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DIREITO CIVIL - FAMILIA

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CURSO: DIREITO 
PROF.: RODRIGO DUARTE 
TURMA: 5º ANO NOITE 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL IV 
ACADÊMICOS MAT. 
ANDRÉ LUIZ BANDEIRA DA SILVA 1802142 
AURÉLIO MANOEL RODRIGUES DA SILVA 1702099 
CLAUDINEI AMARAL DA SILVA 1802039 
TRABALHO PARA OBTENÇÃO DE NOTA DA I UNIDADE 
 
PRELIMINARMENTE 
O Ministério da Educação, em caráter excepcional, pelas portarias 343 e 345, de 
17 e 19 de março deste ano, autorizou que instituições de educação superior públicas e 
privadas substituam disciplinas presenciais por aulas que utilizem meios e tecnologias de 
informação e comunicação em cursos que estão em andamento. 
 
ACERCA DO TEMA ABORDADO 
Será abordado no presente trabalho questões apresentadas pelo Douto Mestre 
Rodrigo Duarte acerca do Direito de Família relacionados com a sua natureza jurídica bem 
como as causas que invalidam o casamento no nosso ordenamento jurídico entre outras 
temas e institutos presentes em um ramo tão amplo e significante do Direito. 
 
 
 
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DA NATUREZA JURÍDICA DA FAMÍLIA 
Muito se discute sobre a natureza jurídica do casamento, principalmente sobre os 
aspectos pessoais e patrimoniais, havendo interpretações a favor de uma ou de outra 
corrente, sendo possível citar: 
(i). Teoria Institucionalista, que defende que o casamento é uma instituição social, 
oposta à Teoria Contratualista. 
(ii). Teoria Contratualista, para quem o casamento é um contrato de natureza 
especial com regras próprias. Essa corrente esta filiada à Silvio Rodrigues, que 
assim define o instituto “casamento é o contrato de direito de família que tem 
por fim promover a união do homem e da mulher, de conformidade com a lei, a 
fim de regular suas relações sexuais, cuidarem da prole comum e se prestarem a 
mútua assistência”. 
(iii). Teoria Mista ou Eclética, que defende que o casamento é uma instituição quanto 
ao conteúdo e um contrato especial quanto à formação, corrente que é defendida 
por Eduardo de Oliveira Leite (Direito Civil..., 2005, p.50), Guilherme Calmon 
Nogueira da Gama (Direito..., 2008, p.10-11), Roberto Senise Lisboa 
(Manual...,2004, v. 5, p. 82), Flávio Augusto Monteiro de Barros (Manual..., 2005, 
p. 25), entre outros autores. 
O artigo 1511 do Código Civil traz textualmente que o casamento é uma 
comunhão de vida, com igualdade de direitos e deveres dos cônjuges, de tal forma que 
consagra a Teoria Mista ou Eclética, conforme nos ensina Flávio Tartuce11, para quem 
segundo o melhor entendimento o casamento é um negócio jurídico bilateral sui generis, 
especial. “Trata-se, portanto, de um negócio híbrido: na sua formação é um contrato, no 
conteúdo é uma instituição” 
O Instituto da família exerce vultuosa importância e representação na nossa 
sociedade, motivo pelo qual o capítulo VII da nossa Constituição Federal foi dedicado a 
este Instituto. 
O art. 226 da Constituição Federal preconiza que: 
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do 
Estado.” 
 
