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Doenças Benignas da Mama

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1 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA 
ANATOMIA DA MAMA 
A mama feminina repousa na parede torácica anterior, com sua base 
se estendendo da segunda a sexta costela. Seus limites anatômicos 
são: superior: segunda ou terceira costela; inferior: sulco ou prega 
inframamária; medial: borda lateral do externo; lateral: linha axilar 
média. 
Cerca de dois terços da mama repousam sobre o músculo peitoral 
maior, e o restante está em contato com o músculo serrátil anterior e 
a porção superior do músculo oblíquo abdominal. O tecido mamário 
frequentemente se estende até a axila, e essa extensão é chamada 
de cauda de Spence. 
A mama é composta por pele, tecido subcutâneo e tecido mamário. 
Existem duas fáscias na mama: a fáscia superficial, logo abaixo da 
derme (2 a 3 mm) e a fáscia profunda, que se encontra anteriormente 
à fáscia do músculo peitoral maior. O tecido mamário encontra-se 
ligado à pele pelos ligamentos suspensórios de Cooper (são faixas 
fibrosas de tecido conectivo que correm através do parênquima 
mamário e se inserem perpendicularmente na derme). A contração 
dos ligamentos suspensórios pode levar a retrações da pele, 
clinicamente associadas a tumores malignos. 
Os tecidos mamários são constituídos por elementos epiteliais 
parenquimatosos e pelo estroma. Componente epitelial (10% a 15% 
do volume mamário total), volume remanescente (elementos 
estromais). 
A mama é composta por 15 a 20 lobos. Os lobos são divididos em 
lóbulos (20 a 40). Os lóbulos são constituídos de ramificações 
formadas por glândulas túbulo-alveolares. Cada lobo drena para um 
ducto lactífero maior. Os ductos lactíferos se dilatam sob a aréola, 
formando os seios lactíferos, e se abrem através de um estreito 
orifício para o mamilo. O espaço entre os lobos é preenchido por 
tecido adiposo. A mama é dividida em quadrantes: superior medial, 
superior lateral, inferior medial e inferior lateral. A maioria do volume 
mamário está nos quadrantes laterais, onde também é mais comum 
os tumores mamários. 
É importante saber que há variação no tamanho, contorno e 
densidade da mama entre os indivíduos. A variação do volume 
mamário é decorrente principalmente da variação do componente 
adiposo entre os lobos. 
Complexo areolopapilar 
A papila está localizada sobre o quarto espaço intercostal de mama 
não pendular e está rodeada pela aréola pigmentada. Durante a 
 
2 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
puberdade, a pigmentação torna-se mais escura e a papila se eleva 
da superfície. Durante a gravidez, a aréola se alarga e a pigmentação 
torna-se mais acentuada. A aréola contem glândulas sebáceas e 
sudoríparas, porém nenhum folículo piloso. Os tubérculos de 
Morgagni são elevações nodulares formadas pelas aberturas das 
glândulas de Montgomery na periferia da aréola. Essas glândulas 
podem secretar leite e representam um estágio intermediário entre as 
glândulas sudoríparas e mamárias. Feixes de fibras musculares lisas 
se estendem pela papila, sendo eles responsáveis pela ereção papilar 
que ocorre com variados estímulos sensoriais. O complexo 
areolopapilar e o restante da mama são ricamente supridos por 
inervação sensorial, de grande importância funcional, visto que tal 
inervação é estimulada pela sucção do recém-nascido, o que inicia os 
eventos que culminam com a ejeção láctea. 
Vascularização 
A mama recebe seu suprimento sanguíneo de três vias arteriais 
principais: 1) medialmente dos ramos intercostais perfurantes 
anteriores, que surgem da artéria torácica interna, também conhecida 
como artéria mamária interna, suprindo a porção medial e central da 
mama e respondendo por cerca de 60% do suprimento sanguíneo 
mamário; 2) ramos da artéria torácica lateral originados da artéria 
axilar e o ramo peitoral da artéria toracoacromial, também ramo da 
artéria axilar, suprem o quadrante superior lateral da mama e são 
responsáveis por 30% do suprimento sanguíneo da mama; 3) ramos 
das artérias intercostais posteriores suprem o tecido mamário 
restante. 
O suprimento sanguíneo da pele da mama depende do plexo 
subdérmico, que está em comunicação com os vasos profundos que 
suprem o parênquima mamário. A artéria torácica interna é uma 
importante e constante fornecedora de suprimento sanguíneo para o 
complexo areolopapilar por meio de seus ramos perfurantes e ramos 
intercostais anteriores. 
A drenagem venosa da mama e da parede torácica segue o curso das 
artérias, com a drenagem venosa seguindo em direção à axila. As 
veias formam um círculo anastomótico, chamado de circulus venosus 
ao redor da papila. Finalmente, as veias desse círculo e a drenagem 
da glândula até vasos se unem nas veias torácicas interna e axilar. 
As três principais vias de drenagem venosa da mama são: 1) os 
ramos perfurantes da veia torácica interna (maior plexo venoso que 
drena a glândula mamária); 2) os ramos perfurantes das veias 
intercostais posteriores; 3) as tributárias das veias axilares. 
Inervação sensitiva 
A inervação sensitiva da mama e da parede torácica anterolateral vem 
de ramos cutâneos laterais e anteriores originados do segundo ao 
sexto nervo intercostal. A pele da porção superior da mama é 
inervada pelos ramos anteriores do nervo supraclavicular originado 
do plexo cervical. A papila e a aréola recebem inervação dos ramos 
 
