Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 EXAME CARDIOVASCULAR ANATOMIA DO CORAÇÃO 1 – CICLO CARDÍACO • Diástole tardia – ambos os conjuntos de câmaras estão relaxados. Enchimento ventricular passivo. • Sístole atrial – a contração atrial força uma pequena quantidade adicional de sangue para dentro dos ventrículos • Contração ventricular isovolumétrica – a primeira fase da contração ventricular empurra as valvas AV que se fecham, mas não cria bastante pressão para abrir as válvulas semilunares. • Ejeção ventricular – com o aumento da pressão ventricular que ultrapassa a das artérias, as válvulas semilunares abrem-se e o sangue é ejetado. • Relaxamento ventricular isovolumétrico – com o relaxamento dos ventrículos a pressão neles cai, o fluxo sanguíneo volta para dentro das válvulas semilunares que então se fecham. – VDF: volume diastólico final. A quantidade máxima de sangue nos ventrículos. – VSF: volume sistólico final. Quantidade mínima de sangue nos ventrículos. EXAME FÍSICO • Ambiente tranquilo, sem ruídos, iluminado, temperatura agradável, limpo. • O paciente pode ser posicionado em decúbito dorsal, sentado ou decúbito lateral esquerdo. ANAMNESE CARDIOVASCULAR • Tipo de dieta. • Atividade física. • Atividades de vida diária. • Sono. • Trabalho. • Estado de saúde atual e pregresso. • Tabagismo. • Etilismo. • Uso de medicamentos. • História familiar de doenças cardiovasculares. SINAIS E SINTOMAS DE ALTERAÇÕES DO SISTEMA CARDIACO: • Dor torácica: localização, intensidade, duração, fatores desencadeantes, tipo de dor. • Dispneia, ortopnéia, palpitação, cansaço, cianose, sincope, edema (classifica em cruzes), tosse, palidez. • Estase de jugular. 2 • Avaliar a perfusão periférica através da técnica do enchimento capilar. – Faz-se uma pressão na base da unha de modo que a coloração passe de rosada para pálida. – Retirando-se a pressão a coloração rosada deve retomar em um tempo inferior a dois segundos. EXAME DO APARELHO CARDIOVASCULAR: INSPEÇÃO E PALPAÇÃO: • Pesquisa de abaulamentos; • Análise do ictus cordis; • Análise de batimentos ou movimentos visíveis e palpáveis; • Pulsações epigástricas; • Avaliação da jugular e carótidas; • Analisar alterações na respiração; TURGÊNCIA DA JUGULAR: • Colocar a maca em 45°; • Traçar uma linha do ângulo esternal (de Louis) e outra linha a partir do ponto mais alto que é possível de visualizar a turgência. Se a distância for maior que 4 ou 5 cm → turgência jugular patológica. PRECORDIO E ICTUS CORDIS: • O precordio vai do 2° EIE até o 5° EIE e do rebordo esternal direito até a linha medioclavicular. – Palpar para verificar a presença de frêmitos. – Importante para classificar a intensidade do sopro. • O ictus pode ou não estar palpável e visível. Geralmente, localizado no 4°-5° EIE (em decúbito dorsal ou lateral). – Em pacientes brevilíneos o ictus tende a ficar um pouco mais para cima. – Em pacientes longilíneos o ictus tende a abaixar. • O ictus pode estar invisível e impalpável em portadores de enfisema, obesidade, pacientes com musculatura muito desenvolvida, grandes mamas. E pode estar deslocado por dilatação e/ou hipertrofia do VE, estenose aórtica... AUSCULTA: • A semiotécnica para um bom exame depende do estetoscópio, do ambiente, da posição do paciente, posição do examinador, orientação do paciente, escolha do receptor adequado (diafragma: sons agudos; e campânula: sons graves), manobras especiais. PONTOS DE AUSCULTA • Foco aórtico – 2° EID, justa-esternal. • Foco tricúspide – base do apêndice xifoide. • Foco mitral – 5° EIE, linha hemiclavicular. • Foco pulmonar – 2° EIE • Foco aórtico acessório – entre o 3° e o 4° EIE. 3 ABORDAGEM SISTEMATIZADA DA AUSCULTA: 1. Caracterização do ritmo cardíaco: – Regular; – Irregular (arritmia) 2. Frequência cardíaca; – Frequência cardíaca e de pulso podem ser diferentes. (arritmias extra-sístoles) 3. Bulhas (1° e 2°): – Intensidade → hiper, hipo ou normofonese. (imagem 1 e 2). – Desdobramentos → fechamento das valvas em tempos diferentes (TRUM ou TLÁ) ▪ Pode ser fisiológico ou patológico ▪ A inspiração aumenta o retorno venoso retardando a sístole do VD, separando os componentes Ao e P da 2° bulha (desdobramento fisiológico). 