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Cursos Online EDUCA www.CursosOnlineEDUCA.com.br Acredite no seu potencial, bons estudos! Curso Gratuito Educação Ambiental e Sustentabilidade Carga horária: 40 hs Conteúdo programático: Introdução Princípios básicos da Educação Ambiental Objetivos fundamentais da Educação Ambiental Características da Educação Ambiental O meio ambiente no Ensino Fundamental Conteúdos de meio ambiente para o primeiro e segundo ciclo Educação ambiental no ensino fundamental Meio Ambiente e Sustentabilidade Sustentabilidade Pensamento sistêmico Educação ecológica Meio ambiente e sociedade Conflitos ambientais Água Ecoturismo Referências Introdução Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais Meio Ambiente, a perspectiva ambiental consiste em ver o mundo no qual se evidenciam as interrelações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida (BRASIL, 1997, p. 19). Nos últimos séculos, a industrialização, a mecanização da agricultura o uso intenso de agrotóxicos e a concentração populacional nas cidades fizeram com que a exploração dos recursos naturais se intensificasse muito e adquirissem outras características (BRASIL, 1997, p.19). A demanda global dos recursos naturais deriva de uma formação econômica cuja base é a produção e o consumo em larga escala. A exploração da natureza hoje, e responsável por parte da destruição dos recursos naturais, fazendo com que haja um crescimento sem fim das demandas quantitativas e qualitativas desses recursos (BRASIL, 1997, p.19). Os rápidos avanços tecnológicos viabilizaram formas de produção de bens com consequências indesejáveis que se agravam com igual rapidez, como a exploração dos recursos naturais intensamente, de forma a por em risco a renovabilidade da mesma (BRASIL, 1997, p.19). Como o desenvolvimento provocou efeitos negativos mais graves, começaram a surgir movimentos e manifestações em busca da reflexão sobre o perigo que a humanidade estava correndo por afetar de forma tão violenta o meio ambiente em que viviam (BRASIL, 1997, p. 19). Em vários países, a preocupação com a preservação de espécies surgiu há muitos anos, assim como no Brasil. Contudo, ainda é preocupante a forma como os recursos naturais são tratados no Brasil. Na metade do século XX, juntamente com o conhecimento cientifico da Ecologia juntou-se um movimento ambientalista voltado para a preservação de grandes áreas e ecossistemas até então intocados pelo ser humano (BRASIL, 1997, p.20). Após a Segunda Guerra Mundial, intensificou-se a percepção de que a humanidade estava se encaminhando aceleradamente para o esgotamento ou a inviabilização de recursos indispensáveis a sua própria sobrevivência, e que a vida dependia unicamente do avanço da ciência e da tecnologia (BRASIL, 1997, p.20). É nesse contexto que se iniciam as grandes reuniões mundiais sobre o tema, instituindo-se assim um fórum internacional em que os países, apesar de suas imensas divergências, se veem politicamente obrigados a se posicionar quanto as decisões ambientais de alcance mundial, de forma que os direitos e os interesses de cada nação possam ser minimamente somados em função do interesse maior da humanidade do planeta (BRASIL, 1997, p.21). Assim a questão ambiental, impõe as sociedades à busca de novas formas de pensar e agir, individualmente e coletivamente, de novos caminhos e modelos de produção de bens, para suprir necessidades humanas, que garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um novo universo de valores no qual a educação tem um importante papel a desempenhar. A preocupação com a questão ambiental não é algo recente, pois no início da década de 60, os problemas ambientais já mostravam a irracionalidade do modelo econômico, mas ainda não se falava em educação ambiental. Somente em março de 1965, na Inglaterra, colocou-se pela primeira vez a expressão Educação Ambiental, com a recomendação de que ela deveria se tornar uma parte essencial de educação de todos os cidadãos (EFFTING, 2007). Os conceitos de Educação Ambiental estão diretamente relacionados à evolução dos conceitos de meio ambiente, havendo, portanto vários conceitos de Educação Ambiental (EFFTING, 2007). A Educação Ambiental é descrita ao longo dos anos conforme as preocupações com o meio ambiente foram se agravando, estando sempre voltada à orientação de como resolver os problemas que afetavam o meio ambiente, priorizando a interdisciplinaridade e a participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade. Muito se tem discutido a respeito do melhor ou mais adequado conceito de Educação Ambiental, mas o que se nota é que todos eles são importantes para delinear a metodologia de trabalho da prática da educação ambiental em todos os seguimentos da sociedade (ALVES E COLESANTI, 2005). Não é tarefa fácil definir a Educação Ambiental, pois há inúmeras definições encontradas em artigos da área (RODRIGUES, 2009). Segundo o Ministério do Meio Ambiente: “Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir individual e coletivamente e resolver problemas ambientais presentes e futuros”. "A Educação Ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas”. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária Chosica/Peru 1976). De acordo com o Art. 1º da Lei 9.795/99, entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. No que se refere ao Art. 2º desta mesma lei, a Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. De acordo com a Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977), “"A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida". (ALVES E COLESANTI, 2005). Princípios básicos da Educação Ambiental Segundo a Lei 9.795/99, em seu Art. 4º, são os princípios básicos da Educação Ambiental: I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III – o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as praticas sociais; V – a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI – a permanente avaliaçãocritica do processo educativo; VIII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais. Objetivos fundamentais da Educação Ambiental Segundo a Lei 9.795/99, em seu Art. 5º, são os objetivos fundamentais da Educação Ambiental: I – o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; II – a garantia de democratização das informações ambientais; III – o estímulo e fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV – o incentivo a participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macroregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; VI – o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII – o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. Características da Educação Ambiental De acordo Marcatto (2002), a Educação Ambiental tem como principais características ser um processo: • Dinâmico integrativo: processo permanente onde a comunidade toma consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimento que os torna aptos a agir em busca da resolução dos problemas ambientais; • Transformador: objetiva a construção de uma nova visão das relações do ser humano com o seu meio e a adoção de novas posturas individuais e coletivas em relação ao meio ambiente; • Participativo: atua na sensibilização e na conscientização do cidadão, estimulando-o a participar dos processos coletivos; • Abrangente: ultrapassa as atividades internas da escola tradicional e envolve toda a família e a coletividade; • Globalizador: considera o ambiente em seus múltiplos aspectos; • Permanente: envolvido com as questões ambientais continuamente, sem interrupção; • Contextualizador: atua de acordo com a realidade de cada comunidade. Pensar globalmente, agir localmente; • Transversal: as questões ambientais devem permear todos os conteúdos, objetivos e orientações didáticas de todas as disciplinas. O meio ambiente no Ensino Fundamental O termo meio ambiente tem sido utilizado para indicar um espaço em que um ser vive e se desenvolve, e sua interação com o mesmo. A principal função de se trabalhar com o meio ambiente em sala de aula é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade sócio-ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global (BRASIL, 1997, p.25). Para se trabalhar o tema meio ambiente é necessária a aquisição de conhecimento e informação por parte da escola para que se possa desenvolver um trabalho adequado junto dos alunos. Isso não quer dizer que os professores deverão saber tudo para que possam desenvolver um trabalho junto dos alunos, mas sim que deverá se dispor a aprender sobre o assunto, constantemente (BRASIL, 1997, p.35 e 36). Os conteúdos de meio ambiente deverão ser integrados ao currículo através da transversalidade, pois serão tratados nas diversas áreas do conhecimento, de modo a impregnar toda a prática educativa, e ao mesmo tempo, criar uma visão global e abrangente da questão ambiental (BRASIL, 1997, p. 36). A lei Federal n 9.795, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, estabelece que todos tenhamos direito a educação ambiental, e esta é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e nãoformal (MARCATTO, 2002). Conteúdos de meio ambiente para o primeiro e segundo ciclo Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – Meio Ambiente, a questão ambiental no ensino de primeiro grau, centra-se principalmente no desenvolvimento de valores, atitudes e posturas éticas, e no domínio de procedimentos, mais do que na aprendizagem de conceitos, uma vez que vários dos conceitos em que o professor se baseara para tratar dos assuntos ambientais pertencem às áreas disciplinares (BRASIL, 1997, p. 43). O tema meio ambiente consiste em oferecer aos alunos instrumentos que lhes possibilitem posicionar-se em relação às questões ambientais. Para que isso ocorra, os conteúdos de meio ambiente para os primeiros ciclos foram reunidos em três blocos gerais: os ciclos da natureza; sociedade e meio ambiente e manejo e conservação ambiental. Estes conteúdos referem-se aos dois primeiros ciclos do ensino fundamental (BRASIL, 1997, p.43). Ao longo das oito séries do ensino fundamental, a escola deverá oferecer meios efetivos para cada aluno compreender os fatos naturais e humanos referentes a esta temática, desenvolver suas potencialidades e adotar posturas pessoais e comportamentos sociais que lhe permitam viver numa relação construtiva consigo mesmo, colaborando para que a sociedade seja ambientalmente sustentável e socialmente justa (BRASIL, 1997, p.43). Educação ambiental no ensino fundamental Segundo a Lei 9.795/99, em seu Art. 9º, entende-se por Educação Ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas englobando: I – educação básica: a) educação infantil; b) educação fundamental e c) ensino médio; II – educação superior; III – educação especial; IV – educação profissional; V – educação de jovens e adultos. De acordo com o Art. 10 da mesma lei, a Educação Ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal, e não deverá ser implantada como disciplina no currículo de ensino. No que se refere à Educação Ambiental não- formal, entende-se pela mesma as ações e práticas educativas voltadas a sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e a sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Já a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA é uma proposta programática de promoção da Educação Ambiental em todos os setores da sociedade. Diferente de outras leis, não estabelece regras ou sanções, mas estabelece responsabilidades e obrigações. A Política de Educação Ambiental legaliza a obrigatoriedade de trabalhar o tema ambiental de forma transversal, conforme foi proposto pelos Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais. Quanto ao desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental nos diferentes ciclos, os professores entendem que há uma maior facilidade entre a primeira e a quarta séries, por ser um professor ministrando as quatro disciplinas do ensino fundamental, ficando a cargo dos professores de ciências a principal responsabilidade no enfrentamento do desafio da educação ambiental (NOVICKI E MACCARIELLO, 2002). A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS A Educação Ambiental é um tema de grande relevância na atualidade, pois está ligada a interação do homem com o ambiente em que vive e consequentemente as implicações que esta interação causa (GOBARA, AYDOS, SANTOS, PRADO E GALHARDO, 1992). De acordo com Amaral (2001), uma polêmica que se manifestou desde os primórdios da Educação Ambiental, é se ela deveria se constituir e uma nova e autônoma disciplina do currículo escolar ou deveria encaixar-se nas já existentes. Apesar da UNESCO indicar o segundo caminho, sempre houve influencias quantoa outra alternativa. As argumentações baseavam-se em torno das dificuldades que os professores das disciplinas tradicionais teriam caso isso acontecesse. O currículo escolar ainda não oferece através de suas disciplinas, a visão do todo, do curso e do conhecimento, e não favorece a comunicação e o diálogo entre os saberes. De forma clara, as disciplinas e seus conteúdos não se integram ou complementam, dificultando a perspectiva de conjunto e de globalização (SANTOS, 2007). Os Parâmetros Curriculares Nacionais tratam o tema Educação Ambiental como um tema transversal chamado de Meio Ambiente, convivendo com o bloco de conteúdo ambiente, ainda no currículo de ciências, nos demais blocos temáticos, incluiu conteúdos inegavelmente pertinentes ao ambiente, portanto individualizando- os e fragmentando-os (AMARAL, 2001). Estes temas transversais dizem respeito as grandes questões sociais que afligem a humanidade na era contemporânea, não devendo ser abordados como mais uma disciplina escolar, e sim como um conjunto de temas que aparecem transversalizados, permeando a concepção das diferentes áreas, seus objetivos, conteúdos e orientações didáticas (CUNHA, 2007). Outra controvérsia relativa a este tema, seria a integração do tema meio ambiente com as diferentes disciplinas do ensino fundamental. De acordo com os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) o tratamento transversal dessa temática deve considerar que as áreas de Ciências Naturais, História e Geografia são as tradicionais parceiras para o desenvolvimento dos conteúdos aqui relacionados, pela própria natureza dos seus objetivos de estudo. Faz-se necessário analisar os eixos de sustentação dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais, tomando sua concepção de Meio Ambiente como referencial para uma melhor compreensão do ensino dessa disciplina e de sua relação com a educação ambiental, de acordo com o que preconizam os PCN’s (CUNHA, 2007). Sabe-se que o ato de educar é uma necessidade de nossa espécie e um fenômeno que deve ser compreendido e analisado para que possa ser eficientemente realizado. O ensino de ciências é uma das formas de ajudar na construção do conhecimento, utilizando recursos e materiais didáticos que permitem aos alunos exercitarem a capacidade de pensar, refletir e tomar decisões, iniciando assim um processo de amadurecimento (RODRIGUES, 2009). