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Insuficiência Cardíaca Crônica: Sinais e Sintomas

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PRÁTICAS MÉDICAS I – CLÍNICA 
JULIANA OLIVEIRA 
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CRÔNICA 
Insuficiência parte do pressuposto de que algo não está funcionando de forma plena, cardíaca é a nossa bomba, o coração e 
crônica indica que é algo que vem evoluindo de muito tempo. 
O lado esquerdo do coração ejeta o sangue para todos os órgãos e tecidos do nosso corpo, através do sistema arterial, levando 
um sangue rico em nutrientes e hormônios, sendo fundamental para a perfusão adequada desses órgãos, permitindo seu 
funcionamento pleno. Quando essa bomba está insuficiente ela não consegue ejetar sangue da maneira e quantidade correta. 
Quando menciona-se a cronicidade desse problema, refere-se que os sinais e sintomas decorrente da ICC, foram se instalando 
gradualmente, ao longo do tempo, algumas literaturas colocam insuficiência aguda, < 6 meses, e crônica, > 6 meses crônica, 
no entanto, a diretriz da ICC não dá essa informação tão precisa, pois, agudo é aquilo que remete risco de morte para o 
paciente com uma necessidade de tratamento urgente e o crônico é aquele paciente que apresenta sinais e sintomas, mas não 
necessita de um tratamento urgente, é importante ter essa percepção porquê alguns pacientes embora tenham o quadro de 
insuficiência crônica, em determinadas condições podem descompensar e agudizar o quadro. 
Logo, deve-se considerar que o paciente crônico tem um conjunto de sinais e sintomas que remetem à insuficiência cardíaca 
que está se instalando ao longo do tempo e que não necessita de um tratamento urgente, pois não há risco eminente de morte, 
e o agudo é quando o paciente precisa de um tratamento urgente. 
➔ Caso clínico: 
Paciente do sexo masculino, 66 anos, portados de HAS há 20 anos, compareceu na UBS queixando-se de dispneia. 
A pressão arterial sistêmica à longo prazo causa disfunção endotelial, aumenta a espessura do vaso, aumento da resistência 
vascular periférica e uma série de lesões em órgãos alvos como resultado disso p.ex. AVC, retinopatia, etc. 
 
Queixa principal: Falta de ar 
 
Síndrome dispneica: 
Ao falar de dispneia, o primeiro sistema que vem à mente é o sistema respiratório. No entanto, é necessário caracterizar a 
dispneia para entender de fato à causa dessa síndrome e de qual sistema de fato ela advém. 
 
Deve-se investigar o contexto da dispneia: “O sr. sente falta de ar/dispneia ao realizar suas atividades habituais?” “Sim, dr. quase 
não consigo realizar minhas atividades cotidianas, as vezes até quando estou parado.” “E com o decúbito?” “Sim, Dr. Piora 
quando eu deito e estou quase dormindo sentado para respirar melhor e quando durmo acordo com muita falta de ar, dor no 
peito e tossindo” 
Desse modo, nota-se uma dispneia progressiva que se relaciona com o esforço e o repouso, ortopneia e episódios de 
dispneia paroxística noturna e a partir desses sintomas guias, nota-se uma alteração que vai além do sistema respiratório, 
induzindo a busca por um acometimento de outro sistema. 
 