3 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
cutâneos laterais e anteriores provenientes do segundo ao quinto 
nervo intercostal, que se unem em um plexo na região subdérmica. 
Os nervos que abrangem a mama comunicam-se livremente e 
convergem em direção à axila. O nervo intercostobraquial é o ramo 
cutâneo lateral do segundo nervo intercostal. Esse nervo é 
encontrado durante a dissecção axilar e sua secção leva à perda de 
sensibilidade na face medial do braço. 
Drenagem linfática 
Mais de 75% da drenagem linfática da mama: linfonodos axilares. 
Há geralmente 20 a 30 linfonodos na região da axila. Os seis grandes 
grupos de linfonodos axilares reconhecidos são: 1) grupo da veia 
axila; 2) grupo mamário externo; 3) grupo escapular; 4) grupo central; 
5) grupo supraclavicular; 6) grupo interpeitoral (linfonodos de Rotter 
localizados entre os músculos peitoral maior e menor). Os grupos de 
linfonodos são nomeados de acordo com sua relação com o músculo 
peitoral menor. Linfonodos localizados lateralmente ao músculo 
peitoral menor são denominados de linfonodos de nível I (grupos veia 
axilar, mamária externa e escapulares). Linfonodos localizados 
superficialmente e profundamente ao músculo peitoral menor são 
chamados de linfonodos do nível II (grupos central e interpeitoral). 
Linfonodos localizados medialmente ao músculo peitoral menor são 
chamados de linfonodos de nível III (grupo subclavicular). A mama 
medialmente é drenada por vasos linfáticos que acompanham os 
ramos perfurantes da artéria mamária interna e desembocam no 
grupo paraesternal de linfonodos. Linfáticos superficiais de uma 
mama podem se comunicar com os da mama oposta, e a parede 
abdominal anterior. Eles podem ser drenados diretamente para os 
linfonodos supraclaviculares (cervicais profundos) e seu envolvimento 
é indicativo de doença avançada. A drenagem linfática dos 
componentes epitelial e mesenquimal da mama é a via primária da 
difusão de metástases do câncer de mama para outros sítios. 
AVALIAÇÃO DA MAMA 
Inspeção estática: paciente sentada, observa-se volume, formas da 
mama, presença de abaulamentos, retrações ou lesões de pele e 
mamilo. 
Inspeção dinâmica: é possível realizar algumas manobras que 
estimulam a elevação da mama, como também a contração dos 
músculos peitorais, buscando identificar a presença de retrações ou 
acentuações das alterações detectadas na inspeção estática. 
Palpação: etapa fundamental, muitas vezes é prejudicada pelas 
características individuais da mama em relação a quantidade de 
tecidos glandulares e gordurosos. Coma paciente ainda sentada, 
deve começar pela palpação das axilas e das fossas 
supraclaviculares à procura de linfonodos (a presença de linfonodos 
aumentados de tamanho, endurecidos ou fusionados pode sugerir 
neoplasia maligna com metástases linfonodais). A palpação das 
 
4 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
mamas deve ser feita com a paciente em decúbito dorsal com os 
braços atrás da cabeça. A consistência e a elasticidade dependem do 
tecido do parênquima glandular e da quantidade de tecido adiposo. A 
maior parte dos casos de carcinoma mamário se manifesta com 
formação nodular, circunscrita e endurecida. Além disso, deve 
estabelecer localização, forma, volume, consistência, mobilidade e 
sensibilidade. 
Expressão: deve ser realizada quando há queixa de descarga papilar 
espontânea como forma de observar características da secreção. 
Autoexame 
Auxilia no diagnóstico precoce de CA de mama, já que ela avalia 
regularmente e passa a conhecer a estrutura da mama podendo notar 
e sinalizar possível alterações. Recomenda-se que parte dele seja 
realizado no banho (privacidade e maior sensibilidade com água e 
sabão). Desenvolver uma rotina para o autoexame é importante: 1 
vez ao mês, devendo ser feito 7 dias após o início do ciclo menstrual 
(antes da menopausa) e qualquer período do mês (depois da 
menopausa). Escolher uma data fixa ajuda a não esquecer. 
NÓDULO DE MAMA 
Uma das queixas mais comuns nos consultórios de mastologia: cerca 
de 60% das consultas. 
Na maioria das vezes, trata-se de patologia benigna até a terceira 
década de vida, mas, após a menopausa, é importante que se 
diferenciem precocemente nódulos com aspectos suspeitos, pois o 
câncer de mama pode estar presente em até 30% dos casos. 
Definido como um tumor presente na glândula mamária, palpável ou 
não ao exame clínico, podendo ter conteúdo cístico ou sólido. Nas 
mulheres, os nódulos palpáveis mais comuns são os cistos e os 
fibroadenomas. 
Etiologia e Fisiopatologia 
O parênquima da glândula mamária sofre profundas mudanças 
durante o desenvolvimento e amadurecimento feminino, sobretudo no 
período entre a menarca e a menopausa. Inicia-se pela 
predominância de ductos, lóbulos e do estroma intra e interlobular 
observados no início da menacme até as alterações fibróticas e 
formações císticas, atualmente denominadas alterações fibrocísticas 
das mamas ou alterações funcionais benignas das mamas, 
comumente abreviadas como AFBM. 
No fim, após a menopausa, a mama sofre um processo de 
lipossubstituição em torno de 75% dos casos ou de fibro-substituição, 
presente nos 25% restantes. A maioria dos nódulos sólidos é 
decorrente de lesões fibroepiteliais. O mais comum é o fibroadenoma. 
Sua fisiopatologia pode ser explicada por uma resposta exagerada na 
mama aos estímulos hormonais fisiológicos após a menarca. Trata-
 