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para o Ensino de Ciências, deixa claro que todas as escolas deverão garantir a igualdade de acesso para os alunos a uma base nacional comum, que vise estabelecer a relação entre a educação fundamental e a vida cidadã por meio de articulações entre vários dos seus aspectos como: saúde, sexualidade, vida familiar e social, meio ambiente, trabalho, ciência e tecnologia, cultura e as linguagens (BRASIL, 1996). O educador em Ciências diariamente é exposto a grandes desafios a fim de exercer sua profissão de forma a transmitir os conhecimentos que os alunos precisam adquirir. Algumas dessas deficiências são agravadas por deficiências em suas licenciaturas, pois a rapidez com que os conceitos se ampliam e surgem novas tecnologias faz com que a formação do professor possa ser considerada ultrapassada poucos anos após sua graduação (LIMA E VASCONCELOS, 2006). Alunos do Ensino Fundamental da rede pública se deparam com metodologias que nem sempre promovem a efetiva construção do conhecimento. Cabe ao educador unificar experiências e estratégias de ensino, para qualificar a educação desenvolvendo novas competências a serem aplicadas nas escolas. Não haverá métodos ideais para ensinar, mas sim haverá alguns métodos potencialmente mais favoráveis do que outros (LIMA E VASCONCELOS, 2006). Não ensinar Ciências nas primeiras idades invocando uma suposta incapacidade intelectual das crianças é uma forma de discriminá-las como sujeitos sociais. Este é um forte argumento para sustentar o dever inevitável da escola de ensino fundamental de divulgar e trabalhar o conhecimento científico (MALAFAIA, E RODRIGUES, 2008). A Educação tradicional ainda é adotada e resiste às novas propostas pedagógicas. Este modelo é caracterizado por concepções de ensino como uma transmissão/transferência de conhecimentos (LIMA E VASCONCELOS, 2006). No Ensino de Ciências, atividades práticas são fundamentais, afinal o desenvolvimento da capacidade investigativa e do pensamento científico são diretamente estimulados pela experimentação. Ensinar Ciências é muito mais que promover a fixação dos termos científicos. O Ensino de Ciências busca privilegiar situações de aprendizagem que possibilitem ao aluno a formação de sua bagagem cognitiva. (VASCONCELOS E SOUTO, 2003). O novo paradigma da Educação acredita ser a Transdiciplinaridade que entende o intercâmbio e as articulações entre as disciplinas. Na transdisciplinaridade há a superação e o desmoronamento de toda e qualquer fronteira que inibe ou reprime, reduzindo e fragmentando o saber isolando o conhecimento em territórios delimitados (SANTOS, 2007). Neste sentido, tornou-se indispensável à ideia de que a educação desenvolvida no ambiente escolar seria incumbida de reorientar nossas formas de relacionamento com o restante da natureza, destacando-se a necessidade do desenvolvimento de uma educação ambiental (MAKNAMARA, 2009). Para enfrentarmos os problemas ambientais em busca de uma sociedade sustentável, é necessário que haja uma articulação entre todos os tipos de intervenção ambiental, incluindo as ações de Educação Ambiental (EFFTING, 2007). A Educação Ambiental é um processo educacional criado ao longo dos anos através de estudos de especialistas, com visão das necessidades do homem e da natureza entrelaçadas em um objetivo comum que é a manutenção da qualidade de vida de todos os seres do planeta. Torna-se importante o desenvolvimento deste processo educacional, visando à reversão ou a minimização dos problemas ambientais (SANTOS, 2007). A Educação Ambiental é uma das ferramentas de orientação para a tomada de consciência dos indivíduos frente aos problemas ambientais, por isto sua prática faz- se importante para solucionar ou mitigar os problemas ambientais que fazem parte do nosso dia-a-dia (ALVES E COLESANTI, 2005). É um dos eixos fundamentais para impulsionar o processo de prevenção da deterioração ambiental, de aproveitamento sustentável de nossos recursos e de reconhecimento do direito do cidadão a um ambiente de qualidade (SANTOS, 2007). O ambiente escolar é um dos locais para a discussão a respeito das problemáticas ambientais, tendo em vista a formação de opinião, a construção de valores e a promoção da mudança de comportamento, fundamentais para que sejam resolvidos ou mitigados os problemas ambientais (ALVES E COLESANTI, 2005). A Educação Ambiental deve ser efetiva no Ensino de Ciências, mais de maneira interdisciplinar, ser agregada em outras disciplinas, pois é na conjugação das diversas disciplinas que compõem o currículo escolar que a discussão ganhará amplitude. A ideia de tema transversal possibilita a discussão e análise do tema meio ambiente em diferentes áreas do conhecimento, permeando todas as disciplinas. É um instrumento importante para se alcançar a sustentabilidade (ALVES E COLESANTI, 2005). A Educação Ambiental é um processo de formação contínua, e deve expandir- se a todo sistema educacional, mas implementar este tipo de educação nas escolas tem se mostrado uma tarefa exaustiva. Existem grandes dificuldades nas atividades de sensibilização e formação, na implantação de atividades e projetos e, principalmente, na manutenção e continuidade dos já existentes (EFFTING, 2007). Englobar a Educação Ambiental no currículo escolar implica mudanças nas estruturas profundas do sistema e a maneira como se organizam o ensino e os métodos que imperam no sistema educativoformal, pois a partir do momento que são aceitos novas formas de educar, consequentemente o sistema educativo tradicional estará sendo criticado (SANTOS, 2007). Torna-se evidente que a Educação Ambiental exige um modelo educativo novo, onde as teorias sejam expandidas para todas as disciplinas do âmbito cientifico, buscando a interdisciplinaridade. O propósito desta nova forma de ensinar é o de se construir coletivamente o conhecimento, sem negligenciar o rigor científico. Portanto, a Educação Ambiental deve ser trabalhada dentro do Ensino de Ciências por estar contido neste os temas transversais propostos pelos parâmetros curriculares nacionais, pois tornar a educação ambiental como disciplina específica no currículo escolar, demanda uma reestruturação do sistema de ensino, o que no momento torna- se inviável. A inserção da Educação Ambiental no Ensino de Ciências proporciona uma melhor abordagem do meio ambiente como um todo, e não demanda entendimento deste conteúdo por todos os professores, pois sabe-se que nem todos estão abertos a novas descobertas e desafios. Professores tradicionalistas não veem propósito alguma em aderir em suas disciplinas, temas atuais. Deste modo é respeitável que fiquei a critério de cada professor em sua determinada disciplina, trabalhar temais atuais e importantes. Discutir Ciências e Educação Ambiental não é só debater conceitos e concepções já existentes, é resgatar atitudes, valores e comportamentos, discutir a política, o dia-a-dia e os diversos aspectos relacionados com a vida em si. É despertar a criticidade e a busca por uma melhor qualidade de na vida. Faz-se necessário a ambientalização do Ensino de Ciências tornando explicito a todos os sujeitos envolvidos no processo pedagógico de alfabetização científica que todos os conteúdos de Ciências são ambientais, ou seja, fazem parte de um ambiente, e como tal, pode ajudar a solucionar o atual estado de crise ambiental. Como o Ensino de Ciências constitui uma disciplina escolar em que tradicionalmente são abordados diferentes elementos e fenômenos da natureza, fica claro que esta é uma disciplina que pode contribuir muito para a superação das formas degradantes pelo qual o meio ambiente vem passando (MAKNAMARA, 2009). De forma a despertar no aluno o desejo de trabalhar no sentido de exercer um papel ativo e indispensável na preservação do meio ambiente, é fundamental que este seja instigado por meio de questionamentos que desafiem seu senso crítico e o façam perceber que tudo que o rodeia é o meio ambiente e que ele faz parte do mesmo (OLIVEIRA, OBARA, RODRIGUES, 2007). Sugere-se aos professores, seriam a utilização de oficinas e projetos ambientais oferecidos dentro da escola, como opção de contra-turno. Estas oficinas estimulam professores e alunos no entendimento e na compreensão, em busca de encontrar soluções para a atuação e consequente solução dos problemas ambientais abordados na escola. Este tipo de trabalho estimula o envolvimento da escola nas grandes questões ligadas à realidade dos alunos, proporcionando-lhes a percepção da efetividade educacional, e interagindo entre as diversas disciplinas curriculares. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Educação Ambiental é um tema polêmico, com um leque muito grande de conceitos e caracterizações, porém, deve ser efetivamente tratada com a relevância e urgência que ela necessita. O problema socioambiental ainda é encarado como um problema de comportamentos individuais e acreditam na sua solução através da mudança de comportamento dos indivíduos em sua relação com o ambiente. O foco principal é a reciclagem do lixo, possuem as lixeiras específicas e fazem a correta separação. É fundamental que os professores compreendam a importância de renovar das relações interdisciplinares dos vários campos do saber, o que requer o compromisso de refletir sempre sobre concepções particulares, atitudes e práticas pedagógicas em sala de aula. Portanto, ressalta-se que deve existir a preocupação em estabelecer, no contexto educativo, a compreensão do respeito à sociedade com enfoque na perspectiva de transformação social e na formação de alunos críticos, humanizados e emancipados. Ressalta-se que é um tema amplo, portanto, fica sugestão de continuidade ou desenvolvimento de novos estudos sobre o tema. A Educação Ambiental é hoje o instrumento mais eficaz para se conseguir criar e aplicar formas sustentáveis de interação entre o homem e a natureza. É o caminho para que cada indivíduo assuma suas responsabilidades em busca de uma melhor qualidade de vida e redução dos impactos ambientais. Com base na literatura consultada conclui-se que a disciplina de ciências, por se tratar de uma potencial ponte entre as demais disciplinas, consiste em um ambiente ideal para a inserção da educação ambiental, permitindo, por meio dessa interação a extensão da educação ambiental para as demais disciplinas interrelacionadas. Meio Ambiente e Sustentabilidade Neste início de século, as questões ambientais têm tomado o centro das atenções, tornando-se manchete nos jornais, prioridade em programas governamentais e assunto discutido nos principais fóruns internacionais. O mundo tem caminhado, principalmente no último século, em direção a uma crise de sustentabilidade, devida principalmente ao excesso de ambição econômica, que leva as pessoas a procurar resultados financeiros sempre imediatos, não se preocupando se no futuro será possível continuar extraindo lucro pelos mesmos meios. A principal característica desta crise é a devastação do meio ambiente, de onde são retirados os insumos necessários para a sobrevivência e para o crescimento econômico. Como não existe uma real preocupação com a perenização destes recursos, a tendência é de esgotamento dos mesmos, com a provável extinção de várias espécies, devido à exploração excessiva, sem a necessária reposição. É fundamental que a academia volte-se para temas relativos à preservação ambiental, para que a crise não se agrave e haja perspectiva de reverter o atual quadro de destruição em que o mundo natural se encontra, pois é nas universidades que surgem as discussões, o que possibilita a busca de ideias e soluções para os problemas debatidos, e posterior transmissão para a sociedade. Sustentabilidade Tornou-se lugar comum afirmar que o grande desafio para o século XXI é construir e manter sociedades sustentáveis, o que só será possível com um meio ambiente também sustentável. Atualmente, a maioria dos governantes faz questão de sempre falar que sem desenvolvimento sustentável o mundo se tornará inviável, assim como os grandes industriais declaram que estão buscando a sustentabilidade em suas empresas, pois sem isso não existe possibilidade de garantir um futuro para a produção e o comércio mundiais. Mas afinal, o que é “sustentabilidade”? Antes de tudo, temos de pensar no que significa “sustentar”, ou seja, manter, amparar, nutrir, perpetuar. Sustentabilidade, então, seria a capacidade de impedir a queda ou degradação da sociedade ou do meio ambiente. Desenvolvimento sustentável, por sua vez, é a capacidade de uma sociedade se desenvolver econômica e tecnologicamente, sem, no entanto, comprometer a qualidade de vida das gerações futuras e a capacidade do meio ambiente de se regenerar ou, pelo menos, de evitar uma degradação crítica, irreversível. A Comissão Mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento definiu o desenvolvimento sustentável em termos de presente e futuro, desta maneira: “o desenvolvimento sustentável é o que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas”. Existem outras definições usadas com frequência: relação entre desenvolvimento social e oportunidade econômica por um lado e exigências do meio ambiente por outro. Melhoramentodas condições de vida para todos, especialmente pobres e carentes, dentro dos limites da capacidade de sustento dos ecossistemas. Equilíbrio dinâmico entre muitos fatores, incluídas as exigências sociais, culturais e econômicas da humanidade e a necessidade imperiosa de proteger o meio ambiente do qual a humanidade faz parte. A visão de um mundo mais equitativo é inerente ao conceito de desenvolvimento sustentável, considerando que a capacidade de satisfação das necessidades não deve ser privilégio de alguns, e sim direito de todos, condição necessária para que a humanidade sobreviva enquanto sociedade. Sem um mínimo de justiça social, a sociedade tende a entrar em crise, pois não se sustenta num cenário de extrema desigualdade, onde seja impossível um convívio social equilibrado. O Relatório Brundtland, encomendado pela ONU, afirma que “A humanidade tem a capacidade de atingir o desenvolvimento sustentável, ou seja, de atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender às próprias necessidades”. Mas é importante observar que nem sempre potencial se traduz em resultado. Se a humanidade tem essa capacidade, deve desde já compreender que tem de começar imediatamente a tomar providências para evitar um colapso socioambiental, pois no atual ritmo de devastação dos recursos naturais, muito em breve não será mais possível uma recuperação, o que resultará num planeta sem condições de manter os requisitos vitais básicos para os seres humanos. Também temos de levar em consideração que as definições de sustentabilidade se limitam, por enquanto, a exortações morais, não existindo ainda definições objetivas aceitas mundialmente, pois cada povo, cada cultura, tem sua ideia sobre o que seja sustentabilidade, e sua própria lista de prioridades quanto ao desenvolvimento econômico e à proteção ou recuperação ambiental. Quando