➔ Sinais e sintomas: 
No paciente hipertenso tem-se o aumento da resistência vascular periférica, esse aumento significa que houve um aumento da 
pós-carga e o ventrículo é importante porquê é ele quem faz a contração para ejetar o sangue para todo o nosso corpo, quando 
aumenta essa pós carga o ventrículo precisa fazer uma contração ainda mais forte para vencer essa pós carga e conseguir 
mandar o mesmo débito cardíaco para que ele possa chegar nos órgãos e perfundir todos os sistemas, nessa tentativa 
compensatória de vencer a pós-carga, o ventrículo vai hipertrofiar, existindo um aumento do volume muscular cardíaco, ou seja, 
houve um remodelamento cardíaco para tentar manter o débito cardíaco normal. No entanto, quando há essa hipertrofia, o 
lúmen do ventrículo fica menor, comprometendo a diástole, que consiste no enchimento da cavidade ventricular de sangue que 
será ejetado na sístole, desse modo, tem-se muito volume para pouco espaço, ocasionando o aumento da pré-carga, e mais uma 
vez o coração busca um mecanismo compensatório que vai ajudá-lo a receber todo o sangue que ele precisa na diástole, 
diminuindo a pré-carga, de forma que a parede muscular ao invés de hipertrofiar, diminui a espessura da parede muscular e 
ocasiona o aumento do lúmen da cavidade ventricular, dessa maneira, ocorre uma diminuição da pré-carga e o enchimento 
ventricular, no entanto, isso é uma continuidade do remodelamento cardíaco, de forma que as fibras musculares perderam a sua 
conformação fisiológica, alterando a sua função, de forma que a fibra não tem mais força para contrair, ou seja, ainda que se 
encha de sangue, a ejeção não é adequada. 
 
 
 
 
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PRÁTICAS MÉDICAS I – CLÍNICA 
JULIANA OLIVEIRA 
Logo, o paciente com síndrome dispneica não tinha essa síndrome devido à um problema no sistema 
respiratório, mas sim no sistema cardiovascular, mas por que se acredita ser no sistema cardiovascular e ser 
uma insuficiência crônica? 
O lado esquerdo do coração é fundamental para perfundir os demais órgãos e tecidos, caso se tenha uma bomba cardíaca com 
o lado esquerdo do coração sem funcionar adequadamente, vai chegar o momento em que essa bomba cardíaca não consegue 
mais superar todas as alterações que estão acontecendo nela, mesmo mediante ao uso de todos os mecanismos compensatórios 
possíveis, de forma que no início o paciente ficou assintomático, ou seja, compensou, mas posteriormente a reserva cardíaca foi 
totalmente utilizada e esse mecanismo compensatório deixou de funcionar, por causa disso, normalmente os sintomas 
relacionados à insuficiência ventricular esquerda ou à dificuldade na ejeção do sangue são sintomas relacionados com o baixo 
débito cardíaco, de forma que essa bomba precisava ejetar um determinado fluxo de sangue, mas não consegue. Os principais 
sintomas relacionados ao baixo débito cardíaco são a fadiga, cansaço e a dispneia, pois, fisiologicamente para quaisquer atividades 
que se faça, precisa-se de fluxo sanguíneo oxigenado que leve nutrientes para o sistema, a fim de que se consiga realizar e 
efetuar os movimentos. No paciente que tem uma insuficiência cardíaca, o débito cardíaco não é suficiente para permitir a 
perfusão de todos os órgãos de maneira eficiente, então no início ele compensa, mas depois 
de um tempo o paciente observa um cansaço ao desenvolver atividades que antes eram 
habituais, de forma que ele tem uma dispneia relacionada com o esforço e a depender do 
grau em relação ao repouso também. A ortopneia quando ela acontece, está muito 
relacionada com a gravidade, pois, é natural que ao deitar o líquido se acumule na região do 
pulmão, onde se tem os receptores da tosse e por isso ela é tipicamente noturna. Além 
disso, o sangue arterial, ao chegar nos órgãos e nos sistemas, tem-se uma série de capilares, 
e parte desse sangue vai ser drenado nesses órgãos trazendo a parte do sangue não 
oxigenado e metabólitos que não são mais necessários ao órgão e a partir de cada órgão 
que recebe o sangue arterial, tem-se a drenagem venosa que vai para o AD e o VD, 
passando a nível pulmonar posteriormente para ser oxigenado. Assim, se a ejeção não 
acontece de maneira correta e a drenagem continua ocorrendo e o retorno venoso chega 
ao coração, mas a quantidade de líquido que vai para o pulmão e se oxigena não consegue 
seguir para o lado esquerdo do coração para ser ejetado, com isso, além de sintomas de 
baixo débito tem-se sintomas de congestão pulmonar, que pode ser desde um derrame 
pleural que é tipicamente à direita, até um edema pulmonar. A principal causa de 
insuficiência ventricular direita, comum apresentar sintomas como congestão, é a 
insuficiência ventricular esquerda. 
 
