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TÂMARA MELO – MEDICINA CLÍNICA INTEGRADA 1° UND RESPIRATÓRIO – ASMA DEFINIÇÃO: síndrome clínica de etiologia desconhecida, caracterizada por três componentes: Episódios recorrentes de obstrução das vias aéreas inferiores com limitação variável ao fluxo de ar, que regridem espontaneamente ou como resultado do tratamento. Resposta broncoconstritora exagerada a estímulos que têm pouco ou nenhum efeito nos indivíduos não asmáticos, um fenômeno conhecido como hiper- responsividade das vias aéreas. Inflamação das vias aéreas, definida por uma variedade de critérios. clinicamente a asma se apresenta com episódios recorrentes de dispnéia, tosse e sibilância, podendo ser acompanhada de opressão retroesternal. Além disso, Geralmente as crises estão associadas a exposição a alérgenos que funcionam como gatilho para a hiper-reatividade. EPIDEMIOLOGIA: Transtorno extremamente comum, que afeta meninos mais comumente que meninas após a puberdade, mulheres com uma frequência discretamente maior que os homens. Embora na maioria dos casos tenha início antes dos 25 anos de idade, a asma pode se desenvolver em qualquer época durante toda a vida. A prevalência mundial aumentou mais de 45% desde 1970. Os maiores aumentos ocorreram em países que recentemente adotaram um estilo de vida “industrializado” estudos apontam que crianças criadas em um ambiente de agricultura tem um risco muito menor de desenvolver a doença. A asma é uma doença que acomete cerca de 5% da população, demandando um alto custo econômico e possuído alta prevalência. FISIOPATOLOGIA: Podemos determinar a fisiopatologia da asma através de uma série de fatores, sendo eles: Reação a alérgenos de forma exacerbada – atopia – com produção de anticorpos IgE. Diversas células inflamatórias estão envolvidas no processo, sendo algumas delas os linfócitos, os eosinófilos e os mastócitos. Além disso a liberação de mediadores inflamatórios como citocinas, histamina e leucotrienos serão responsáveis pela constricção da musculatura lisa das vias aéreas inferiores – determinando a hiper-reatividade brônquica. Ainda poderá ocorrer a hipersecreção de muco provocando acumulo de liquido e edema. PATOLOGIA: Caracterizada por edema e hiperemia da mucosa, bem como por infiltração da mucosa com mastócitos, eosinófilos, linfócitos que exibem o fenótipo TH2. As quimiocinas, como eotaxina, RANTES, proteína inflamatória 1 α de macrófagos (MIP1α) e interleucina-8 (IL-8), produzidas por células epiteliais e inflamatórias, além da perda da molécula de sinalização das células T T-bet, servem para amplificar e perpetuar os eventos inflamatórios dentro das vias aéreas. Além disso, TÂMARA MELO – MEDICINA CLÍNICA INTEGRADA 1° UND há a participação de IL-4 e IL-13 como moléculas críticas de sinalização. Como resultado desses estímulos inflamatórios, acoplados com a deformação mecânica do epitélio pela constrição da musculatura lisa das vias aéreas, a parede dessas vias é espessada pelo depósito de colágeno dos tipos III e V abaixo da membrana basal verdadeira. na asma crônica grave, ocorrem hipertrofia e hiperplasia das glândulas das vias aéreas e das células secretoras tanto da superfície epitelial como glandular, bem como hiperplasia do músculo liso das vias aéreas O processo inflamatório e de hiper-reatividade crônica poderá levar a um possível espessamento das paredes das vias aéreas (lembre-se que na asma os mecanismos envolvidos são diferentes dos da DPOC) ASMA VS DPOC: em ambas as doenças ocorrerá uma limitação ao fluxo aéreo sendo que: Na asma nós teremos um agente sensibilizante (alérgeno) levando a inflamação asmática das vias aéreas com participação de linfócitos TCD4, eosinófilos e mastócitos, sendo completamente reversível com tratamento e acompanhamento adequado. Na DPOC teremos que o agente desencadeador é um agente nocivo (como por exemplo o cigarro), provocando a inflamação das vias aéreas com participação, principalmente de linfócitos TCD8, macrófagos e neutrófilos, ocorrendo uma substituição do epitélio pulmonar original e, a partir de determinado ponto, sendo completamente irreversível. PROCESSO INFLAMATÓRIO: Inflamação aguda: caracterizada pela broncoconstricção edema, secreção e tosse. Inflamação crônica: caracterizada pelo recrutamento celular, dano epitelial e modificações estruturais precoces. Remodelamento das vias aéreas: caracterizada pela proliferação celular e aumento da matriz extracelular. AGUDA:MEDIADORES INFLAMATÓRIOS DA ASMA Ach: liberada dos nervos motores intrapulmonares causa constrição dos músculos lisos das vias aéreas através da estimulação direta dos receptores muscarínicos do subtipo M3 brometo de tiotrópio pode ser utilizado como um tratamento. Histamina: Os mastócitos, proeminentes nos tecidos das vias aéreas obtidos de pacientes com asma, constituem a principal fonte pulmonar de histamina Leucotrienos e lipoxinas: Leucotrienos: derivados da lipoxigenação do ácido araquidônico liberado dos fosfolipídios da membrana das células-alvo durante ativação celular. Lipoxinas: são lipoxigenases duplas, produtos do metabolismo do ácido araquidônico MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Início geralmente antes dos 25 anos, podendo também iniciar após os 40 anos (antecedentes de sintomas