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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ENFERMAGEM EM CARDIOLOGIA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE ENFERMAGEM EM CARDIOLOGIA MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 O SISTEMA CIRCULATÓRIO 1.1 CIRCUITO PULMONAR E SISTÊMICO 1.2 AS CIRCULAÇÕES 1.3 LOCALIZAÇÃO DO CORAÇÃO 1.4 FORMA DO CORAÇÃO 1.5 ÁTRIOS 1.6 VENTRÍCULOS 1.7 CORAÇÃO DIREITO 1.8 CORAÇÃO ESQUERDO 1.9 FLUXO SANGUÍNEO E VÁLVULAS 1.10 VÁLVULAS 1.11 PAREDES DO CORAÇÃO 1.12 AS ARTÉRIAS CORONÁRIAS 1.13 TERRITÓRIOS VASCULARES DAS CORONÁRIAS 1.14 CÉLULAS MUSCULARES CARDÍACAS 1.15 SISTEMA DE CONDUÇÃO ELÉTRICA 1.16 O CICLO CARDÍACO 1.17 DÉBITO CARDÍACO E ÍNDICE CARDÍACO 2 MEIOS DIAGNÓSTICOS EM CARDIOLOGIA 2.1 HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO DO PACIENTE CARDIOPATA 2.2 EXAME FÍSICO/CARDIOLOGIA 2.2.1 Inspeção do Tórax 2.2.2 Palpação do Tórax 2.2.3 Percussão do Tórax 2.2.4 Ausculta Cardíaca 2.3 PACIENTE SEM ALTERAÇÕES AO EXAME CARDIOVASCULAR 2.4 EXAMES DIAGNÓSTICOS EM CARDIOLOGIA 2.4.1 Creatino Kinase (CK) AN02FREV001/REV 4.0 4 2.4.2 CK-MB 2.4.3 CK-MB Massa 2.4.4 Troponina T 2.4.5 Colesterol Total 2.4.6 Colesterol Total e Frações 2.4.7 TGO - Transaminase Glutâmico Oxaloacética 2.4.8 TGP - Transaminase Glutâmica Pirúvica 2.5 EXAMES DIAGNÓSTICOS 2.5.1 Teste de Esforço 2.5.2 Eletrocardiografia 2.5.3 ECG: Interpretação das Ondas 2.5.4 Eletrocardiografia Ambulatorial Contínua (Holter) 2.5.5 Testagem Eletrofisiológica 2.5.6 Exames Radiológicos 2.5.7 Tomografia Computadorizada 2.5.8 Fluoroscopia (Radioscopia) 2.5.9 Ecocardiografia 2.5.10 Ressonância Magnética 2.5.11 Estudos com Radionuclídeos 2.5.12 Tomografia por Emissão de Pósitrons 2.5.13 Cateterismo Cardíaco 2.5.14 Angiografia Coronariana MÓDULO II 3 DOENÇAS ASSOCIADAS AOS PROBLEMAS CARDÍACOS E DOENÇAS CARDÍACAS I 3.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL 3.2 DIABETES MELLITUS (DM) 3.3 FISIOPATOLOGIA DA CIRCULAÇÃO CORONÁRIA 3.4 A PLACA ATEROSCLERÓTICA 3.5 FATORES DE RISCO PARA ATEROSCLEROSE 3.6 SÍNDROMES CORONARIANAS AGUDAS (SCA) 3.6.1 A Dor Torácica Típica AN02FREV001/REV 4.0 5 3.6.2 A dor torácica não coronariana 3.6.3 Estratificação da Dor no Atendimento 3.6.4 Estratificação dos Pacientes quanto à Probabilidade de Síndrome Coronariana Aguda 3.6.5 Dor Torácica Cardíaca de Causa Isquêmica 3.6.6 Dor Torácica Cardíaca de Causa Não Isquêmica 3.6.7 Dor Torácica de Causa Não Cardíaca 3.6.8 Atendimento Imediato na Sala de Urgência 3.7 ANGINA 3.8 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO 3.9 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 3.10 EDEMA AGUDO DE PULMÃO 3.11 O CHOQUE E O CHOQUE CARDIOGÊNICO MÓDULO III 4 DOENÇAS CARDÍACAS II 4.1 ENDOCARDITES 4.2 MIOCARDIOPATIAS 4.2.1 Miocardiopatia Congestiva Dilatada 4.2.2 Miocardiopatia Hipertrófica 4.2.3 Miocardiopatia Restritiva 4.3 VALVULOPATIAS 4.3.1 Insuficiência Mitral 4.3.2 Prolapso da Válvula Mitral 4.3.3 Estenose Mitral 4.3.4 Insuficiência Aórtica 4.3.5 Estenose Aórtica 4.3.6 Insuficiência Tricúspide 4.3.7 Estenose Tricúspide 4.3.8 Estenose Pulmonar 4.4 FEBRE REUMÁTICA 4.5 PERICARDITES 4.5.1 Pericardite Aguda AN02FREV001/REV 4.0 6 4.5.2 Pericardite Viral 4.5.3 Pericardite Tuberculosa 4.5.4 Pericardite Urêmica 4.5.5 Pericardite Neoplásica 4.5.6 Pericardite Pós-Radiação 4.5.7 Pericardite Pós-Infarto do Miocárdio 4.5.8 Pericardites Mais Raras 4.5.9 Pericardite Constritiva 4.5.10 Tamponamento Cardíaco: a Complicação da Pericardite 4.6 TUMORES CARDÍACOS 4.6.1 Mixomas 4.6.2 Outros Tumores Primários MÓDULO IV 5 CARDIOPATIAS CONGÊNITAS 5.1 CIRURGIA CARDÍACA INFANTIL 5.2 ANOMALIAS CARDÍACAS CIANÓTICAS 5.2.1 Tetralogia de Fallot 5.2.2 Tronco Arterioso 5.2.3 Atresia Tricúspide 5.2.4 Transposição das Grandes Artérias 5.2.5 Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo 5.2.6 Anomalia do Septoventricular (Comunicação Interventricular – CIV) 5.2.7 Anomalia do Septoatrial (Comunicação Interatrial – CIA) 5.2.8 Persistência do Canal Arterial (PCA) 5.2.9 Coarctação da Aorta (CoAo) 5.2.10 Estenose Pulmonar 5.2.11Estenose Aórtica 5.3 PROCEDIMENTOS HEMODINÂMICOS EM CARDIOPATIAS CONGÊNITAS 5.4 PAPEL DO ENFERMEIRO NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA INFANTIL 5.5 CIRURGIAS CARDÍACAS NO ADULTO 5.5.1 Pré-Operatório de Cirurgia Cardíaca – Cuidados de Enfermagem AN02FREV001/REV 4.0 7 5.5.2 Revascularização Miocárdica 5.5.3 Substituição Valvar 5.6 CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA 5.7 COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO 5.8 TRANSPLANTE CARDÍACO 5.8.1 Recepção do Paciente na UTI no Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca pelo Enfermeiro 5.9 PROTOCOLO DE ORIENTAÇÃO PÓS ALTA HOSPITALAR PARA PACIENTES ADULTOS Submetidos à Cirurgia Cardíaca MÓDULO V 6 DROGAS UTILIZADAS EM CARDIOLOGIA 6.1 DROGAS QUE ATUAM SOBRE AS PLAQUETAS 6.2 DROGAS QUE ATUAM SOBRE A TROMBINA 6.3 BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO 6.4 BETABLOQUEADORES 6.5 OS NITRATOS 6.6 DROGAS VASOATIVAS 6.7 FARMACOLOGIA NA REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA 7 ARRITMIAS CARDÍACAS 7.1 ACOMPANHANDO A VIA ELÉTRICA DO CORAÇÃO 7.2 VIA ELÉTRICA 7.3 SINTOMAS 7.4 DIAGNÓSTICO 7.5 PROGNÓSTICO E TRATAMENTO 7.6 CRITÉRIOS ELETROCARDIOGRÁFICOS PARA CARACTERIZAÇÃO DAS ARRITMIAS SEGUNDO A SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA 7.6.1 Ritmo Sinusal e Arritmias Cardíacas 7.6.2 Outras Arritmias de Origem Supraventricular 7.6.3 Arritmias Ventriculares 7.6.4 Condução Atrioventricular 7.6.5 Alterações no Segmento ST e Onda T REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 8 MÓDULO I 1 O SISTEMA CIRCULATÓRIO O coração é o órgão central do sistema circulatório. O sangue é o meio que fornece às células nutrientes, oxigênio, hormônios e recebe os produtos finais do metabolismo (gás carbônico). Os vasos sanguíneos são tubos pelos quais o sangue circula e é representado pelas artérias, veias e capilares. FIGURA 1 FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/11/sistema- venoso.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. 1.1 CIRCUITO PULMONAR E SISTÊMICO Circuito Pulmonar: transporta o sangue pobre em oxigênio do coração para os pulmões e traz o sangue oxigenado de volta ao coração. Circuito Sistêmico: conduz o sangue rico em oxigênio do coração para as partes do corpo, exceto os pulmões, e traz esse de volta ao coração. AN02FREV001/REV 4.0 9 FIGURA 2 FONTE: Disponível em: <http://biofis.hd1.com.br/arquivos/circulacao.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. 1.2 AS CIRCULAÇÕES As funções básicas do sistema cardiovascular são transportar oxigênio e outros nutrientes para as células do corpo, remover produtos do metabolismo celular e carregar substâncias de uma parte para outra do corpo. O funcionamento do coração é extraordinariamente complexo, sendo a resposta integrada de propriedades intrínsecas do miocárdio sob muitas influências extrínsecas, tais como: fatores do sistema nervoso, fatores humorais, o volume de sangue e o retorno venoso, e também as impedâncias instantâneas da vasculatura periférica. Chama-se circulação o movimento que o sangue realiza ciclicamente dentrodo sistema vascular. Esse sistema compreende uma extensa rede de condutos ou tubos especialmente preparados para que o sangue circule em seu interior. As artérias são os vasos que levam o sangue do coração para os órgãos, músculos, ossos, enfim, para cada célula do nosso organismo. A parede das artérias é composta de três camadas: a camada adventícia, que é a camada mais externa; a camada média, formada por musculatura lisa e a camada íntima, que é um revestimento de endotélio. AN02FREV001/REV 4.0 10 As artérias têm a propriedade especial de se contraírem assim que recebem o estímulo de substâncias contidas no próprio sangue (hormônios), produzindo o efeito que se chama de pressão arterial. O pulso arterial é produzido pela ejeção de sangue do ventrículo esquerdo dentro da aorta e grandes vasos. Essa pressão faz com que o sangue seja empurrado para frente, chegando aos órgãos e às células. As veias são os vasos que trazem o sangue de volta ao coração. Diferem das artérias por ter uma camada média menos espessa, isto porque a pressão de retorno do sangue para o coração é menor do que a de saída. O retorno do sangue ocorre devido ao pulso venoso gerado pela contração dos músculos e pela contração da própria veia. A isso se soma a ação das válvulas contidas no interior das veias que ajudam a vencer a força da gravidade. Além disso, o próprio átrio direito gera uma força ou pressão negativa, sugando o sangue na direção do coração. A grande circulação ou circulação sistêmica é o movimento do sangue que sai pela aorta e retorna pelas veias cavas, inferior e superior de volta ao átrio esquerdo. A pequena circulação ou circulação pulmonar é o movimento do sangue que sai do ventrículo direito através da artéria pulmonar, passando pelos capilares pulmonares (local onde o sangue entra em contato com o leito alveolar e é oxigenado). Depois de oxigenado o sangue retorna para o átrio esquerdo através das veias pulmonares, seguindo para o ventrículo esquerdo e a grande circulação. A terceira circulação ou circulação coronariana é o movimento do sangue a partir dos seios coronarianos localizados na raiz da aorta. Estes seios dão origem à artéria coronária direita e tronco da coronária esquerda. Assim que o miocárdio é irrigado, o sistema venoso coronariano traz de volta o sangue para o átrio direito. 