5 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
se de nódulo de crescimento limitado e, em geral, não ultrapassa 2 
cm, com tendência à involução após a menopausa. Cerca de 50% 
dos fibroadenomas contêm outras lesões proliferativas, como 
adenose esclerosante, adenose, hiperplasia ductal usual e 
microcalcificações epiteliais. Esses são os chamados fibroadenomas 
complexos. Algumas variações, como o tumor filoide e o 
fibroadenoma gigante, apresentam maior celularidade do estroma e 
normalmente atingem tamanhos maiores. 
Os cistos mamários são estruturas redondas ou ovoides, preenchidas 
por líquido. Derivam-se da unidade ducto lobular terminal, 
acometendo as mulheres entre a quarta década e o início da 
menopausa. A maioria é subclínica, sendo chamados microcistos. Os 
cistos complexos correspondem a 5% dessas lesões. O diagnóstico 
se realiza por meio da ultrassonografia, que identifica a presença de 
área sólida no seu interior. Nesses casos, é importante o estudo 
histopatológico para diferenciar as alterações benignas das malignas, 
raramente presentes. 
Diagnóstico 
Primeiramente, a anamnese é de grande importância no diagnóstico 
do nódulo de mama. A idade (avaliação da incidência dos nódulos 
conforme a faixa etária), status hormonal, fatores associados (dor, 
alteração cutânea, linfadenomegalia axilar ou supraclavicular) e 
utilização de medicamentos (anticoncepcionais, terapia hormonal) 
devem constar na história clínica. Ainda na anamnese, deve 
identificar fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de 
mama, pois essas pacientes necessitarão de propedêutica específica. 
Lembrando que 80% das mulheres diagnosticadas com câncer de 
mama apresentam poucos ou nenhum fator de risco. Portando, diante 
de um nódulo de mama, a propedêutica mamária engloba três pilares: 
exame físico, radiológico e cito/histopatológico. 
O melhor momento para realizar o exame físico das mamas é após a 
menstruação. O exame físico deve ser completo, incluindo inspeção 
estática e dinâmica, palpação e avaliação de linfonodos axilares e 
supraclaviculares. 
Após a identificação do nódulo, as principais características que 
devem ser descritas são: consistência, limites, regularidade, tamanho 
e localização. Em casos de seguimento, essas características devem 
ser comparadas retrospectivamente. 
Em se tratando de nódulos palpáveis, a ultrassonografia é mais eficaz 
quando comparada com a mamografia, apesar de não ter indicação 
no rastreamento. A ultrassonografia é inócua, obrigatória na 
diferenciação de lesões sólidas e císticas e geralmente bem tolerada 
pelas mulheres. 
Tratamento 
A etapa inicial do tratamento dos nódulos benignos mamários 
consiste em explicar às pacientes que eles são decorrentes de 
 
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Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
alteração normal do desenvolvimento da mama e que não aumentam 
o risco para desenvolvimento de câncer de mama. 
Cistos: Os cistos simples não palpáveis, diagnosticados apenas em 
ultrassonografia, não devem ser abordados ou acompanhados, e a 
paciente deve ser tranquilizada. A punção aspirativa com agulha fina 
é uma opção prática e eficaz nos nódulos palpáveis. Para os cistos 
simples, a PAAF é ao mesmo tempo diagnóstica e terapêutica. A 
citologia do líquido não é recomendada e só deve ser solicitada nos 
casos suspeitos, tais como: cistos com conteúdo hemorrágico e cistos 
que recidivam em curto espaço de tempo. A exérese cirúrgica deve 
ser restrita aos casos de cistos complexos (com conteúdo sólido), 
quando não for possível a realização de biópsia percutânea assistida 
a vácuo ou quando, após a realização desse procedimento, se 
observa presença de atipia ou malignidade. Os casos de papiloma, 
quando sintomáticos, ou com atipia ou ainda que não tenham sido 
completamente retirados pela biópsia vácuo-assistida, devem ser 
removidos cirurgicamente. Os cistos com conteúdo espesso, septos 
finos ou microcistos agrupados têm pouco risco de malignidade e 
podem ser acompanhados clinicamente. O controle deve ser 
realizado em seis meses. 
Nódulos sólidos: Quanto a nódulos com imagem suspeita, todos 
devem ser submetidos à biópsia percutânea, independentemente da 
idade. A retirada cirúrgica deve ser determinada de acordo com o 
resultado da biópsia. Em mulheres com idade abaixo de 30 anos com 
exame clínico e radiológico sugestivos de alterações benignas, que 
não causem incômodo clínico, não se recomenda biópsia, mas sim 
controle clínico e radiológico. A exérese cirúrgica deve ser reservada 
aos casos sintomáticos, sobretudo nos nódulos maiores que 2 cm. 
Diante da suspeita de tumor filoide ou fibroadenoma juvenil, 
recomenda-se a exérese do tumor com obtenção de margens livres, 
para reduzir o risco de recorrência. 
DOR MAMÁRIA 
A dor mamária ou mastalgia é uma das queixas mais comuns nos 
consultórios de mastologia, acometendo 60% a 70% das mulheres, 
principalmente em sua idade reprodutiva. O impacto da dor mamária 
no cotidiano não deve ser subestimado, pois interfere diretamente na 
vida emocional, social e profissional da mulher.A mastalgia pode 
trazer angústia e ansiedade, pois é relacionada com câncer de mama. 
Tal correlação é muito pequena (coexistem em menos de 2% dos 
casos); no entanto, a cancerofobia é um dos principais motivos pela 
procura do mastologista. Ela pode piorar o sintoma de dor mamária, 
portanto o profissional deve atuar na orientação ou tratamento dessas 
mulheres, melhorando, assim, a qualidade de vida delas. 
Etiologia e Fisiopatologia 
A causa da dor mamária não é totalmente conhecida. O componente 
psicológico da mastalgia deve sempre ser considerado. Algumas 
situações de estresse podem favorecer o aparecimento do sintoma 
 
