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Questões e Processos Incidentes no CPP

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II – ESPÉCIES: O título VI do Código de Processo Penal fala em “Das questões e processos
incidentes” em sentido amplo, prevendo oito hipóteses, a saber:
1 – Questões Prejudiciais;
2 – Exceções;
3 – Incompatibilidades e Impedimentos;
4 – Conflito de Jurisdição;
5 – Restituição de Coisa Apreendida;
6 – Medidas Assecuratórias;
7 – Incidente de Falsidade;
8 – Incidente de Insanidade Mental do Acusado.
1. Introdução
Levando em conta o arts 94 e 95, são fatos que prejudicam a existência do crime que está sendo julgado e que, portanto, precisam ser decididos com antecedência, no qual é aquilo que sobrevém. Questão é discussão, controvérsia. Assim, questões incidentes são aquelas controvérsias que podem surgir no curso do processo (rectius: procedimento) e que devem ser solucionadas pelo juiz antes da decisão da causa principal. é importante esclarecer que questão refere-se a um ponto duvidoso, seja de fato, seja de direito. Assim, é comum verificar-se ao longo do processo o surgimento de eventualidades ou circunstâncias acidentais que devem ser solucionadas pelo julgador antes mesmo do mérito da causa principal. Essas eventualidades são as chamadas questões prejudiciais, também chamada de prejudicial idade. Normalmente fica apensado àqueles, precisamente para não criar balbúrdia processual. O processo penal tem por finalidade resolver uma dupla questão fundamental: se o delito realmente existiu (materialidade) e se o réu cometeu o crime (autoria). Se as duas questões forem respondidas de modo afirmativo, o acusado será condenado e, caso contrário, será absolvido. Porém, podem aparecer controvérsias que devem ser resolvidas antes da questão principal. Tais controvérsias são chamadas de questões e processos incidentes, ou seja, discussões que têm relação com o crime ou com o processo e devem, necessariamente, ser resolvidas, antes da questão principal. Entretanto, nós sabemos que nem todo processo irá seguir um fluxo tão simples, tão regular. Em alguns casos, podem surgir controvérsias que devem ser resolvidas antes das questões principais de um processo. Essas controvérsias nada mais são do que questões secundárias que guardam alguma relação com o crime ou o processo em curso e que, por algum motivo, devem necessariamente ser resolvidas antes da questão principal. Processo incidental é aquele que, estando vinculado a um processo já em curso, é interposto por uma das partes ou por terceiro com o objetivo de obter tutela jurisdicional que não deve ou não pode ser obtida nos autos ditos principais. O cadastramento de um processo incidental é parecido com o cadastramento de um novo processo, o que difere são somente as abas "dados iniciais" e "Processo originário", o restante do cadastramento é idêntico. Porém, podem aparecer controvérsias que devem ser resolvidas antes da questão principal. Tais controvérsias são chamadas de questões e processos incidentes, ou seja, discussões que têm relação com o crime ou com o processo e devem, necessariamente, ser resolvidas, antes da questão principal. Um pedido incidental é a ação declaratória incidental é uma nova demanda no processo em andamento. É um novo pedido feito pelo autor para transformar a questão prejudicial em questão principal, através da qual se constata uma cumulação de pedido ulterior. Assim, são exemplos de incidentes processuais a impugnação ao valor da causa (CPC, art. 261), a alegação de conexão (CPC, art. 301, VII), a arguição de suspeição do magistrado (CPC, art. 312), a arguição de incompetência relativa (CPC, art. Processos incidentes (arts. 95 a 154). São eventualidades que podem aparecer no decorrer do processo e devem ser resolvidas no próprio juízo criminal.
I – QUESTÕES PREJUDICIAIS
Prejudicial é aquilo que deve ser julgado de forma antecipada. Trata-se de uma questão prévia que é ligada ao mérito.
Caracteriza-se a questão prejudicial: a) um antecedente lógico e necessário da prejudicada, cuja solução condiciona o teor do julgamento desta, trazendo ainda consigo a possibilidade de se constituir em objeto de um processo autônomo.
Enquanto a preliminar, geralmente de cunho processual, se caracteriza por impedir o julgamento do mérito, uma vez reconhecida, a prejudicial se caracteriza por sua autonomia e pela possibilidade ou não de serem julgadas no juízo criminal, enquanto que as preliminares são dependentes.
O artigo 92 do Código de Processo Penal dispõe: se a decisão sobre a existência da infração depender de solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo civil seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente.
