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Desordens obstrutivas respiratórias

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PRÁTICAS MÉDICAS I – CLÍNICA MÉDICA 
JULIANA OLIVEIRA 
DESORDENS OBSTRUTIVAS PULMONARES 
São doenças que ocasionam uma obstrução ao fluxo, ocorrendo principalmente na expiração. 
Na inspiração ou na inalação, o ar entra através das nossas narinas e boca para a via aérea, expandindo o nosso pulmão, assim, 
para que isso ocorra o diafragma se abaixa para aumentar o espaço. Na expiração tem-se um pulmão que objetiva colocar o ar 
para fora, assim, tem-se a elevação do diafragma. 
A asma e a DPOC são doenças crônicas que se encaixam em uma síndrome dispneica, pois, é um sintoma comum a ambas as 
desordens obstrutivas pulmonares. 
ASMA X DPOC 
Os sintomas clínicos mais comuns são a dispneia e a tosse de evolução crônica, além disso, tem-se uma importância muito 
grande na cronologia da evolução dos sintomas, ajudando a entender a história natural da doença. Normalmente a asma 
acomete pacientes mais jovens, com uma alta incidência na infância, mas que pode acometer jovens, diferente da DPOC, que 
costuma acometer o paciente mais idoso tendo uma alta relação com o tabagismo. 
Os sinais e sintomas da asma se apresentam tipicamente de forma intermitente ou episódica, como crises, já o quadro de DPOC 
é um quadro crônico progressivo, que se inicia com um grau mais leve e se amplia com o passar do tempo 
➔ Asma: 
O paciente asmático, além de dispneia e tosse apresenta um chiado no peito, conhecido como sibilo, é um sinal clínico que se 
observa durante a ausculta pulmonar e está relacionado com o estreitamento da via aérea, mas em pacientes asmáticos essa 
sibilância pode ser tão intensa que pode ser referida como um sintoma pelo paciente, podendo ser percebida até mesmo sem o 
estetoscópio. O paciente asmático tem um quadro de evolução crônica que ocorre de maneira flutuante e episódica, ou seja, o 
paciente, a depender da gravidade da doença, consegue se manter assintomático por semanas ou meses durante determinados 
intervalos. A asma significa a respiração escassa ou mais especificamente a dispneia que é o principal sintoma. 
 
Mas o que faz o paciente com asma ter dispneia? 
O contato com determinados fatores presentes em seu ambiente doméstico ou ocupacional como pêlo de gato, ácaros, pólen, 
poluição, produtos químicos com cheiro muito forte, além disso, alguns indivíduos referem que o exercício físico piora, bem 
como a mudança climática, sendo desencadeado pelo clima frio, além disso, sabe-se que há uma predisposição genética . 
“Dr. toda vez que muda o tempo ou que mexo com poeira, tenho asma” 
Se acredita que além da predisposição genética, os indivíduos que possuem asma, ao entrar em contato com o alérgeno tem o 
desenvolvimento de uma resposta imune exagerada, assim, a nossa via respiratória tenta se defender do alérgeno, fazendo a 
bronconstrição e em alguns casos o edema e o muco na tentativa de não permitir que invada o nosso corpo. No paciente com 
asma essa hiperatividade brônquica acontece com uma bronconstrição e formação de edema exagerado, reduzindo o lúmen da 
via aérea, dificultando a passagem do fluxo de ar principalmente na expiração, desencadeando os sintomas de dispneia e tosse. 
A resposta imune na asma, o CD4+ se liga a célula apresentadora de antígeno e a partir dessa ligação a resposta imune é 
desencadeada, pelo eixo th1 ou pelo eixo th2, normalmente o eixo th1 leva a produção de IgG, de forma que a cada contato 
com o alérgeno ele irá desenvolver uma reação tardia para essa IgG, tem-se também o eixo th2, o qual também leva a um 
mecanismo de produção de imunoglobulina que está relacionada aos eosinófilos e a liberação de IgE, assim, toda vez que o 
indivíduo entra em contato com o alérgeno ele tem uma reação tardia com uma grande liberação de IgE. 
 
Sugere-se que o que acontece no paciente asmático é conduzido por uma atopia, ou seja, uma predisposição ao 
desenvolvimento de reações de hipersensibilidade do tipo 1 no paciente, logo, a atopia depende de onde essas reações de 
hipersensibilidade estão acontecendo, além disso, tem-se a teoria da higiene, a qual sugere que na primeira infância os 
indivíduos asmáticos tiveram pouco contato com microrganismos e por isso teriam desenvolvido muito pouco o eixo th1para a 
produção de IgG, isso fez com que ao entrar em contato com o alérgeno o indivíduo desenvolva o eixo th2, que é para a 
produção de IgE, assim, ao desenvolver essa resposta , tem-se uma resposta exacerbada que vai além do fisiológico, é como se o 
indivíduo asmático recrutasse uma quantidade muito grande de mastócitos e eosinófilos e na tentativa de destruir o alérgeno, 
com isso tem-se uma hiperatividade brônquica, muita bronconstrição, muito edema, dificuldade da passagem de ar, 
dispneia e tosse, sendo essa a fisiopatologia que tenta explicar o quadro clínico do paciente asmático. 
 
➔ DPOC: 
O paciente com DPOC tende a desenvolver a tosse e a dispneia em uma fase mais avançada da vida, por volta da 6ª, 7ª década 
de vida e apesar de ter uma evolução crônica, normalmente é um quadro contínuo onde o paciente vai piorando ao longo do 
 
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PRÁTICAS MÉDICAS I – CLÍNICA MÉDICA 
JULIANA OLIVEIRA 
tempo e o tabagismo está relacionado a 90% da patogênese, pode-se ter outras questões ambientais que favoreçam ao 
desenvolvimento da DPOC, mas majoritariamente tem-se relação com o tabagismo. 
 