7 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
(por exemplo, o câncer de mama em pessoas próximas ou a alta 
exposição da neoplasia mamária nos veículos de mídia). Porém, não 
se deve considerar a dor mamária como um problema apenas de 
ordem emocional. 
Pode ser dividida em: cíclica (relacionada com o ciclo menstrual) ou 
acíclica (sem interferência com o ciclo). Cíclica: não tem fisiopatologia 
totalmente conhecida, porém entende-se que pode estar relacionada 
com um desequilíbrio na relação estrogênio/progesterona no final da 
segunda fase do ciclo menstrual. Esse desequilíbrio atua em nível 
central (sistema dopaminérgico), podendo acarretar secreção 
aumentada de prolactina, o que aumenta a sensibilidade do tecido 
mamário. Já a acíclica pode estar relacionada a diversas causas: 
hipertrofia mamária, macrocistos, nódulos de grande dimensão, 
cirurgia mamária prévia, ectasia ductal, mastites, trauma, 
medicamentos, entre outras. 
A dor extramamária se caracteriza por dor referida devida às afecções 
em outras estruturas que se relacionam anatomicamente com as 
mamas (dor muscular, costocondrite (síndrome de Tietze), neurite 
intercostal, bursite escapular, herpes-zóster, fibromialgia, dor torácica 
atípica (pulmonar, cardíaca, gástrica) e trauma). 
Diagnóstico 
É clínico e de fácil execução. A história clínica e o exame físico são 
fundamentais e geralmente suficientes para classificar a dor e orientar 
o tratamento. É importante salientar que a paciente com mastalgia 
também pode ter outras doenças mamárias associadas, por isso o 
rastreamento do câncer nunca deve ser abandonado. A anamnese 
deve avaliar o início, a duração, a localização, a intensidade, os 
fatores desencadeantes, atenuantes, agravantes ou associados e, 
principalmente, sua relação com o ciclo menstrual. Deve-se incluir 
uma avaliação psicológica sucinta, principalmente do estado de 
humor e da presença de dores de origem psicossomática. A ingestão 
de medicamentos ou estimulantes também deve ser questionada. 
Durante o exame físico, atentar para: existência de sinais flogísticos 
na pele, nódulos ou espessamentos, descarga papilar, retração do 
mamilo, presença de dor focal e presença de linfonodomegalias. A 
parede torácica deve ser examinada cuidadosamente, com palpação 
dos arcos costais e articulações, com o intuito de excluir as causas 
extramamárias, principalmente osteocondrite. 
Exames de imagem: pouca validade e ficam restritos às pacientes 
com necessidade de rastreamento ou com suspeita de lesões focais, 
porém a exclusão de neoplasia mamária é essencial na investigação 
da mastalgia. Nos casos de suspeita de dor extramamária, exames 
específicos podem ser necessários para avaliar outros órgãos. 
Quadro Clínico 
Mastalgia cíclica: dor frequentemente associada a ingurgitamento 
mamário com início nos dias que antecedem a menstruação e 
 
8 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
desaparece após o fluxo menstrual. Em parte dos casos, tem maior 
duração, podendo se prolongar, excepcionalmente, durante todo o 
ciclo. É mais comum nos quadrantes superiores laterais (QSL), tende 
a ser bilateral e difusa, geralmente em pontada e de manifestação 
aguda. Mastalgia acíclica: costuma ser mais intensa e geralmente é 
unilateral, com desconforto usualmente localizado em um ponto da 
mama, podendo irradiar para axila, braço, ombro e mão. 
Tratamento 
➢ Não medicamentoso 
A orientação verbal é o principal tratamento da mastalgia, após a 
exclusão da presença de neoplasia. A tranquilização da paciente com 
a simples informação sobre o caráter autolimitado do sintoma e a 
ausência de relação, em geral, com o câncer de mama melhora ou 
resolve 85% a 90% dos casos. Algumas medidas comportamentais 
são relatadas como benéficas e inofensivas, porém não apresentam 
eficácia comprovada. São elas: uso de sutiã esportivo, dieta livre de 
gorduras, exercícios físicos e redução da ansiedade (técnicas de 
relaxamento, acupuntura). 
➢ Medicamentoso 
Como as pacientes apresentam altas taxas de resposta à orientação 
verbal, qualquer medicamento, até mesmo o placebo, aparenta ter 
taxas de sucesso bastante elevadas. Infelizmente, esses fármacos 
são amplamente usados na prática clínica, acarretando custo e risco 
desnecessário. Diuréticos, dieta livre de xantinas, progestágenos, 
derivados do óleo de prímula e polivitamínicos são exemplos. 
Na revisão sistemática sobre manejo da mastalgia, publicada em 
2013 concluiu-se que as vitaminas (E, B1 e B6) não são superiores 
ao placebo, portanto não devem ser prescritas no tratamento da dor 
mamária. Da mesma forma, os derivados do ácido gamalinoleico/ 
óleo de prímula não demonstraram benefício no tratamento da 
mastalgia e sua ação é praticamente igual à do placebo. 
Drogas como os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e 
analgésicos têm eficácia no tratamento da dor, mas apresentam alto 
risco de efeitos colaterais com o uso prolongado. No entanto, podem 
ser empregadas em casos agudos. Os AINEs na forma de gel 
apresentam resultados satisfatórios e menos efeitos colaterais, 
podendo ser uma alternativa para a dor de origem osteomuscular. 
Medicações ansiolíticas ou antidepressivos apresentam efeito global 
na melhora da dor, além de tratar quadros que poderiam exacerbá-la. 
Infelizmente, ainda não há estudos randomizados avaliando a 
resposta da mastalgia a essas medicações. 
O tratamento farmacológico preferencial na mastalgia cíclica consiste 
no bloqueio hormonal. Os inibidores de estrogênio e de prolactina 
atuam na melhora do quadro, mesmo na ausência de níveis elevados 
desses hormônios. Em metanálise recente, foram avaliados todos os 
estudos placebo-controlados das quatro drogas mais utilizadas no 
 