na infância). TÂMARA MELO – MEDICINA CLÍNICA INTEGRADA 1° UND Episódios recorrentes de tosse seca, chiado no peito e dispnéia. Pode haver aperto no peito e há tendência de piora à noite. Associação com Rinite e Dermatite Alérgicas. Fatores desencadeantes individuais – induzida por alérgenos, por mudança de temperatura, por uso de aspirina, por exercícios físicos, por exposição ocupacional ou sem fatores identificáveis. O aumento da resistência ao fluxo aéreo é a consequência da obstrução das vias aéreas induzida por constrição da musculatura lisa, espessamento do epitélio das vias aéreas ou presença de líquido livre dentro da luz das vias aéreas. A frequência respiratória costuma ser alta durante uma crise asmática aguda. Esta taquipneia não é desencadeada por anormalidades na composição dos gases do sangue arterial, mas sim pela estimulação dos receptores intrapulmonares, com efeitos subsequentes sobre os centros respiratórios centrais. A identificação de um estímulo desencadeante através de entrevista cuidadosa ajuda a estabelecer o diagnóstico da asma e pode ser terapeuticamente útil se o estímulo puder ser evitado. EXAME FÍSICO: Inspeção e Geral: Taquipneia (25 a 40 ipm), fase expiratória prolongada em relação inspiratória, taquicardia, ansiedade, uso de musculatura acessória – tiragem, tórax hiper insuflado, cianose. Percussão: Hiper ressonância, timpanismo Ausculta: Sibilos, sobretudo expiratórios (Broncoespasmo) Roncos e estertores podem estar presentes – indicam possível infecção. ASMA GRAVE: Tórax pouco ruidoso ou silencioso. Na emergência se um paciente chega com quadro clínico sugestivo de asma e você ausculta ele e não escuta nada. Tome cuidado! Isso pode ser uma emergência grave! O paciente pode estar tão complicado que a quantidade de ar é insuficiente até mesmo pra ocasionar o sibilo característico da crise. EXAMES COMPLEMENTARES: Laboratório: Leucograma com eosinofilia; elevação de IgE. Na crise: hipocapnia com hipoxemia Hipercapnia pode significar falência ventilatória Radiografia de tórax geralmente normal. Asma grave: pode haver hiperinsuflação - depressão diafragmática e campos pulmonares muito transparentes. Diferente de grande parte das doenças pulmonares, na asma, a radiografia de tórax pode estar absolutamente normal e ainda assim o paciente estar com a função pulmonarcomprometida, então sempre tome cuidado aos sinais clínicos. Na asma leve a moderada, sem outros sons adventícios além dos sibilos, a radiografia de tórax não precisa ser realizada; se a asma for de gravidade suficiente para merecer internação hospitalar, o radiograma de tórax é aconselhado. DIAGNÓSTICO FUNCIONAL ESPIROMETRIA: Exame que registra o máximo volume de ar (VEF) que um indivíduo pode movimentar desde uma inspiração máxima até uma expiração completa; O principal objetivo é demonstrar uma obstrução do fluxo aérea que se reverte pela administração de broncodilatadores; São indicativos de ASMA: Obstrução das vias aéreas caracterizada por redução do VEF (inferior a 80% do previsto) e da relação VEF/CVF (inferior a 0,75 em adultos e a 0,86 em crianças); Obstrução ao fluxo aéreo que desaparece ou melhora significativamente com o uso do TÂMARA MELO – MEDICINA CLÍNICA INTEGRADA 1° UND broncodilatador β2 de curta duração (aumento do VEF, de 7% em relação ao valor previsto e 200ml e m valor absoluto); Aumento espontâneo do VEF, no decorrer do tempo ou após o uso de corticosteroides (por duas semanas) de 20%, excedendo 250ml; MANEJO: Tem como objetivo: Controle de sintomas Reduzir risco de exacerbações Minimizar efeitos colaterais de medicações COMPONENTES: Monitoramento rotineiro de sintomas e função pulmonar. Educação do paciente – papel ativo no manejo. o Não é incomum que pacientes asmáticos, após melhorarem, abandonem as medidas terapêuticas, o que pode ocasionar o retorno das crises e até mesmo agravamento da doença. Por isso, o nosso papel em informa-lo e acompanha-lo da melhor forma possível é indispensável. Controle de gatilhos e comorbidades Terapia farmacológica o Classificar a doença antes de iniciar CLASSIFICAÇÃO – ASMA INTERMITENTE: Sintomas diurnos ≤ 2x/semana Despertares noturnos ≤ 2x/mês Uso de SABA ≤ 2x/semana Ausência de interferência nas atividades habituais VEF1 entre as crises > 80% do previsto VEF1/CVF entre as crises normal No máximo 1 exacerbação com CO por ano CLASSIFICAÇÃO – ASMA PERSISTENTE LEVE: Sintomas diurnos > 2x/semana, não diariamente 3-4 despertares noturnos/mês Uso de SABA > 2x/semana, não diariamente Interferência discreta com atividades habituais VEF1> 80%, VEF1/CVF normal Exacerbações com uso de CO: ≥ 2/ano CLASSIFICAÇÃO – ASMA PERSISTENTE MODERADA: Sintomas diurnos diariamente Despertar noturno: > 1x/semana Necessidade diária de SABA Limitação moderada de atividades habituais VEF1 60-80%; redução de VEF1/CVF CLASSIFICAÇÃO – ASMA PERSISTENTE GRAVE: Sintomas diurnos diariamente, ao longo de todo o dia Despertares todas as noites SABA várias vezes ao dia Limitações graves a atividades habituais VEF1< 60%; redução de VEF1/CVF ASMA – CONTROLADA: Sintomas diurnos: ≤ 2x/semanas Despertares noturnos: ≤ 2x/mês Medicação resgate: ≤ 2x/semana Sem interferência com atividades REFERÊNCIAS: • Cecil – Tratado de Medicina Interna (24ed.)
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