1.3 LOCALIZAÇÃO DO CORAÇÃO Situa-se na porção mediana da cavidade torácica, encontrando-se separado pelo diafragma. Projeta-se na coluna vertebral, nas vértebras dorsais, estando separado dessas pelo esôfago e aorta torácica. Localiza-se na face interna dos pulmões, em um local denominado mediastino. AN02FREV001/REV 4.0 11 FIGURA 3 FONTE: Disponível em: < http://www.classe.es/salud/img/d_mediastino.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. 1.4 FORMA DO CORAÇÃO FIGURA 4 FONTE: Disponível em: < http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistema- cardiovascular/imagens/anatomia-do-coracao.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. O coração é um órgão muscular oco em forma de cone, contendo quatro câmaras internas e que fica posicionado dentro do saco pericárdico e abrigado bilateralmente pelos pulmões. Normalmente sua posição é inclinada a mais ou menos 30 graus para a esquerda e para baixo. É envolvido externamente pelo pericárdio e dentro deste envoltório é secretado um fluido que tem a finalidade de evitar o atrito do coração dentro do saco pericárdico. O coração é do tamanho AN02FREV001/REV 4.0 12 aproximado de um punho fechado e com peso em média de 400 g, tem aproximadamente 12 cm de comprimento por 8 a 9 cm de largura. 1.5 ÁTRIOS Os átrios são as câmaras cardíacas superiores. Ambos os átrios são constituídos por uma camada miocárdica de espessura fina. Uma camada muscular chamada de septo divide o átrio direito do átrio esquerdo. O átrio direito comunica-se lateralmente com as veias cavas inferior e superior. Inferiormente liga-se com o ventrículo direito, sendo separado pela válvula tricúspide. Na porção posterior superior do átrio direito está localizado o nodo sinoatrial, que é o marca-passo natural, estrutura que rege os batimentos normais do coração. O átrio esquerdo comunica-se posteriormente com as quatro veias pulmonares e inferiormente com o ventrículo esquerdo, sendo separado pela válvula mitral. A função dos átrios é receber o sangue e conduzi-lo para os ventrículos. 1.6 VENTRÍCULOS Os ventrículos são as câmaras cardíacas inferiores. Como os átrios, são em número de dois. No lado direito o ventrículo se comunica com o átrio direito através da válvula tricúspide e com o tronco da artéria pulmonar através da válvula pulmonar. A parede muscular no ventrículo direito (VD) é mais espessa do que a parede dos átrios. Isso se deve ao esforço que o ventrículo realiza durante a contração. A cada contração o VD tem que vencer a resistência apresentada pela artéria pulmonar; essa resistência é traduzida por uma pressão. Uma camada muscular chamada de septo interventricular separa os dois ventrículos. O ventrículo esquerdo (VE) se comunica com o átrio esquerdo através da válvula mitral e com a aorta através da válvula aórtica. A parede do VE é duas vezes mais espessa que a parede do VD porque a pressão de resistência encontrada pelo AN02FREV001/REV 4.0 13 VE na aorta é muito mais alta. O trabalho ventricular é diferente em cada lado. No lado direito o VD irriga os pulmões e no lado esquerdo o VE irriga todos os órgãos. De dentro dos ventrículos surgem as fibras tendinosas, onde se inserem as cordoalhas das válvulas de entrada, do lado direito à válvula tricúspide e do lado esquerdo a válvula mitral. Durante a contração ventricular estas fibras se distendem e dão a sustentação necessária para segurar os folhetos das válvulas, evitando o retorno do sangue para os átrios. FIGURA 5 FONTE: Disponível em: < http://3.bp.blogspot.com/_nA9lxvp6dXI/THvrwpdrN5I/AAAAAAAAABs/RM- XtH2K65o/s1600/coracao1.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. 1.7 CORAÇÃO DIREITO É constituído pelo átrio direito e ventrículo direito, que se comunicam entre si pelo orifício atrioventricular. O átrio direito é uma câmara de parede fina que recebe o sangue venoso. O ventrículo direito se liga à artéria pulmonar que leva o sangue pobre em oxigênio para os pulmões. AN02FREV001/REV 4.0 14 1.8 CORAÇÃO ESQUERDO FIGURA 6 FONTE: Disponível em: < http://4.bp.blogspot.com/- HQBUAc3OU_E/TjxB0ODlzeI/AAAAAAAAAOA/QmNHacy51ik/s1600/Cardiovascular.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. O átrio esquerdo apresenta uma espessura maior que o direito, assim como o ventrículo esquerdo é mais desenvolvido que o direito. O átrio esquerdo recebe as quatro veias pulmonares que trazem o sangue arterial vindo dos pulmões. O ventrículo esquerdo bombeia o sangue arterial para a artéria aorta e desta o sangue é encaminhado para todas as partes do corpo. AN02FREV001/REV 4.0 15 1.9 FLUXO SANGUÍNEO E VÁLVULAS FIGURA 7 FONTE: Disponível em: < http://fotos.sapo.pt/EOMFVGfNCbnPQETTV9M0/>. Acesso em: 21 mar. 2012. A existência de quatro válvulas cardíacas assegura o funcionamento do coração e o modo unidirecional como o sangue se desloca. As válvulas além de determinarem o sentido do fluxo sanguíneo, evitam o retrocesso de sangue no sistema. AN02FREV001/REV 4.0 16 1.10 VÁLVULAS Válvulas átrio – ventriculares (AV) Asseguram a saída do sangue dos átrios para os ventrículos. São as válvulas TRICÚSPIDE e MITRAL. FIGURA 8 FONTE: Disponível em: < http://www.auladeanatomia.com/cardiovascular/valvas.jpg>. Acesso em: 21. mar. 2012. Válvulas Semilunares Permitem a saída desangue dos ventrículos para as artérias. São as válvulas PULMONAR e AÓRTICA. AN02FREV001/REV 4.0 17 FIGURA 9 FONTE: Disponível em: < http://4.bp.blogspot.com/_XcHiZ9Ui6Lk/SYNK49vrGBI/AAAAAAAAADk/yFpOD0E2AAE/s400/Valvulas 1.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. As válvulas cardíacas são estruturas de material fibroso posicionadas na entrada e saída de ambos os ventrículos. As válvulas cardíacas são assim denominadas: Válvula Tricúspide: é uma válvula posicionada entre o átrio e o ventrículo direito. Possui três folhetos que se fecham no início da contração ventricular, evitando que o sangue retorne do ventrículo ao átrio direito. Os folhetos são sustentados em forma de um guarda-chuva pelas cordoalhas tendinosas. As cordoalhas são fibras miocárdicas altamente resistentes que se originam do interior do VD. Válvula Pulmonar: é a válvula posicionada na saída do fluxo sanguíneo do VD para o tronco da artéria pulmonar. Seus folhetos se fecham no final da contração ventricular, evitando que o sangue que atingiu a AP retorne para o VD. O diâmetro dessa válvula é menor do que a válvula tricúspide. AN02FREV001/REV 4.0 18 Válvula Mitral: é a válvula posicionada entre o átrio e o ventrículo esquerdo. Sua função é a de evitar o refluxo de sangue do ventrículo para o átrio esquerdo. Como acontece no lado direito com a válvula tricúspide, a válvula mitral se fecha no início da contração ventricular. A sustentação dos folhetos se dá graças às cordoalhas tendinosas que se originam no interior do VE. Válvula Aórtica: é a válvula posicionada na saída do VE para a aorta. O fechamento dos folhetos desta válvula ocorre no final da contração ventricular com a função de evitar que o sangue que foi para a aorta retorne para o VE. FIGURA 10 FONTE: Disponível em: < http://www.umm.edu/graphics/images/es/18093.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. 1.11 PAREDES DO CORAÇÃO Endocárdio - Uma fina membrana serosa que forra o órgão interiormente e cobre a superfície das válvulas cardíacas. É formado por um tecido epitelial de revestimento interno que nas artérias e veias chama-se endotélio. Esse tecido permite a não coagulação do sangue; AN02FREV001/REV 4.0 19 Miocárdio - Uma camada média, e mais espessa, da parede do coração, formada por músculo anatomicamente estriado (vermelho) e fisiologicamente liso. Forma o coração; Epicárdio - (mais externa) Fina camada visceral que reveste diretamente o coração. É uma víscera serosa: membrana que deriva do revestimento da primitiva cavidade celomática; Pericárdio - É um saco seroso de parede dupla, está localizado no mediastino médio, envolvendo o coração. Externamente é constituído por uma espessa lâmina de tecido fibroso denso – pericárdio fibroso. Internamente por uma membrana transparente chamada pericárdio seroso; fluido pericárdico no interior diminui a fricção entre as camadas. 1.12 AS ARTÉRIAS CORONÁRIAS As artérias do coração têm origem nas Artérias Coronárias, uma esquerda e outra direita. Têm origem na porção inicial da Aorta, constituindo os primeiros ramos colaterais desta artéria. A Artéria Coronária Esquerda nasce ao nível da parte média do Seio de Valssalva esquerdo. A Artéria Coronária Direita nasce ao nível do Seio de Valssalva direito. Artéria Coronária Esquerda O seu tronco de origem mede aproximadamente 1 cm. Dirige-se para frente, para baixo e para a esquerda. O tronco de origem divide-se depois em dois ramos terminais: a Artéria Interventricular Anterior ou Artéria Descendente Anterior e a Artéria Auriculoventricular Esquerda ou Ramo Circunflexo. Artéria Interventricular Anterior AN02FREV001/REV 4.0 20 A também denominada Artéria Descendente Anterior desce ao longo do Sulco Interventricular Anterior, contorna o Bordo direito do coração à direita da ponta, terminando na face posterior do coração. Ao longo do seu trajeto a Artéria Interventricular Anterior dá origem a 3 classes de Ramos Colaterais: a) Ramos Direitos, que irrigam o Ventrículo Direito; b) Ramos Esquerdos, que irrigam o Ventrículo Esquerdo e c) Ramos Septais (que irrigam o septo interventricular). Artéria Auriculoventricular Esquerda Essa artéria, também denominada Ramo Circunflexo, pois contorna o bordo esquerdo do coração, seguindo o Sulco Coronário, termina na face posterior do Ventrículo esquerdo, a uma