos que os vendedores eram, em geral, estrangeiros (peregrinos) que tinham por hábito dissimular muito bem os defeitos da coisa que vendiam” 
· Importante - Segundo a doutrina, se o vício for insignificante ou ínfimo e não prejudicar as finalidades do contrato, não cabe sequer esse pedido de abatimento no preço.
· Pergunta: A ignorância do vício exime o alienante de responsabilidade? Resposta: art. 443, CC. Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
· Pergunta: O perecimento do objeto após a tradição exime o alienante de responsabilidade? Resposta: art. 444, CC. Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
· Importante - A responsabilidade do alienante permanece ainda que a coisa pereça em poder do adquirente em virtude do vício oculto já existente no momento da entrega.
· Prazos decadenciais (art. 445, CC)
· 30 (trinta) dias - Bem móvel.
· 01 (um) ano - Bem imóvel.
· Importante: Se o adquirente já estava na posse da coisa os prazos são reduzidos pela metade.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.( exemplo: locatário adquirente)
· Contagem dos prazos
· Da tradição.
· Da ciência (art. 445, § 1º, CC). § 1o - Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazocontar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
· Importante: Os vícios que só podem ser conhecidos mais tarde têm um limite máximo de 180 dias para bens móveis e 01 ano se for bem imóvel.
· Acórdãos aplicando essa diferenciação dos prazos
“Compra e Venda. Alegação de vício redibitório. Ação de cobrança de valor destinado à recomposição do imóvel. Ação ajuízada antes de completado um ano da data em que a autora tomou conhecimento dos vícios ocultos. Decadência não configurada. Aplicação do artigo 445, § 1.º, do Código Civil. Imóvel sujeito a infiltrações, somente observadas quando da temporada de chuvas. Fato que não foi levado ao conhecimento da adquirente. Danos anteriores mascarados com a pintura recente do prédio. Valor de recomposição não impugnado. Sentença de procedência mantida. Agravos retidos da autora que restam prejudicados em face da decisão dada ao mérito da demanda. Apelação desprovida” (TJSP, Apelação Cível 617.558.4/4, Acórdão 3498071, Catanduva, 2.ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Morato de Andrade, j. 03.03.2009, DJESP 26.03.2009).
· Obs.: No caso de venda de animais o prazo será definido por lei especial (art. 445, § 2º, CC). § 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
· Obs.: Máquina sujeita a experimentação depende ajustes técnicos, o prazo decadencial conta-se do seu perfeito funcionamento e efetiva utilização.
· Garantia: 
· Legal (art. 445, CC)
· Convencional (art. 446, CC).
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
· Prazo para reclamar contados do descobrimento - 30 dias.
Na vigência de prazo de garantia (decadência convencional) não correrão os prazos legais (decadência legal), mas, diante do dever anexo de informação, inerente à boa-fé objetiva, o adquirente deverá denunciar o vício no prazo de trinta dias contados do seu descobrimento, sob pena de decadência.
A decadência referenciada no final do art. 446 do CC/2002 está ligada à perda do direito de garantia contratual e não ao direito de ingressar com as ações edilícias. 
Sendo assim, findo o prazo de garantia convencional ou não exercendo o adquirente o direito no prazo de 30 dias fixado no art. 446 do CC, iniciam-se os prazos legais previstos no art. 445 do CC.
21 - Evicção
· Conceito: “É a perda da coisa em virtude de sentença judicial ou ato administrativo, que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato”. 
· Evicção, do latim “evincere”, que significa ser vencido. 
· Princípio de garantia : Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
· Responsabilidade ex vi legis - Por força da lei
A responsabilidade pela evicção decorre da lei, assim não precisa estar prevista no contrato. Todavia, podem as partes reforçar a responsabilidade, atenuando ou agravando seus efeitos (art. 448 do Código Civil)
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
Quanto ao reforço em relação à evicção, diante da vedação do enriquecimento sem causa, tem­-se entendido que o limite é o dobro do valor da coisa, o que é correto, pela função social dos pactos.
Com relação à exclusão da responsabilidade, esta pode ocorrer desde que feita de forma expressa (cláusula de non praestaenda evictione ou cláusula de irresponsabilidade pela evicção), não se presumindo tal exclusão em hipótese alguma. Todavia, mesmo excluída a responsabilidade pela evicção, se esta ocorrer, o alienante responde pelo preço da coisa. 