pensamos em sustentabilidade, logo nos vem à mente uma questão próxima de nós, um problema com o qual convivemos, e que temos nosso próprio jeito de resolver. É difícil pensar na sustentabilidade de um país distante, sobre o qual não temos informações detalhadas, do qual não conhecemos as questões críticas. Desse modo, como realizar a sustentabilidade? Em primeiro lugar, respeitando as características locais, pensando globalmente, mas agindo localmente. Não é plausível solucionar problemas que não conhecemos, que estão distantes de nós. Assim, devemos resolver as questões locais, e a partir daí, ampliar a atuação. Para que seja possível um desenvolvimento sustentável, antes de qualquer coisa devemos considerar as diferenças regionais, pois só são possíveis soluções a partir de problemas reais, que levem em conta as características do local, da cultura, do meio ambiente. Considerando todos esses aspectos, é importante compreender que as comunidades sustentáveis devem ser moldadas a partir dos ecossistemas naturais, pois é deles que extraímos toda a matéria-prima necessária para o desenvolvimento tecnológico e para a produção dos bens necessários ao nosso sustento. Assim, a base para o planejamento de uma economia sustentável deve partir do ecossistema natural local, que, uma vez respeitado, permitirá que a produção se perenize, evitando o colapso resultante do desrespeito às necessidades da natureza, como esgotamento dos recursos naturais e doenças causadas pela poluição, por exemplo. Pensamento sistêmico Só é possível desenvolver um projeto de sociedade sustentável se pensarmos sistemicamente. O pensamento sistêmico é aquele que considera todos os fatores que estejam envolvidos no processo. No caso do desenvolvimento de uma sociedade ecologicamente sustentável, devem ser contemplados inúmeros fatores, como a escassez de alguns recursos, que devem ser importados, a abundância de outros, cujo excedente deve ser aproveitado para captar recursos externos, e não desperdiçado, a capacidade de regeneração do meio ambiente, que não pode se esgotar em pouco tempo, o que inviabilizaria a manutenção da ocupação local, o estabelecimento de regras de convivência e instituições que garantam o respeito a essas regras, a capacidade de absorção de mão-de-obra, pois nenhuma sociedade se sustenta no longo prazo se não houver possibilidade de seus membros se manterem empregados e, por consequência, capazes de consumir, o que permite a sobrevivência da própria economia. O pensamento sistêmico se baseia na compreensão de relações, padrões e contexto. Devem ser consideradas todas as relações entre os agentes envolvidos, os padrões existentes nessas relações e o contexto em que elas ocorrem. Sempre devem ser tomadas como base as características locais. Não faz sentido planejar uma sociedade sustentável no interior da África utilizando o contexto da sociedade norte-americana, pois as características ambientais, culturais e econômicas são totalmente distintas. Nesse sentido, devemos respeitar as limitações e recursos existentes no local para podermos planejar sem ser surpreendidos com resultados totalmente diversos dos esperados. Se forem contemplados os aspectos do ambiente, efetuando o planejamento de acordo com o potencial da localidade, pensando sistemicamente, a probabilidade de cometer equívocos será consideravelmente menor. Para que seja possível pensar o meio ambiente de forma sistêmica, é imprescindível compreender os princípios de organização que os próprios ecossistemas desenvolveram para manter a teia da vida, o que Capra chama de “alfabetização ecológica”. A chamada “Ecologia rasa” é antropocêntrica, ou seja, considera que o ser humano é a razão de ser do meio ambiente, e a natureza existe para servi-lo, tendo ele todo o direito de usufruir dela o quanto quiser, preocupando- se apenas com suas próprias necessidades. O problema deste tipo de pensamento é que não existe perspectiva de longo prazo. Os recursos que hoje são abundantes, em pouco tempo podem escassear e o homem terá de buscar alternativas, o que nem sempre será viável, e neste caso será difícil a sobrevivência da sociedade. O norueguês Arne Naess foi o primeiro a conceituar a chamada “Ecologia profunda”, no início dos anos 1970. A Ecologia profunda considera que o meio ambiente baseia-se em uma rede de fenômenos intrinsecamente interligados, e qualquer abalo em apenas um dos pontos desta rede pode provocar sérios danos a todo o sistema existente. Para compreender esta ideia, basta pensar na cadeia alimentar. Eliminando um dos componentes da cadeia, todos os que dependem dele serão afetados, e o desequilíbrio será inevitável. As redes são o padrão básico de organização de todo ser vivo, tanto externamente quanto internamente. Cada ser vivo é composto de sistemas de órgãos que permitem sua sobrevivência, cada órgão sendo responsável por um aspecto da manutenção do todo. Se um deles falha, coloca a vida do indivíduo em risco. Ou o corpo se adapta, substituindo aquele órgão por outro que supra a sua falta, ou não será possível a sobrevivência. O mesmo ocorre num organismo mais complexo, como o exemplo anterior da cadeia alimentar. A rede das comunidades humanas, por sua vez, tem um elemento fundamental: a comunicação. Segundo Capra, “à medida que as comunicações acontecem em uma rede social, elas acabam produzindo um sistema compartilhado de crenças, explicações e valores – um contexto comum de significados, conhecido como cultura, que é sustentado continuamente por novas comunicações. Através da cultura, os indivíduos adquirem identidades, como membros da rede social. " Não é à toa que a cultura é o conceito básico da antropologia, pois é o elemento que define o ser humano enquanto ser social, e a cultura está intrinsecamente ligada à comunicação, que permite o compartilhamento e a perenização de conhecimentos, hábitos e valores, essenciais para a vida em comunidade. Neste contexto,tanto as redes de relacionamento humano como as redes ecológicas podem ser consideradas redes vivas, uma vez que elas estão em constante transformação e adaptação, conforme as necessidades advindas da situação em que se encontram. A cada momento podemos verificar alterações no ambiente e na vida social, alterações estas provocadas por infinitos e constantes acontecimentos, que têm consequências no funcionamento futuro das redes. As redes vivas, podemos concluir, são redes funcionais, redes de relações entre vários processos que ocorrem nos mais variados níveis, baseados nas comunicações entre os elementos das redes, que estão continuamente interagindo e provocando reações. O pensamento sistêmico, então, muda o enfoque dos objetos, como era a preocupação da Ecologia rasa, para as relações. Estas relações, entretanto, não podem ser mensuradas. Para podermos analisá-las, temos de mapeá-las em busca de padrões, que nos permitirão encontrar semelhanças e diferenças entre as redes existentes, e a partir daí estabelecer correlações entre as mesmas, o que torna possível uma análise sistemática. Existem alguns princípios da ecologia, da sustentabilidade ou da comunidade, a partir dos quais podemos realizar análises sistêmicas das redes, como por exemplo: nenhum ecossistema produz resíduos, já que os resíduos de uma espécie são o alimento de outra. A poluição ocorre quando os resíduos estão acima da capacidade de absorção pelo ambiente. É raro isso ocorrer sem a interferência humana, mas o homem, por sua cultura sedentária, tem a enorme capacidade de concentrar seus resíduos e assim impedir sua absorção pelo ambiente, o que causa desequilíbrio na rede e consequentes problemas em seu funcionamento normal. A matéria circula continuamente pela teia da vida, sempre se transformando e sendo reaproveitada em outro estágio da rede, o que permite a continuidade da mesma. A energia que sustenta estes ciclos ecológicos vem do Sol, e toda transformação de matéria depende desta fonte de energia. Um dos graves problemas que a humanidade vem enfrentando, e que se agrava paulatinamente, é a capacidade do meio ambiente conservar e filtrar essa energia, o que vem causando desequilíbrios aparentemente irreversíveis, que podem comprometer a vida no planeta. A diversidade assegura a resiliência, pois quanto maior a variedade de espécies, maior a chance de adaptação aos problemas enfrentados, pois haverá maior probabilidade de surgimento de indivíduos capazes de suportar condições adversas e consequentemente garantir a preservação. Como resultado, o meio ambiente pode se recuperar dos danos eventualmente sofridos. E finalmente, é importante lembrar, a vida, desde seu início há três bilhões de anos, não conquistou o planeta pela força, e sim através de cooperação, parcerias e trabalho em rede. O contraponto a esta tradição é o ser humano, que insiste em desrespeitar as leis naturais, buscando exclusivamente sua própria satisfação, sem se preocupar com a preservação do mundo que o sustenta. Platão já observou, séculos atrás, que “os homens constroem como se fossem viver para sempre e comem como se fossem morrer amanhã.” Da Grécia clássica até os dias de hoje, essa afirmação só tem se confirmado e agravado, como consequência do desenvolvimento tecnológico e da acumulação de capital. Apenas no final do século XX o ser humano se deu conta de que seu estilo de vida não é sustentável, e existirá um limite para a expansão de seu domínio sobre a natureza. É possível que o quadro já seja irreversível, tal o nível de degradação do meio ambiente, então torna-se mister tomar atitudes para reduzir o comprometimento dos recursos naturais, garantindo pelo menos uma sobrevida que permita que as próximas gerações tomem atitudes corretivas, evitando o colapso do meio ambiente global. Educação ecológica Até aqui, vimos dois conceitos fundamentais para que o homem possa continuar a usufruir do planeta durante um período de tempo razoável: sustentabilidade e pensamento sistêmico. Mas nada disso pode ser alcançado sem a pedra fundamental, que é a educação. Não é possível atingir o objetivo de uma sociedade econômica e ecologicamente sustentável sem um nível avançado de consciência ambiental difundido por toda a população. Se a quantidade de pessoas esclarecidas permanecer por muito tempo diminuta como é hoje, e a maioria esmagadora da sociedade continuar na total ignorância a respeito das questões ambientais mais básicas, não teremos a menor perspectiva de reduzir os impactos ambientais negativos, quanto mais de avançar na mitigação dos danos já causados ao ambiente. O principal meio para atingirmos essa difusão da consciência ambiental é a educação, que deve se dar em todos os níveis, a fim de alcançar todas as estratificações sociais e etárias, em todas as partes do planeta, de modo que sejam viabilizadas ações de espectro amplo, com ampla participação, sem o que dificilmente serão auferidos resultados satisfatórios no processo de recuperação e preservação do ambiente. A educação ambiental, no entanto, não deve se limitar apenas ao período escolar formal tradicional, e sim ser estendida por toda a vida, pois todos nós, mesmo após concluirmos o ensino formal, devemos acompanhar as mudanças ambientais e nos preparar para suas consequências. Assim, o processo educacional deve ser contínuo, iniciando-se em casa, desde a mais tenra idade, e prosseguindo durante todas as fases da vida, tanto na escola como na comunidade, já que as questões ecológicas mudam de acordo com a época e os tipos de problemas e relações do ser humano com o meio ambiente, e a educação deve, consequentemente, acompanhar pari passu todas essas alterações. Assim, é tarefa de toda a sociedade contribuir para o desenvolvimento educacional de seus membros. Os pais, em casa, devem preparar o filho para os conceitos básicos relativos ao meio ambiente, mostrando como respeitar a natureza, evitando poluir o ambiente e desperdiçar recursos importantes, como alimentos e água. A educação fundamental é o alicerce de toda a educação e do aprendizado futuro. A meta da educação formal deve ser suscitar crianças contentes consigo mesmas e com as demais, que se entusiasmem com o ensino e que desenvolvam mentes inquisitivas, que comecem a acumular um acervo de conhecimentos sobre o mundo e adotem um enfoque para buscar um conhecimento que possam usar e desenvolver ao longo da vida. Concomitantemente, durante o processo educacional, a criança deve aprender a fazer, a saber, a ser e a viver juntamente com os outros, pois no futuro viverá em sociedade, interagindo com outras pessoas, de diferentes opiniões e formações, e terá de compartilhar suas experiências e conhecimentos, assim como também aprenderá com aqueles com quem mantiver contato. Uma das provas mais exigentes da educação para o desenvolvimento é ajudar as pessoas a compreenderem e adaptarem-se às mudanças que ocorrem em uma velocidade ainda antinatural para todas as culturas. No século XX, os avanços tecnológicos e suas consequências ambientais foram superiores aos de toda a história da humanidade, o que gerou uma crise sem precedentes, e nenhuma cultura estava preparada para isso, já que sempre houve a crença de que a natureza por si só resolveria todos os problemas, considerando que sempre ocorreu desta forma. Só muito recentemente, após muitos alertas de entidades ambientalistas, os governos perceberam a gravidade da situação, e passaram a pensar a respeito, mas a convicção necessária para tomar atitudes efetivas quanto à questão ambiental ainda se encontra muito aquém do necessário, inclusive no que tange à educação, pois, mesmo onde existe um projeto formal de inserção da educação ambiental no currículo escolar, a prática ainda não apresentou resultados convincentes, o que, em se tratando de tematão significativo, é preocupante, devido às prováveis consequências futuras. Segundo a ONU, em todo o mundo, mais de cem milhões de crianças entre seis e onze anos de idade nunca foram à escola, e dezenas de milhões retiram-se poucos meses ou poucos anos após ingressarem no ensino formal. Existem atualmente cerca de oitenta e oito milhões de adultos analfabetos, a maioria dos quais nunca frequentou uma escola. O acesso à educação é condição sine qua non para uma participação eficaz em todos os níveis da vida do mundo moderno. Neste sentido, é necessário proporcionar meios de progressão aos menos favorecidos, através da educação, para que estes possam acompanhar o restante da sociedade em sua evolução, contribuindo também no processo. Caso contrário, haverá uma multidão de excluídos que, por não compreenderem a importância do meio ambiente para a vida no planeta, não contribuirão para sua preservação, além de, por falta de informação, tornarem-se agentes da degradação ambiental que, por sua quantidade, têm um potencial destrutivo avassalador. Observe-se a quantidade de favelas que ocupam áreas de preservação, que devastam as florestas, poluem o ambiente, contribuem para o desmoronamento dos morros e contaminação dos rios e do solo, geram enorme perda de energia elétrica ao furtar da rede, entre inúmeros outros