distância variável do Sulco Interventricular Posterior, não atingindo, na maior parte dos casos, o referido sulco. Dirige-se horizontalmente até a parte esquerda do Sulco Coronário e atinge a face esquerda do coração. A Artéria Auriculoventricular Esquerda dá: a) Ramos Ascendentes ou Auriculares e b) Ramos Descendentes ou Ventriculares (que irrigam as respectivas regiões do coração esquerdo). Coronária Direita A Artéria Coronária Direita percorre o Sulco Auriculoventricular Direito e o Sulco Interventricular Posterior. Ao longo do seu trajeto tem três segmentos: o 1º estende-se desde a origem até o bordo direito do coração e no órgão in situ tem inicialmente um trajeto oblíquo de trás para frente, tornando-se em seguida descendente; o 2º segmento desde o bordo direito do coração até à parte superior do Sulco Longitudinal Posterior, no ponto denominado Cruz do Coração e por último o 3º segue a parte esquerda do Sulco Interventricular Posterior. Ramos Colaterais Os Ramos Colaterais da Coronária Direita são de 2 tipo: a) Ascendentes ou Auriculares e b) Descendentes ou Ventriculares. AN02FREV001/REV 4.0 21 Ramos Ascendentes ou Auriculares São 3 ou 4 (que são responsáveis majoritariamente pela irrigação da aurícula direita) dos quais 2 são principais: a) a Artéria Auricular Direita Anterior, responsável pela irrigação do nódulo sinusal e b) a Artéria Auricular do Bordo Direito. Ramos Descendentes ou Ventriculares. Existem nos três segmentos da artéria e são responsáveis pela irrigação do ventrículo direito. Ramo Terminal O ramo terminal da Coronária Direita é a Artéria Interventricular Posterior. Há numerosas variações na terminação da Artéria Coronária Direita, podendo dizer- se que está tanto mais desenvolvida quanto menos estiver a terminação da Coronária Esquerda. A Artéria Interventricular Posterior tem Ramos Direitos para a parede posterior do Ventrículo direito, Ramos Esquerdos para a parede posterior do Ventrículo esquerdo e por fim as Artérias Septais Posteriores. As Artérias Septais Posteriores são menos desenvolvidas que as Anteriores e o seu território resume-se ao 1/3 posterior do Septo Interventricular. É de realçar que o grupo inferior das septais posteriores tem frequentemente origem na terminação da Artéria Interventricular Anterior. 1.13 TERRITÓRIOS VASCULARES DAS CORONÁRIAS Em geral podemos considerar que: AN02FREV001/REV 4.0 22 A Coronária Esquerda distribui-se pelo coração esquerdo e 2/3 Anteriores do Septo; A Coronária Direita distribui-se pelo coração direito e 1/3 Posterior do Septo; Cada uma das duas Coronárias contribui para a irrigação da outra metade do coração. FIGURA 11 FONTE: Disponível em: < http://2.bp.blogspot.com/_74WATF33sFg/S8uuGWWT07I/AAAAAAAAAIo/GvHyZL8lpFE/s1600/coron arias.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. 1.14 CÉLULAS MUSCULARES CARDÍACAS 99% são células musculares contráteis 1% são células cardíacas especializadas do sistema de condução, não contráteis, com despolarização espontânea. - O Miocárdio é composto por fibras musculares cardíacas em espiral; - Células ramificadas e uninucleadas; - Células adjacentes unidas por discos intercalares. AN02FREV001/REV 4.0 23 Discos intercalares contêm desmossomas e junções de hiato. - Desmossomas: conferem resistência mecânica.- Junções de hiato: permitem a propagação de potenciais de ação entre as células adjacentes. Tecido fibroso não condutor separa células musculares dos átrios das células musculares dos ventrículos. 1.15 SISTEMA DE CONDUÇÃO ELÉTRICA O estímulo elétrico para a contração do miocárdio se origina em um pequeno agrupamento de células especiais, localizado na junção da veia cava superior com o átrio direito, na região chamada seio venoso. Esse conjunto de células é o NÓDULO SINUSAL. As células do nódulo sinusal por meio das reações químicas no seu interior geram o impulso elétrico que se propaga pelos átrios e produz a contração do miocárdio atrial. O estímulo elétrico se propaga pelos átrios, em ondas e através de vias preferenciais chamadas vias internodais. O estímulo das vias internodais é captado em outro nódulo, localizado junto ao anel da válvula tricúspide, próximo ao orifício do seio coronário, chamado NÓDULO ATRIOVENTRICULAR, ou simplesmente nódulo A-V. Deste nódulo A-V parte um curto feixe das células especiais, o feixe atrioventricular ou FEIXE DE HISS, que atravessa o esqueleto fibroso e se divide em dois ramos, direito e esquerdo. O ramo esquerdo, por sua vez se subdivide em outros dois feixes, um anterior e um posterior. Os feixes principais, direito e esquerdo, vão se ramificando, como uma árvore, no interior da massa miocárdica, constituindo um emaranhado de células condutoras, chamado REDE DE PURKINJE. As células do nódulo sinusal, por mecanismos químicos, geram o próprio impulso elétrico, a intervalos regulares, o que garante a automaticidade e a ritmicidade da estimulação cardíaca. O estímulo gerado no nódulo sinusal se AN02FREV001/REV 4.0 24 propaga pelos átrios e alcança o nódulo A-V e o feixe de Hiss, onde sofre um pequeno retardo. Do feixe de Hiss, o estímulo rapidamente alcança os feixes direito e esquerdo e as fibras terminais de Purkinje, que por sua vez estimulam o miocárdio ventricular. No adulto, o nódulo sinusal produz aproximadamente 80 impulsos elétricos por minuto, constituindo-se no marca-passo do próprio coração. O nódulo sinusal, o nódulo atrioventricular e o feixe de Purkinje recebem terminações nervosas simpáticas e parassimpáticas. Quando há estimulação simpática, liberam-se as catecolaminas adrenalina e noradrenalina, que produzem aumento da frequência dos impulsos elétricos do nódulo sinusal. A estimulação parassimpática ou vagal se faz pela acetilcolina e tem o efeito oposto, reduzindo a frequência dos impulsos. Na eventualidade de secção das fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas cessa a influência nervosa sobre o coração, que, contudo, mantém a automaticidade e ritmicidade pelo nódulo sinusal. FIGURA 12 FONTE: Disponível em: < http://2.bp.blogspot.com/_DghxTsJuAG0/S2MWU49pWrI/AAAAAAAAAB8/11DDcyt2ynw/s320/sistema _conducao_cardiaco.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 25 Atividade Elétrica das Células A concentração de íons no interior de uma célula é diferente da concentração no seu exterior, o que propicia a geração de uma diferença de potencial denominada “potencial de membrana”. Simultaneamente, o gradiente de concentração iônica está associado ao aparecimento de forças elétricas de difusão. Quando não há condução de impulsos elétricos o potencial de repouso da membrana é de cerca de – 70mVolt em relação ao líquido extracelular. Esse valor se modifica devido a uma excitação externa, quando ocorre uma tendência de inversão do potencial de membrana. Por exemplo, com a entrada maciça de íons sódio (Na+) na célula, essa começa a se despolarizar, isto é, o potencial negativo no interior da célula desaparece, tornando-se positivo no interior da fibra e negativo no exterior. Quando há um grande gradiente de concentração de íons, tanto fora quanto dentro da célula, as forças de difusão elétrica fazem com que os íons positivos se desloquem para regiões cujo potencial é predominantemente negativo, enquanto que os íons negativos se deslocam para regiões cujo potencial é predominantemente positivo. Quando as cargas positivas e negativas se igualam há um equilíbrio da energia potencial, não ocorrendo, portanto, nenhuma movimentação de íons. Para que a membrana permaneça no estado de repouso, é necessário manter o potencial elétrico por meio da diferença de concentração de íons entre o meio intracelular e o meio extracelular. No corpo humano, tal gradiente de concentração ocorre por transporte ativo, com gasto de energia na forma de ATP (adenosina trifosfato), proveniente do metabolismo celular. Esse processo ativo denomina-se “bomba de sódio-potássio”. A atividade elétrica do coração é o resultado do movimento de íons (partículas ativadas, como sódio, potássio e cálcio) através da membrana celular. As alterações elétricas registradas no interior de uma única célula resultam no que se conhece como potencial de ação cardíaco. No músculo cardíaco existem três tipos de canais iônicos importantes na produção da variação de voltagem da membrana; o potencial de ação nessas fibras se dá como no esquema abaixo: AN02FREV001/REV 4.0 26 O potencial de repouso de membrana da fibra muscular cardíaca é de aproximadamente -90 mV. Quando um impulso despolarizante chega a ela, ocorrem os seguintes eventos: 0 - Abertura dos canais rápidos de Na+ (o Na+ entra rapidamente na célula, elevando o potencial de membrana); 1 - Abertura dos canais de K+ (o K+ sai da célula, repolarizando-a); 2 - Os canais lentos de Ca+2, que começaram a se abrir lentamente em -60 a -50 mV abrem-se por completo, permitindo a saída do íon cálcio e interrompendo a queda do potencial causada pela saída de íons K+; 3 - Os canais lentos de Ca+2 se fecham e a saída de K+ leva o potencial de volta ao valor normal de repouso; 4 - Os canais de K+ se fecham e a membrana permanece no seu potencial de repouso. Nos nós sinoatrial e atrioventricular encontramos outro tipo de curva de potencial de ação: FIGURA 13 FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. AN02FREV001/REV 4.0 27 Fibras do nó Sinoatrial FIGURA 14 FONTE: Disponível em: < http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr- bio/trab2000/cardiovasc/sinusal1.