Isso, se o evicto não sabia do risco da evicção ou, informado do risco, não o assumiu (art. 449 do Código Civil).
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
O alienante somente ficará totalmente isento de responsabilidade se pactuada a cláusula de exclusão e o adquirente for informado sobre o risco da evicção (sabia do risco e o aceitou).
Cláusula expressa de exclusão da garantia + conhecimento do risco da evicção pelo evicto = isenção de toda e qualquer responsabilidade por parte do alienante.
Cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência específica desse risco por parte do adquirente = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pelo adquirente pela coisa evicta.
Cláusula expressa de exclusão da garantia, sem que o adquirente haja assumido o risco da evicção de que foi informado = direito deste de reaver o preço que desembolsou.
Não havendo cláusula de exclusão da garantia pela evicção - cláusula de non praestaenda evictione, ou cláusula de irresponsabilidade pela evicção -, a responsabilidade do alienante será plena. 
O evicto prejudicado poderá pleitear do alienante, nos casos de evicção total:
1º) A restituição integral do preço pago. Para tanto, se deve levar em conta o valor da coisa à época em que se perdeu, evitando-se o enriquecimento sem causa (art. 450, parágrafo único, do CC).
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
2º) A indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir ao evictor ou terceiro.
3º) A indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção (danos emergentes, despesas de escritura e registro e lucros cessantes, nos termos dos arts. 402 a 404 do CC; além de danos morais).
4º) As custas judiciais e os honorários advocatícios do advogado por ele constituído.
5º) Indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis não abonadas ao evicto pelo evictor (art. 453 do CC). 
Porém, se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor destas deverá ser levado em conta na restituição devida (art. 454 do CC).
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
O art. 451 do CC enuncia que a responsabilidade do alienante pela evicção total ou parcial permanece ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
São partes da evicção (elementos subjetivos)
O alienante – aquele que transfere a coisa viciada, de forma onerosa.
O evicto ou adquirente – aquele que perde a coisa adquirida.
O evictor ou terceiro – tem a decisão judicial ou a apreensão administrativa a seu favor.
Importante: o art. 199, III, do Código Civil preconiza que não corre a prescrição, pendendo a ação de evicção. 
Somente após o trânsito em julgado da sentença a ser proferida na ação em que se discute a evicção, com a decisão sobre a destinação do bem evicto, é que o prazo prescricional voltará a correr.
· Coisa deteriorada
· S/ vantagem p/ o adquirente (art. 451, CC).
· C/ vantagem p/ o adquirente (art. 452, CC).
· Benfeitorias
· Indenização úteis ou necessárias (art. 453 e 1.219, CC).
· Abonadas (art. 454, CC).
· Possibilidade de aumentar, diminuir ou excluir a garantia (art. 458, CC).
· Limites a cláusula de non prestanda evictione (art. 449, CC).
· Evicção parcial (art. 455, CC).
· Requisitos da Evicção
· Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada;· Onerosidade da aquisição; 
· Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa (art. 457).
· Anterioridade do direito do evictor.
· Denunciação da lide ao alienante (art. 456, CC). 
22 - Extinção dos Contratos - arts.472 a 480
· Extinção Normal do Contrato
· Extinção por Fatos anteriores a Celebração
· Extinção por Fatos posteriores a Celebração
· Extinção por morte
22. 1 - Extinção Normal do Contrato 
Pelo cumprimento da obrigação
- Pagamento do preço em obrigação instantânea; 
- Pagamento de todas as parcelas em obrigação de trato sucessivo; 
- Entrega da coisa conforme pactuado;
- Ato não praticado na obrigação de não fazer
Importante: Extinto o contrato, não há que se falar em obrigações dele decorrentes
22.2 - Extinção por Fatos anteriores a Celebração
Invalidade contratual - (arts. 166, 167 e 171 do cc)
Contrato nulo (eivado de nulidade absoluta) 
Contrato anulável (presente a nulidade relativa ou anulabilidade)
Cláusula de arrependimento 
Hipótese em que os contraentes estipulam que o negócio será extinto, mediante declaração unilateral de vontade, se qualquer um deles se arrepender (cláusula de arrependimento).