fatores. Para que o processo de educação ambiental tenha realmente sucesso, é essencial que haja uma inter-relação entre quase todas as disciplinas do currículo, pois a consciência ambiental não pode ficar restrita a uma disciplina específica, já que o tema permeia todas as áreas do conhecimento, e é responsabilidade de todo o sistema educacional trabalhar para que ocorra uma progressão na conscientização da população quanto à temática ecológica. Então, a coordenação pedagógica e os professores devem estar sempre em contato uns com os outros, a fim de trabalharem conjuntamente os temas ligados à ecologia, de forma que os alunos percebam a relação entre as matérias e, fundamentalmente, a importância desta interligação, tomando consciência de um mundo integrado, passando a pensar sistemicamente, e não mais de forma fragmentada. Isso é o que chamamos de “interdisciplinaridade”, termo tão em voga no meio acadêmico atualmente, que tem como objetivo um currículo integrado que valorize o conhecimento contextual, permitindo que sejam elaborados projetos em conjunto por professores de várias disciplinas, mostrando a relação entre as diferentes áreas e como o meio ambiente está integrado em tudo o que diz respeito ao conhecimento e à vida na Terra. Um dos objetivos primordiais dos currículos deve ser o desenvolvimento da cidadania, destacando virtudes morais, motivação e ética, além de capacidade para trabalhar com outros, respeitando as diferenças de cultura e pensamento. Estudos de caráter biofísico e geofísico também são pré-requisitos necessários, mas insuficientes, para compreender o desenvolvimento social. É importantíssimo também focar as ciências humanas e sociais para o desenvolvimento sustentável, solucionando problemas locais na relação homem/meio ambiente. Sem este tipo de enfoque, dificilmente será possível obter resultados eficientes em termos de educação para um futuro sustentável. A educação é essencial para que as pessoas possam usar seus valores éticos a serviço de opções conscientes e éticas. A interdisciplinaridade depende em primeiro lugar da atitude dos educadores e pesquisadores, dos quais depende a eficiência do processo de integração entre as disciplinas e inserção dos temas ambientais nos currículos, de forma integrada e organizada. A luta por uma educação ambiental que considere comunidade, política e transformação, preservação dos meios naturais, que incorpore aspirações dos grupos, que consubstancie lutas efetivas em direção à diversidade, em todos os níveis e todos os tipos de vida no planeta, considerando os universos social, cultural e natural é, indiscutivelmente, a luta por uma nova educação. Não podemos, portanto, nos ater ao estilo de ensino tradicional, em que o professor, onipotente, “permite” que os alunos bebam de sua sabedoria passivamente. A participação dos alunos é fator significativo no desenvolvimento das aulas, por exemplo, e devemos repensar a educação, concebendo formas de aumentar o interesse dos alunos e a eficiência da transmissão dos conceitos. A Conferência Mundial sobre Educação para todos optou por definir a educação em termos de resultados educativos, e não em termos de níveis de instrução, uma vez que os critérios para determinar níveis de instrução podem variar de país para país, além de poderem ser manipulados por governos interessados apenas em autopromoção, sem uma real preocupação com o desenvolvimento educacional de sua população. Já os resultados educativos podem ser aferidos segundo critérios definidos pelo conjunto das nações representadas na ONU, o que permite uma melhor avaliação dos progressos e uniformização das análises. Para os adultos, a educação ambiental focada na sustentabilidade é a chave para estabelecer e reforçar o regime democrático, para um desenvolvimento ao mesmo tempo sustentável e humano, e para uma paz fundada no respeito mútuo e na justiça social. “Ensinar esse saber ecológico, que também corresponde à sabedoria dos antigos, será o papel mais importante da educação no século XXI. A alfabetização ecológica deve se tornar um requisito essencial para políticos, empresários e profissionais de todos os ramos, e deveria ser uma preocupação central da educação em todos os níveis do ensino fundamental e médio até as universidades e os cursos de educação continuada e treinamento de profissionais.” A educação é, em síntese, a melhor esperança e o meio mais eficaz que a humanidade tem para alcançar o desenvolvimento sustentável. Dessa forma, devemos pensar uma pedagogia centrada na compreensão da vida, experiência de aprendizagem no mundo real que supere a alienação da natureza e reacenda o senso de participação, elaborando um currículo que ensine os princípios básicos de ecologia, além de fomentar o desejo de aprender sempre mais, com o intuito de auxiliar na preservação do planeta para que seja aproveitado pelas gerações vindouras. Esta pedagogia deve privilegiar o ecocentrismo e percepção sistêmica da vida. Existe um consenso entre os mais importantes teóricos da educação, entre eles Jean Piaget, Maria Montessori e Rudolf Steiner, quanto ao desenvolvimento das funções cognitivas na criança em processo de crescimento, tanto físico quanto mental. Parte desse consenso é o reconhecimento de que um ambiente de aprendizagem rico, multissensorial é essencial para o pleno desenvolvimento cognitivo e emocional da criança. Quanto à educação ambiental propriamente dita, voltada para o pensamento sistêmico, deve haver uma tentativa de incentivar a busca de significados, procurar dar sentido às experiências. Busca de significados é busca de padrões, e essa é a base do pensamento sistêmico, é o que permite a compreensão do todo e a avaliação dos progressos obtidos ou dos objetivos não alcançados. É fundamental procurar relacionar fenômenos físicos e seus desdobramentos, relações de causa e efeito, realizar experiências que exemplifiquem essas relações. E também deve ser destacada a necessidade de novos saberes para apreender processos sociais que se complexificam conforme o crescimento das populações e riscos ambientais que se intensificam de acordo com o desenvolvimento econômico. A educação ambiental deve, desta forma, passar a ter um caráter formativo, em substituição ao tradicional, informativo, que prioriza o acúmulo de informações, sem perceber que a compreensão do todo é que leva ao desenvolvimento e à apreensão do conhecimento, que depende de todo um processo de acúmulo de experiências, de implicações de causa e efeito,além da interiorização de valores ligados à preocupação com o futuro da humanidade e do meio ambiente. Hoje, a interdisciplinaridade peca pela precariedade e pelo simplismo Um conceito essencial a ser trabalhado com os alunos é a cooperação, que virá concomitante ao desenvolvimento do pensamento sistêmico, pois a criança perceberá que a cooperação resulta em maior facilidade e eficiência na busca de objetivos comuns. Assim, será natural chegar a conceitos como ética, moral e valores, compreendendo a importância da formação do comportamento através de valores ambientalmente e socialmente corretos. Os alunos devem aprender a ter preocupação com questões graves, que representem obstáculos para a construção plena da cidadania, ferindo a dignidade das pessoas e diminuindo, assim, seu nível de qualidade de vida, como o uso indiscriminado dos recursos naturais, a competição extremada visando apenas o lucro pessoal, entre outras. Nas sociedades democráticas, as atividades encaminhadas para o desenvolvimento sustentável dependem, em última instância, do surgimento do interesse público, da compreensão e do apoio da população. Isso é decorrência da educação, o que significa que é necessária a criação de um círculo virtuoso, em que a educação promova essa conscientização, que servirá de estímulo para a continuidade do processo educacional, com o envolvimento da população e a consequente difusão da temática da sustentabilidade. Talvez o maior problema encontrado pelas pessoas que promovem o desenvolvimento sustentável consista em convencer não apenas os que se opõem a suas ideias, mas também aqueles que simplesmente “não querem saber”, que representam fatia significativa da população mundial. Em geral, os ambientalistas são considerados “ecochatos”, que estão mais preocupados com o mico- leãodourado e com as samambaias que com a fome e a miséria. O grande desafio é demonstrar que todos os temas estão interligados, e a sobrevivência da humanidade e a possibilidade de uma justiça social dependem inteiramente da conservação da biodiversidade e da preservação do meio ambiente. Assim como a biodiversidade, o respeito à diversidade cultural e ideológica é essencial para que possamos almejar um mundo economicamente sustentável, porquanto só a diversidade de ideias e opiniões, assim como de referências, pode permitir o surgimento de avanços na área do conhecimento. Neste sentido, é fundamental a troca de experiências entre as diferentes correntes de pensamento, provenientes de variadas culturas e lugares do mundo. A consciência ambiental deve ser fundamentada tendo em vista os 5 “E’s”: ecologia, economia, espiritualidade, ética e educação. É imprescindível compreender que estes cinco aspectos estão intrinsecamente ligados, e um não pode se sustentar sem os outros. Devemos pensar esses fatores sistemicamente, percebendo sua inter- relação e as consequências de sua interação. O habitante de um mundo eminentemente capitalista se preocupa, em primeiro lugar, com a economia, que permitirá o avanço tecnológico que terá como efeito um maior conforto pessoal. Mas esse conforto não será completo e sustentável se não for estendido à maioria da população, pois num quadro de injustiça social os menos abastados tendem a se revoltar e impedir que os privilegiados usufruam de seu conforto pessoal, através de revoltas populares ou aumento nos índices de criminalidade, por exemplo. Para que as riquezas produzidas pela economia sejam permanentes, ou pelo menos durem por um longo tempo, é necessário que a ecologia seja respeitada, já que os recursos para que a economia funcione vêm da natureza, e se estes se esgotarem, a economia entrará em crise. O respeito à ecologia está ligado a uma ética ambiental, que norteará os passos dos agentes no sentido de aproveitar ao máximo os recursos, causando o menor impacto negativo possível. Para que essa ética possa ser difundida, aprimorada e consolidada, o meio mais eficaz é a educação. E, por fim, a espiritualidade é um fator que facilita uma introspecção, através da qual a consciência ambiental pode se instalar no ser humano, permitindo uma maior compreensão desta relação entre os vários enfoques que devemos dar ao ambiente em que vivemos. Além das disciplinas teóricas do currículo escolar, as artes também são um instrumento muito eficaz para desenvolver e refinar a capacidade natural de uma criança de reconhecer e expressar padrões. Com elas podemos ensinar o pensamento sistêmico, além de reforçar a dimensão emocional, cada vez mais reconhecida como componente essencial do processo de aprendizagem. Ao propor à criança a realização de uma obra artística, fomentamos uma série de estímulos, tanto visuais como intelectuais, que em conjunto possibilitarão o planejamento de um objeto, e a criança poderá perceber todas as dimensões que compõem o mesmo, assim como os efeitos de seu resultado. A execução de uma horta escolar também é um projeto perfeito para experimentar o pensamento sistêmico e os princípios da ecologia em ação. Com ela, podemos compreender os ciclos biológicos, visualizando como os nutrientes circulam pelo ambiente, passando pelos estágios de plantio, cultivo, colheita, compostagem e reciclagem, e a cada etapa apreender todos os fatores envolvidos, como qualidade e quantidade de terra, adubo e água necessárias, como os limites de cada elemento, e como qualquer um destes componentes pode significar risco à vida, se utilizado em excesso. O enfoque da educação ambiental deve privilegiar problemas locais, de acordo com a máxima “pensar globalmente, agir localmente”, com o intuito de aproximar os educandos de sua realidade, apresentando a eles uma forma de pensar e solucionar seus problemas mais familiares. Nesse sentido, há uma maior possibilidade tanto de interesse por parte dos alunos como de surgirem soluções apropriadas e exequíveis, uma vez que existe uma chance real de o aluno executar uma ação e verificar suas consequências, coisa improvável em caso de questões que envolvam países distantes ou mesmo o mundo inteiro. Segundo o “Levantamento Nacional de Projetos de Educação Ambiental” dos Ministérios do Meio Ambiente e da Educação e Cultura, apresentado durante a I Conferência Nacional de Educação Ambiental, realizada em Brasília, em setembro de 1997, os temas mais abordados foram locais, enquanto questões metodológicas, avaliação de projetos entre outros temas mais complexos e/ou elaborados foram pouco citados, o que confirma o argumento acima. Ao executar um projeto de educação ambiental, devemos sempre considerar que há envolvimento de interesses, por parte do governo local, das empresas envolvidas e mesmo da comunidade. Estes interesses se mostram comumente conflitivos, principalmente quando se trata de utilização de recursos naturais ou de intervenções que impactem no meio ambiente. Assim, antes da implantação de um projeto nesse sentido, temos de pensar nas estratégias de aplicação das ações educacionais, de forma que atendam à expectativa do público alvo, sem afrontar os interesses das partes envolvidas. Mais à frente, falaremos sobre negociação de conflitos, e essa questão ficará mais clara. Outro ponto muito importante é a complexidade das mensagens. A forma de um projeto educacional deve ser condizente com a realidade do público a que se destina. Não é possível utilizar o mesmo discurso numa sala de aula de pré-primário num bairro de classe média-alta e numa favela. As realidades são muito diferentes, assim como as referências a que as crianças têm acesso. Do mesmo modo, não podemos repetir em uma conferência de empresários a mensagem utilizada com uma associação de bairro ou com um grupo de pescadores. Cada público tem suas próprias referências, de acordo com seu ambiente e suas experiências, e é primordial respeitar essas características. Esse respeito é básicopara que o educador possa ter sucesso no processo de comunicação, que é o início do desenvolvimento educacional. Talvez fosse recomendável fazer uma consulta à população quanto à possibilidade de uma reforma curricular no sentido de priorizar a educação ambiental, repensando toda a estrutura curricular vigente, mas isso só teria efeito satisfatório num cenário em que a população estivesse suficientemente informada a respeito. É ilusório acreditar que em países com baixo nível educacional, como o Brasil, os cidadãos tenham preparo e informação que possibilitem a tomada de decisões a respeito de temas importantes e complexos como a questão da educação ambiental. Em países com essas características, o poder público deve ter