4. Ruídos adicionais: – 3° e 4° bulhas – Clicks, estalidos – Ruídos de próteses 5. Sopros cardíacos: – Fases do ciclo cardíaco – Tipo – Localização – Duração – Intensidade – Tonalidade – Timbre – Irradiação 6. Atritos. BULHAS CARDÍACAS: B1 • Fechamento das válvulas atrioventriculares na fase de contração isométrica. • Válvula mitral e tricúspide. • Marca o início da sístole. • Grave e longa → TUM B2 • Fechamento das válvulas semilunares na fase de relaxamento isométrico. • Válvula aórtica e pulmonar • Início da diástole. • Aguda e curta → TÁ • O B1 é mais intenso e audível nos focos do ápice. • O B2 é mais intenso e audível nos focos da base. “PULO DO GATO” • Para ajudar a distinguir B1 de B2. • Auscultar sentindo o pulso (carotídeo). • O B1 vai coincidir com o pulso. • Importante para avaliar o ritmo. 3° BULHA • Ruído protodiastólico. • Som grave. • Alteração da parede do ventrículo ou do fluxo sanguíneo. • Ruído de baixa frequência que se origina das vibrações da parede ventricular subitamente distendida pela corrente sanguínea que penetra na cavidade durante o enchimento rápido. • Sangue bate na parede ventricular que não está completamente relaxada, gerando uma energia, que gera um som → B3 • Ou fluxo em alta velocidade que choca na parede do ventrículo. • Pode ser patológico ou fisiológico (ex. gestante – aumento do fluxo). • TUM---------TÁ-TU 4° BULHA • Ruído débil que ocorre no fim da diástole ou pré-sístole. (telediastólico) • Gênese não está completamente esclarecida. Admite-se que seja originada pela brusca desaceleração do fluxo sanguíneo mobilizado pela contração atrial de encontro à massa 4 sanguínea existente no interior do ventrículo. • “Ventrículo está cheio de sangue e o átrio tem que fazer uma força a mais para conseguir ejetar o resto do sangue. O choque do sangue ejetado com o sangue no ventrículo, pode gerara um som.” • Pode se assemelhar a um desdobramento de B1. • TUM-TU-------TÁ DESCRIÇÃO NO PRONTUÁRIO: • Bulhas normorrítmicas, normofonéticas, em dois tempos. • BNRNF em 2T. • BNRNF em 3T – B3 ou B4. DIVISÃO DA SÍSTOLE E DA DIÁSTOLE: EXAME: • Inspeção e palpação: 1. Pesquisar abaulamentos. 2. Pulsações visíveis. 3. Observar, palpar, localizar e medir (polpa digital) o ictus cordis. ▪ “Ictus cordis visível e palpável no 6° e 7° EICE na LAA, difuso e globoso”. 4. Avaliar a presença de frêmitos. ▪ Palpar todo o precordio com a palma da mão. 5. Observar se há turgência de jugular. ▪ Sinal de refluxo jugular. • Ausculta: 1. Palpar pulso central simultaneamente. 2. Avaliar ritmo, FC, B1 e B2, presença de B3 e/ou B4, sopros cardíacos e atritos. SOPROS: • São ruídos produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo. • O fluxo sanguíneo dentro do vaso tem um sentido laminar e qualquer situação que afete esse fluxo (gerando turbilhonamento) pode gerar o sopro. • Esse turbilhonamento pode ocorrer dentro do coração também. • Surgem na dependência de alterações: – Do próprio sangue (aumento da velocidade da corrente sanguínea ou diminuição da viscosidade). ▪ Anemia. ▪ Hipertireoidismo. – Da parede dos vasos, das câmaras cardíacas, principalmente dos aparelhos valvares (passagem do sangue por uma zona estreitada, dilatada ou por uma membrana de borda livre). ANATOMIA DO CORAÇÃO: PROBLEMA NAS VALVAS: • Problemapara abrir ou para fechar, pode gerar turbilhonamento. – Problema para fechar → insuficiência ▪ Parte do sangue que sai de uma das câmaras do coração, acaba voltando para dentro dela, pois existe um fechamento incompleto e incompetente da valva. – Problema para abrir → estenose. ▪ Incapacidade da valva se abrir completamente (estreitamento da valva), fazendo com que seja - Protossístole – terço inicial da sístole - Mesossístole – terço médio da sístole - Telessístole – terço final da sístole - Protodiástole – terço inicial da diástole - Mesodiástole – terço médio da diástole - Telediástole – terço final da diástole 5 comprometida a saída total do sangue da câmara. COMO LOCALIZAR NO CICLO CARDÍACO: • Todo sopro entre B1 e B2 é sistólico e entre B2 e B1 é diastólico. • Na sístole, as AV estão fechadas e a pulmonar e aórtica estão abertas. – Então, se houver problema no fechamento da valva tricúspide ou mitral ou na abertura da pulmonar e aórtica → sopro sistólico. • Na diástole, as AV estão abertas e a pulmonar e a aórtica estão fechadas. – Então, se houver problema na abertura da valva tricúspide ou mitral ou no fechamento da pulmonar e aórtica → sopro diastólico. 