Importante: não se confunde com o direito de arrependimento de origem legal previsto, por exemplo, no art. 49 do CDC.
Cláusula resolutiva expressa - art. 474 do CC
Podendo um evento futuro e incerto (condição) acarretar a extinção do contrato
Art. 474 - “a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial”
“A cláusula resolutiva expressa produz seus efeitos extintivos independentemente de pronunciamento judicial” - Deve ser tido como regra
Importante: Em algumas situações, mesmo havendo uma cláusula resolutiva expressa, haverá necessidade de notificação da parte para constituí-la em mora e extinguir posteriormente o contrato.
Exemplo: casos de leasing - 
Súmula 369 do STJ “no contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora”.
22.3 - Extinção por Fatos posteriores ou superveniente a Celebração
Toda vez em que há a extinção do contrato por fatos posteriores à celebração, tendo uma das partes sofrido prejuízo, fala–se em rescisão contratual
Importante: a ação que pretende extinguir o contrato nessas hipóteses é denominada ação de rescisão contratual, seguindo procedimento comum.
 Resolução - (extinção do contrato por descumprimento) 
Rescisão (gênero)
Resilição - (dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admissível por lei, de forma expressa ou implícita, pelo reconhecimento de um direito potestativo).
Importante: parece estar superada a ideia de que o termo rescisão seria sinônimo de invalidade (nulo e anulável)
O próprio Código Civil em vigor parece adotar a visão no sentido de ser a rescisão gênero das espécies resolução e resilição.
O art. 455 adota a expressão rescisão no sentido de resolução, ao estabelecer que, “se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido”.
O art. 607, utiliza a palavra rescisão como resilição que assim enuncia: “o contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior”
Resolução (descumprimento ou inadimplemento contratual)
· Inexecução voluntária
· Inexecução involuntária
· Resolução por onerosidade excessiva 
· Cláusula resolutiva tácita
Resilição (exercício de um direito potestativo)
· Resilição bilateral
· Resilição unilateral
Resolução por Inexecução voluntária 
Está relacionada com a impossibilidade da prestação por culpa ou dolo do devedor, podendo ocorrer tanto na obrigação de dar como nas obrigações de fazer e de não fazer.
Art. 475 do CC - que a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato.
Conforme as regras que constam dos arts. 389 e 390 do CC, a inexecução culposa sujeitará a parte inadimplente ao ressarcimento pelas perdas e danos sofridos – danos emergentes, lucros cessantes, danos morais, estéticos e outros danos imateriais, de acordo com aquilo que pode ser interpretado à luz dos arts. 402 a 404 do CC.
Se não preferir essa resolução, a parte poderá exigir da outra o cumprimento do contrato, de forma forçada, cabendo, em qualquer uma das hipóteses, indenização por perdas e danos 
Enunciado 361 da IV Jornada de Direito Civil, “o adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa­fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475”
Resolução por Inexecução involuntária 
O descumprimento contratual poderá ocorrer por fato alheio à vontade dos contratantes, situação em que estará caracterizada a resolução por inexecução involuntária, 
Hipóteses em que ocorrer a impossibilidade de cumprimento da obrigação em decorrência de caso fortuito (evento totalmente imprevisível) ou de força maior (evento previsível, mas inevitável). 
Como consequência, a outra parte contratual não poderá pleitear perdas e danos, sendo tudo o que foi pago devolvido e retornando a obrigação à situação primitiva (resolução sem perdas e danos).
Existem hipóteses em que a parte contratual responde por caso fortuito ou pela força maior:
· Se o devedor estiver em mora, a não ser que prove ausência de culpa ou que a perda da coisa objeto da obrigação ocorreria mesmo não havendo o atraso (art. 399 do CC).
· Havendo previsão no contrato para a responsabilização por esses eventos por meio da cláusula de assunção convencional (art. 393 do CC), cuja validade é discutível nos contratos de consumo e de adesão.
· Em casos especificados em norma jurídica, como por exemplo, do art. 583 do CC, para o contrato de comodato, segundo o qual “se correndo risco o objeto do comodato, juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior”.
Resolução por onerosidade excessiva