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O que antes ocorria e que estava previsto no Código Civil de que a formação de 
família só era admitido e se caracterizava pelo casamento, nos dias atuais não mais 
acontece, as diversas mudanças processadas na sociedade geraram um caráter plural das 
entidades familiares, obrigando efetivamente que o Direito se atualizasse para 
acompanhar e participar ativamente dessas mudanças. Tais mudanças foram 
consagradas pelo Diploma Civil. 
Dessa forma, estabeleceu-se um vínculo transparente entre a entidade familiar e 
as regras, consagrando que o “Direito de Família” passou a ser regulado pelo conjunto de 
normas-princípios e normas jurídicas. Estas regras passaram de forma mais ampla a 
regular as relações advindas não apenas do casamento, mas sim, das relações 
decorrentes de vínculo afetivo, como é o caso da união estável. 
Em face desses vínculos, compreendemos que as normas abrangem direitos e 
deveres neste instituto, abarcando efeitos pessoais estabelecidos pelo vínculo de 
parentesco por afinidade, efeitos patrimoniais no que diz respeito ao regime de bens e 
os efeitos assistenciais quando trata da obrigação alimentar. 
Diante do exposto, vejamos a definição de José Lamartine de Oliveira sobre a 
natureza jurídica do Direito de família: 
“no Direito de Família, há um acentuado predomínio das normas imperativas, isto é, 
normas que são inderrogáveis pela vontade dos particulares. Significa tal 
inderrogabilidade que os interessados não podem estabelecer a ordenação de suas 
relações familiares, porque esta se encontra expressa e imperativamente prevista na 
lei (ius cogens). Com efeito, não se lhes atribui o poder de fixar o conteúdo do 
casamento (por exemplo, modificar os deveres conjugais, art. 231); ou sujeitar a termo 
ou condição o reconhecimento do filho (art. 361); ou alterar o conteúdo do pátrio 
poder (art. 384)”. 
Resta assim demonstrada a natureza jurídica do Direito de Família 
 
 
 
 
 
 
 
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DAS QUESTÕES DE FAMILIA COMO RAMO DO DIREITO 
Devido a notoriedade social e considerando a intervenção e a proteção que o 
Estado exerce sobre as relações familiares é que uma corrente de doutrinadores tem se 
mostrado predispostos a incluir o Direito de Família no ramo do Direito público. 
Contudo, concluímos que, mesmo mantendo o Direito de Família um vínculo 
direto com normas cogentes, que não podem ser alteradas ou afastadas por vontade das 
partes, pois são normas obrigatórias e mesmo tendo a intervenção direta do Estado, o 
Direito de Família destina-se a proteger a família, os bens que lhes são próprios, a prole 
e os interesses afins, tornando-o assim intimamente relacionado ao Direito Civil e ao 
ramo do Direito privado. A intima aproximação do direito de família com o direito público 
não exclui o seu caráter privado. 
 