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. Fibras do nó Atrioventricular FIGURA 15 FONTE: Disponível em: < http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr- bio/trab2000/cardiovasc/sinusal1.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. Como podemos observar, a frequência de despolarização e deflagração de potenciais de ação no nó sinoatrial é maior que nos demais tecidos especializados. Por isso, o nó sinoatrial é o marca-passo normal do coração. Como o nó sinoatrial despolariza mais rapidamente seu impulso é gerado e conduzido através do átrio até alcançar o nó A-V, que ainda não se despolarizou o suficiente para deflagrar seu AN02FREV001/REV 4.0 28 potencial de ação independentemente; com o impulso despolarizante vindo do nó sinoatrial o nó A-V atinge seu limiar e transmite o impulso elétrico aos ventrículos. Temos então que o coração possui uma ritmicidade sinusal, porém, em situações onde o nó sinoatrial está danificado, o nó A-V assume o controle da ritmicidade e passamos a ter o chamado ritmo infrassinusal, mais lento (bradicardia nodal) devido ao nó A-V ter uma frequência de impulsos menor. Em casos em que ocorre a falência desses dois tecidos, o próximo a assumir o controle da ritmicidade seriam as fibras de Purkinge, porém a frequência de impulsos dessas é muito baixa e não é suficiente para manter os níveis normais de pressão arterial necessário. Nesse caso são implantados os chamados marca-passos artificiais. O nó A-V possui uma importante função no que diz respeito ao retardo da transmissão do impulso elétrico do átrio aoventrículo, sincronizando assim a contração dos miocárdios atrial e ventricular de forma que os átrios se contraiam um pouco antes da contração ventricular. A parte do sistema nervoso que regula a frequência cardíaca automaticamente é o sistema nervoso autônomo, constituído pelos sistemas nervoso simpático e parassimpático. O sistema nervoso simpático aumenta a frequência cardíaca, enquanto o sistema nervoso parassimpático a diminui. O sistema simpático supre o coração com uma rede de nervos, o plexo simpático. O sistema parassimpático preenche o coração por um único nervo, o nervo vago. A frequência cardíaca também é influenciada pelos hormônios circulantes do sistema simpático – a epinefrina (adrenalina) e a norepinefrina (noradrenalina) –, os quais são responsáveis por sua aceleração. O hormônio tireoidiano também influencia a frequência cardíaca: quando em excesso, essa se torna muito elevada; quando há deficiência do mesmo, o coração bate muito lentamente. Geralmente a frequência cardíaca normal em repouso é de 60 a 100 batimentos por minuto. Entretanto, frequências muito baixas podem ser normais em adultos jovens, particularmente entre aqueles que apresentam um bom condicionamento físico. Variações da frequência cardíaca são normais. A frequência cardíaca responde não só ao exercício e à inatividade, mas também a estímulos como, por exemplo, a dor e a raiva. Apenas quando a frequência cardíaca é inadequadamente elevada (taquicardia) ou baixa (bradicardia) ou quando os impulsos elétricos são transmitidos por vias anormais é que se AN02FREV001/REV 4.0 29 considera que o coração apresenta um ritmo anormal (arritmia). Os ritmos anormais podem ser regulares ou irregulares. 1.16 O CICLO CARDÍACO Um batimento cardíaco completo é chamado ciclo cardíaco. O ciclo cardíaco vai do final de uma contração cardíaca até o final da contração seguinte e inclui quatro eventos mecânicos principais, a saber: contração atrial ou sístole atrial, relaxamento atrial ou diástole atrial, contração ventricular ou sístole ventricular e relaxamento ventricular ou diástole ventricular. Um batimento cardíaco se inicia com a sístole atrial. A seguir, durante a diástole atrial, ocorrem sucessivamente a sístole e a diástole ventricular. O sangue flui de modo contínuo, das grandes veias para os átrios e cerca de 70% desse volume flui diretamente dos átrios para os ventrículos. A contração dos átrios produz um enchimento ventricular adicional de 30%. Os átrios funcionam como bombas de ativação, que aumentam a eficácia do bombeamento ventricular. Durante a sístole ventricular, o sangue se acumula nos átrios, porque as válvulas atrioventriculares estão fechadas. Ao terminar a sístole ventricular, a pressão nos átrios faz com que as válvulas atrioventriculares se abram, permitindo que os ventrículos se encham rapidamente. Esse período é seguido por outro curto período de enchimento mais lento dos ventrículos, com o sangue que continuou a fluir para os átrios durante o período anterior. Na fase final do enchimento ou diástole ventricular, ocorre a sístole atrial. Ao se iniciar a contração ou sístole ventricular, a pressão no interior do ventrículo se eleva muito rapidamente, pelo retesamento das suas fibras, fechando as válvulas atrioventriculares. Logo após uma pequena fração de segundo, o ventrículo ganha pressão suficiente para abrir as válvulas semilunares (aórtica ou pulmonar) e iniciar a ejeção do sangue para as grandes artérias. Cerca de 60% do volume de sangue do ventrículo é ejetado nessa primeira fase da sístole ventricular e os 40% restantes, logo a seguir, um pouco mais lentamente. Ao final da sístole, pouco sangue passa às grandes artérias. A pressão AN02FREV001/REV 4.0 30 ventricular começa a cair rapidamente pelo início do relaxamento da musculatura miocárdica, o que fecha as válvulas aórtica e pulmonar. A continuação do relaxamento ou diástole ventricular, logo a seguir, permite a abertura das válvulas atrioventriculares e se inicia um novo período de enchimento ventricular. 1.17 DÉBITO CARDÍACO E ÍNDICE CARDÍACO Durante a diástole ocorre o enchimento ventricular que, ao final, atinge um volume de aproximadamente 120 ml, chamado volume diastólico final. À medida que a sístole ventricular ejeta sangue para as grandes artérias, o volume ventricular cai, sendo de aproximadamente 50 ml ao final da sístole (volume sistólico final). A diferença entre o volume diastólico final e o volume sistólico final é chamada de volume de ejeção ou volume sistólico e corresponde ao volume de sangue impulsionado a cada batimento cardíaco. Em um adulto, o volume sistólico médio é de cerca de 70 ml de sangue. O volume sistólico varia com os indivíduos, sendo menor nas crianças. No coração normal é o mesmo para ambos os ventrículos. Quando o coração se contrai com mais força o volume sistólico final pode cair para apenas 20 ml. Quando grandes quantidades de sangue fluem para os ventrículos durante a diástole, o volume diastólico final pode atingir 200 ml. Em ambas as circunstâncias, o volume de ejeção ou volume sistólico estará aumentado e, portanto, estará majorado o débito do ventrículo, a cada batimento. O débito cardíaco sistêmico corresponde à quantidade de sangue lançada pelo ventrículo esquerdo na aorta, a cada minuto. Essa é a forma habitual de expressar a função de bomba do coração. Em cada batimento o volume ejetado pelo ventrículo esquerdo na aorta é a diferença entre o volume diastólico final (VDF) e o volume sistólico final (VSF). O débito cardíaco (DC) será igual àquela diferença multiplicada pelo número de batimentos a cada minuto (frequência cardíaca, FC). O débito cardíaco pode ser expresso pela seguinte equação: DC = (VDF - VSF) x FC em que: DC = débito cardíaco, AN02FREV001/REV 4.0 31 VDF = volume diastólico final, VSF = volume sistólico final e, FC = frequência cardíaca. O volume sistólico de um adulto médio é de aproximadamente 70 ml e a frequência cardíaca é de 80 batimentos por minuto. O débito cardíaco desse indivíduo será de 70 x 80 = 5.600ml/min. (5,6 litros/ minuto). O débito cardíaco é habitualmente expresso em litros por minuto (l/min.). Se, em uma criança, por exemplo, o volume diastólico final é de 60 ml, o volume sistólico final é de 25 ml e a frequência cardíaca é de 100 batimentos por minuto, o seu débito cardíaco será: DC = (60 - 25) x 100 = 35 x 100 = 3.500 ml/min ou 3,5 l/min. O débito cardíaco na criança é inferior ao débito calculado para os adultos, o que nos mostra a dificuldade de comparar o débito cardíaco de diferentes indivíduos, em face das variações de seu peso e massa corporal, dos quais dependem os volumes diastólico e sistólico finais. Para permitir a comparação do débito cardíaco entre diferentes indivíduos, usa-se dividir o valor do débito cardíaco pela superfície corpórea (SC), expressa em metros quadrados. Esse novo indicador da função de bomba do coração tem maior significado que o anterior e é chamado de Índice Cardíaco (IC). Se a superfície corpórea do adulto do exemplo anterior é de 1,8 m2 e a superfície corpórea da criança é de 1,1 m2, teremos os seguintes índices da função ventricular: IC = DC/SC = 5,6/1,8 = 3,1 l/min/m2 IC = DC/SC = 3,5/1,1 = 3,1 l/min/m2 O índice cardíaco de ambos os indivíduos é o mesmo, de 3,1 litros de sangue por minuto, por cada metro quadrado de superfície corporal. O índice cardíaco é o indicador mais importante da função do sistema cardiovascular, porque expressa a quantidade de sangue que o coração impulsiona cada minuto, para o transporte dos elementos essenciais à função celular em todos os tecidos do organismo. O índice cardíaco varia com a idade. Nas crianças, é de 2,5 l/ min/m2, AN02FREV001/REV 4.0 32 desde o nascimento, para atingir pouco maisde 4 l/min/m2 aos 10 anos de idade. Na velhice, o índice declina, alcançando os 2,4 l/min/m2, em torno dos oitenta anos. O índice cardíaco normal, para os indivíduos de todas as idades, em repouso, varia de 2,5 a 3,75 l/min/m2 atinge cerca de 120mmHg. 2 MEIOS DIAGNÓSTICOS EM CARDIOLOGIA 2.1 HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO DO PACIENTE CARDIOPATA Em primeiro lugar, interrogamos o indivíduo sobre sintomas como, por exemplo, dor torácica, dispneia, edema dos pés e tornozelos e palpitações, os quais sugerem a possibilidade de uma cardiopatia. Em seguida, deve-se perguntar se a pessoa tem outros sintomas como febre, debilidade, fadiga, falta de apetite e mal- estar generalizado, que também são indícios de cardiopatia. A seguir, o paciente é questionado sobre infecções passadas, exposição prévia a agentes químicos, uso de medicações, álcool e tabaco, ambientes doméstico e profissional e atividades de lazer. Também questionamos a pessoa acerca de membros da família que tiveram cardiopatias e moléstias afins e sobre o paciente manifestar alguma outra doença que afete o sistema cardiovascular. Durante o exame físico, anotamos o peso, o estado físico e o aspecto geral da pessoa, verificando a presença de palidez, sudorese ou sonolência – as quais podem ser indicadores sutis de uma cardiopatia. Também são observados o humor do indivíduo e sua disposição, os quais costumam ser afetados pelas cardiopatias. A avaliação da cor da pele é importante, porque a palidez anormal ou a cianose (coloração azulada) podem indicar anemia ou deficiência do fluxo sanguíneo. Esses achados podem indicar que a pele está recebendo oxigênio de forma inadequada devido a uma doença pulmonar, à insuficiência cardíaca ou a problemas circulatórios. Verificamos o pulso de artérias do pescoço, sob os braços, nos cotovelos e pulsos, no abdômen, na região inguinal, nos joelhos e nos tornozelos e pés, para avaliar melhor se o fluxo sanguíneo é adequado e igual em ambos os lados do AN02FREV001/REV 4.0 33 corpo. A pressão arterial e a temperatura corpórea também são verificadas. Qualquer anormalidade pode sugerir uma cardiopatia. As veias no pescoço são então analisadas porque elas estão conectadas diretamente ao átrio direito do coração e fornecem uma indicação sobre o volume e a pressão do sangue que está entrando no lado direito do coração. Nessa etapa do exame a pessoa coloca-se em decúbito dorsal com a parte superior do corpo elevada em um ângulo de 45°. Às vezes, o indivíduo pode sentar- se, permanecer em pé ou deitar em decúbito dorsal totalmente horizontal. A pele sobre os tornozelos e a perna (e, em alguns casos, sobre a região dorsal inferior) é pressionada, para verificar a presença de acúmulo de líquido (edema) nos tecidos subcutâneos. É utilizado um oftalmoscópio (instrumento que permite examinar o interior do olho) para a observação dos vasos sanguíneos e tecidos nervosos da retina (a membrana sensível à luz existente na superfície interna da parte posterior do olho). São comuns as anormalidades visíveis na retina em pessoas com hipertensão, diabetes, arteriosclerose e infecções bacterianas das válvulas cardíacas. Observamos a região torácica para determinar se a frequência e os movimentos respiratórios são normais e, em seguida, percute o tórax com os dedos para determinar se os pulmões estão cheios de ar, o que seria normal, ou se eles contêm líquido, condição anormal. A percussão também ajuda a determinar se a membrana que envolve o coração (pericárdio) ou a dupla camada membranosa que reveste os pulmões (pleura) contém líquido. Usando um estetoscópio, também auscultamos os sons respiratórios para determinar se o fluxo de ar encontra-se normal ou obstruído e se os pulmões contêm líquido em decorrência da insuficiência cardíaca. Uma das mãos é colocada sobre o tórax para determinar o tamanho do coração, o tipo e a força das contrações durante cada batimento cardíaco. Às vezes, um fluxo sanguíneo turbulento e anormal no interior dos vasos ou entre as câmaras cardíacas causa uma vibração que pode ser sentida com a ponta dos dedos ou a palma da mão. Com um estetoscópio, escutamos o coração (procedimento denominado auscultação), observando os diferentes sons produzidos pela abertura e pelo fechamento das válvulas. AN02FREV001/REV 4.0 34 FIGURA 16 FONTE: Disponível em: <l http://www.endocardio.med.br/wp- content/uploads/2011/07/examcardio03.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. Anormalidades das válvulas e de estruturas cardíacas produzem um fluxo sanguíneo turbulento, o qual dá origem a sons característicos denominados sopros. Em geral, o fluxo sanguíneo turbulento ocorre quando o sangue passa por válvulas estenosadas (estreitadas) ou insuficientes (que permitem o refluxo). No entanto, nem todas as cardiopatias causam sopros, e nem todos os sopros indicam cardiopatia. É comum mulheres grávidas apresentarem sopros cardíacos em razão do aumento normal do fluxo sanguíneo. Sopros cardíacos inofensivos também são comuns em bebês e crianças, em virtude do rápido fluxo do sangue através das pequenas estruturas do coração. À medida que as paredes dos vasos, das válvulas e dos outros tecidos se enrijecem nos idosos, o sangue vai fluindo de forma turbulenta, mesmo que não exista cardiopatia grave subjacente. O posicionamento do estetoscópio sobre artérias e veias em qualquer outro ponto do corpo permite realizarmos a auscultação em busca de sons do fluxo sanguíneo turbulento, denominados ruídos e causados pelo estreitamento (estenose) dos vasos ou por conexões anormais entre vasos. AN02FREV001/REV 4.0 35 FIGURA 17 FONTE: Disponível em: <l http://www.endocardio.med.br/wp- content/uploads/2011/07/examcardio03.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. Palpamos o abdômen para determinar se o fígado está aumentado de volume em consequência do acúmulo de sangue nas veias principais que se dirigem ao coração. Um abdômen com um aumento anormal de volume em decorrência da retenção de líquido pode indicar insuficiência cardíaca. O pulso e o tamanho da aorta abdominal também são verificados. Os membros inferiores devem ser observados quanto à perfusão, edema e simetria dos pulsos periféricos. 2.2 EXAME FÍSICO/CARDIOLOGIA 2.2.1. Inspeção do Tórax ABAULAMENTOS Causas Extracardíacas Causas Cardíacas AN02FREV001/REV 4.0 36 RETRAÇÕES Cicatrizes de toracotomia PULSAÇÕES ANORMAIS Precordiais Epigástricas ICTUS CORDIS 2.2.2 Palpação do Tórax 1. ICTUS CORDIS: Localização; Extensão; Intensidade; Mobilidade; 2. FRÊMITO CATÁREO: Sede; Tempo; Intensidade; 3. CHOQUE VALVAR; 4. ATRITO PERICÁRDICO; 5. RITMO DE GALOPE; 6. PULSAÇÕES ANORMAIS. 2.2.3 Percussão do Tórax 1. LIMITES NORMAIS DA ÁREA CARDÍACA; 2. MACICEZ CARDÍACA; 2.2.4 Ausculta Cardíaca a) FOCOS DE AUSCULTA AN02FREV001/REV 4.0 37 Foco Aórtico: 2º espaço intercostal direito, linha paraesternal; Foco Pulmonar: 2º espaço intercostal esquerdo, linha paraesternal; Foco Tricúspide: base apêndice xifoide; Foco Mitral ou Apical: 5º espaço intercostal na linha hemiclavicular à esquerda do esterno (sede do ictus). b) RITMO: Regular; c) FREQUÊNCIA Recém-nascidos: 130 a 160 bpm; Lactentes: 110 a 130 bpm; Crianças: 80 a 120 bpm; Adultos: 60 a100 bpm. d) BULHAS CARDÍACAS B1- Fechamento das válvulas mitral e tricúspide; B2 - Fechamento das válvulas aórtica e pulmonar; B3 - Presente em crianças e adultos jovens; B4 – Patológica. SOPROS (alterações das bulhas cardíacas) Avaliação INTENSIDADE: + sopro suave ++ sopro moderado +++ sopro forte ++++ sopro intenso TIMBRE: Suave - Musical - Áspero DURAÇÃO: Proto - início do ciclo;AN02FREV001/REV 4.0 38 Meso - parte média do ciclo; Tele - segunda parte do ciclo; Holo - todo o ciclo. IRRADIAÇÃO Classificação - Sistólico: Ocupam total ou parcialmente a sístole (ejeção e/ou regurgitação); - Diastólico: Ocupam total ou parcialmente a diástole (regurgitação e/ou enchimento ventricular); - Contínuos: Regurgitação e obstrução. - Inocentes: Sopros suaves e sem frêmitos 2.3 PACIENTE SEM ALTERAÇÕES AO EXAME CARDIOVASCULAR Precórdio calmo. Ausência de abaulamentos e retrações. Ausência de pulsações visíveis e palpáveis nas regiões paraesternal, epigástrica, supraclaviculares e em fúrcula. Ictus cordis visível e palpável no 5º espaço intercostal esquerdo (EICE), na linha hemiclavicular esquerda (LHCE) (a 10 cm da linha médio-esternal), normoimpulsivo, com frequência de 75 bpm, rítmico, de amplitude normal, com uma polpa digital de extensão, com discreta mobilidade ao decúbito de Pachón (deslocamento de cerca de 2 cm para esquerda). Ausência de frêmitos e de atrito pericárdico palpável. Bulhas cardíacas (choques valvares) impalpáveis. A percussão da área cardíaca mostra limite de transição de submacicez para som claro pulmonar no 3º, 4º e 5º EICE a 4, 7 e 10 cm da borda esternal esquerda, respectivamente. À ausculta observa-se ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas normofonéticas com desdobramento fisiológico (respiratório) da 2ª bulha no foco pulmonar, ausência de sopros e de atrito pericárdico. AN02FREV001/REV 4.0 39 2.4 EXAMES DIAGNÓSTICOS EM CARDIOLOGIA Exames de Sangue 2.4.1 Creatino Kinase (CK) É uma enzima citoplasmática e mitocondrial que cataliza a fosforilação reversível da creatinina com formação de ATP. A CK é composta de duas subunidades (M e B) que se combinam em três tipos: MM, MB e BB que são encontradas em maior proporção respectivamente, no musculoesquelético, cardíaco e nos tecidos. Elevações de MM são encontradas nas disfunções tireoideanas e BB nas doenças gastrointestinais, adenomas, carcinomas, doenças vasculares, autoimunes e cirrose. Portanto, a sua elevação não significa necessariamente Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). A associação clínica com ECG e outras provas laboratoriais aumentam o seu valor diagnóstico no IAM. A elevação do CK Total ocorre 