9 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
tratamento da dor mamária: tamoxifeno, danazol, bromoergocriptina 
e os derivados do óleo de prímula (fitoterápicos com alta 
concentração de ácido gamalinoleico). Embora não existam estudos 
com boa metodologia, algumas conclusões foram obtidas. Os 
resultados indicaram que apenas os derivados do óleo de prímula não 
demonstraram eficácia no tratamento da mastalgia. Os outros 
fármacos apresentaram resultados positivos no alívio dos sintomas. 
Entre eles, o tamoxifeno apresentou menos efeitos colaterais, por isso 
é o tratamento de escolha, na dose de 10 mg ao dia, por via oral, por 
três a seis meses. 
FLUXOS PAPILARES 
Descarga ou derrame papilar. Representam a exteriorização 
espontânea de material fluido pela papila mamária fora do ciclo 
gravídico-puerperal. Quando a saída de material se dá pela 
expressão mamária, induzida, é denominada de secreção. A 
secreção láctea é denominada de galactorreia e a não láctea, 
telorreia. 5% a 10% das queixas no ambulatório de mastologia. 90% 
a 95% têm origem benigna. Mais comum no menacme, quando em 
pacientes idosas, a probabilidade de origem neoplásica aumenta. 
Etiologia e Fisiopatologia 
Os mecanismos causadores dos fluxos papilares são próprios da 
glândula mamária, intra e extraductais, ou por fatores extramamários, 
relacionados ao controle da produção láctea (galactorreia). São eles: 
➢ Intraductais: inerentes à parede interna do ducto: 
Proliferações epiteliais (papilomas, adenomas, hiperplasias etc.); 
Infecções intraductais (galactoforites);Neoplasia intraductal com necrose; 
➢ Extraductais: patologias que possam romper parcialmente a 
parede do ducto ganhando a sua luz e exteriorizando-se: 
Neoplasias malignas; 
Infecções; 
Outras patologias; 
➢ Galactorreia: secreção de coloração clara (láctea) ocasionada 
por fatores não mamários, em geral por alterações que causem 
hiperprolactinemia. Alguns pacientes podem apresentar 
galactorreia sem aumento de níveis de prolactina detectáveis. 
A causa mais comum de aumento dos níveis de prolactina é a 
utilização de fármacos supressores da dopamina. Outras 
patologias podem ocasionar aumento da prolactina, tais como: 
lesões de sistema nervoso central (SNC), lesões em parede 
torácica e algumas doenças sistêmicas. 
O derrame papilar pode ser classificado ainda em fisiológico, 
pseudoderrame e patológico. 
 
10 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
Fisiológico: até 2/3 das mulheres não lactantes podem apresentar 
pequena quantidade de secreção, principalmente após estimulação 
excessiva do mamilo. Corresponde à secreção apócrina e 
normalmente não espontânea, com coloração escura e multiductal. 
Não está associado a patologias malignas; uma vez diagnosticado, 
não há terapêutica específica, além de orientações. 
Pseudoderrame: caracterizado por alterações como mamilos 
invertidos, infecção da glândula mamária, eczemas e maceração da 
pele, que podem produzir secreção similar a um derrame papilar. 
Patológicos: associados a lesões proliferativas ou carcinomas. 
Caracterizam-se por serem uniductais, espontâneos, unilaterais, 
aquosos ou sanguíneos. 
Diagnóstico 
Anamnese e exame físico cuidadoso merecem atenção na 
propedêutica dos fluxos papilares. Na história clínica, são importantes 
a idade, sexo, uso de medicações, história familiar, uso de terapia 
hormonal, presença de patologia mamária pregressa, manipulação 
excessiva do mamilo ou traumas. 
Da mesma forma, é fundamental definir as características da 
descarga papilar, fato que determina os casos que devem ser 
investigados. 
• Lateralidade (uni ou bilateral); 
• Número de orifícios (único ou múltiplos); 
• Aparecimento (espontâneo ou provocado à expressão); 
• Aspecto macroscópico (lácteo, purulento, multicolorido, 
esverdeado, marrom ou amarelado, viscoso, cristalino, seroso, 
hemorrágico). 
No exame físico, é importante visualizar a secreção sobre uma gaze 
branca. A palpação deve ser orientada no sentido de promover a 
saída da secreção e estabelecer a localização ou segmento mamário 
que está originando o derrame (“ponto de gatilho”). 
As características do fluxo que apresentam suspeitas ao exame físico 
são: 
• Unilateral; 
• Espontâneo; 
• Uniductal; 
• Hemorrágico, sero-hemorrágico, cristalino, seroaquoso; 
• Presença de tumoração associada; 
• Pacientes idosas; 
• Sexo masculino. 
Não existe benefício na realização de citologia oncótica, obtida por 
esfregaço do fluxo ou por lavagem e aspiração ductal, uma vez que 
diversos estudos mostraram que a sensibilidade desse método é 
muito baixa (varia entre 6% e 17%). 
 