consciência e introduzir esta temática nos parâmetros curriculares sem o preciosismo de procurar o referendo do povo. Não se trata de impor autoritariamente um programa de ensino homogeneizador, mas de priorizar questões mais amplas, que demonstrem a importância do pensamento sistêmico, respeitando as peculiaridades de cada grupo social. No Brasil, devido à urgência social, o meio ambiente é sugerido como tema transversal nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ministério da Educação e Cultura, mas trata-se apenas de proposta, os professores não estão obrigados a aceitar, e os temas transversais ainda não são satisfatoriamente valorizados pelo professorado, em parte por causa da falta de formação e informação, em parte pelo comodismo de grande parte dos professores, que preferem continuar com suas aulas tradicionais, que demandam menos trabalho para o preparo, dispendendo, assim, menos tempo e esforço intelectual. Por esses motivos, os governantes devem fomentar o aperfeiçoamento dos professores, oferecendo cursos e bolsas de estudos para que estes estejam sempre em desenvolvimento, tomando contato com as novidades de suas áreas e aprendendo a inovar em suas aulas, além de conhecer novas pessoas e trocar experiências, o que sempre contribui para o autodesenvolvimento e para o crescimento individual, e como consequência, o professor volta para a sala de aula com um novo ânimo para repassar aquilo que aprendeu no curso. Algumas questões que devem ser pensadas pelos educadores ambientais e por seus alunos, e que podem nortear o trabalho educacional no sentido de buscar a participação coletiva: O que cada um entende por educação? O que entende por ser humano? O que entende por cidadania? O que entende por meio ambiente? O que entende por educação ambiental? O que entende por autoconhecimento? O que julga importante para que o ser humano desenvolva a educação ambiental? O que cabe a cada um fazer pela educação ambiental? Atividades práticas devem ser desenvolvidas em paralelo ao ensino teórico, para que haja uma potencialização do aprendizado, pois quando um aluno tem experiências práticas, ocorre um outro nível de compreensão, e isso permite que absorva com maior eficiência e rapidez o que acabou de conhecer. Um bom sinal para a perspectiva de avanços na educação ambiental, e consequente desenvolvimento da conscientização popular, é o fato de, recentemente, muitos órgãos públicos virem desenvolvendo projetos de educação ambiental no Brasil. Além do Estado, várias empresas e escolas estão criando setores e/ou passando a apoiar projetos, surgiram inúmeras ONG’s ambientalistas, multiplicaram- se as iniciativas particulares, alguns financiamentos começam a exigir como contrapartida desenvolvimento de projetos com temática ambiental, e a responsabilidade social e ambiental vem tomando espaço importante dentro das organizações, que percebem que este tipo de atitude pode ser utilizada como propaganda de suas empresas, como consequência do aumento de pessoas preocupadas com este tipo de questão. Um outro aspecto é o crescimento do número de consumidores conscientes, que selecionam os produtos e serviços que irão utilizar de acordo com os selos de responsabilidade social e ambiental. Então, as certificações passam a ter importância no sentido em que o consumidor passa a exigir mudanças na atitude das empresas. “Hoje não seria exagero falar-se em milhares de experiências de educação ambiental em todo o país, atestando a riqueza e diversidade de ações voltadas à proteção do meio ambiente, à melhoria da qualidade de vida, à preservação das espécies e ecossistemas, e à participação dos indivíduos no planejamento e gestão de seus espaços e de seu futuro. (...) Como reforçar estas experiências e a partir delas influenciar na elaboração de políticas públicas?” Além das ações governamentais, entidades privadas também têm se envolvido crescentemente no sentido de incentivar projetos de educação ambiental. A Second Nature, de Boston, por exemplo, é uma organização educacional que colabora com muitas instituições de ensino para tornar a educação para a sustentabilidade parte fundamental na vida universitária. No Brasil, este tipo de incentivo ainda é incipiente, pois as organizações privadas não têm a estrutura necessária para implementar grandes projetos. Entretanto, muitas organizações não governamentais têm se prontificado a dar um suporte aos estudantes, além de realizar projetos em convênios com as universidades. Pensar o ambiente ecologicamente sustentável, atualmente, nos mostra que a “verdade” científica é insuficiente, agora se trata de viver a “aventura do conhecimento”, ou seja, procurar um ousar permanente, que não permita acomodação, que esteja sempre instigando a ampliar e melhorar o conhecimento, já que a natureza e o avanço tecnológico não param de mudar continuamente, e a ciência ambiental deve acompanhar a evolução. É muito importante, quando se estiver pensando a elaboração de um projeto, que anteriormente à apresentação, seja efetuada uma pesquisa, que contenha informação a respeito do projeto, fundamentação técnica, vise um desenvolvimento permanente, preveja aprofundamento durante a execução, além de cruzar temas, o que enriquece o projeto, ao mesmo tempo em que abre a possibilidade de integração com outros projetos, já existentes ou que venham a ser formulados. Existem atualmente diversas correntes do pensamento em educação ambiental, sendo que as principais serão brevemente apresentadas a seguir, ressalvando que não existe uma mais correta que outra, ou mais preocupada com o meio ambiente que as demais. As diferenças de visão são o que anteriormente destacamos como a diversidade de opinião que permite o avanço nas teorias, e que só contribui para a sustentabilidade e o desenvolvimento do pensamento ecológico. Uma das principais correntes é a chamada “conservacionista” que está presente principalmente em países economicamente desenvolvidos, que prioriza a divulgação de impactos ambientais causados pelo atual modelo de desenvolvimento, demonstrando que a utilização excessiva e desenfreada de recursos naturais terá como resultado o colapso dos ecossistemas, e consequentemente dos meios de produção, o que levará à insustentabilidade da economia e à incapacidade da sociedade de se perpetuar. Outra corrente, designada “educação ao ar livre”, é formada principalmente pelos naturalistas, escoteiros, grupos de espeleologia, montanhismo, caminhadas, acampamento etc., e procuram incentivar o turismo ecológico, através do qual acreditam que será possível conscientizar boa parte da população, principalmente os chamados “formadores de opinião”, aqueles que têm condições financeiras de viajar para países distantes, onde os ecossistemas estão bem melhor conservados que em seus países de origem, e retornar passando suas experiências, multiplicando esse novo saber através do fazer cotidiano, individual e social, possibilitando significativas mudanças em seu ambiente, a partir da percepção pessoal. A corrente denominada “gestão ambiental” pauta-se pela resistência a regimes autoritários,embates contra a poluição e as mazelas de um sistema predador do ambiente e do ser humano. Está presente em muitos países do hemisfério Sul, onde é ainda incipiente a conscientização ambiental, países em que é alto o índice de analfabetismo e, consequentemente, baixo o nível de consciência social e ambiental da população. Os adeptos desta corrente visam conscientizar a população do país através de ações locais, e acreditam que as mudanças são possíveis a partir do momento em que haja participação popular, já que a pressão da população é arma importante contra governantes ilegítimos e autoritários, bem como contra empresários mais preocupados em auferir lucros a qualquer custo, sem se preocupar com os riscos ambientais provocados por suas indústrias, mesmo porque geralmente suas matrizes se encontram em países distantes, e caso os recursos se esgotem num lugar, poderão ser buscados em outros países. A última corrente que será aqui apresentada tem duas denominações: “economia ecológica” ou “ecodesenvolvimento”, baseada na geração e difusão de tecnologias alternativas. Esta corrente é formada por grandes empresários e intelectuais conscientes da situação em que se encontra o planeta, e que sabem de seu papel para viabilizar o desenvolvimento sustentável e sociedades sustentáveis. No Brasil, ocorrem algumas dificuldades no processo de desenvolvimento da educação em função das dimensões e diversidade do país, e da falta de tradição de comunicação entre educadores. Isso prejudica a troca de experiências e informações entre as escolas e entidades, que poderiam se aperfeiçoar utilizando experiências alheias. Não se trata de homogeneizar o ensino em todo o país, pois este tipo de educação tende a afastar o interesse do aluno e a se distanciar da realidade local, mas de permitir que, através da troca de informações e experiências, possam surgir novas ideias, que permitirão um melhor aproveitamento do ensino ecológico. A educação ambiental deve ser um instrumento para esse objetivo, evitando ações isoladas, desencontradas, que possam fragilizar as propostas e ações. A seguir, são sugeridos alguns temas e objetivos que devem ser considerados no processo de educação ambiental: Biológicos: proteger, conservar e preservar espécies, ecossistemas e o planeta como um todo; conservar a biodiversidade e o clima; detectar as causas da degradação da natureza, incluindo a espécie humana como parte desta; estabelecer as bases corretas para a conservação e utilização dos recursos naturais. Espirituais/culturais: promover o autoconhecimento e o conhecimento do Universo, através do resgate dos valores, sentimentos e tradições e da reconstrução de referências espaciais e temporais que possibilitem uma nova ética fundamentada em valores como verdade, amor, paz, integridade, confiança, respeito mútuo, responsabilidade, compromisso, solidariedade sincrônica e diacrônica, iniciativa, cooperação, pluralismo, ética, criatividade, afetividade, resistência, participação, igualdade, espiritualidade, diversidade cultural, felicidade e sabedoria, visão global e holística. Políticos: desenvolver uma cultura de procedimentos democráticos; estimular a cidadania e a participação popular; estimular a formação e aprimoramento de organizações, o diálogo na diversidade e a autogestão política. Econômicos: contribuir para a melhoria da qualidade de vida através da geração de empregos nas atividades “ambientais”, não alienantes e não exploradoras do próximo; caminhar em direção à autogestão de seu trabalho, de seus recursos e de seus conhecimentos, como indivíduos e como grupos/comunidades. Debate entre pontos de vista. Fabio Cascino, ao propor uma reflexão sobre os currículos, levanta com muita propriedade a questão da espiritualidade, da importância da paz tanto interior como exterior para que o ser humano tenha condições de lutar por um mundo mais equilibrado. E afirma que “não lutar por esses romantismos pode significar aceitar a barbárie”, pois a mentalidade competitiva do capitalismo, ao ignorar a importância dos valores espirituais, acaba relegando o bem-estar psicológico das pessoas a um plano inferior. Meio ambiente e sociedade No contexto apresentado, fica claro que o homem é o agente de soluções e realizações, tanto quanto das destruições e degradações do meio ambiente. Assim, depende do próprio ser humano conscientizar-se desse fato e tomar as devidas providências para que seja modificada sua atitude em relação às questões ecológicas, possibilitando a tão almejada sustentabilidade. Ademais, não é possível resolver os problemas do meio ambiente a menos que os problemas sociais e econômicos que assolam a humanidade sejam enfrentados seriamente por toda a sociedade organizada, incluídos aí os governos, as grandes corporações e as organizações não governamentais. É essencial, nesta conjuntura, perceber a importância da cultura e do conhecimento como alimentos do crescimento, da liberdade e do desenvolvimento social; valores como humanismo, fraternidade e respeito devem ser adotados como direitos universais, no intuito de contribuir para uma maior coesão da sociedade, em busca de um mundo mais justo socialmente, em que a economia tenha como objetivo o desenvolvimento de toda a sociedade, e não o enriquecimento de alguns privilegiados. Outro aspecto importante é o respeito à diversidade de culturas e etnias, pois, como visto anteriormente, são as diferenças que permitem o aprendizado e o crescimento, através das trocas de experiências e do surgimento de ideias novas e diferentes. Respeitar culturas e modificá-las na medida do necessário, sempre levando em consideração suas particularidades e seu próprio tempo de mudança, para que não haja alterações profundas em um período curto, o que pode gerar traumas e resistências, além da descaracterização daquela cultura. O respeito aos demais seres vivos também deve ser desenvolvido, compreendendo, ao pensar sistemicamente, o porquê de ser e coexistir na natureza, o que, como visto anteriormente, é imprescindível para a continuidade do equilíbrio ecológico, fundamental para que seja possível um desenvolvimento sustentável. Caso contrário, ocorrendo desequilíbrios significativos, dificilmente o ambiente e seus recursos poderão ser aproveitados no longo prazo, lembrando que é da natureza que provêm as matérias primas e recursos naturais utilizados em nosso dia a dia, sem os quais teríamos de alterar de forma importante os nossos hábitos diários, substituindo os produtos consumidos por outros, nem sempre apropriados para os mesmos fins. Outro modo importante de perenizar os recursos naturais é a reciclagem e utilização consciente de materiais e insumos, como forma de preservação e respeito à vida. À medida que reaproveitamos os resíduos dispensados, deixamos de utilizar uma parcela de recursos naturais, que ficará mais tempo no meio ambiente, podendo ter seu uso adiado, além de reduzir a degradação do ambiente ao diminuir a quantidade de lixo, que poderá ser dispensada posteriormente, após reutilização por mais um período. A sociedade tem um sério problema com a geração de energia, da qual toda a produção industrial e o conforto doméstico dependem. Nesse sentido, é essencial desenvolver formas de energia que sejam sustentáveis, levando em conta que as formas de geração de energia mais utilizadas hoje em dia são, além de rapidamente esgotáveis, extremamente poluentes, o que prejudica em muito a sustentabilidade do planeta. Desenvolvendo alternativas sustentáveis, que poluam em menor escala e que tenham menor risco de se esgotar, estaremos contribuindo para uma melhor qualidade de vida, ao reduzir a poluição atmosférica ao mesmo tempo em que ampliamos a vida útil dos recursos energéticos, e reduzimos os riscos de crises na geração de energia. A comunidade, para que hajapossibilidade de justiça social, deve se tornar solidária, as boas ações em grupo podem mudar situações dramáticas em melhores oportunidades para construir