 
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DAS CAUSAS QUE PODEM INVALIDAR O CASAMENTO 
O casamento é um ato jurídico e a anulabilidade do mesmo encontra-se 
disciplinado no art. 1.550 do Código Civil. 
Art. 1.550. É anulável o casamento: 
I - de quem não completou a idade mínima para casar; 
Nesta hipótese o casamento é anulável, mas se sobrevier gravidez, convalida-se. 
O prazo decadencial será de 180 dias, com termo inicial a contar para o menor a partir 
dos 16 anos e para os representantes legais, da data da cerimônia. 
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu 
representante legal; 
O menor em idade núbil, ou seja, a idade legal mínima, nesta hipótese o 
casamento é anulável, mas se sobrevier gravidez, convalida-se. O prazo decadencial será 
de 180 dias, com termo inicial a contar da cerimônia, quando ajuizada pelo representante 
legal que não autorizou ou não participou do processo de autorização. 
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; 
São as hipóteses de erro e coação. Aqui, o prazo decadencial será de 3 anos no 
caso de erro e de 4 anos no caso de coação a contar da data da cerimônia, conforme 
prevê os artigos: 
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por 
parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo 
esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida 
em comum ao cônjuge enganado; 
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, 
torne insuportável a vida conjugal; 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável 
que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, 
por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro 
cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
IV - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
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Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quandoo 
consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado 
temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus 
familiares. 
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, 
o consentimento; 
Esta hipótese leva em consideração a ocorrência de brincadeiras na hora da 
manifestação de vontade ou de declará-la sob efeito de álcool ou drogas, por exemplo. 
O prazo decadencial será de 180 dias a contar da cerimônia. 
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente 
soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo 
coabitação entre os cônjuges; 
Nessa hipótese, o prazo decadencial será de 180 dias a contar da cerimônia, desde 
que não haja coabitação, sob pena de convalidação. 
VI - por incompetência da autoridade celebrante. 
O prazo decadencial será de 2 anos a contar da data da cerimônia. Mas, cumpre 
mencionar que o Poder Judiciário tem negado a anulação nessa hipótese, em razão do 
princípio da insignificância. Logo, a incompetência deve ser grave. 
§ 1º. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente 
decretada. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
§ 2º A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá 
contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de 
seu responsável ou curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
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DAS DIFERENÇAS ENTRE NULIDADES ABSOLUTAS DAS RELATIVAS 
Quando num processo ou ato processual ocorre um defeito ou uma inobservância 
na forma prevista em lei, ocorre a nulidade, que é a sanção decorrente por tal 
imperfeição ou vício como alguns doutrinadores classificam. A nulidade pode ser absoluta 
ou relativa, vejamos: 
Na nulidade absoluta ocorre a violação direta do texto constitucional, atingindo 
inclusive os princípios constitucionais do devido processo legal da ampla defesa, 
contraditório, publicidade, motivação das decisões judiciais, juiz natural, entre outros. 
A nulidade absoluta dispensa alegações das partes, podendo ser reconhecida ex 
officio pelo juiz em qualquer momento do processo, pois não há preclusão, exceto o que 
trata a Súmula 160 do STF, que proíbe o Tribunal de reconhecer ex officio nulidades, 
absolutas ou relativas, em prejuízo do réu. 
A nulidade absoluta é aquela que apresenta algum vício essencial acarretando a 
total ineficácia do negócio jurídico, como prevê o artigo 166 do novo Código Civil. No 
casamento não seria diferente, sendo o ato portador de algum vício de maior ou menor 
gravidade, será capaz de gerar a nulidade absoluta do matrimônio. 
A nulidade relativa decorre da violação de exigências previstas no ordenamento 
jurídico (infraconstitucional), objetiva resguardar o direito de interesses de uma das 
partes da relação processual. No casamento anulável, sua invalidade é relativa, pois 
devido ao fato do vício ser leve, este poderá ser convalidado. 
 
 
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DA POSSBILIDADE DE HAVER ANULAÇÃO PERSONALÍSSIMA? 
Conforme entendimento esposado por Silvio de Salvo Venosa, com o advento da 
lei do divórcio e a facilidade com a qual se pode consegui-lo, reduziram-se muito as ações 
de nulidades e de anulação do casamento. Assegura o autor que atualmente só se busca 
a ação de nulidade quando há evidente e patente vício maculando o casamento. Eis que, 
busca-se fugir de uma difícil batalha judicial, quando se pode obter o mesmo resultado 
com um pedido de divórcio. Também contribui para isso o pensamento social quanto à 
irrelevância que define o “status” de solteiro ou divorciado. Acresce-se a esse aspecto o 
de que no divórcio, via de regra não se busca razões para o término do casamento, 
enquanto no processo de anulação do casamento, em especial nas pequenas 
comunidades sociais, em tais casos costumam surgir especulações sobre as razões de 
dissolução matrimonial. 
O artigo 1.549 do Código Civil estabelece que a decretação de nulidade do 
casamento pode ser promovida por ação direta por qualquer interessado, ou pelo 
Ministério Público, nos casos previstos no artigo 1.548 do mesmo Diploma Legal 
No caso de casamento celebrado sob coação moral, previsto no artigo 1.550, III e 
1.558 do Código Civil o prazo para ação de anulação é de quatro anos, contados da 
celebração do casamento, de acordo com o artigo 1.560, IV do Código Civil, sendo a ação 
de caráter personalíssima, podendo ser proposta somente pelo cônjuge coagido. O 
casamento poderá ser convalidado se houver coabitação entre os cônjuges, com a sua 
ciência do vício, sendo avaliada a coabitação pelo juiz. A norma tem um sentido ético, 
visando a boa-fé objetiva. Contudo nem sempre será fácil avaliar essa coabitação para tal 
efeito. 
No caso de anulação do casamento por erro a respeito da pessoa, o prazo 
decadencial para a ação anulatória é de três anos, contados da celebração do casamento, 
segundo o artigo 1.560, III, do Código Civil, cabendo tão somente sua propositura ao 
cônjuge que incidiu em erro, sendo a ação personalíssima, conforme o artigo 1.559 do 
Código Civil. 
 
