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Pediatria Exame físico geral da criança 1. Ectoscopia - É a primeira etapa do exame físico - avaliação global do doente - estado geral (bom/ regular/ comprometido ou ruim) - estado de consciência/ atitude - pele e mucosas (palidez, cianose, icterícia, edema) - hidratação Hidratação - Umidade das mucosas (choro com ou sem lágrima; boca seca ou úmida; saliva espessa ou não) - Elasticidade e turgor da pele (fazer uma prega cutânea e observar em quanto tempo essa prega demora para voltar ao normal; se desidratada, o turgor e elasticidade estarão diminuídos) - Perfusão das extremidades / tempo de enchimento capilar - Diurese - se a criança está desidratada, a volemia estará diminuída, consequentemente a taxa de filtração glomerular estará diminuída também, e então, a produção de urina será menor - Enoftalmia - afundamento do globo ocular criança fica com o olho encovado - Peso 2. Sinais Vitais Variação de normalidade de acordo com a faixa etária - Frequência cardíaca: batimentos / pulsação por minuto (bpm / ppm). - Frequência respiratória: incursões respiratórias por minuto (irpm). - Temperatura: axilar, oral, retal, esofágica. - Saturação de oxigênio. - Pressão arterial. Temperatura - diversos locais de aferição > axilar, oral, retal, esofágica - “FEBREFOBIA”: 65% dos atendimentos pediátricos em serviços de urgência são motivados por febre. - Definição de febre: temperatura axilar > 37,8 graus - Hipotermia: temperatura axilar < 35,5 graus Saturação de oxigênio - Indica o nível de oxigênio carreado pela hemoglobina em comparação ao máximo da capacidade. - É dada em porcentagem e medida pelo oxímetro de pulso, que faz uma avaliação INDIRETA através de leitura ótica. Idealmente deve ficar > 92% na criança. Frequência cardíaca e respiratória Pressão arterial - Como deve ser feita a medida de pressão arterial na criança e como interpretá-la ? - Pressão arterial (não invasiva) > medida preferencialmente no MSD (membro superior direito) - Vários tamanhos de manguito: deve envolver toda a circunferência do braço e cobrir 2/3 da distância entre o ombro e o cotovelo. Caso o manguito seja menor do que o ideal, a PA será superestimada (aperta demais, PA fica mais alta); se for maior, a PA será subestimada (fica largo, PA fica abaixo do que é a real). - Aferição de PA deve ser feita em todas as avaliações clínicas a partir dos 3 anos de idade (pré-escolar) - Antes disso, em situações específicas como suspeita de cardiopatia congênita, instabilidade hemodinâmica e investigações diagnósticas (doenças endocrinológicas, erros inatos de metabolismo, etc.). - Antes dos 3 anos: aferir com a criança deitada. - Importância da aferição nos 4 membros na suspeita de malformações cardiovasculares. - A interpretação da medida da PA depende: idade, sexo, altura 3. Exame físico segmentar Tórax Aparelho cardiovascular * Inspeção: Ictus cordis visível pode significar sobrecarga cardíaca. Pectus excavatum e pectus carinatum são relativamente comuns estando relacionados à prolapso mitral e Síndrome de Marfan, respectivamente, mas não são necessariamente patológicos. * Palpação: frêmito no caso de sopros intensos. Pulsos centrais e periféricos com avaliação do tempo de enchimento capilar. * Ausculta: caracterizar as bulhas (B1, B2, B3 e B4), o ritmo, o tempo, estalidos, sopros e atrito pericárdico. Aparelho respiratório * Inspeção: Observar o padrão respiratório e a frequência respiratória. - Atentar para sinais de desconforto (tiragem intercostal, subcostal, xifóide ou de fúrcula esternal). - Ritmo respiratório: os movimentos respiratórios não são regulares (“pausas respiratórias”). - Expansibilidade torácica: deve ser simétrica e facilmente visível. * Palpação: também pode ser usada para verificar a expansibilidade torácica e delimitar deformidades. Atentar para dor e crepitações (fraturas de costela ou condrite). - Frêmito tóraco - vocal: transmissão da voz através da caixa torácica. - aumentado: condensação. - diminuído: pneumotórax, derrame pleural. - Crianças obesas ou edemaciadas (em anasarca) podem ter a avaliação prejudicada. * Percussão: Técnica pouco usada na pediatria devido ao pequeno diâmetro do tórax. - “Batida leve da falange distal de um dedo médio sobre o outro”. - timpânica: pneumotórax. - submacicez: consolidação. - maciez: derrame pleural. * Ausculta: parte mais importante do exame do aparelho respiratório - Murmúrio Vesicular: mais rude e mais intenso que no adulto (parede torácica mais fina). - Roncos: intensos, grosseiros e contínuos (secreção espessa e/ou em grande quantidade) que mudam após tosse. - Sibilos: ruído agudo causado por constrição da musculatura lisa brônquica ou edema de mucosa brônquica. - Estertores / Crepitações: ruído fino e delicado audível ao final da inspiração que correspondem à líquido interalveolar. - Atrito pleural: pleurites (normalmente ligado à neoplasias). Abdome * Inspeção: forma e volume: plano, globoso, batráquio, avental… - Observar presença de circulação colateral (plexos venosos visíveis), abaulamentos, retrações, cicatrizes e