11 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
A mamografia e a ultrassonografia possuem baixa sensibilidade no 
diagnóstico das descargas papilares, porém sua realização é 
mandatória para avaliar possíveis lesões concomitantes. A primeira 
deve sempre ser solicitada no rastreio do câncer de mama. A 
ultrassonografia complementa a mamografia, permitindo elucidar 
lesões sólidas/císticas, detectar algumas lesões intraductais, tais 
como ectasia ductal, papiloma e abscessos, além de guiar possíveis 
biópsias percutâneas. 
A ressonância magnética das mamas vem sendo utilizada de forma 
progressiva, nos últimos anos, na propedêutica do fluxo papilar. 
Embora tenha papel relevante na diferenciação entre lesões benignas 
e malignas, as taxas de falso-positivo e a limitação na realização de 
biópsias dificultam a realização desse exame. 
A ductografia consiste na cateterização do ducto e injeção de 
contraste hidrossolúvel, com realização de mamografias sequenciais 
para avaliar a árvore ductal, observando falhas de enchimento ou 
bloqueio, o que pode ser útil em lesões periféricas. No entanto, é 
pouco utilizado devido ao desconforto da técnica, pouco específico e, 
principalmente, pelo advento e evolução da técnica de ultrassom, 
especialmente quando realizado por profissional experiente. 
A ductoscopia caracteriza-se pelo uso de um microendoscópio de 
fibra ótica inserido no ducto que possibilita visualização direta do 
epitélio ductal mamário, biópsia e análise citológica e histológica, 
tendo alto poder preditivo positivo, mas com baixa sensibilidade, além 
de ser doloroso. 
Tratamento 
É avaliado a partir das características do fluxo. A maioria dos 
derrames fisiológicos necessitará apenas de orientação e 
tranquilização; os purulentos são tratados com antibioticoterapia, e 
nos suspeitos o tratamento cirúrgico está indicado. 
Alguns pacientes com fluxos não suspeitos (multiductais, bilaterais), 
por exemplo, nos casos de ectasia ductal, podem necessitar de 
cirurgia devido ao desconforto excessivo ocasionado pelo derrame 
contínuo. Na presença de galactorreia, a anamnese abordará o uso 
de medicamentos que possam ter relação causal. No caso de 
adenomas de hipófise, avaliar a necessidade de tratamento 
medicamentoso ou cirúrgico. Nos casos cirúrgicos, na paciente que 
ainda deseja amamentar, realiza-se uma ressecção seletiva do ducto 
acometido, orientado pelo “ponto de gatilho”; enquanto em mulheres 
sem desejo de amamentação ou pós-menopáusicas, a ressecção 
seletiva pode ser substituída pela ressecção dos ductos principais, 
com retirada em forma de cone invertido da árvore ductal. 
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS DA MAMA 
Mastites: são infecções que se instalam no tecido mamário. A 
complexidade desse tema está na realização do diagnóstico 
diferencial entre as diversas mastites, especialmente com os tipos de 
 
12 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
baixa incidência. Além disso, pode ocorrer confusão de diagnóstico 
entre processos infecciosos e neoplasia maligna, principalmente nos 
casos de carcinoma inflamatório, levando a atraso no tratamento. 
A incidência de mastites está relacionada à qualidade do atendimento 
básico de saúde, pois dependem de fatores higiênicos, de 
saneamento e dietéticos da população. Podem ser encontradas em 
qualquer faixa etária e em todas as fases da vida da mulher, mas são 
mais comuns entre 18 e 50 anos. São classificadas em: 
• Aguda: a principal representante é a mastite puerperal, com 
evolução clínica com duração inferior a 30 dias e caracteriza-
se pela infecção do parênquima mamário no puerpério; 
• Crônicas: caracterizadas por tempo de evolução maior que 30 
dias ou pela recorrência após o tratamento. De evolução lenta, 
podem ou não ser precedidas por infecção aguda. Mais 
comum em mulheres jovens (30 a 40 anos), dificilmente 
ocorrem em mulheres na pós-menopausa. Classificadas em 
infecciosas (existe um agente infeccioso identificado) e não 
infecciosas. 
Etiologia e Fisiopatologia 
Aguda (puerperal ou lactacional) 
Ocorre no período de amamentação, sendo mais comum da segunda 
a quinta semana do puerpério. Acometa mais as primigestas e após 
cesarianas eletivas. A principal porta de entrada dos germes da pele 
são fissuras nas papilas decorrentes da amamentação. A estase 
láctea e a prática de má higiene com o complexo areolopapilar (CAP) 
são fatores predisponentes. Geralmente, são mamilos planos ou 
umbilicados, de pele fina e pouca elasticidade. Os germes mais 
relacionados à infecção são o Staphylococcus aureus e o 
Staphylococcus epidermidis, e espécies de Streptococcus. Bactérias 
como a Escherichia coli, a Pseudomonas aeruginosa e o Proteus 
Mirabillis também podem ser responsáveis pelo quadro. 
Crônicas infecciosas: 
• Abscesso subareolar crônico recidivante (ASCR) 
Caracterizado por infecção recorrentee crônica da região subareolar, 
associado fortemente com tabagismo, diabetes e obesidade. Doença 
comum em mulheres jovens, de patogênese não bem estabelecida e 
que se desenvolve fora do ciclo grávido-puerperal; 
• Mastite tuberculosa 
Mulheres com história pessoal ou familiar de tratamento para 
tuberculose. Reativação do bacilo com infecção na mama; 
• Mastite por micobactérias 
Processos infecciosos nas mamas de evolução extremamente lenta. 
Ocorrem com maior frequência em pacientes com HIV positivo com 
CD4 menor que 50/mm3; 
 
13 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
• Mastite viral 
Processos infecciosos mamários podem também ser ocasionados por 
vírus, especificamente por herpes simples ou herpes-zóster. 
Geralmente associada com herpes genital e/ou oral. Maior frequência 
em pacientes com alguma imunodeficiência, especialmente em 
mulheres com HIV positivo ou em uso crônico de corticosteroides ou 
em tratamento quimioterápico; 
• Mastite luética ou sífilis mamária 
Complicação inflamatória rara observada em pacientes com lúpus 
eritematoso sistêmico ou lúpus discoide. 
Crônicas não infecciosas: 
• Mastite periductal 
Afeta mulheres não lactantes durante sua vida reprodutiva. Também 
chamada de mastite plasmocitária. Etiologia: relacionada a infecção 
bacteriana e tabagismo. Maior frequência em mulheres multíparas 
que amamentaram; 
• Mastite granulomatosa idiopática 
Condição crônica rara na qual se observa processo inflamatório com 
alterações granulomatosas que ocorrem em torno dos lóbulos e 
ductos mamários, na ausência de infecção específica, trauma, corpo 
estranho ou evidência de sarcoidose. Um fenômeno autoimune tem 
sido sugerido, mas não foi provado. Não há relação comprovada com 
amamentação, paridade e contraceptivo oral ou uso de hormônios; 
• Síndrome de Mondor 
Caracteriza-se pela tromboflebite das veias superficiais da mama 
(veia toracoepigástrica e/ou suas tributárias). A doença é autolimitada 
e de fisiopatologia ainda não totalmente conhecida. Acomete com 
maior frequência mulheres com mamas volumosas e pendulares e 
após trauma, inclusive cirúrgico; 
• Sarcoidose mamária 
Caracterizada por granulomas epitelioides não caseosos, sendo a 
sua etiologia desconhecida. A mama é envolvida em menos de 1% 
dos casos. Na maioria dos casos, outros órgãos já estão envolvidos, 
embora o envolvimento da mama possa ser o local inicial da doença. 
Quadro Clínico 
Aguda (puerperal ou lactacional) 
Clinicamente se apresenta como edema, eritema e aumento da 
temperatura da mama. Quando houver área de flutuação, suspeitar 
sempre de abscesso associado com a mastite. Podem ocorrer 
sintomas sistêmicos como febre alta, anorexia, náuseas e vômitos. 
As formas mais comuns de apresentação, ocasionadas pelos 
estafilococos, geralmente culminam com a formação de abscessos 
multiloculados e com grande quantidade de pus. As mastites 
 