Obs: Pacientes com ICC crônica podem desenvolver sintomas adaptativos, principalmente relacionados ao sistema linfático, por 
isso, na maioria das vezes pode chegar sem sintomas de congestão tão importantes e evidentes, o que não invalida o diagnóstico 
de ICC. 
 
➔Exame físico: 
▪ Inspeção: 
Comorbidade, pois, desde que o paciente adentra o consultório deve-se prestar atenção nos detalhes, como p.ex. fatores que 
indicam diabetes (catorze albicans), dislipidemia, etc. 
Dispneia; 
Edema de membros inferiores: A depender do nível de congestão o paciente apresenta um certo grau de edema. P.ex. 
cacifo. 
 
▪ Exames da cavidade torácica: 
Faz-se a inspeção, palpação, percussão e ausculta, no entanto, no caso do paciente com o ICC, chama-se atenção em relação à 
presença de um derrame pleural que reflete na diminuição do murmúrio vesicular e do frêmito toraco vocal, em caso de 
congestão pode-se ter creptos ou sibilos, demonstrando uma dificuldade para a passagem do ar. 
Analisa-se deformidades na cavidade torácica e possíveis pontos dolorosos. 
Analisa-se o ictus cordis que é a ponta do coração, mais especificamente a ponta do VE, normalmente está na linha 
hemiclavicular no 5º EICE, mas nem sempre é palpável. 
Na ausculta analisa-se os pontos principais como foco aórtico, foco pulmonar, foco tricúspide e foco mitral. Normalmente 
tem-se as bulhas cardíacas fisiológicas B1 (valvas AV fechando TUM-TÁ) e B2 (valvas semilunares fechando), mas durante o 
processo de remodelamento cardíaco algumas alterações podem ocorrer, como a dilatação, aumentando as cavidades e 
afastando as valvas, alterando a passagem do fluxo sanguíneo, provocando um sopro funcional durante a ausculta. A B3 é 
muito sugestiva de ICC, deixando de ser fisiológica, passando a ser patológica, essa bulha indica um turbilhonamento de sangue, 
de forma que o ventrículo esquerdo está se enchendo de forma rápida na diástole. 
 
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▪ Exame abdominal: 
Presença de ascite, com abdome globoso. Pode-se observar dor na palpação do fígado desse paciente e a hepatomegalia 
percebida na percussão. Além disso, busca-se a estase da jugular, que a depender do nível de congestão do paciente estará 
alterada, em algumas situações faz-se necessário fazer o reflexo hepatojugular para ver se existe ou não a estase da jugular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
➔ Fatores de risco: 
É importante saber pois precisam ser revistos durante o processo terapêutico e a guiar o diagnóstico de fato. 
▪ Tabagismo; 
▪ Obesidade: IMC, circunferência abdominal, etc. 
▪ Ingesta de álcool; 
▪ Comorbidades; 
 
➔ Classificação da ICC: 
Auxilia para definir a conduta terapêutica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico sindrômico: 
Insuficiência cardíaca crônica 
Diagnóstico etiológico: 
Causas cardíacas (HAS) ou extracardíacas. 
Diagnóstico topográfico: 
Coração, célula muscular cardíaca. 
 
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➔ Exames complementares: 
▪ Eletrocardiograma: Pode-se identificar uma arritmia. 
▪ Raio X de tórax: Pode-se achar um derrame pleural ou cardiomegalia (diâmetro da cavidade torácica x maior diâmetro 
transverso do coração). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
➔ Prevenção e tratamento não farmacológicos da ICC: 
Relaciona-se com a intervenção nos fatores de risco, p.ex. orientar a suspensão do tabagismo e ajudar o paciente a parar de 
fumar, em casos de dislipidemia iniciar drogas voltadas para tal além de iniciar uma mudança no estilo de vida, compensando a 
diabetes em caso de pacientes com diabetes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PRÁTICAS MÉDICAS I – CLÍNICA 
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➔ Tratamento farmacológico: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
➔ Insuficiência cardíaca aguda:

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