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ANNE BEATRIZ CUNHA COSTA A filosofia Medieval foi uma filosofia mais voltada para as questões religiosas, sendo a mais predominante a católica. Por “patrística” entende-se o período do pensamento teológico e filosófico dos ―padres da Igreja‖ (séculos II a VIII). ―Padres‖, aqui, não são os presbíteros ou sacerdotes católicos, mas os ―pais‖ dos dogmas católicos, que uniram a revelação de Cristo e dos apóstolos ao pensamento grego racional, cunhando, em disputa com as heresias nos primeiros concílios ecumênicos, os artigos fundamentais da fé católica, como a divindade de Cristo ou a Trindade de pessoas divinas. Dentre os padres, sobressai no Ocidente a figura de Santo Agostinho. Em A Cidade de Deus, Agostinho (2006) defende que uma sociedade se forma a partir do amor de vários indivíduos pelo mesmo objeto. Atualmente, poderíamos ver algo semelhante nas competições esportivas: uma torcida de futebol, formada por pessoas que não se conhecem, estabelecem um vínculo de simpatia por causa do time que as empolga. ―Cidade‖ é o conjunto de homens unidos pelo amor comum a certo objeto. E haveria fundamentalmente duas cidades: X Portanto, não haverá política verdadeira se esta não estiver ligada a Deus. Há um fim comum a toda sociedade, seja qual for, e este fim é, segundo Agostinho, a ―paz‖. A condição fundamental para que a paz seja permanente é a ordem. Contexto Histórico A Cidade de Deus Unida pelo amor divino e que dirige sua existência temporal à glória de Deus. A Cidade dos homens Unida pelo amor às coisas temporais, de costas para Deus. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) ANNE BEATRIZ CUNHA COSTA A justiça é a virtude que realiza a ordem, que dá a cada um o que é devido: subordina o inferior ao superior, mantém a igualdade entre coisas iguais e dá a cada um o que lhe pertence. Santo Tomás de Aquino é o maior expoente do período escolástico da teologia e Filosofia católica. O período escolástico teve início a partir do século IX, quando Alcuíno (735 d.C.-804 d.C.) promoveu a reforma carolíngia no âmbito educacional, que foi impulsionada pelo imperador Carlos Magno (742 dC-814 d.C.) O ―método‖ da escolástica madura era a disputatio, que consistia em um embate dialético de opiniões contrárias e favoráveis a determinada tese. Ética da lei Natural e das virtudes A lei eterna de Deus é participada à mente humana como ―lei natural‖, e o papel de tal lei — como de todas — é orientar o homem à sua finalidade e felicidade, que é Deus. Como conteúdo, essa lei é um hábito — que Tomás também chama de ―sindérese‖ — dos princípios da vida moral. A virtude é definida por Aquino (2011) como ―uma boa qualidade da mente pela que se vive retamente, da qual ninguém usa mal, produzida por Deus em nós sem intervenção nossa‖. Em sentido lato, ―virtudes‖ são aquelas humanas, que se destinam aos fins da razão humana e que podem ser obtidas pela reiteração dos atos. Contudo, para Santo Tomás de Aquino a virtude em sentido próprio é a ―infusa‖, inseparável da virtude teologal da caridade, com a qual Deus incrementa as virtudes humanas ou cardeais para o cumprimento do fim último e sobrenatural da vida humana, que é o próprio Deus. PRUDÊNCIA JUSTIÇA FORTALEZA TEMPERANÇA Política Para Aquino (2011), o homem é um ―animal sociável e político‖: desprovido de instrumentos que lhe garantam automaticamente a sobrevivência, mas dotado de razão para buscar os meios da existência, ele não pode, sozinho, encontrar tudo que necessita. Portanto, a vida social lhe é natural. Virtudes Cardeais: ANNE BEATRIZ CUNHA COSTA Quando o governante busca seu bem privado, o governo é injusto e perverso , implicando: Os governos justos são: É nesse contexto que Santo Tomás de Aquino apresenta as três condições exigidas para uma boa vida da multidão: A unidade da paz. O procedimento virtuoso dos cidadãos, isto é, a ação em conformidade com o bem moral que se expressa na lei natural. A abundância do necessário para o viver bem. Com sua Filosofia ―nominalista‖, iniciou o processo fideísta e racionalista qu e caracteriza a Modernidade, com suas separações entre ré e razão, graça e natureza, Igreja e Estado, as quais quebram a harmonia buscada por Agostinho e Tomás de Aquino. Nominalismo Metafísico- Teolófico e Epistemológico No ambiente mais científico (em nosso atual sentido) e menos especulativo, Ockham (MARCONDES, 2016) considerou que a razão não poderia conhecer com certeza a transcendência e unicidade de Deus, a imortalidade da alma, tampouco existiria uma lei moral natural. Deus, a alma e os deveres morais seriam assuntos exclusivos da Revelação. A Onipotência, e não mais a Inteligência ou o ―Logos‖, torna- se o atributo divino por excelência. Nominalismo Moral Desapareceu o conceito de ―lei natural‖ e surgiu uma ―liberdade de indiferença‖: o ato humano será moralmente bom ou mau na medida em que se conformar ou não à obrigação legal imposta por Deus. A vida moral é marcada pela ―obrigação‖, e não Tirania – Governo injusto de um só. Oligarquia – Governo injusto de alguns poucos ricos. Democracia – Governo injusto de muitos. Politia – Governo da multidão. Aristocracia – Governo de poucos, porém virtuosos (os ―melhores‖). Realeza ou monarquia – o governo de um só (o rei). javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) ANNE BEATRIZ CUNHA COSTA pela ―graça‖ ou ―benevolência‖, que permite cumprir a lei. No campo religioso, as ideias de Ockham influenciaram diretamente a reforma luterana, o que excede nosso campo. Nominalismo Político A autoridade papal é puramente espiritual e religiosa, ainda que também tenha algum poder temporal sobre determinados bens físicos ou materiais com vistas ao fim espiritual, e na medida em que é necessário para o cumprimento de sua missão de salvação. Portanto, Ockham não impugna a instituição divina do papado nem seu direito a reger os assuntos espirituais conforme a lei divino-positivo e o direito natural (como ele o entende), mas opõe-se vigorosamente às pretensões da Cúria (corte papal) de intervir nos assuntos temporais no imperium. Para Francisco Suárez (1548- 1617), a lei natural é uma verdadeira e autêntica lei divina e seu legislador é Deus. Em Deus, supõe um juízo que Deus mesmo emite a respeito da conveniência ou inconveniência de tais atos e a vontade de obrigar os homens a cumprir o que dita a reta razão. Essa vontade supõe um juízo a respeito da malícia, por exemplo, da mentira ou de coisas semelhantes. Entretanto, a autêntica proibição ou obrigação do preceito não surge em virtude do mero juízo, uma vez que não se pode entender isso independentemente da vontade. A lei natural, portanto, não se limita a manifestar a desconformidade natural de tal ato ou objeto com a natureza racional, mas também é um signo da vontade divina que o proíbe. REFERÊNCIAS: MATERIAL DE APOIO DA FACULDADE ESTÁCIO (SLIDES) ;) javascript:void(0)