14 
Saúde da Mulher 
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estreptocócicas evoluem como celulites, enquanto os anaeróbios 
podem produzir grandes áreas de necrose tecidual, principalmente 
em pacientes com imunodepressão ou diabetes. 
Crônicas infecciosas 
Abscesso subareolar crônico recidivante (ASCR): normalmente são 
unilaterais, mas podem ser bilaterais. Inicia-se como inflamação de 
uma área subareolar bem localizada, que evolui para a formação de 
um pequeno abscesso, que tende a drenar espontaneamente com a 
formação de uma fístula que depois cicatriza. Repete-se clinicamente 
várias vezes, com intervalos de meses a anos, de onde deriva a 
denominação de crônico e recidivante. No local do abscesso, forma-
se uma cavidade que se reabre a cada ativação do processo 
infeccioso; 
Mastite tuberculosa: manifesta-se por meio de vários abscessos de 
evolução lenta ou múltiplas fístulas periféricas, com histórico pessoal 
ou familiar de tratamento para tuberculose. Linfonodos axilares 
palpáveis podem ser encontrados; 
Mastite por micobactérias: processos infecciosos nas mamas de 
evolução extremamente lenta; 
Mastite viral: observam-se lesões na pele da mama com vesículas 
dolorosas e recorrentes. A duração do processo infeccioso costuma 
ser autolimitado, com resolução em 7 a 10 dias. O herpes-zóster 
(varicelazóster) ocasiona erupções cutâneas com vesículas, muito 
dolorosas, seguindo a linha de um dermátomo sobre a mama. Na 
história da doença, costumam ocorrer sintomas sistêmicos de febre, 
mal-estar e exantema, 24 a 48 horas antes do surgimento das lesões 
cutâneas; 
Mastite luética ou sífilis mamária: apresenta-se primeiramente como 
lesões cutâneas no complexo areolomamilar, causadas pela 
inoculação do treponema (cancro duro). Na forma secundária, 
ocorrem lesões cutâneas maculosas que evoluem para pápulas, e na 
forma terciária há nódulo endurecido que amolece, sofrendo 
ulceração ou fistulização. 
Crônicas não infecciosas 
Mastite periductal: clinicamente, apresenta-se com mastalgia acíclica 
unilateral, secreção mamilar (coloração verde-escura ou serosa), 
retração do mamilo, massa subareolar com ou sem inflamação da 
mama sobrejacente e até fístula mamilar. Pode parecer outras 
doenças graves, incluindo carcinoma de mama; 
Mastite granulomatosa idiopática: a variabilidade na apresentação 
clínica e a duração dos sintomas refletem a heterogeneidade dessa 
entidade. Uma característica marcante dessa patologia inflamatória é 
o acometimento lobular, permitindo diferenciá-la da sarcoidose. As 
manifestações locais dessa patologia podem parecer lesões 
malignas, especialmente quando associada a massa firme irregular 
ou quando apresenta retração do mamilo. O processo é mais difuso, 
 
15 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
e a quantidade de pus é mínima e sempre presente em múltiplos 
pequenos lóculos que se comunicam através de pequenos canais; 
Síndrome de Mondor: apresenta-se como cordão fibroso e doloroso 
no subcutâneo que corresponde ao trajeto venoso comprometido. 
Pode ser causa de mastalgia acíclica unilateral; 
Sarcoidose mamária: pode apresentar-se como uma massa não 
dolorosa e móvel, com bordas lisas ou irregulares. Por outro lado, 
pode apresentar-se como um linfonodo intramamário ou um 
granuloma. 
Diagnóstico 
Aguda (puerperal ou lactacional) 
Diagnóstico de mastite é clínico. Rotinas laboratoriais e outros 
procedimentos de diagnóstico não são usualmente necessários. A 
realização de ultrassonografia mamária pode ser útil na avaliação de 
abscessos mamários, quantificando a extensão da coleção purulenta. 
Crônicas infecciosas 
Abscesso subareolar crônico recidivante (ASCR): além da anamnese 
e exame físico, a mamografia tem papel importante na exclusão de 
malignidade, porém apresenta menor sensibilidade, podendo ser 
negativa principalmente em pacientes mais jovens (devido à 
densidade do parênquima mamário). A ultrassonografia é o método 
de imagem mais utilizado para detecção dos abscessos subareolares, 
inclusive para guiar a drenagem deles. A ressonância da mama é 
pouco usada; 
Mastite tuberculosa: no diagnóstico, deve-se realizar prova 
tuberculínica e radiografia de tórax com o objetivo de avaliar foco 
primário pulmonar. O diagnóstico definitivo de tuberculose é obtido 
por meio de biópsia da lesão identificando granulomas caseosos. A 
cultura pode identificar o bacilo álcool ácido resistente (BAAR); 
Mastite por micobactérias: o diagnóstico pode ser feito por 
hemocultura e/ou cultura de material retirado da mama (tecido ou 
secreções), que identifica micobactérias atípicas; 
Mastite viral: diagnóstico clínico com a visualização das lesões na 
pele da mama com vesículas; 
Mastite luética ou sífilis mamária: o diagnóstico laboratorial é baseado 
em antígenos treponêmicos (VDRL e FTA-ABS) e/ou presença do 
treponema em microscopia de campo escuro. O diagnóstico 
diferencial é feito com doença de Paget. 
Crônicas não infecciosas 
Mastite periductal: para diagnóstico diferencial, é fundamentala 
realização de mamografia e ultrassonografia mamária. A citologia do 
derrame papilar pode ser realizada, porém é importante lembrar que 
a ausência de células neoplásicas malignas não exclui 
 