4 a 8 horas após o início da dor peitoral, tendo o seu pico máximo de 12 a 24 horas, retornando ao normal em 3 a 4 dias. Os níveis aumentados podem indicar: infarto do miocárdio, lesão da musculatura cardíaca ou esquelética, doença muscular cardíaca congênita, acidente vascular cerebral, injeções intramusculares, hipotireoidismo, doenças infecciosas, embolia pulmonar, hipertermia maligna, convulsões generalizadas, neoplasias de próstata, vesícula e trato gastrintestinal. Considerando as limitações da CK total, o CKMB é um marcador mais específico para detecção de lesões no miocárdio, pois 25 a 46% da concentração desta enzima encontram-se no músculo cardíaco e apenas 5% no musculoesquelético. Elevações de CKMB ocorrem de 2 a 6 horas após as manifestações cardíacas, com pico máximo em torno de 24 horas, retornando ao normal dentro de 48 horas. Precocidade de sua detecção e maior especificidade faz com que ela seja o marcador de escolha em relação ao CK Total. AN02FREV001/REV 4.0 40 2.4.2 CK-MB É uma isoenzima da creatina fosfoquinase (CPK) que corresponde à enzima liberada pelo músculo cardíaco. Esta enzima eleva-se quando ocorre isquemia em uma determinada região do músculo cardíaco. No infarto agudo do miocárdio os valores de CK-MB podem estar superiores a 16 U/L e entre 4% a 25% do valor de CPK total. A interpretação dos resultados pode ser a seguinte: Valores de CK-MB acima de 16 U/L, mas inferiores a 4% do valor do CPK total podem sugerir lesão de musculoesquelético; CK-MB acima de 25% do valor do CPK total pode indicar presença de isoenzima, nesse caso o indicado é dosar o CK-MB por meio de metodologias alternativas, como no caso do CK-MB por quimioluminescência. A interpretação deste exame é a seguinte: o CK-MB encontra-se predominantemente no músculo cardíaco, sendo responsável por aproximadamente 10 a 40% das miocardites. Os danos no miocárdio originam a liberação transitória de CKMB para a circulação. Esse aumento de CKMB atinge o auge entre 12 e 24 horas, depois regressa ao normal dentro de 48 a 72 horas. 2.4.3 CK-MB massa Enquanto na dosagem de CK-MB é determinada a atividade da enzima, o teste de CK-MB massa detecta sua concentração, independentemente de sua atividade, o que torna o CK-MB massa mais confiável que os testes de CK-MB atividade. Dessa maneira, o CK-MB massa apresenta melhor sensibilidade analítica, pois detecta enzimas ativas e inativas. A sensibilidade analítica também aumenta, já que pode detectar lesões no miocárdio 1 a 2 horas antes do CK-MB. A menor incidência de resultados falso- positivos ocorre devido ao fato de o teste não sofrer interferência de outras enzimas com atividade semelhante. Na prática laboratorial podem-se encontrar valores de AN02FREV001/REV 4.0 41 CK-MB maiores que CK total, isso ocorre devido a formas macromoleculares da enzima (macro-CK), que levam a resultados falso-positivos em ensaios de CK-MB. Por meio de alguns exames de sangue é possível detectar tanto um risco para doença arterial coronariana como a presença de doença arterial coronariana. No primeiro caso, certas substâncias são dosadas e quando estão acima dos valores normais indicam um risco para desenvolver a doença arterial coronariana e, no segundo caso, algumas substâncias chamadas de enzimas, quando aumentadas, indicam dano ou isquemia no miocárdio. A seguir serão apresentados os exames laboratoriais mais comumente realizados na avaliação do risco para doença arterial coronariana. 2.4.4 Troponina T É um exame que começa a ser muito utilizado no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio. Esta enzima é liberada no sangue a partir de 2 a 8 horas após a lesão do miocárdio. Os valores se elevam por um período de 2 horas a 14 dias após o infarto. O resultado positivo significa que a concentração de Troponina T contida na amostra supera o valor de sensibilidade do teste, que é 0,1 ng/ml. Entretanto, o resultado negativo não permite excluir com segurança um infarto do miocárdio nas primeiras 8 horas após a aparição dos primeiros sintomas. Se a suspeita persistir, o exame deve ser repetido em intervalos apropriados. Pode-se utilizar uma ampla gama de exames e procedimentos para a realização de diagnósticos rápidos e precisos. A tecnologia inclui as mensurações elétricas, os estudos radiográficos, a ecocardiografia, a ressonância magnética (RM), a tomografia por emissão de pósitrons (TEP) e o cateterismo cardíaco. A maioria dos procedimentos diagnósticos cardíacos apresenta apenas um risco mínimo, mas esse aumenta de acordo com a complexidade do procedimento e a gravidade da cardiopatia subjacente. Nos casos do cateterismo e da angiografia cardíacos, a probabilidade de uma complicação grave – como acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio ou morte – é de 1:1.000. Os testes de esforço apresentam risco de infarto do miocárdio AN02FREV001/REV 4.0 42 ou de morte de 1:5.000. Virtualmente, o único risco dos estudos com radionuclídeos é originário da diminuta dose de radiação recebida pelo paciente, que é inferior à radiação recebida pelos indivíduos na maioria das radiografias. 2.4.5 Colesterol Total Esse é um exame que determina a dosagem total de colesterol no sangue. A unidade de medida é em miligramas por decilitro de sangue (mg/dl). As frações são exames específicos. Abaixo estão os valores para o colesterol e as suas frações. 2.4.6 Colesterol Total e Frações Colesterol Total e Frações Desejável Limite SuperiorMuito Alto Colesterol Total < 200 mg/dl 200-239 mg/dl > 240 mg/dl LDL Colesterol < 130 mg/dl 130-159 mg/dl > 160 mg/dl Triglicérides < 200 mg/dl > 200 mg/dl 2.4.7 TGO - Transaminase glutâmico oxaloacética No infarto agudo do miocárdio o aumento do TGO está ligado à necrose de células miocárdicas. A elevação é geralmente moderada, chegando a atingir 10 vezes o limite superior normal. A elevação da TGO aparece entre a sexta e a décima segunda hora após o episódio de dor, atinge seu nível máximo em 24 a 48 horas e o AN02FREV001/REV 4.0 43 seu retorno ao normal se processa entre o quarto e o sétimo dia após o episódio de dor. 2.4.8 TGP - Transaminase glutâmica-pirúvica Nos pacientes com infarto do miocárdio seus níveis de elevação sérica são leves ou ausentes. Entretanto, na insuficiência cardíaca ou no choque com necrose hepática presente pode-se ter níveis elevados. A aplicação principal da determinação desta enzima sérica está no diagnóstico da destruição hepatocelular. 2.5 EXAMES DIAGNÓSTICOS Pode-se utilizar uma ampla gama de exames e procedimentos para a realização de diagnósticos rápidos e precisos. A tecnologia inclui as mensurações elétricas, os estudos radiográficos, a ecocardiografia, a ressonância magnética (RM), a tomografia por emissão de pósitrons (TEP) e o cateterismo cardíaco. A maioria dos procedimentos diagnósticos cardíacos apresenta apenas um risco mínimo, mas esse aumenta de acordo com a complexidade do procedimento e a gravidade da cardiopatia subjacente. Nos casos do cateterismo e da angiografia cardíacos, a probabilidade de uma complicação grave – como acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio ou morte – é de 1:1.000. Os testes de esforço apresentam risco de infarto do miocárdio ou de morte de 1:5.000. Virtualmente, o único risco dos estudos com radionuclídeos é originário da diminuta dose de radiação recebida pelo paciente, que é inferior à radiação recebida pelos indivíduos na maioria das radiografias. 2.5.1 Teste de Esforço AN02FREV001/REV 4.0 44 A resistência dos indivíduos ao exercício fornece ao médico informações sobre a existência e a gravidade de uma doença arterial coronariana e de outros distúrbios cardíacos. Um teste de esforço, o qual permite controlar o ECG e a pressão arterial do indivíduo durante o exercício, pode revelar problemas que não são evidenciados em repouso. Se as artérias coronárias apresentam um bloqueio parcial, o coração pode apresentar uma circulação sanguínea suficiente quando o indivíduo encontra-se em repouso, mas não quando ele se exercita. A realização simultânea de uma prova da função pulmonar pode diferenciar a limitação do exercício por uma doença cardíaca ou pulmonar da limitação em função da ocorrência concomitante de uma patologia cardíaca e uma patologia pulmonar. Durante a prova, a pessoa pedala uma bicicleta ergométrica ou anda sobre uma esteira rolante em um determinado ritmo. FIGURA 18 FONTE: Disponível em: < http://www.centrodecardiologia.com/fotos/teste_02.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. O ritmo é gradualmente aumentado. O ECG é monitorizado de forma contínua e a pressão arterial é medida em intervalos regulares. Em geral, é solicitado ao indivíduo que está sendo testado que ele continue o teste até a sua frequência cardíaca atingir entre 80 e 90% do máximo para sua idade e seu sexo. AN02FREV001/REV 4.0 45 Se sintomas, como a dificuldade respiratória ou a dor torácica, tornarem-se muito desconfortáveis ou se forem detectadas anormalidades significativas no registro eletrocardiográfico ou da pressão arterial, a prova deve ser interrompida. Os indivíduos que, por alguma razão, não podem realizar exercícios, são submetidas ao eletrocardiograma de estresse, o qual fornece informações semelhantes às do teste de esforço, mas não envolve a prática de exercícios. Em vez disso, uma substância que aumenta o suprimento sanguíneo ao tecido cardíaco normal, mas diminui o suprimento ao tecido anormal, como o dipiridamol ou a adenosina, é injetada no indivíduo para simular os efeitos do esforço. O teste de esforço sugere a presença de uma doença arterial coronariana quando surgem determinadas anormalidades eletrocardiográficas, o indivíduo apresenta angina ou a sua pressão arterial diminui. Nenhum teste é perfeito. Às vezes eles revelam anormalidades em pessoas que não apresentam doença arterial coronariana (resultado falso-positivo) e, às vezes, eles não revelam anormalidades em pessoas que realmente apresentam angina (resultado falso-negativo). Para os indivíduos assintomáticos (sem sintomas), especialmente os mais jovens, a probabilidade de doença arterial coronariana é baixa, apesar de um resultado anormal do teste. Apesar disso, é frequente o teste de esforço ser utilizado com finalidade de controle de indivíduos aparentemente saudáveis como, por exemplo, antes do início de um programa de exercícios ou na avaliação para a realização de um seguro de vida. Os muitos falso-positivos resultantes causam uma preocupação considerável e despesas médicas desnecessárias. Por isso, a maioria dos especialistas não incentiva a utilização do teste de esforço em pessoas assintomáticas. 