um futuro melhor. Se todos pensarem no interesse coletivo, todos lucrarão, pois, o ambiente urbano tenderá a se tornar mais habitável para todos os seus habitantes. As melhores maneiras de conseguir mudanças importantes são o exemplo e o trabalho, pois a partir da observação daqueles que se preocupam com o coletivo, existe a chance de os outros perceberem as vantagens, principalmente espirituais, pois as atitudes do altruísta geralmente são mais pensadas, dificilmente ele toma decisões precipitadas, sob estresse. Aqueles que têm consciência disso são os potenciais formadores de opinião, que podem contribuir com a coletividade ao demonstrar as vantagens de se pensar no todo, priorizando a convivência harmônica em detrimento de seus interesses privados, que não trarão satisfação se não estiverem acompanhados de um ambiente salutar e agradável. A partir do momento em que alguém percebe esse tipo de relação causa/consequência, passa a mudar suas atitudes em relação à coletividade e ao seu cotidiano, aprendendo a respeitar as opiniões dos outros e a contribuir melhor para o conforto dos que estão ao seu redor. Toda aprendizagem é fundamentalmente social. Cada indivíduo está necessariamente inserido em um sistema social, em uma comunidade. Parte de nossa identidade depende de laços que tentamos estabelecer na comunidade e boa parte de nossa aprendizagem depende das comunidades a que pertencemos. Os desafios intelectuais e as experiências devem ser realmente vivenciados, e não apenas verbalizados. “Até muito pouco tempo, o planeta era um vasto mundo no qual a atividade humana e seus efeitos podiam ser agrupados em nações, em setores com amplos campos de interesse (ambiental, econômico, social). Atualmente essas categorias começaram a dissolver-se. Isso se aplica, em especial, às diversas “crises” mundiais que despertaram a preocupação pública. Não se trata de crises isoladas: crise ambiental, crise do desenvolvimento, crise energética. Trata-se da mesma crise”. É necessária a colaboração e associação de todos: indústrias, empresas, organizações de base, população em geral, para elaborar políticas ambientais factíveis, que tenham condições de sair das salas de reuniões e serem verdadeiramente implantadas na prática. Para isso, é necessário o envolvimento e a conscientização de todos os setores da sociedade, pois são eles os responsáveis pela viabilização e realização das ações ambientais. Deve ser atentada também a complexidade dos discursos e das ações, pois informações truncadas ou aparentemente incoerentes podem causar falta de credibilidade, e inviabilizar a correta implementação de ações que, após muita discussão, pareciam perfeitamente adequadas e planejadas. Os maiores obstáculos para uma sociedade justa e equilibrada são a fome e a pobreza, causadas em geral pela má distribuição de renda. Mas como é possível mudar isso? Em primeiro lugar, em se considerando o atual panorama mundial, não existe escassez de alimentos. Se fosse distribuída toda a produção mundial de alimentos pela população do planeta, haveria alimento para todos em quantidades recomendadas pela Organização Mundial de Saúde. Então, qual é o problema? Por que existem países onde grande parte da população passa fome ou vive na miséria? Mais uma vez voltamos para a questão da desigualdade social, em que uns poucos têm alimento e recursos em abundância, e por isso desperdiçam os recursos excedentes, e a maior parte da população tem de se contentar com migalhas, pois não têm recursos próprios para sustentar-se. Para que o desenvolvimento sustentável seja possível, é essencial que a população tenha esclarecimento e passe por um processo de formação de responsabilidade individual, a fim de que cada um compreenda seu papel no todo, e de responsabilidades coletivas, para perceber como é possível trabalhar em conjunto visando objetivos comuns. Isso é tarefa, principalmente, do sistema educacional, e devemos ter sempre em mente que, em qualquer nível, o comportamento individual deve ser respaldado pela política pública, que deve fornecer condições para que o indivíduo possa executar seu papel no todo. Por exemplo, se um cidadão se propõe a reciclar seus resíduos, o poder público deve providenciar local apropriado para a disposição, transporte, sistema de coleta etc., devemos ter em mente que participação sem consciência não transforma nada, ou seja, não adianta mobilizar a população em projetos de reciclagem de lixo ou redução do consumo de energia sem deixar bem claro quais são os reais motivos destas atitudes. Tomemos o exemplo do “apagão”, em que a população brasileira se mobilizou, economizou energia, mas não porque tivesse se conscientizado da crise ambiental, da falta de água disponível para a geração de energia, mas porque o Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1987 governo as “obrigou” a cumprir uma meta de consumo, para obter desconto nas contas mensais de energia elétrica, sob risco de ter o suprimento de energia interrompido em caso contrário. Passado o risco de colapso no sistema, ninguém mais se preocupou em continuar poupando energia ou água, pois aparentemente o problema está definitivamente solucionado. As empresas devem buscar a ecoeficiência, ou seja, o aumento do valor agregado das atividades, com redução de uso dos recursos e das repercussões no meio ambiente. Isso se torna possível a partir do momento em que se inicia um planejamento e se elaboram estudos para viabilizar os projetos. Deve-se reestruturar produção e consumo para satisfazer melhor as necessidades básicas de todos, de forma ecologicamente responsável, visto que não é possível desenvolvimento sustentável sem um mínimo de justiça social. Para isso, também é imprescindível reduzir as disparidades sociais e econômicas, buscando formas de distribuir as riquezas produzidas, além de moderar o crescimento demográfico, pois não adianta incrementar a produção se a população continua crescendo desreguladamente, e o que é mais preocupante, as maiores taxas de crescimento ocorrem nas camadas mais carentes da população. O resultado é que, a cada geração, as desigualdades sócio- econômicas tendem a se agravar, na medida em que os mais favorecidos economicamente têm índices de fecundidade cada vez menores, ao contrário do que ocorre entre os mais necessitados. Os que têm condições de propor e induzir mudanças, como governos, organizações internacionais, instituições científicas e universidades, têm de sacudir a inércia e evitar a tentação de recorrer a soluções parciais e de curto prazo, sem se deixar levar pelo comodismo, que na maioria dos casos, ao negligenciar possibilidades mais apropriadas e elaboradas, gera resultados insatisfatórios, quando não deletérios, para o meio ambiente. Os projetos adotados dependem também de continuidade, já que está em jogo a viabilidade do planeta, e se tivermos de conviver com mudanças de projetos e rumos a cada governo de turno, estaremos fadados à ruína em termos de sustentabilidade. Essa responsabilidade também deve ser repassada às gerações futuras, que terão a obrigação de tomar para si essa consciência e preservar toda a estrutura que receberem, para no futuro poderem reencaminhar um planeta com condições de aproveitamento no longo prazo. Devemos considerar a “Ética do tempo”, um imperativo moral de atuar antes de chegar a uma situação irreversível, pensando sempre com antecipação, para que seja possível uma atitude de prevenção, evitando que as crises venham a ocorrer. Quando prestamos atenção nos avisos que a natureza nos dá, podemos perceber que algo está errado, e tomar atitudes corretivas antes que o problema se agrave a ponto de se tornar crítico.Com a tecnologia atual, muitos dos desastres ambientais podem ser evitados com ações preventivas, através da percepção dos sinais emitidos pelo ambiente, como alteração do comportamento de certas espécies animais, alteração nos ciclos biológicos de plantas, variações no microclima, entre muitos outros. Experimentação e inovação são as palavras de ordem na busca de soluções adequadas para o desenvolvimento sustentável. É preciso “fazer mais com menos”, ou seja, aproveitar ao máximo os recursos, produzindo o melhor resultado possível, gerando o mínimo de resíduos. A lógica capitalista se baseia na competição, no individualismo, na produção em série e no consumismo. Isso vai totalmente contra a ideia de sustentabilidade, pois nessa lógica os recursos se esgotam rapidamente, tornando-se necessário buscar os recursos necessários cada vez mais distante do local da produção, ou mudar toda a estrutura para um novo local onde haja recursos disponíveis. Muitas sociedades nômades viviam muito bem com este tipo de sistema, mas a natureza se incumbia de recuperar os recursos após um tempo sem sua exploração. No ritmo da produção industrial da atualidade, não há tempo para a recuperação da natureza, e a consequência disso é o esgotamento total dos recursos, impossibilitando a reposição. Para que possamos nos dedicar à busca de um futuro social e ambientalmente sustentável, antes de tudo devemos confiar em mudanças de comportamento e de atitudes básicas dos seres humanos, que serão o princípio de um planejamento para tornar o futuro melhor. Temos de repensar a percepção que o homem tem de si próprio, em todos os aspectos: físicos, psicológicos e sociais, até envolvimento e responsabilidade com o outro e a natureza. De que forma atitudes e comportamentos criam culturas e hábitos capazes de definir destinos em uma escola, que interfere em outros ambientes formando uma rede, considerando que a criança leva o que aprende na escola para casa, para o clube etc., de casa, os pais levarão esse novo conhecimento para o trabalho, para o lazer, os colegas retransmitirão a outras pessoas, e assim por diante. E a rede está formada, tendendo a se expandir exponencialmente, na medida em que houver uma interiorização dos conceitos ambientais, e uma consequente conscientização que se difundirá por toda a rede. Deve ficar claro para todos os agentes sociais que pequenas interferências no ambiente podem gerar grandes repercussões. A inserção de uma espécie estranha ao ambiente pode gerar um desequilíbrio com potencial para dizimar inúmeras outras espécies, da mesma forma que a extinção de uma espécie, ou a alteração repentina da população. Impactos negativos de problemas ambientais são, em grande parte, resultado de precariedades dos serviços e omissão do poder público, assim como de descuido e omissão da população, que em geral sofre com a desinformação, falta de consciência ambiental e déficit de práticas comunitárias baseadas na participação popular e envolvimento dos cidadãos. Para alterar este quadro, é imperativo que os governos e as entidades invistam em projetos que levem a uma verdadeira transformação social, que permita à população a educação e a informação necessárias para reverter a grave situação em que se encontra o nosso meio ambiente. A população tem de perceber que os recursos naturais são esgotáveis, e o principal responsável pela degradação do ambiente em que vivemos e do qual dependemos é o homem, e apenas ele próprio tem o poder de mudar este quadro. É mister, então, que todos se conscientizem do conceito de cidadania, que está intimamente ligado ao pertencimento e identidade numa coletividade, o que pressupõe respeito às normas vigentes nessa coletividade, cooperação no sentido de manter o funcionamento da mesma, através de atitudes comprometidas com o todo, abdicando de alguns desejos individualistas que são potencialmente causadores de instabilidades na ordem à qual a comunidade está adaptada. Desta forma, os cidadãos devem ter comprometimento com a vida, o bem-estar de cada um, buscar sempre o caminho da negociação para solucionar e gerir os eventuais conflitos que possam surgir. Nesse sentido, mudanças no estilo de vida ou modalidade de consumo são essenciais para que possamos caminhar em direção a um futuro sustentável. É fundamental repensar as principais questões urbanas: poluição do ar, saúde pública, transporte sustentável, resíduos sólidos, consumo consciente, políticas públicas, ecoturismo, esgotamento sanitário, doenças de veiculação hídrica, uso e ocupação do solo, impermeabilização do solo, quantidade e distribuição de áreas verdes... Lixo é matéria-prima proveniente principalmente de recursos não-renováveis, e pode causar impactos negativos ao meio ambiente. A produção provoca custos financeiros e energéticos. O homem joga o lixo longe do alcance dos olhos, mas não fora do ambiente. Todo material disposto, mesmo que distante das aglomerações urbanas, retorna, de alguma forma, ao dia-a-dia das pessoas. Ou através da poluição do ar, do solo, ou do lençol freático, ou por meio de vetores, como ratos, baratas, insetos, ou mesmo diretamente, via enchentes, por exemplo. Então, dispor os resíduos não é solução para o problema, apenas adiamento (com provável agravamento) da questão. Desta forma, a mentalidade de afastar o lixo o máximo possível da vista deve ser substituída pelo pensamento de reduzir ao máximo a criação de resíduos, reaproveitando o que for possível e realizar tratamento de forma a tornar estes resíduos as mais biodegradáveis possível. A Agenda 21 propõe reduzir a geração de resíduos, reciclar, realizar o manejo sustentável dos recursos naturais e reduzir o desperdício. Reciclagem e coleta seletiva do lixo são opções de redução deste problema, e ainda permitem geração de renda com inclusão social, pois os mais beneficiados são os que têm baixa renda. É viável, assim, gerar renda à população carente sem poluir ou danificar o meio ambiente, e melhor, reduzindo os níveis de poluição. Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba mostram como é possível implementar políticas públicas contemplando o meio ambiente. Nestas capitais, foram implantados projetos de coleta seletiva de lixo, programas de educação ambiental, sistemas de zoneamento que respeitam e recolocam convenientemente as áreas verdes, transporte público eficiente e menos poluente, sempre pensando na qualidade de vida da população. Isso também serve de estímulo às empresas instaladas nestas cidades e arredores, que desenvolvem, por sua vez, formas de reaproveitamento dos resíduos e redução do desperdício. A FIAT, em Minas Gerais, é a única empresa do Brasil que recicla isopor, um dos grandes vilões do meio ambiente, por ser de difícil absorção pelo ambiente, e por se tratar de um processo dispendioso, que demanda enormes quantidades de material para ser viável economicamente. Então, é possível perceber que, para viabilizar o crescimento ecologicamente sustentado nas grandes cidades, é necessária a sensibilidade política dos governantes. Estes devem providenciar a capacitação de agentes governamentais e voluntários, que terão a função de multiplicar a informação e as ações ambientais, a fim de conquistar o engajamento da população, peça fundamental na transformação da cultura sócio-ambiental. Os governantes também devem procurar estabelecer parcerias com setores da sociedade civil, com co-responsabilização na condução das iniciativas. Podemos concluir, então, que existem várias alternativas para a gestão de resíduos sólidos, entre elas: coleta seletiva de lixo, formação de cooperativas de reciclagem, participação de indústrias, escolas e ONGs, troca de material reciclável por mudas de árvores, incentivando a arborização urbana, aumentar a vida útil dos aterros sanitários, estabelecer incentivos fiscais para as construtorasque desenvolverem tecnologia de reciclagem de entulho, produzir e comercializar adubo orgânico a partir da poda de árvores e resíduos de restaurantes e lanchonetes. Os principais resultados são visíveis em pouco tempo: catadores saem do lixão, aumenta a possibilidade de recuperação ambiental da área do depósito de lixo, reduz- se a produção de resíduos sólidos e consequentemente o risco de contaminação ambiental, e é possível até gerar renda através deste tipo de iniciativa. Outro caminho que deve ser contemplado pelos governos é criar incentivos econômicos à preservação e recuperação de áreas degradadas, como descontos no IPTU para áreas florestadas, reflorestadas e agriculturáveis, com o objetivo de potencializar a preservação e indução de atividades compatíveis com os mananciais. Como também é imprescindível a conscientização da comunidade sobre a importância da preservação dessas áreas, para que o trabalho não seja em vão. Um caminho importante para atingir estes objetivos é o fortalecimento institucional das Secretarias do Meio Ambiente e suas estruturas, criação de conselhos municipais do meio ambiente, capacitação e cadastramento de agentes voluntários de proteção ambiental, assim como definição de políticas e uso dos recursos com participação comunitária. Deve ocorrer, também, um permanente exercício de observação dos problemas, construção de propostas de intervenção, avaliação de erros e acertos, retorno de resultados e alimentação de novas leituras para constituição de outras ações, com participação dos diversos agentes envolvidos. Algumas posturas são fundamentais para o poder público: 1- compartilhar o poder de decisão, respeitando a realidade local instituída e reconstruída a partir de referenciais socioambientais; 2- aprender a planejar a partir de referenciais fornecidos pela sociedade, podendo contar com sua participação na construção e realização do sonho. O projeto “Observando o Tietê” é um programa de educação ambiental que, através do monitoramento da qualidade da água, demonstra a importância de se preservar o rio, e as consequências de sua poluição. Este programa é desenvolvido em cerca de 50 municípios ribeirinhos, envolvendo a população na discussão da recuperação e preservação da bacia hidrográfica do Tietê, rio que atravessa boa parte do estado de São Paulo e que se encontra extremamente poluído, principalmente na Região Metropolitana. Formam-se grupos de ação ambiental, escolas, entidades ecológicas, grupos de escoteiros, igrejas etc., e a Fundação SOS Mata Atlântica é responsável por oferecer os recursos técnicos e metodológicos para a coleta e análise da água. A população determina as prioridades ambientais de cada região, através de caracterização por percepção, após discussões e análises em que tomam parte todos os envolvidos. Além da poluição dos corpos d’água, outro grave problema enfrentado pelas populações urbanas é a poluição do ar. Quase 80% dos brasileiros vivem atualmente em cidades, e nessas aglomerações urbanas existe um excesso de individualismo, e uma consequente falta de consciência de cidadania. Cada um se importa apenas com o seu próprio conforto, sem a menor preocupação com seus concidadãos. Assim, cada indivíduo considera ter um veículo automotor para se locomover condição básica para a vida na cidade, uma vez que o transporte público é insatisfatório, além de um carro ser muito mais confortável, e não fica na dependência de itinerários. Isso até pode ser considerado verdade, até o ponto em que a excessiva quantidade de veículos passa a atrapalhar o trânsito mais do que permite a locomoção mais rápida. Chegamos então a uma situação em que, apesar de os veículos terem um potencial para desenvolver velocidades altas, levando-nos a nossos destinos cada vez mais rapidamente, não conseguimos passar dos vinte quilômetros por hora devido ao trânsito engarrafado. Se todos tivessem consciência de que, utilizando o transporte coletivo, todos seriam beneficiados, pois tanto os automóveis como os ônibus poderiam se locomover com maiores velocidades, e seriam reduzidos os congestionamentos. A Operação Rodízio, implantada pela SEMA12 desde 1995, foi muito importante porque levantou o debate sobre trânsito, poluição e cidadania na cidade de São Paulo. Praticamente toda a sociedade paulistana participou de discussões sobre o tema, que levantou realmente a importância da cidadania, mostrando à população da cidade de São Paulo a importância de preservar o ar que é respirado diariamente por todos os habitantes da metrópole. E um dos caminhos foi a redução da quantidade de veículos automotores em circulação nas ruas, através do rodízio de placas. No início, era implantado apenas em momentos críticos, principalmente no inverno, quando aumenta a probabilidade de inversão térmica e a qualidade do ar piora significativamente. Depois, foi estendido a quase todo o ano, com exceção do período de férias escolares, quando naturalmente diminui o número de carros em circulação, pois muitos paulistanos estão viajando. A questão passou a não ser mais exclusivamente poluição do ar, mas se estendeu ao trânsito, que tem a cada dia inviabilizado mais e mais o deslocamento através da cidade. Mas o maior problema do excesso de carros nas ruas não é o trânsito. A poluição gerada por essa quantidade de veículos, é de cerca de 90% de toda a poluição (basicamente gases poluentes e partículas) atmosférica, principalmente com o trânsito congestionado, torna-se responsável pela péssima qualidade do ar que as pessoas são obrigadas a respirar diariamente. Isso somado à grande concentração de indústrias nas regiões mais urbanizadas (a Região Metropolitana da Grande São Paulo tem aproximadamente 50 mil indústrias: 1250 são responsáveis por 90% da poluição emitida pelo parque industrial, o que denota falta ou ineficiência de fiscalização por parte do poder público) e às condições climáticas desfavoráveis à dispersão de poluentes, também estas decorrentes da poluição crescente da atmosfera, torna o ar das grandes cidades praticamente irrespirável, causando muitas doenças respiratórias como bronquite, asma, enfisema, infecções pulmonares, conjuntivite química, lacrimejamento e agravamento de sintomas cardíacos, além de tumores e alterações a nível genético. Essa poluição também é causadora de um fenômeno atmosférico conhecido como inversão térmica, além de contribuir para o aquecimento global, conhecido como efeito estufa. Enquanto o poder público der pouca prioridade para transporte coletivo, continuar mantendo poucas áreas verdes, além de permitir o adensamento da urbanização, dificilmente haverá perspectiva de melhoria na qualidade do ar nas grandes cidades. Por outro lado, devido à evolução da legislação ambiental, cada dia mais restritiva, as indústrias têm reduzido as emissões de gases poluentes, e isso tem contribuído para uma desaceleração dos níveis de poluição atmosférica nas grandes cidades. Conflitos ambientais A questão ambiental é conflitiva por si só, uma vez que lida com interesses geralmente inconciliáveis, por se tratar de recursos imprescindíveis à vida e ao desenvolvimento econômico. Os recursos naturais podem ter várias utilidades, de acordo com a necessidade daqueles que os utilizam. Os maiores problemas ocorrem quando existem vários interessados em fazer uso do mesmo recurso, mas com formas diferentes. Existe uma séria dificuldade em determinar regras claras e que atendam às reivindicações de todos os envolvidos no conflito. Tomemos um rio como exemplo. Uma população pode utilizá-lo como fonte de abastecimento de água para as residências. Uma indústria pode necessitar dessa mesma água para refrigeração de caldeiras, o que demandaria grande volume, ou o governo pode utilizá-lo para geração de energia, o que exigiria a construção de uma represa, com consequentes desapropriaçõese alterações importantes no meio local. Ou ainda, um clube poderia utilizar o rio para a prática de esportes. Um agricultor para irrigar sua plantação. Um criador, para dessedentação de seu rebanho. Isso entre outras inúmeras opções. Como decidir qual o uso mais apropriado para este rio? Quem decide a respeito? Este tipo de questão está presente em quase todo tipo de ambiente, a respeito de quase todo tipo de recurso natural. Conflitos ambientais, então, são uma constante onde quer que haja um grupamento humano. Sua origem histórica remonta aos movimentos sindicais, onde ocorrem as disputas entre capital e trabalho, e entre sociedade e poder público. Assim como nos conflitos de ordem sindical, para solucioná-los é necessário que haja negociação, pois nem sempre é possível satisfazer a todas as partes. Toda negociação de conflitos ambientais deve se iniciar com a análise de todos os interesses envolvidos, e a informação a respeito deve ser repassada a todas as partes (sociedade civil, indústria, poder público, entidades). A partir daí, será possível encontrar eventuais pontos de interesse comum, pensar em alternativas para colocar projetos em prática e analisar as diferenças buscando, se possível, um consenso em torno das mesmas. Alguns dos maiores custos ambientais estão embutidos nos modelos agropecuários mais utilizados atualmente, como monoculturas, e mecanização intensiva, que causam significativa perda da biodiversidade, erosão do solo, degradação de bacias hidrográficas, assoreamento dos rios e esgotamento do solo, que se torna infértil em pouco tempo, necessitando cada vez mais de fertilizantes químicos para manter a produção, o que também contamina o solo e os lençóis freáticos. Este tipo de cultura também tem um importante efeito socioeconômico: à medida que a mão de obra se torna dispensável, ocorre o êxodo rural, que contribui para a concentração da população nas áreas urbanas, reduzindo as perspectivas de distribuição de renda, pois pessoas que tinham emprego na agricultura passam a ser desempregados na cidade, e os grandes agropecuaristas cada vez concentram mais riquezas. No ambiente urbano, as principais questões são a relação entre infraestrutura e integração regional. Primeiramente a demanda por energia, que gera uma disputa sobre a produção, o uso e a conservação da energia disponível, conflito que envolve vários setores da economia e da sociedade. Devido a essa disputa, é necessária a intervenção governamental na definição dessas questões, por se tratar de recurso essencial para todas as atividades urbanas, desde habitação até indústria de ponta. As prefeituras devem pensar na possibilidade de redirecionamento dos transportes públicos, com o objetivo de reduzir o uso de transporte individual, pois, como já foi apontado anteriormente, é uma questão crítica nas grandes cidades. O grande conflito ocorre entre os proprietários de veículos e a população em geral, que depende do transporte público. Os primeiros acreditam que têm a prerrogativa de se locomover livremente, quando quiserem e na velocidade que quiserem, o que é uma ilusão, a partir do momento em que o espaço ocupado pelos carros se aproxima do espaço existente para o deslocamento. Se apenas uma parcela dos motoristas de automóveis particulares percebesse as vantagens de se utilizar transporte coletivo, uma vez que a probabilidade de congestionamentos diminuiria, diminuindo também o tempo parado no trânsito, haveria uma grande chance de melhoria neste tipo de transporte, pois a exigência dos formadores de opinião pressionaria as autoridades a tomarem atitudes nesse sentido. Outra questão muito conflitiva é a emissão de resíduos. A maioria das indústrias gera uma quantidade significativa de resíduos, tanto sólidos, como por exemplo embalagens, aparas e sobras de material, como líquidos, que são dispostos geralmente junto com o esgoto, e gasosos, através da fumaça expelida pelas chaminés. A redução da geração desses resíduos tem custo alto, pois significa investimento em tecnologias e não gera retorno financeiro direto. Assim, fica difícil convencer um industrial a reduzir suas emissões. Se uma indústria não trata seus resíduos, a população a seu redor sofre com isso, pois ocorre mau cheiro, poluição do solo, contaminação das águas e de eventuais hortas que estejam próximas. Além disso, o ar também fica poluído, e aumenta a incidência de doenças. Este tipo de conflito normalmente é mediado pelo poder público, através da legislação e da fiscalização. Os governos sempre devem propor políticas compensatórias para poder negociar com os grandes empresários e com a população, a fim de obter acordos com os quais todos os envolvidos concordem. Isenção ou descontos em taxas e impostos é uma alternativa bastante comum para convencer ambos os lados a aceitar medidas de controle da poluição. Por outro lado, em caso de desrespeito à legislação ou aos termos acordados devem ser aplicadas medidas punitivas severas, para que não ocorram reincidências. O princípio do poluidor-pagador é uma punição bastante adotada atualmente, em que podem ser aplicadas pesadas multas pecuniárias aos infratores, ou adoção de medidas mitigadoras a fim de recuperar áreas degradadas ou criar áreas de preservação, por exemplo. As penalidades devem, na medida do possível, ser proporcionais aos danos causados ao meio ambiente. Mas a adoção de medidas contra os poluidores ou para preservação ecológica são tarefas para toda a sociedade, não apenas para os governantes. A população deve estar preparada para agir positivamente na preservação dos recursos naturais e na denúncia de irregularidades. A participação comunitária também é elemento chave na proteção de Unidades de Conservação, que foram criadas quando as pressões sobre os ambientes naturais se tornaram sem controle. Seu objetivo principal era afastar o humano, considerado o “vilão” causador de todos os impactos ambientais negativos. Como os recursos naturais são escassos, é necessário o apoio de toda a população na criação e no gerenciamento das Unidades de Conservação. Estas se tornaram “ilhas de vida”, pois são os locais onde acaba se concentrando a biodiversidade remanescente da ampla destruição dos ambientes naturais, causada por invasões, desmatamento, extração de produtos naturais, atividades agrícolas, mineração, especulação imobiliária, caça, pesca e até lazer descontrolado. Para que a população possa contribuir nesta preservação, é fundamental trabalhar valores ambientais, como foi explicitado no capítulo sobre educação ambiental. Faz-se necessária, então, uma mudança significativa de comportamento e atitude social. As pessoas devem ter oportunidade de experimentação direta com o meio, o que pode motivar interesse e integração com o ambiente, e desenvolver