INCIDENTE DE FALSIDADE
Trata-se de incidente onde se discute a falsidade de documento, seja suscitado pelo MP, querelante ou defesa. O artigo 146 do CPP exige que a arguição de falsidade suscitada por procurador exige poderes especiais, especialmente porque o incidente pode trazer a discussão indícios de crime de quem apresentou o documento.
O incidente será autuado em apartado e sua decisão produzirá efeitos no âmbito do processo relativo ao documento questionado.
A arguição não implica coisa julgada em futuro processo civil ou criminal. Se procedente a arguição o documento será desentranhado. Se improcedente, o documento será mantido nos autos. 
A parte contrária oferecerá resposta em 48 horas e, após, será dado o prazo de três dias, de forma sucessiva, a cada uma das partes, para falar sobre as provas a apresentar.
O recurso cabível, á luz do artigo 581, XVIII, do CPP, será o recurso em sentido estrito.
INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL
Constatando a situação de dúvida sobre a sanidade mental do acusado, o juiz ordenará, de oficio, ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, do descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja ele submetido a exame médico-legal(artigo 149 do CP).
A instauração do incidente poderá ocorrer na fase do inquérito policial, a pedido da autoridade policial, artigo 149, parágrafo primeiro, do CP.
Instaurado, por portaria, o incidente é nomeado um curador e suspenso o processo, devendo as partes oferecer quesitos, ficando o perito com a obrigação de se manifestar em 48 horas.
A decisão que determina a instauração do incidente é irrecorrível.
Durante o cumprimento da pena, na fase da execução da sentença, advindo a inimputabilidade pode aplicar o artigo 183 da Lei de Execuções Penais, que determina que o juiz, de ofício, a pedido do MP ou da autoridade administrativa pode determinar a conversão da pena por medida de segurança.
Se durante o julgamento da ação penal, sobrevier insanidade mental do acusado, deverá o juiz suspender o processo, aguardando solução sobre sua doença.
Se houver necessidade de produção de atos urgentes, como a oitiva de testemunhas, haverá a realização do ato com a presença do curador.
Poderá o juiz, diante insanidade superveniente, determinar internação, intervenção familiar, a tratamento psiquiátrico próprio.
A essas controvérsias chamamos de questões e processos incidentes.
III – DAS PREJUDICIAIS (Arts. 92 a 94 do CPP)
1 – Conceito e características:
1.1. São controvérsias de natureza penal ou extrapenal que devem ser resolvidas antes da questão
principal eis que se ligam ao mérito dessa questão principal.
1.2. Características:
- Deve ser julgado antes da questão principal eis que é um antecedente da questão prejudicada;
- Possibilidade de existência autônoma.
- A solução quanto à questão prejudicial irá influir sobre a existência ou inexistência do crime objeto
do processo.
- Geralmente, são solucionadas pelo juízo penal, mas, excepcionalmente podem ser julgadas pelo
juízo cível.
2 – CLASSIFICAÇÃO:
2.1. Quanto à natureza jurídica da matéria:
a – Homogêneas (comuns ou imperfeitas): quando a questão prejudicial pertence ao mesmo ramo
São espécies de questões e processos incidentes:
I) questões prejudiciais(arts. 92 a 94);
II) processos incidentes (arts. 95 a 154), que se dividem em: a) exceções (arts. 95 a 111); b) incompatibilidade e impedimentos (art. 112); c) conflito de jurisdição (arts. 113 a 117); d) restituição das coisas apreendidas (arts. 118 a 124); e) medidas assecuratórias (arts. 125 a 144); f) incidente de falsidade (arts. 145 a 148); g) incidente de insanidade mental do acusado (arts. 149 a 154).
2. Questões prejudiciais (arts. 92 a 94)
São aquelas relativas à existência do crime e que condicionam a decisão da questão principal. São espécies de questões prejudiciais:
I) questões prejudiciais homogêneas – devem ser decididas no próprio juízo penal (ex: exceção de verdade no crime de calúnia – art. 138, § 3°);
II) questões prejudiciais heterogêneas – devem ser resolvias em outro ramo do direito (cível, trabalhista, administrativo etc) e dividem-se em: a) obrigatórias – art. 92 – versa sobre estado civil e torna imperativo a suspensão do processo (ex: ação de anulação de casamento e crime de bigamia); b) facultativas – art. 93 – aborda outras questões, sendo permitido ao juiz suspender ou não o processo (ex: controvérsia sobre a propriedade e crime de furto).