Nos termos do art. 478 do CC, poderá ocorrer a resolução do negócio em decorrência de um evento extraordinário e imprevisível que dificulte extremamente o adimplemento do contrato, gerando a extinção do negócio de execução diferida ou continuada (trato sucessivo). 
Aqui está presente a utilização da resolução contratual por fato superveniente, em decorrência de uma imprevisibilidade e extraordinariedade somadas a uma onerosidade excessiva. 
Os efeitos da sentença que determinar a resolução retroagirão à data da citação do processo em que se pleiteia a extinção (efeitos ex tunc)
Enunciado n. 175: “A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação às consequências que ele produz”
Enunciado n. 366, da IV Jornada de Direito Civil, “o fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação”
Com base na ideia constante do enunciado doutrinário, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem afastado a resolução ou a revisão dos contratos de safra, diante de eventos como chuvas, pragas e oscilações no preço, pois tais fatos poderiam ser previstos pelas partes contratantes.
Enunciado n. 365, da IV Jornada de Direito Civil, que dispensa a prova da extrema vantagem para a incidência do art. 478 do CC .
“A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como elemento acidental da alteração de circunstâncias,que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena”
Na ação de resolução contratual fundada no art. 478 do CC, é possível o caminho da revisão, aplicando­se os arts. 479 e 480 do CC.
Art. 479. “A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato.”
Pelo art. 479, o réu poderá oferecer-­se a modificar de forma equitativa as condições do contrato.
Resolução por Cláusula resolutiva tácita
Aquela que decorre da lei e que gera a resolução do contrato em decorrência de um evento futuro e incerto, geralmente relacionado ao inadimplemento (condição). 
Como essa cláusula decorre de lei, necessita de interpelação judicial para gerar efeitos jurídicos (art. 474 do CC). 
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
Justamente por não decorrer da autonomia privada, mas da lei, é que a cláusula resolutiva tácita gera a extinção por fato superveniente à celebração, ponto que a diferencia da cláusula resolutiva expressa.
Exemplo: Exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus), prevista no art. 476 do Código Civil, e que pode gerar a extinção de um contrato bilateral ou sinalagmático, nos casos de mútuo descumprimento total do contrato.
Por esse dispositivo ( art. 476), uma parte somente pode exigir que a outra cumpra com a sua obrigação, se primeiro cumprir com a própria (modalidade de exceptio doli, relacionada à boa­-fé objetiva). 
Como efeito resolutivo, havendo descumprimento bilateral, ou seja, de ambas as partes, o contrato reputar­se-á extinto.
A exceção de contrato não cumprido, em caso de descumprimento total, sempre foi tida como forma de defesa. 
Entretanto, sendo essa uma cláusula resolutiva tácita para os contratos bilaterais, é possível e recomendável alegá­-la em sede de petição inicial, com o objetivo de interpelar judicialmente a outra parte visando à extinção contratual, nos termos do art. 474 do CC.
Resilição (exercício de um direito potestativo)
Presente em duas situações concretas: Resilição bilateral e Resilição unilateral
Resilição bilateral 
Prevista no art. 472 do CC, a resilição bilateral ou distrato é efetivada mediante a celebração de um novo negócio em que ambas as partes querem, de comum acordo, pôr fim ao anterior que firmaram. 
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato
O distrato submete­-se à mesma forma exigida para o contrato conforme previsão taxativa desse artigo.
Se o contrato foi celebrado por escritura pública, o distrato deverá obedecer à mesma formalidade, sob pena de nulidade absoluta, por desrespeito à forma e à solenidade essencial (art. 166, IV e V, do CC).
Importante: A quitação não se submete a essa exigência, sendo válida qualquer que seja a sua forma.
Se as partes elegeram que a escritura pública é essencial para o ato, nos termos do art. 109 do Código Civil, a regra do art. 472 não se aplica, o que prestigia o princípio da liberdade das formas, previsto no art. 107 da mesma codificação material. 
Nesse sentido, enunciado n. 584 da VII Jornada de Direito Civil (2015), segundo o qual, “desde que não haja forma exigida para a substância do contrato, admite-se que o distrato seja pactuado por forma livre”