16 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
definitivamente carcinoma mamário. A realização de biópsia e cultura 
do material retirado da mama é importante no diagnóstico diferencial; 
Mastite granulomatosa idiopática: os achados em exames de imagem 
da mama, geralmente, são inespecíficos; 
Síndrome de Mondor: diagnóstico basicamente clínico; 
Sarcoidose: na mamografia, a lesão pode aparecer bem definida ou 
espiculada. Pode ter uma massa única ou lesões múltiplas. Na 
ultrassonografia, uma massa hipoecoica pode mostrar margens 
indistintas que não podem ser diferenciadas de lesões malignas. O 
diagnóstico histológico confirma granuloma não caseoso; com PPD 
negativo e teste de Kveim positivo. 
Tratamento 
Aguda (puerperal ou lactacional) 
O tratamento consiste em manter a amamentação, ordenha manual 
delicada das mamas (evitar ingurgitamento mamário), uso de sutiã ou 
faixas para sustentar adequadamente as mamas, uso de analgésicos, 
antitérmicos e antibióticos. Os analgésicos e antitérmicos mais 
indicados durante a amamentação são o paracetamol e a dipirona. 
Os antibióticos utilizados podem ser inicialmente administrados por 
via oral. Se houver piora clínica (maior área mamária acometida pelos 
sintomas infecciosos, febre ou áreas de flutuação), iniciar o uso de 
antibiótico por via endovenosa. Na presença de abscesso mamário, 
a drenagem cirúrgica é obrigatória. A secreção purulenta drenada do 
abscesso deve ser encaminhada para cultura e antibiograma. Com o 
resultado do antibiograma, pode-se adequar o antibiótico testado. 
Crônicas infecciosas 
Abscesso subareolar crônico recidivante (ASCR): nos casos iniciais, 
o tratamento com antibióticos (com cobertura para aeróbicos e 
anaeróbicos) via oral tem boa resposta. Quando ocorre formação de 
fístula, o tratamento cirúrgico com ressecção do sistema ductal 
envolvido pode ser feito. O tecido ressecado deve ser enviado para 
estudo histológico a fim de afastar neoplasia mamária e outros tipos 
infecciosos. É recomendado abandonar o tabagismo para o sucesso 
do tratamento. Se a paciente já apresenta prole constituída, 
recomenda-se, além da retirada do sistema ductal envolvido, a 
exérese dos outros ductos principais para diminuir o risco de recidiva; 
Mastite tuberculosa: o tratamento é com tuberculostáticos e 
acompanhamento do infectologista; 
Mastite por micobactérias: o tratamento geralmente é por meio da 
associação de claritromicina, etambutol e rifabutina por seis meses; 
Mastite viral: no caso do herpes simples, recomenda-se o uso de 
aciclovir 400 mg via oral de 8 em 8 horas, por cinco a sete dias, o que 
pode abreviar os sintomas. No herpes-zóster, recomenda-se aciclovir 
via oral para os casos mais leves e via endovenosa nas formas 
graves. Usar analgésicos potentes com codeína na fase aguda, ou 
 
17 
Saúde da Mulher 
Hanna Briza 
até bloqueio anestésico do nervo acometido para controlar a dor. 
Curativos com antissépticos são úteis na prevenção de infecções 
bacterianas secundárias; 
Mastite luética ou sífilis primária: o tratamento é realizado com 
penicilina G benzatina 2,4 milhões intramuscular (1,2 milhão em cada 
nádega), repetido em sete dias (total de 4,8 milhões). 
Crônicas não infecciosas 
Mastite periductal: antibióticos eficazes contra os organismos 
isolados na cultura devem ser utilizados durante o quadro infeccioso. 
Há indicação de cirurgia para a correção das fístulas mamilares ou 
nos casos de derrame papilar espontâneo que clinicamente 
incomodam a paciente. Importante lembrar as mulheres no menacme 
com desejo de ter filhos de que a exérese dos ductos pode dificultar 
uma futura amamentação; 
Mastite granulomatosa idiopática: não há consenso sobre o melhor 
tratamento. A excisão ampla de toda a massa inflamatória não é 
indicada e pode ser impossibilitada devido ao pobre resultado 
estético, especialmente quando a doença envolve mais do que um 
quadrante. O tratamento deve ser adaptado para cada caso de 
acordo com a apresentação clínica. Pode-se usar corticoterapia em 
altas doses como 60 mg por dia (0,8 mg/kg por dia na primeira 
semana, com redução gradual até completar oito semanas) ou 
metotrexato. Embora apresentem altas taxas de recidiva registradas 
na literatura (até 50%), ainda não está estabelecido por quanto tempo 
essas pacientes necessitam ser acompanhadas, já que o tempo de 
recorrência é desconhecido; 
Síndrome de Mondor: tratamento de modo conservador, 
prescrevendo-se anti-inflamatórios e analgésicos para alívio da dor. 
Antibióticos e anticoagulantes não estão indicados; 
Sarcoidose mamária: tratamento é clínico e dirigido aos sintomas 
sistêmicos da doença. A ressecção total da lesão mamária não é 
necessária.

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