O cigarro não é composto só pela nicotina, mas também por inúmeras substâncias tóxicas que a longo prazo levam a uma 
disfunção imunológica que favorece o depósito de colágeno e a formação de fibrose, assim, um dos grandes mecanismos que 
diferenciam a DPOC da asma é a predominância da fibrose. Além disso, o cigarro é responsável pela destruição dos septos 
interalveolares, reduzindo a superfície de troca gasosa e fazendo com que o indivíduo forme sacos de ar, desencadeando o 
enfisema, além disso, tem-se as proteases, a partir das toxinas do cigarro, e outros mecanismos destruindo esse septo como a 
hipertrofia de glândula submucosa produzindo muito muco e a medida que essa destruição do parênquima se estende para o 
pulmão, ele vira um grande saco de ar, comprometendo cada vez mais a troca gasosa que ocorre nos alvéolos, de forma que o 
parênquima destruído perde a capacidade de complacência e com isso os alvéolos, durante a respiração, acabam colabando, 
dificultando a troca gasosa e ocasionando a dispneia, tosse e a consequente retenção de Co2, apresentando um quadro de 
cianose. 
 
Não é incomum que o paciente tabagista relate uma tosse crônica que ocorre principalmente pela manhã, no entanto, 
apenas a presença dessa tosse crônica matinal não é suficiente para dizer que o paciente tem DPOC, pois, faz-se necessário 
fazer a exclusão de diagnósticos diferenciais e confirmar a presença de enfisema, que juntamente com o quadro de bronquite 
crônica simples, constituirá a DPOC. 
A bronquite ocorre devido a fibrose, que ocasiona o espessamento da parede dos brônquios e, principalmente, os bronquíolos 
e essa doença de pequenas vias aéreas dos bronquíolos com a diminuição do lúmen é o principal responsável pela dificuldade de 
respiração, troca gasosa e a consequente dispneia que o paciente apresenta. 
 
 
 
 
 
▪ Diagnóstico sindrômico: Dispneia 
▪ Diagnóstico topográfico: Sistema respiratório (brônquios x bronquíolos x alvéolos); 
▪ Evolução: Agudo x Crônico 
➔ Exame físico: 
Faz-se um exame físico completo e geral, no entanto, há um refinamento no exame pulmonar devido a queixa ser voltada para 
ela. Na ausculta é importante se atentar para os sibilos, roncos, estertores e chiados, além disso, em outras situações do 
exame deve-se buscar tórax em barril, edema de membros inferiores, baqueteamento digital e cianose, de forma que esses sinais 
corroboram para o diagnóstico de DPOC. 
 
O quadro de DPOC tem-se dois fenótipos típicos que podem ser caracterizados por um indivíduo magro, que na inspeção do 
tórax tem um tórax em barril e que possui uma pletora facial marcante ou porum indivíduo que não é magro e cianótico com 
edema de membros inferiores, devido a uma hipertensão pulmonar, assim, nesse paciente o componente enfisematoso 
predomina. 
 
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PRÁTICAS MÉDICAS I – CLÍNICA MÉDICA 
JULIANA OLIVEIRA 
➔ Diagnóstico: 
Baseia-se na história clínica, presença de tosse, dispneia. Se for um paciente em que se suspeita de asma, busca-se a relação 
do quadro clínico com uma idade diminuída, presença de tosse, dispneia, chiado no peito que possui um fator desencadeante 
doméstico ou ocupacional ou mútuo. Já quando se suspeita de DPOC, busca-se relacionar o quadro clínico com uma idade mais 
avançada, investiga-se o tabagismo, tosse matinal característica, dispneia, sinais e sintomas típicos de insuficiência cardíaca como 
a cianose. 
 
▪ Prova de função pulmonar ou espirometria: 
 É fundamental porque objetiva se há ou não obstrução de fato ao fluxo aéreo. Invariavelmente na DPOC vai haver obstrução, 
contudo, na asma, não é incomum que a espirometria venha normal, pois, o indivíduo pode já estar muito bem compensado do 
quadro, pois, a obstrução relaciona-se diretamente com a inflamação. 
▪ Raio – X: 
Pode ajudar no diagnóstico de enfisema pulmonar, pois, a radiografia patológica demonstra a retificação diafragmática, bem como 
o aumento do espaço entre os arcos intercostais. 
▪ ECO; 
▪ USG de abdome total; 
 
➔ Tratamento: 
▪ Asma: 
A princípio, no tratamento não farmacológico, é importante saber com o que o paciente trabalha e se expõe no dia a dia, a fim 
de cessar a exposição aos alérgenos e consequentemente requisitar a empresa uma troca de cargo. 
O tratamento farmacológico consiste em antiinflamatórios, mais especificamente o uso de corticosteroides, sendo esse o 
tratamento de manutenção, ademais, os broncodilatadores podem ser usados, mas como forma de resgate, não são a base do 
tratamento, utiliza-se os beta – 2 agonistas de ação curta como o salbutamol. 
 
▪ DPOC: 
Nesse caso, a fibrose é quem está causando a obstrução, assim, utiliza-se broncodilatadores a fim de aumentar a espessura do 
lúmen, utilizando os de longa duração, ademais, pode-se utilizar os antiinflamatórios, mais especificamente os corticoides, mas 
em situações específicas, obtendo resultados mínimos. Além disso, deve-se retirar os fatores relacionados como o tabagismo e 
estimular a oxigenoterapia quando o paciente está com a saturação abaixo de 98% persistentemente. 
 
 
 
Obs: A carga tabágica deve ser calculada: nº de maços/dia x 1 ano.

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