3. Processos incidentes (arts. 95 a 154)
São eventualidades que podem aparecer no decorrer do processo e devem ser resolvidas no próprio juízo criminal.
3.1 Exceções
O acusado pode se defender de duas formas: a) diretamente, quando ataca a imputação que lhe é feita pela acusação (negando a autoria, por exemplo); ou b) indiretamente, quando ataca o próprio processo, com o objetivo de extingui-lo sem o julgamento do mérito ou de, simplesmente, retardar o seu prosseguimento.
Essa defesa indireta é denominada exceção e se divide em: a) peremptória, que impede o processo e julgamento do fato (coisa julgada e litispendência); b) dilatória, que prorroga a duração do processo, possibilitando, ainda, o julgamento do fato (suspeição, incompetência e ilegitimidade de parte).
3.1.1 Exceções peremptórias
Uma pessoa não pode ser processada ou julgada mais de uma vez pelo mesmo fato (proibição do bis in idem). Assim, se dois ou mais processos correrem simultaneamente dar-se-á a litispendência e o que se iniciou por último deve ser extinto.
Da mesma forma, se um processo chegou ao fim, isto é, a sentença transitou em julgado, impedindo qualquer recurso, a pessoa não pode mais ser julgada com relação àquele fato. Esse fenômeno é denominado coisa julgada e também impede a instauração de novo processo sobre o crime já julgado.
3.1.2 Exceções dilatórias (arts. 95 a 111)
Podem ser de:
a) suspeição – os órgãos responsáveis pela condução do processo penal devem ser imparciais, assim, se o juiz, o Ministério Público (MP) ou mesmo o perito incidirem tiverem relação com alguma das partes (art. 254) devem ser afastados do processo e os atos praticados serão considerados nulos (art. 564, I);
b) incompetência – todo juiz tem o poder de “dizer o direito”, isto é, aplicar o direito ao caso concreto (jurisdição). Porém, esse poder não é absoluto, devendo ser observadas algumas regras que o delimitam. Essa delimitação é denominada competência. A exceção é dirigida ao próprio juiz, que pode aceitá-la, remetendo os autos ao juiz competente, ou recusá-la, continuando no feito (art. 108). Da decisão que aceitar, cabe recurso em sentido estrito (art. 581, II) e da decisão que recusar a exceção, cabe habeas corpus;
c) ilegitimidade de parte – para atuar nos pólos passivo (réu) ou ativo (acusador) do processo penal é preciso que sejam preenchidos determinados requisitos (ex: nas ações penais privadas, apenas o ofendido ou o CADI podem figurar no pólo ativo). O fato pode voltar a ser julgado se as partes legítimas estiverem em seus pólos.
3.2 Incompatibilidades e impedimentos (art. 112)
O impedimento, tal qual a suspeição, afeta a parcialidade dos órgãos responsáveis pela condução do processo. Porém, é mais grave, pois o juiz não pode exercer jurisdição no processo, por estar interessado em determinada solução da causa. As hipóteses de impedimento estão previstas no art. 252 e 253 e tornam o ato inexistente. Já a incompatibilidade cuida dos casos de parcialidade não previstos para a suspeição e impedimento e geralmente são previstas nas leis de organização judiciária.
3.3 Conflito de jurisdição (arts. 113 a 117)
Como visto, a competência é a delimitação da jurisdição. Se o réu considerar que determinado juiz é incompetente para o julgamento da causa, essa incompetência pode ser argüida por meio de exceção. Porém, essa não é a única forma de resolver as controvérsias relativas à competência, o que pode ser feito também por meio do chamado “conflito de jurisdição” (art. 113).
O conflito de jurisdição pode ocorrer nos seguintes casos (art. 114): a) dois ou mais juizes se consideram competentes (conflito positivo) ou incompetentes (conflito negativo) para julgar a causa; b) quando aparecer controvérsia sobre junção ou separação de processos. Ao contrário da exceção de suspeição, em que só o réu pode suscitar o incidente, no conflito de jurisdição, podem fazê-lo (art. 115): a) qualquer das partes (autor e réu); b) o MP, mesmo quando não for parte; c) qualquer dos juizes ou tribunais interessados na causa.
3.4 Restituição das coisas apreendidas (arts. 118 a 124)
Uma das primeiras atribuições da autoridade policial durante o inquérito é apreender os objetos que tenham relação com o fato criminoso (art. 6°, II). Também existe durante o processo a medida cautelar de busca e apreensão (art. 240). O objetivo desses procedimentos é auxiliar na elucidação do crime.