2.5.2 Eletrocardiografia A eletrocardiografia é um procedimento rápido, simples e indolor, em que impulsos elétricos no coração são amplificados e registrados em uma fita de papel em movimento. O eletrocardiograma (ECG) permite que o médico analise o marca- passo do coração, o qual dispara cada batimento, as vias de condução nervosa do AN02FREV001/REV 4.0 46 coração, a frequência e o ritmo cardíaco. Para obter um ECG, o examinador instala pequenos contatos metálicos (eletrodos) sobre a pele dos braços, das pernas e do tórax do indivíduo. Esses eletrodos mensuram o fluxo e a direção das correntes elétricas no coração durante cada batimento cardíaco. Os eletrodos são conectados por meio de fios metálicos a um aparelho que gera um traçado para cada eletrodo. Cada traçado representa uma “imagem” particular dos padrões elétricos do coração; essas imagens são denominadas derivações. Quase todas as pessoas com suspeita de serem portadoras de uma cardiopatia devem ser submetidas à realização de um ECG. Esse exame pode ajudar a identificar diversos problemas cardíacos, como ritmos cardíacos anormais, suprimento inadequado de sangue e de oxigênio ao coração e um espessamento (hipertrofia) exagerado do miocárdio, o qual pode ser decorrente da hipertensão arterial. O ECG também pode revelar o adelgaçamento do miocárdio ou sua ausência (em razão de sua substituição por tecido não muscular), condição essa que pode ser decorrente de um infarto do miocárdio. O eletrocardiograma (ECG) é uma representação da atividade elétrica do coração, refletida pelas alterações do potencial elétrico na superfície da pele. O ECG é registrado como um traçado sobre uma fita de papel milimetrado, onde os espaços entre as linhas verticais representam a amplitude e distâncias entre si 1 milímetro. Cada 10 milímetros corresponde a 1 milivolt (mV). A distância entre as linhas horizontais medem o tempo, e cada 1 milímetro corresponde a 0,04 segundos ou 400 milissegundos. O ECG é particularmente útil na avaliação das condições que interferem com as funções cardíacas normais, como distúrbios da frequência ou ritmo, anormalidades da condução, crescimento das câmaras cardíacas, presença de um infarto do miocárdio e desequilíbrios eletrolíticos. A informação registrada no ECG representa impulsos elétricos do coração. Os impulsos elétricos representam várias etapas da estimulação cardíaca. Quando se estimula o músculo cardíaco eletricamente, ele se contrai. No estado de repouso as células do coração estão POLARIZADAS, o interior das células se acha NEGATIVAMENTEcarregado. Quando se estimula as células a contraírem-se, se tornam POSITIVAMENTE carregadas, denominando-se AN02FREV001/REV 4.0 47 DESPOLARIZAÇÃO. Assim uma onda progressiva de estimulação (despolarização) atravessa o coração, produzindo contração do miocárdio. O estímulo elétrico de despolarização causa contração progressiva das células miocárdicas, quando então a onda de cargas positivas progride para o interior das células. A onda de despolarização (o interior das células se torna positivo) e a repolarização (as células voltam a ser negativas). O impulso elétrico ao se difundir nos átrios forma a primeira onda positiva-onda P. Depois da onda P, registra-se um segmento sem ondas, porque a atividade elétrica é de pequena magnitude - segmento PR, que representa a despolarização do tecido específico (região do nódulo AV e feixe de His). Em seguida, vemos uma onda negativa - onda Q; uma onda positiva alta - onda R e outra negativa - onda S. Forma-se o complexo QRS que representa a estimulação elétrica dos ventrículos e não a contração mecânica das câmaras ventriculares. Em seguida há repouso elétrico do coração quando se inscreve outro segmento sem ondas - segmento ST. Finalmente, inicia-se o fenômeno espontâneo e mais lento da repolarização ventricular, representado por uma deflexão positiva, onda T. Muitas vezes, observa-se outra onda positiva (onda U), que aparece principalmente quando a frequência cardíaca é baixa. Para se registrar o traçado eletrocardiográfico algumas precauções devem ser observadas. O paciente deve estar preferencialmente deitado e em absoluto repouso - relaxado; Os eletrodos dos membros deverão ser conectados aos punhos e ao terço inferior das pernas. Todavia, porém podem ser colocados desde a raiz da coxa até o dorso do pé, ou desde o ombro até o dorso da mão, pois que na prática se pode considerar que um eletrodo explorador colocado além de 12 cm do coração capta sempre o mesmo potencial; Entre a pele e o eletrodo explorador deve ser colocado um bom condutor de eletricidade: certas pastas (gel condutor), álcool ou mesmo água; As crianças, pela sua natural inquietação, podem ou devem ser sedadas. O ECG consiste em 12 derivações. A informação sobre a atividade elétrica do coração é obtida colocando-se eletrodos sobre a superfície da pele, em posições AN02FREV001/REV 4.0 48 anatômicas convencionadas. As diversas posições dos eletrodos que podem ser monitorizadas são denominadas derivações. Para um ECG completo com 12 derivações, o coração é analisado em cada uma das 12 posições anatômicas diferentes. O sistema é composto de 4 eletrodos periféricos, um em cada braço e cada perna e 6 precordiais, constituindo as derivações standarts (D1, D2, D3) e 3 variáveis (aVR , aVL e aVF). Colocação dos eletrodos nos membros COR POSIÇÃO VERMELHO Braço direito AMARELO Braço esquerdo PRETO Perna direita VERDE Perna esquerda AZUL Precordiais Posição das derivações precordiais Derivação POSIÇÕES V1 4º espaço intercostal na borda direita do esterno V2 4º espaço intercostal na borda esquerda do esterno V3 Espaço intermediário entre V2 e V4 V4 5º espaço intercostal esquerdo na linha médio clavicular V5 5º espaço intercostal esquerdo na linha axilar anterior V6 5º espaço intercostal esquerdo na linha axilar média 2.5.3 ECG: Interpretação das Ondas O eletrocardiograma (ECG) representa a corrente elétrica que percorre o coração durante um batimento cardíaco. Cada parte do ECG é designada por uma letra. Cada batimento cardíaco começa com um impulso do principal marca-passo AN02FREV001/REV 4.0 49 do coração (nódulo sinoatrial). Esse impulso ativa primeiramente as câmaras superiores do coração (átrios). A onda P representa essa ativação dos átrios. Em seguida, a corrente elétrica flui até as câmaras inferiores do coração (ventrículos). O complexo QRS representa a ativação dos ventrículos. A onda T representa a onda de recuperação, enquanto a corrente elétrica dissemina-se de forma retrógrada sobre os ventrículos. Muitos tipos de anormalidades são revelados num ECG. As de compreensão mais fácil são as anormalidades do ritmo do batimento cardíaco: demasiadamente rápido, lento ou irregular. Em geral, ao analisar o ECG, o médico determina em qual parte do coração o ritmo anormal é originado e pode dar início ao processo de determinação de sua causa. 2.5.4 Eletrocardiografia Ambulatorial Contínua (Holter) Os ritmos cardíacos anormais e o fluxo sanguíneo insuficiente ao miocárdio podem ocorrer apenas durante um curto período de tempo ou de maneira imprevisível. Para detectar esses problemas, o médico pode lançar mão da monitorização eletrocardiográfica ambulatorial contínua. Nesse exame, o indivíduo carrega consigo um pequeno aparelho movido à pilha (monitor Holter), o qual registra o ECG durante 24 horas. Enquanto estiver com o monitor, a pessoa anota em um diário o horário e o tipo de qualquer sintoma. Em seguida, o registro é transferido para um computador, o qual analisa a frequência e o ritmo do coração, verifica a ocorrência de alterações na atividade elétrica que possam indicar um fluxo sanguíneo inadequado ao miocárdio e reproduz um registro de cada batimento cardíaco ocorrido durante as 24 horas. Os sintomas armazenados no diário podem então ser relacionados às alterações eletrocardiográficas. Caso seja necessário, o ECG pode ser transmitido por via telefônica a um computador localizado no hospital ou no consultório médico, para leitura imediata, assim que o paciente apresenta sintomas. Aparelhos ambulatoriais sofisticados podem registrar simultaneamente um ECG e um AN02FREV001/REV 4.0 50 eletroencefalograma (mensurações da atividade elétrica do cérebro) em pacientes que apresentam episódios de perda da consciência. Esses registros ajudam a diferenciar as crises convulsivas epilépticas das anormalidades do ritmo cardíaco. FIGURA 19 FONTE: Disponível em: < http://3.bp.blogspot.com/_DQE2Tfrqq3I/SoSTA4_ZgiI/AAAAAAAAAIU/1lwAx4ulnWU/s320/holter.