a consciência ambiental. Para efetivar o controle das Unidades de Conservação, primeiramente deve ocorrer a identificação de problemas e busca de soluções, o que deve ser analisado por todos os envolvidos, sem esquecer a valorização de culturas regionais e o respeito à diversidade de ideias. É primordial deixar claras as finalidades da proteção da área, e promover o engajamento dos moradores locais em todas as fases do projeto. É importante ressaltar que compartilhar resultados leva à reflexão sobre o trabalho e à recriação de conceitos e modelos. Com isso, vêm a conscientização, o conhecimento, a mudança de comportamento, o desenvolvimento de competências, a capacidade de avaliação e participação dos envolvidos. Outro conflito, este de âmbito mundial, é a questão recursos naturais versus tecnologia industrial. Em geral, temos um quadro em que os países do hemisfério sul, basicamente aqueles em que há menor desenvolvimento econômico, detêm a maior parte da biodiversidade do planeta. Por outro lado, os países do hemisfério norte detêm a indústriafarmacêutica, ou seja, a tecnologia para transformar a biodiversidade em produtos utilizáveis pelas pessoas de todo o mundo. A grande questão é quem tem os direitos sobre as matérias-primas e sobre os produtos, e qual o valor financeiro. A indústria tem o poder de retirar espécimes endógenos sem pagar por isso? Além do que, existe a indústria do tráfico, em que são retirados clandestinamente espécies da floresta e encaminhados para os grandes laboratórios, o que, além de desrespeitar a soberania local, ainda prejudica o meio ambiente, contribuindo para a exploração de materiais escassos e para a invasão das poucas áreas preservadas ainda existentes. Um dos principais conflitos deste início de século XXI é a questão da água, a qual será tratada mais detidamente no próximo capítulo. A distribuição de água no planeta é muito desigual. Alguns países, como o Brasil, têm abundância deste recurso natural, que pode ser utilizado com vários fins, como gerar energia elétrica através de usinas hidroelétricas, abastecimento da população, resfriamento de caldeiras industriais entre outros. Por outro lado, alguns países, como os do norte da África e os do Oriente Médio, sofrem com a escassez deste recurso. Isso pode, em médio prazo, gerar um conflito mundial pelo controle e uso da água. Hoje em dia, em muitos lugares, já se pratica o reuso da água esgotada, que sofre um tratamento para que possa ser utilizada em atividades menos nobres, como rega de jardins, lavagem de ruas e prédios etc., mas isso talvez não seja suficiente para acabar com o risco de uma crise no abastecimento mundial, principalmente considerando que não se trata de um bem renovável, já que a água existente hoje no planeta é a mesma desde sua formação, e quanto maior a quantidade de água poluída, menor a quantidade de água potável. Água Foi reservado um capítulo especialmente para a água por se tratar do principal tema ambiental, e por representar um exemplo da forma como um tema pode ser abordado no processo de educação ambiental. Não existe vida na Terra onde não existe água, por menor que seja a quantidade. Todos os seres vivos conhecidos se adaptam à disponibilidade e às características da água existente em seu ambiente natural, mas nenhum deles consegue sobreviver sem este, que é o principal componente do corpo de todos os animais e vegetais que habitam o nosso mundo. Inclusive, o tema da Campanha da Fraternidade promovida pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em 2004 foi “Água, fonte de vida”, demonstrando como a importância deste bem inestimável transcende o ambiente científico. Compreender o ciclo hidrológico é fundamental para que o ser humano possa respeitar o meio ambiente e os ciclos biológicos. É preciso ficar claro que a água não se reproduz, apenas muda de forma, de acordo com o momento do ciclo. Como dito anteriormente, dependemos hoje da mesma quantidade de água de milênios atrás, mas a disponibilidade se reduz no mesmo passo em que aumenta a poluição das águas. Os seres humanos e seus ancestrais, desde sua aparição na superfície do planeta, tendem a se concentrar na periferia dos corpos d’água, assim como a grande maioria dos mamíferos. É essencial para a sobrevivência que haja água à disposição, o que levou os primitivos a viver sempre nas proximidades dos rios e lagos. Quando desenvolveu tecnologia para se fixar a um terreno, deixando de ser caçador/coletor, o homem procurou locais onde houvesse água em abundância, para poder se abastecer, irrigar a terra e dessedentar os animais. Assim puderam surgir as primeiras cidades, das quais se originaram as aglomerações urbanas. Na mesopotâmia foi originado o gerenciamento das águas, que permitiu a chamada revolução agrícola, com o surgimento de tecnologias de irrigação do solo e transporte de água. Assim, o ser humano desenvolveu tecnologias para levar a água onde era preciso, pois ficava cada vez mais difícil ir até o local onde a água se encontrava, devido à disputa por territórios mais próximos aos mananciais. Com essa tecnologia, o homem pôde ocupar terras mais distantes dos rios, e desse modo aumentar a área das cidades. Por volta do ano zero, durante o auge do Império Romano, foi construído o aqueduto “Via Appia”, com 90 km de comprimento, que tinha capacidade para abastecer cerca de um milhão de romanos. No Egito antigo, foram desenvolvidas técnicas de tratamento de água semelhantes ao que hoje conhecemos como flotação e coagulação, isso há mais de 4000 anos. O resultado foi que aumentou muito a capacidade de reprodução e sustentação das comunidades, e isso levou a um crescimento populacional nunca antes visto. E então, com a concentração urbana, vieram os problemas sanitários. As aglomerações geravam uma grande quantidade de resíduos, que eram dispostos nas proximidades das cidades ou jogados in natura nos corpos d’água. Isso veio a causar disseminação de doenças, poluição, contaminação do solo, proliferação de pragas, entre outros muitos problemas. A escassez de água, causa do excesso de pessoas nas cidades distantes dos corpos d’água, e a falta de saneamento, vieram a causar uma série de doenças devastadoras, que reduziram significativamente a população da Europa. Ironicamente, esta foi chamada de “idade da água”, por ser um período em que foram muito utilizadas as navegações interiores, para transporte de produtos comerciais. Nos anos 1900 d. C., ocorreu a revolução industrial, com forte urbanização e êxodo rural, adensando ainda mais as cidades já superpovoadas. Com a superpopulação, ocorreu a globalização da poluição e o aumento da contaminação, que atingia principalmente as camadas mais pobres da população, os trabalhadores que viviam em condições subumanas, e se proliferavam em excesso, e por isso foram chamados de proletários. Quando o homem percebeu a gravidade daquela situação, começou a preocupação com a educação sanitária, pois era a saúde humana que estava em jogo. Encontrar soluções para a disposição dos resíduos era questão primordial, pois isso evitaria uma série de riscos à saúde. Com isso, surgiu também a educação ambiental, que está intrinsecamente ligada à questão anterior, e que passou a tratar da saúde do planeta. Muitas das soluções encontradas para os problemas sanitários foram também de grande utilidade para os problemas ambientais. No final do século XX, ocorreram diversas conferências internacionais, organizadas pelas Nações Unidas, que passaram a discutir o desenvolvimento sustentável e como a preservação do meio ambiente é quesito básico para sua viabilidade. A água sempre esteve no centro dessas discussões, por se tratar do bem fundamental tanto para a manutenção da vida como para produção de energia em vários países do mundo. Daí a evolução da gestão ambiental, forma de possibilitar o desenvolvimento econômico com o uso racional dos recursos naturais, respeitando ao máximo os limites do ambiente, garantindo a perenização destes recursos e evitando uma crise de abastecimento. Nas décadas de 1950 a 1970, o desenvolvimento econômico era adversário do meio ambiente, a mentalidade dos empresários e governantes era urbanizar todo o terreno possível, ou plantar em qualquer área de solo fértil, sendo que as florestas só teriam utilidade no fornecimento de madeira. De 1970 a 1990, iniciou-se o controle da poluição, pois foi possível perceber os danos causados pela contaminação do ar, dos corpos d’água e do solo. Em São Paulo, surgem a CETESB e a SABESP, com o intuito de controlar a emissão de poluentes e oferecer saneamento básico à população. Dos anos 1990 em diante, começou a preocupação real com o desenvolvimento sustentável, e a legislação ambiental pôde avançar no sentido de respeitar o ambiente e punir aqueles que causassem danos ao patrimônio natural do país. Compreendeu-se, finalmente, a importância dessapreservação. Alguns resultados da evolução do saneamento no Brasil foram a política nacional dos recursos hídricos, o fato de bacias hidrográficas serem consideradas unidades de planejamento e ação, com a constituição dos Comitês de Bacia, a água passou a ser considerada um valor econômico, o que possibilita a cobrança pelo seu uso, definiu-se o princípio do usuário poluidor/pagador, a gestão passou a ser descentralizada e participativa, sendo efetivamente controlada pelos diversos setores da sociedade, além da implantação do sistema nacional de informações sobre a água. Tudo isso contribui para que a água passe a ser respeitada como bem finito e cada vez mais escasso, e possibilita a criação de ações para prolongar o período de utilização deste recurso tão precioso. Ecoturismo O ecoturismo é uma excelente oportunidade de desenvolver projetos em educação ambiental. Os turistas que procuram locais onde a natureza está preservada, tendem a aceitar novas informações a respeito do meio ambiente e têm um grande potencial multiplicador desse novo conhecimento. Uma das opções para a utilização desse expediente é a visita a parques e unidades de conservação. Os municípios que têm áreas como essas sob sua jurisdição devem ter clara a responsabilidade sobre o tema, e dedicar atenção especial aos parques turísticos, pois se trata de uma opção de lazer cada vez mais procurada, principalmente por turistas estrangeiros, que geralmente consomem bastante dentro do país, deixando quantias significativas de dinheiro, que pode, inclusive, ser reinvestido na própria área. Em primeiro lugar, deve-se eliminar a incompatibilidade entre a legislação incidente sobre a área e a realidade econômico-social, respeitando as características da população local e seus costumes, tornando-os aliados na tarefa de manter o parque. Assim, o manejo e a ocupação do parque devem passar por planos de gestão, que envolvam a comunidade, o poder público, as ONGs que atuem na região e os operadores de ecoturismo, para que todas as partes possam ser ouvidas e tomar decisões conjuntas sobre como aproveitar melhor o parque sem degradá-lo. É importante divulgar os atrativos do parque, para que haja interesse por parte dos turistas, mantendo sempre material informativo e pessoal treinado para esclarecer dúvidas dos turistas, além de orientar no sentido de preservação. É preciso também avaliar se há necessidade de monitores acompanhando todos os grupos turísticos, e se for considerado necessário, preparar quantidade suficiente de monitores para atender à demanda. É importante, também, estabelecer parcerias com instituições locais, que possam dar apoio e divulgar as atividades no parque, fomentando a visitação entre os moradores do município. Estas instituições também podem contribuir na organização de cursos de formação de monitores. O município e as autoridades responsáveis pela administração do parque devem dispor de um cadastro de operadores de ecoturismo e de ONGs que atuem na área, para manter um controle sobre sua atuação, evitando que ocorram depredações por parte de pessoas despreparadas que possam ter acesso ao parque. As discussões entre os envolvidos devem determinar a metodologia de trabalho, mapear os pontos atrativos, operacionalizar as trilhas e demais atrativos, definir os parâmetros de utilização adequados a cada caso, estabelecer qual a necessidade e como serão contratados os recursos humanos, solucionar o problema da escassez de recursos financeiros, dura realidade do nosso país na atualidade, e determinar qual será a política municipal de ecoturismo. A seguir, algumas sugestões de temas a serem abordados nos cursos para capacitação de monitores: Ecoturismo e Educação Ambiental. Ecossistemas da Mata Atlântica. Histórico da ocupação humana. Orientação e cartografia. Unidades de Conservação, programas de gestão. Técnicas de condução de grupos. Prática de interpretação de trilhas. Acidentes, pronto-socorro, animais peçonhentos. Prática de relação com operadoras. Algumas orientações didáticas devem ser utilizadas nos cursos, para que os efeitos sejam satisfatórios, como por exemplo, levantamento de conhecimento prévio dos alunos, através de questionário e entrevista inicial com os participantes. Participação, diálogo, interação entre os participantes. Dinâmicas de grupo (jogos, dramatização, desenhos), estudo em campo, trabalhos individuais e coletivos. Apresentação prévia do que riam fazer em cada módulo e avaliações diárias a cada bloco de atividades. Ênfase na escolha dos profissionais da própria cidade e dos profissionais especialistas de fora ou vinculados ao parque e às operadoras, para tratarem da conceituação sobre ecoturismo e educação ambiental. A cada vivência bloco, elaboração de produtos por parte dos alunos: reflexão, sínteses, roteiros para implantação de trabalhos, elaboração e credenciamento. Elaboração e assinatura de um Termo de Responsabilidade pelos monitores e operadoras credenciados junto ao parque, com comprometimento com normas de condução de grupos. A política estadual de ecoturismo deve contemplar o uso sustentável dos recursos naturais, a manutenção da diversidade biológica e cultural, a integração do turismo no planejamento, o suporte às economias locais, o envolvimento das comunidades locais, a consulta ao público e aos atores envolvidos, a capacitação de mão-de-obra, o marketing turístico responsável, a redução de consumo supérfluo e desperdício e o desenvolvimento de pesquisas. Isso já ocorre no estado de São Paulo, e deve ser pensado nos outros estados da Federação, para que haja uma possibilidade de implantação de uma política nacional de ecoturismo, que seja efetivamente seguida em todo o país. 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Introdução Princípios básicos da Educação Ambiental Objetivos fundamentais da Educação Ambiental Características da Educação Ambiental O meio ambiente no Ensino Fundamental Conteúdos de meio ambiente para o primeiro e segundo ciclo Educação ambiental no ensino fundamental Meio Ambiente e Sustentabilidade Sustentabilidade Pensamento sistêmico Educação ecológica Meio ambiente e sociedade Conflitos ambientais Água Ecoturismo Referências