 
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Na hipótese de casamento celebrado por procuração, havendo revogação do 
mandado, artigo 1.550, V, do Código Civil, cabe à ação de nulidade no prazo de cento e 
oitenta dias, a partir do momento que o mandante teve conhecimento da realização do 
casamento, artigo 1.560, §2º do Código Civil, sendo, por razões óbvias, o mandante o 
único detentor de legitimidade para propor a ação, no caso, personalíssima. Observe-se 
que, a procuração que não foi lavrada por instrumento público gera nulidade absoluta, 
conforme o artigo 1.542 do Código Civil. E, neste caso, também em havendo a coabitação 
o casamento será convalidado. 
Finalmente, registra-se que, segundo observado por Flávio Tartuce, não há no 
Novo Código de Processo Civil norma específica para o rito da ação de nulidade ou de 
anulabilidade do casamento, tendo no artigo 693, do referido diploma legal a previsão de 
um rito especial para processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e 
extinção de união estável, guarda, visitação e filiação. Contudo, segundo o autor, o rol ali 
previsto é meramente exemplificativo “numerus apertus”, e não “numerus clausus”, de 
sorte que o procedimento especial pode ser perfeitamente aplicado à ação de nulidade 
ou anulação do casamento. 
 
 
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DA COMPREENSÃO ACERCA DO CASAMENTO IN EXTREMIS 
Também conhecido como casamento nuncupativo, o “casamento in extremis” 
acontece sob eminente perigo de morte, ou seja, é uma situação de extrema urgência 
devido ao grave estado de saúde de um dos nubentes. Nesta situação não é possível 
aguardar o cumprimento de todos os procedimentos e formalidades que são exigidas 
para o processo de habilitação do casamento. 
Importante ressaltar que estamos tratando de uma exceção prevista no art. 1.540 
do Código Civil. 
“Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, 
não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a 
de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis 
testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, 
na colateral, até segundo grau” 
Não há a presença da autoridade celebrante prevista em lei, ao contrário da 
modalidade prevista no art. 1.539 do CC. 
“Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do 
ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à 
noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever” 
Não poderá ser utilizada com o fim de enriquecimento sem causa, o que pode motivar a 
decretação da sua nulidade absoluta, por fraude à lei imperativa. Igualmente não 
prevalecerá se decorrer de simulação absoluta, o que igualmente gera a sua nulidade 
(art. 167 do CC). 
 
 
 
 
 