deformidades. * Ausculta: feita antes da percussão e da palpação para não alterar os sons / movimentação intestinal. - Ruídos hidroaéreos são os sons da movimentação peristáltica e podem estar normais, aumentados, diminuídos ou ausentes. - Sopros podem ser percebidos e podem indicar aneurismas ou obstruções vasculares. * Percussão: Iniciada na fossa ilíaca direita. - Normalmente timpânica. Quando há distensão gasosa pode ser hipertimpânica. - Macicez em região de fígado e baço (“espaço de Traube”). Dá uma estimativa do tamanho do fígado (hepatimetria). - Ascite: macicez móvel ou sinal de “Piparote”. * Palpação: Deve ser sistemática e organizada de modo a cobrir todas as regiões do abdome. - Paciente deitado em decúbito dorsal, com mãos e pés esticados. - Técnica bimanual. - Superficial: pele e anexos. - Profunda: palpação de estruturas mais internas. - O examinador deve atentar-se para a presença de massas ou estruturas anormais, além de dor e hipersensibilidade. - sinal de Blumberg: descompressão brusca dolorosa na fossa ilíaca direita (“apendicite”). - sinal de Murphy: dor na palpação de região hepática (“colecistite”). - Palpação do fígado: descrever posição e aspecto da superfície hepática. - Palpação do baço: habitualmente não palpável. 4. Antropometria - Ferramenta utilizada para monitorar o processo de crescimento. - Deve ser realizada periodicamente porque o crescimento ocorre de maneira contínua. - Avaliação momentânea (transversal) tem pouco valor. O seguimento longitudinal com medidas seriadas é que deve ser valorizado. - Cada uma das medidas possui uma técnica que deve ser respeitada rigorosamente para que não ocorram erros de interpretação dos resultados. - A interpretação das medidas é feita comparando o valor encontrado com outros previamente estabelecidos nos gráficos e curvas de referência. Peso - É a medida que varia mais rapidamente. Crianças que estejam passando por uma infecção aguda podem apresentar comprometimento no ganho ou até perda de peso. * Até 2 anos: deitado ou sentado, totalmente despido, no centro da balança pediátrica adequadamente calibrada. * Acima de 2 anos: em pé, descalço e com o mínimo de roupa possível, no centro da balança e, se possível, parado. Em situações especiais: o cuidador segura a criança no colo e os dois são pesados juntos. Depois, o cuidador pesa-se separadamente e a diferença entre os dois pesos será considerada como peso da criança. Essa técnica aumenta a chance de erro e por isso deve ser usada apenas em situações específicas. Estatura - Comprimento: criança deitada (até 2 anos). - Uso de régua antropométrica com uma das extremidades fixas e outra móvel. Criança deve permanecer deitada em decúbito dorsal, com a cabeça centralizada no mesmo eixo (olhos para cima) e os dois membros inferiores esticados. - Altura: criança em pé (maiores de 2 anos). - Uso do estadiômetro vertical. Criança deve permanecer em pé, de preferência encostada no anteparo, com os calcanharesalinhados, em posição ereta e olhando para frente. Perímetro cefálico - Rápido crescimento cerebral nos três primeiros anos de vida. - A medida do PC deve ser realizada em todas as consultas de puericultura até 3 anos de idade. Depois disso, recomenda-se ao menos uma medida anual. - Deve-se utilizar fita métrica maleável. Pontos de referência: occipício e glabela. A fita não deve passar sobre as orelhas. Segmentos corporais e envergadura - A proporção entre os segmentos corporais varia de acordo com a faixa etária. * Segmento inferior: medida da sínfise púbica até o chão, estando a criança em pé. * Segmento superior: estatura - segmento inferior. - A relação entre os segmentos varia de acordo com a idade e pode indicar alterações de crescimento. * Envergadura: deve ser medida com a criança em pé, de costas para o avaliador e com os dois braços abertos, formando ângulo reto com o corpo. A medida é feita de um dedo médio até o outro, com fita métrica maleável. - A medida da envergadura deve ser relacionada à estatura: Envergadura - Estatura. - Essa relação varia de acordo com sexo, etnia e idade e também ajuda na identificação de alterações no crescimento Interpretação das medidas antropométricas - Requer a utilização de um referencial para as comparações entre o paciente em questão e o restante de uma população, de acordo com idade e sexo. - Várias curvas foram definidas através de estudos populacionais complexos e extensos e diferentes padrões de comparação são utilizados: PERCENTIL e SCORE-Z. * Percentil: compara o indivíduo com a porcentagem de uma população. Por exemplo: peso no P10 significa que 10% daquela população têm o peso do paciente em questão. De maneira genérica, considera-se normal medidas entre o P10 e o P90. * Score-Z: compara o indivíduo com a mediana de uma população levando em conta os desvios-padrão para cada idade. Por exemplo: altura no Z+1 significa que aquele paciente apresenta estatura um desvio-padrão acima da mediana daquela população. De maneira geral, considera-se normal medidas que estejam entre os Z-2 e Z+2.
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