Desses objetos apreendidos, podem ser restituídas, antes de transitar em julgado a sentença condenatória, aquelas peças que não interessarem a o processo (art. 118). Nos outros casos, a restituição se dá com o trânsito em julgado da sentença (art. 119), a não ser que se trate de (CP, art. 91, II): a) instrumentos do crime, cujo uso, porte ou fabricação, seja considerado ilícito; b) produto do crime ou qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do crime. Mesmo nesses casos, a restituição pode ser feita se os objetos pertencerem ao lesado ou terceiro de boa-fé.
3.5 Medidas assecuratórias (arts. 125-144)
A finalidade principal do processo penal é descobrir a verdade dos fatos, condenando ou absolvendo o réu. A sentença condenatória, além de aplicar ao réu uma pena, gera também as seguintes conseqüências: impossibilitar ao agente que tenha lucro com a atividade criminosa; dá direito à vítima ao ressarcimento dos danos causados; e pode, eventualmente, obrigar o condenado ao pagamento de uma pena pecuniária.
Para que o processo tenha condições de gerar essas conseqüências, o CPP previu as medidas assecuratórias: providências tomadas no curso do processo que objetivam assegurar o direito à indenização da vítima do crime, o pagamento de eventual pena pecuniária ou evitar que o acusado obtenha lucro com a atividade criminosa.
Nesse sentido, as medidas assecuratórias são as seguintes: a) seqüestro (arts. 125-133) – medida assecuratória consistente em reter os bens móveis e imóveis do acusado quando adquiridos com o proveito da infração penal; b) hipoteca legal (arts. 134-137) - medida assecuratória que torna indisponíveis os bens imóveis do acusado adquiridos legalmente; c) arresto (art. 137) - medida assecuratória que torna indisponíveis os bens móveis do acusado adquiridos legalmente.
3.6 Incidente de falsidade (arts. 145-148)
Tendo o processo penal a função de buscar a verdade dos fatos, tal qual eles aconteceram, é essencial que o juiz utilize provas verídicas, pois uma prova falsa pode levar a um erro judiciário, condenando um inocente ou absolvendo um culpado. Uma das provas mais importantes é o documento, que é qualquer objeto que expresse uma idéia a respeito de fato relevante para o processo.
Assim, se houver controvérsia sobre a autenticidade de um documento, far-se-á um procedimento a parte que definirá a sua veracidade ou não. Esse procedimentoé denominado incidente de falsidade.
3.7 Insanidade mental do acusado (arts. 149-154)
Crime é fato típico e ilícito. A culpabilidade é pressuposto de aplicação da pena e se compõe de imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial conhecimento da ilicitude. A imputabilidade é a capacidade de ser responsabilizado por determinado crime. Para ser imputável, alguém deve ser capaz de compreender o ilícito e de se comportar de acordo com essa compreensão.
A pessoa que não tem esse discernimento e/ou essa liberdade é inimputável. A causa dessa inimputabilidade pode advir de doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado (CP, art. 26) ou da menoridade (CP, art. 28). Esse último caso não nos interessa, pois o menor de 18 anos e maior de 12 que cometa crime (chamado de ato infracional) é julgado de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o menor de 12 anos não é responsabilizado, podendo contar ainda com medidas protetivas.
A pessoa portadora de insanidade mental não pode ser punida, nem condenada, pois não tem capacidade de se responsabilizar pelos próprios atos. Pode, porém, ser processada, e, caso o juiz considere que o réu cometeu um fato típico e ilícito, lhe aplicará uma medida de segurança, espécie de sanção voltada para a cura e tratamento.
Pois bem. Se, durante o processo ou inquérito, surge dúvida a respeito da sanidade mental do acusado, o juiz deve instaurar uma perícia médico-legal para esclarecer a situação. A perícia pode mostrar uma das seguintes possibilidades:
a) o acusado não é insano – o processo continua normalmente;
b) o acusado é insano – o juiz deve nomear um curador, que é um representante legal do réu. Podem ocorrer as seguintes hipóteses:
I) o acusado se tornou insano após o cometimento do crime – o processo fica suspenso até o seu restabelecimento, podendo ser internado em manicômio (CPP, art. 152);
II) o acusado já era insano ao tempo do crime. A insanidade pode ser verificada no inquérito, durante o processo ou mesmo após a condenação. No último caso, a pena será substituída por medida de segurança (LEP, 183).

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