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VISÃO ACERCA DO ERRO ESSENCIAL SOBRE A PESSOADO OUTRO CÔNJUGE? 
A questão da pessoa humana e sua identidade é de fulcral importância, seja na 
filosofia, seja no direito. Neste sentido, considerando o pensamento de Kant e Hegel, 
assim afirmam Coelho e Sá 
Com Kant, o humano como pessoa, alçado à condição do direito como direito, 
é divisado em sua dignidade, como absoluto insusceptível de preço (não coisa, 
mas fim em si) – mas sem admitir, no entanto, que tal dignidade seja um 
atributo antropológico, logicamente dedutível da natureza racional a que 
pertence o humano. Diferentemente, para Castanheira Neves, a dignidade, 
vista como “uma categoria axiológica, não ontológica, não se infere de 
qualquer caracterizadora especificação humana”, apenas emergindo e 
afirmando-se “pelo respeito (para o dizermos com Kant) ou pelo 
reconhecimento (para o dizermos com Hegel)”. O ser-pessoa é uma conquista 
histórica apenas possível no horizonte da intersubjetividade: 
 Neste sentido, a identidade da pessoa e sua capacidade de autonomia de escolha 
é de fundamental importância nas relações intersubjetivas, constituindo condição para a 
realização da vida com dignidade. Logo, ao escolher firmar um relacionamento, como o 
conjugal, tendo na base de sua escolha um erro decorrente de total equívoco quanto à 
identidade do outro, e isto em razão de dolo por parte desta outra pessoa, tal atinge 
diretamente a dignidade daquele que procedeu a uma escolha equivocada, pois de outra 
forma teria agido de forma diversa. 
Compreende-se que o erro essencial deve ser aquele engano sobre quem 
realmente é a outra pessoa. Encaixa-se aqui, aquele que não possui uma conduta ilibada; 
aquele que cometeu um crime anterior ao casamento cujo fato é desconhecido da outra 
pessoa (cônjuge); aquele que possui alguma deficiência, não necessariamente aparente, 
induzindo o outro cônjuge ao engano. 
Tratando do casamento contraído com vício na vontade o legislador dedicou dois 
artigos no Código civil, 1556 e 1557, especificamente, para circunscrever o erro essencial 
sobre a pessoa do outro cônjuge. Pode ser anulado o casamento por vício na vontade se 
houve por parte de um dos contraentes ao consentir erro essencial sobre a pessoa do 
outro cônjuge (artigo 1556 do CC). O artigo 1557 do CC/02 encontram-se as hipóteses de 
erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge. As causas do artigo 1557, CC são 
taxativas, não se admitindo outras ali não previstas, ainda que haja dolo. 
 
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O Código Civil de 2015 trouxe um novo texto legal sob o que estabelecia o art. 219 
do Código Civil de 1916, vejamos: 
Código Civil 1916. 
Art. 219. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
III - A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável 
ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou herança, capaz 
de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência.” 
Código Civil 2015. 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I – o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo 
esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida 
em comum ao cônjuge enganado; 
II – a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua 
natureza, torne insuportável a vida conjugal; 
III – a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, 
ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz 
de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; 
IV – a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, 
por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge 
enganado. 
Algumas mudanças legais foram baseadas inclusive nos conceitos 
médicos a respeito de defeito físico, pois nem todo defeito físico 
autoriza a anulação do matrimônio. A medicina-legal elegeu como 
defeitos físicos as seguintes espécies: impotência, sexo dúbio, 
deformidades genitais e anomalias sexuais. 
Importante ressaltar que o erro essencial também se encontra previsto 
no Código Penal, com artigos que tratam do induzimento a erro 
essencial e do impedimento. 
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento 
“Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro 
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento 
anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente 
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em 
 
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julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o 
casamento.” 
Conhecimento prévio de impedimento 
“Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que 
lhe cause a nulidade absoluta: 
Pena - detenção, de três meses a um ano.” 
Isto posto, observa-se claramente que a lei enfatiza que o erro essencial além de ser 
desconhecido pelo cônjuge enganado, haverá de trazer em sua natureza, requisitos que 
evidenciem o defeito capaz de caracterizá-lo como erro essencial e consequentemente 
suportar o pedido de anulação do casamento. 
Os erros essenciais são aqueles que tornam a vida em comum após a consumação do 
casamento insuportável. 
 
 
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Manual de Direito Civil: família e sucessões. 2. ed. 
São Paulo: Método, 2006. 
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 10. ed. São Paulo: Editora Revista 
dos Tribunais, 2015. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 30. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2015. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 11. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014. 
TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito de família. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

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