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2012. A pessoa utiliza um pequeno monitor, que é sustentado por um dos ombros por uma correia. Com os eletrodos fixados no tórax, o monitor registra continuamente a atividade elétrica do coração. 2.5.5 Testagem Eletrofisiológica A testagem eletrofisiológica é utilizada na avaliação de alterações graves do ritmo ou da condução elétrica. No hospital, o médico insere diminutos eletrodos através das veias e, em alguns casos, através das artérias, atingindo diretamente o AN02FREV001/REV 4.0 51 interior das câmaras cardíacas, para obter o registro eletrocardiográfico a partir do interior do coração e para identificar a localização exata das vias de condução elétrica. Às vezes o médico provoca intencionalmente um ritmo cardíaco anormal durante a testagem para descobrir se determinado medicamento pode interromper o distúrbio ou se uma cirurgia irá ajudar o paciente. Em caso de necessidade, o médico retorna rapidamente ao ritmo normal com um choque elétrico de curta duração sobre o coração (cardioversão). Embora seja um procedimento invasivo e exija a anestesia do paciente, a testagem eletrofisiológica é muito segura e o seu risco de morte é de 1:5.000. 2.5.6 Exames Radiológicos Qualquer pessoa com suspeita de cardiopatia deve ser submetida a radiografias nas incidências, frontal e de perfil. As radiografias revelam a forma e o tamanho do coração e delineiam os vasos sanguíneos nos pulmões e no tórax. A anormalidade da forma ou do tamanho do coração e alterações, como depósitos de cálcio no interior do coração, são imediatamente observadas. As radiografias torácicas também podem revelar o estado dos pulmões, particularmente dos vasos sanguíneos pulmonares,e a presença de qualquer líquido no interior ou em torno dos pulmões. Frequentemente, a insuficiência cardíaca ou uma alteração de uma válvula cardíaca acarreta um aumento do volume do coração. No entanto, o tamanho do coração pode ser normal mesmo em pessoas com cardiopatia grave. Nos casos de pericardite constritiva, a qual cria um envelope de tecido cicatricial envolvendo o coração, esse não aumenta de volume, mesmo na vigência de uma insuficiência cardíaca. O aspecto dos vasos sanguíneos nos pulmões é muitas vezes mais importante na confirmação diagnóstica do que o aspecto do coração em si. Por exemplo, a dilatação das artérias pulmonares localizadas próximas ao coração e a sua estenose no interior do tecido pulmonar sugerem o aumento do ventrículo direito. AN02FREV001/REV 4.0 52 2.5.7 Tomografia Computadorizada A tomografia computadorizada (TC) comum não é frequentemente utilizada no diagnóstico das cardiopatias. No entanto, ela pode detectar anormalidades estruturais do coração, do pericárdio, dos vasos principais, dos pulmões e das estruturas de sustentação no tórax. Nesse exame, um computador gera imagens de cortes transversais de todo o tórax utilizando raios-X, revelando a localização exata de qualquer anomalia. A tomografia computadorizada é moderna e ultrarrápida, também chamada de cinetomografia computadorizada, fornece uma imagem móvel tridimensional do coração. Esse exame pode ser utilizado na avaliação de anormalidades estruturais e de movimento. 2.5.8 Fluoroscopia (Radioscopia) A fluoroscopia (radioscopia) é um procedimento radiológico contínuo que mostra em um monitor o coração batendo e os pulmões insuflando e desinsuflando. Contudo, a fluoroscopia, a qual envolve uma dose relativamente alta de radiação, vem sendo amplamente substituída pela ecocardiografia e por outros exames. A fluoroscopia também é utilizada como um componente do cateterismo cardíaco e da testagem eletrofisiológica. Ela pode ser útil em alguns diagnósticos difíceis que envolvem doenças valvulares e defeitos congênitos do coração. 2.5.9 Ecocardiografia É uma das técnicas mais amplamente utilizadas no diagnóstico das cardiopatias, por não ser invasiva, não utilizar raios-X e fornecer imagens AN02FREV001/REV 4.0 53 excelentes. O exame é inofensivo, indolor, relativamente barato e amplamente disponível. A ecocardiografia utiliza ondas de ultrassom de alta frequência, as quais são emitidas por uma sonda de registro (transdutor), choca-se contra as estruturas do coração e os vasos sanguíneos e são retornadas, produzindo uma imagem móvel. A imagem é visualizada em um monitor e é registrada em videocassete ou em papel. Ao variar a posição e o ângulo da sonda, o médico visualiza o coração e os vasos sanguíneos importantes sob vários ângulos, obtendo um retrato acurado da estrutura e do funcionamento do coração. Para uma maior nitidez ou para analisar estruturas localizadas na parte posterior do coração, pode-se passar uma sonda através da garganta do paciente até o esôfago, registrando os sinais a partir de um ponto situado logo atrás do coração. Esta técnica é conhecida como ecocardiografia transesofágica e pode detectar anormalidades de movimento da parede do coração e do volume de sangue que está sendo bombeado pelo coração em cada batimento, espessamentos e doenças da membrana que envolve o coração (pericárdio) e acúmulo de líquido entre o pericárdio e o músculo cardíaco (miocárdio). Os principais tipos de exames ultrassonográficos são: modo M, bidimensional, Doppler e Doppler colorido. Na ultrassonografia no modo M, que é a técnica mais simples, um feixe isolado de ultrassom é direcionado à parte do coração estudado. A ultrassonografia bidimensional, que é a técnica mais utilizada, produz imagens bidimensionais reais, em “cortes” gerados por computador. A ultrassonografia com Doppler detecta o movimento e a turbulência do sangue e pode produzir uma imagem colorida (Doppler colorido). As ecocardiografias com Doppler colorido e com Doppler simples podem determinar e mostrar a direção e a velocidade do fluxo sanguíneo nas câmaras cardíacas e nos vasos sanguíneos. As imagens permitem ao médico observar se as válvulas cardíacas abrem e fecham adequadamente, se há escape de sangue durante fechamento e, em caso afirmativo, a quantidade de sangue que escapa, e ainda se o sangue flui normalmente. Podem ser detectadas conexões anormais entre os vasos sanguíneos ou entre as câmaras cardíacas e a estrutura e o funcionamento de vasos e câmaras cardíacas podem ser determinados. AN02FREV001/REV 4.0 54 2.5.10 Ressonância Magnética A ressonância magnética (RM) é uma técnica que utiliza um campo magnético potente para a produção de imagens detalhadas do coração e do tórax. Essa técnica extremamente cara e sofisticada ainda se encontra em estágio experimental para uso no diagnóstico de cardiopatias. O indivíduo é colocado no interior de um enorme ímã elétrico, o qual faz com que os núcleos dos átomos do organismo vibrem e emitam sinais característicos, os quais são convertidos em imagens bi e tridimensionais das estruturas cardíacas. Em geral, não há necessidade de agentes de contraste (radiopacos). No entanto, ocasionalmente, são administrados contrastes paramagnéticos pela via intravenosa, os quais ajudam na identificação de áreas de pouco fluxo sanguíneo do miocárdio. Uma desvantagem da RM é a demora em obter cada imagem, em comparação com a tomografia computadorizada (TC). Em razão dos movimentos cardíacos, as imagens obtidas com RM são borradas, em comparação com as obtidas por TC. Além disso, algumas pessoas apresentam claustrofobia durante a realização da RM, pois elas devem ficar imóveis em um espaço estreito dentro de uma máquina gigantesca. 2.5.11 Estudos com Radionuclídeos Nos estudos imagenológicos com radionuclídeos, quantidades diminutas de substâncias radioativamente marcadas (marcadores) são injetadas em uma veia, mas, de qualquer modo, o exame expõe o indivíduo a uma menor radiação do que na maioria dos estudos radiográficos. Os marcadores distribuem-se rapidamente por todo o corpo, incluindo o coração. Em seguida, eles são detectados por uma câmara gama. A imagem é apresentada em um monitor e gravada no disco rígido do computador para análise posterior. Diferentes tipos de câmaras de registro de AN02FREV001/REV 4.0 55 radiação podem armazenar uma imagem isolada ou gerar uma série de imagens de cortes transversais, as quais são refinadas pelo computador – técnica conhecida como tomografia computadorizada por emissão de fótons isolados. O computador também pode gerar uma imagem tridimensional. Os estudos com radionuclídeos são particularmente úteis no diagnóstico de indivíduos com dor torácica de causa desconhecida. Nos indivíduos que apresentam estreitamento (estenose) de uma artéria coronária, a técnica é utilizada para a determinação da magnitude do efeito da estenose sobre o aporte sanguíneo e o funcionamento do coração. Os estudos com radionuclídeos também são utilizadas na comprovação da melhoria do fluxo sanguíneo ao miocárdio após uma cirurgia de bypass (revascularização miocárdica) ou um procedimento similar. Além disso, eles também são úteis na determinação do prognóstico de um indivíduo após um infarto do miocárdio. Geralmente, o fluxo sanguíneo miocárdico é examinado com o uso de uma injeção intravenosa de tálio-201 e por meio da obtenção de imagens enquanto a pessoa realiza um teste de esforço. A quantidade de tálio-201 absorvida pelas células do músculo cardíaco depende do fluxo sanguíneo. No pico do exercício, uma determinada área do miocárdio com irrigação sanguínea deficiente (isquemia) apresenta menor radioatividade (gera uma imagem menos nítida) que o músculo vizinho
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