Exemplo: eventual distrato que tenha sido celebrado de forma tácita, seja através de comunicações via e­mail ou telegrama, nestes casos, havendo uma prova irrefutável de que as mesmas partes que contrataram também resolveram colocar fim antecipado de forma consensual ao vínculo jurídico, não importa nessa situação se a forma do contrato celebrado foi ou não foi obedecida.
“Se o princípio do consensualismo é a regra nas relações contratuais, com muito mais razão a autonomia da vontade manifestada quanto ao encerramento prematuro do vínculo contratual, de forma bilateral, deve ser prestigiado, assim procedendo estará fazendo valer a boa­-fé nos contratos e respeitando a vontade das partes”.
Resilição unilateral
Existem contratos que admitem dissolução pela simples declaração de vontade de uma das partes. 
Desde que a lei, de forma explícita ou implícita, admita essa forma de extinção.
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
A resilição unilateral, pelo que consta do art. 473 do Código Civil, só é prevista em hipóteses excepcionais.
Exemplo: na locação, na prestação de serviços, no mandato, no comodato, no depósito, na doação, na fiança. Operando-­se mediante denúncia notificada à outra parte. 
Denúncia vazia: cabível na locação de coisa móvel ou imóvel regida pelo Código Civil e de coisa imóvel regida pela Lei 8.245/1991 (Lei de Locação). 
Findo o prazo, extingue-se de pleno direito o contrato celebrado entre as partes, sem qualquer motivo para tanto. É possível utilizar o termo denúncia igualmente para o contrato de prestação de serviços, pelo que consta do art. 599 do CC.
Revogação: cabível quando há quebra de confiança naqueles pactos em que esta se faz presente como fator predominante. 
Cabe revogação por parte do mandante – no mandato –, do comodante – no comodato –, do depositante – no depósito –, do doador – no caso de doação modal ou com encargo e por ingratidão.
Renúncia: cabível nos contratos baseados na confiança, quando houver quebra desta. 
Viável juridicamente a renúncia por parte do mandatário, comodatário, depositário e donatário, nos contratos acima mencionados.
Exoneração por ato unilateral: novidade da codificação privada, a exoneração unilateral é cabível por parte do fiador, na fiança por prazo indeterminado. 
Prevista no art. 835 do Código Civil, terá eficácia plena depois de 60 dias da notificação do credor, efetivada pelo fiador. 
Pelo teor desse dispositivo legal, a exoneração unilateral não se aplica ao contrato de fiança celebrado por prazo determinado. 
Nova forma de resilição unilateral pretende proteger o fiador, sempre em posição desprivilegiada, havendo relação direta com a eficácia interna do princípio da função social dos contratos. 
Por tal razão, o art. 835 é norma de ordem pública, não podendo a proteção nele prevista ser afastada por convenção das partes. 
Ademais, deve o magistrado declarar essa proteção de ofício. 
O dispositivo terá estudo aprofundado no capítulo que trata da fiança.
Sintonizado com a função social dos contratos e a boa­ fé objetiva, o parágrafo único do art. 473 do CC enuncia 
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Exemplo: eventual despejo por denúncia vazia até pode não ser concedido se o locatário tiver introduzido investimentos consideráveis no imóvel, sendo omisso o instrumento contratual quanto a esses investimentos.
22.4 - Extinção por morte de um dos contratantes
A morte de um dos contratantes pode gerar o fim do pacto. 
Isso somente ocorre nos casos em que a parte contratual assume uma obrigação personalíssima ou intuitu personae, sendo denominada cessação contratual, conforme expressão de Orlando Gomes.
Em tais casos, o contrato se extingue de pleno direito.
Exemplo: Fiança. 
Para este contrato, os herdeiros não recebem como herança o encargo de ser fiador, só respondendo até os limites da herança por dívidas eventualmente vencidas durante a vida do seu antecessor (art. 836 do CC). 
Em reforço, a condição de fiador não se transmite, pois ele tem apenas uma responsabilidade, sem que a dívida seja sua.
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CURSO DE DIREITO 
–
 
DIREITO CIVIL III 
–
 
CONTRATOS
 
PROFESSORA: CLEIDE SECCA
 
Tel: 22
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E
-
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Programa da Disciplina 
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Parte Geral dos Contratos 
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Arts. 421 a 480
 
n
 
Conceito e funções
 
n
 
Elementos contratuais
 
n
 
Princípios

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