1- SITUAÇÃO NO CICLO CARDÍACO: • Sistólicos (proto, meso, tele ou holossistólico). • Diastólicos (proto, meso, tele ou holodiastólico). • Sistodiastólicos ou contínuos. SOPROS SISTÓLICOS: • Sopros sistólicos de ejeção: são causados por estenose da valva aórtica ou pulmonar – sopro crescendo e decrescendo. – Estenose aórtica → sopro em diamante (sopro mesossistólico) • Sopros sistólicos de regurgitação: ocupa todo o período sistólico (holossistólico) com a mesma intensidade. Ocorre na insuficiência mitral, tricúspide ou CIV. SOPROS DIASTÓLICOS • Sopro da estenose mitral ou tricúspide: ocupa a parte média da diástole, baixa frequência e tonalidade grave. • Sopros da insuficiência aórtica e pulmonar: início após B2 (proto, meso ou telediastólico). São de alta frequência, decrescendo, tonalidade aguda. SOPRO SISTODIASTÓLICOS OU CONTÍNUOS: • Audíveis em toda sístole e diástole, sem interrupção, mascarando a 1ª e a 2º bulha. • Pode ocorrer por persistência do canal arterial ou fístulas AV. 2- LOCALIZAÇÃO: • Caracterizar em qual foco o sopro é mais audível. 3- IRRADIAÇÃO: • Locais onde os sopros também são audíveis. • Deslocar o estetoscópio em várias direções. • Ex: o sopro da estenose aórtica se irradia para os vasos do pescoço. • Ex: o sopro da insuficiência mitral se propaga para a axila. 4- INTENSIDADE: • Sistema em cruzes (+, ++, +++, ++++). 6 + Sopros débeis, audíveis somente quando se ausculta com atenção em ambiente silencioso. ++ Indica sopros de intensidade moderada. +++ Traduz sopros intensos. ++++ Corresponde aos sopros muito intensos, audíveis mesmo quando se afasta o estetoscópio da parede torácica ou quando se interpõe entre esta e o receptor a mão do examinador. • Classificação de Levine em graus (I ao VI). I Difícil de ser auscultado, porém detectável, às vezes evidenciado somente com manobras. II Sopro leve, porém, imediatamente detectável. III Sopro moderadamente alto e, frequentemente, com irradiação. IV Sopro alto e com frêmito palpável. V Sopro muito alto, porém, ainda é necessário o uso do estetoscópio (mesmo que apenas com parte encostada à pele). VI Sopro muito alto e sem necessidade do uso do estetoscópio para identifica-lo. 5- TIMBRE E TONALIDADE • Suave, rude, musical, piante, aspirativo. 6- MODIFICAÇÕES DO SOPRO COM A FASE DA RESPIRAÇÃO, A POSIÇÃO DO PACIENTE E EXERCÍCIO FÍSICO: • Fase da respiração: – Ex: manobra de Rivero-Carvalho para distinguir sopro da insuficiência tricúspide do da insuficiência mitral. ▪ Pede para o paciente para realizar uma inspiração prolongada (aumenta o retorno venoso/pré- carga). Se aumentar a intensidade do sopro, provavelmente, é mitral. • Posição do paciente: – Os sopros da base do coração (ex. insuficiência aórtica) tornam-se mais nítidos com o paciente na posição sentada. • Com o exercício físico: – Na estenose mitral é possível tornar mais forte o som com o exercício físico. CLASSIFICAÇÃO DOS SOPROS: • Sopros orgânicos e funcionais: orgânicos são determinados por modificações estruturais, enquanto funcionais não dependem de lesões. • Sopros inocentes: sopro devidamente examinado e não traduz alteração estrutural do coração. São sistólicos de baixa intensidade (+, ++), suaves, sem irradiação, mais audíveis na área pulmonar, não são acompanhados de alterações das bulhas e são mais frequentes em crianças. MANOBRAS (AUMENTA OU DIMINUI SOPROS): • Rivero-Carvalho: inspiração → aumenta retorno venoso → aumenta sons do lado direito (ET, IT, EP, IP) e diminui EM. • Manobra de Handgrip: fechar a mão com força → aumenta a resistência vascular periférica (força que o ventrículo tem que enfrentar para ejetar o sangue) → aumenta a pós-carga (maior dificuldade para o sangue sair do coração) → os sopros de insuficiência aórtica e mitral ficam com intensidade aumentada. RESUMO DE SOPROS: SÍSTOLICOS (COINCIDE COM O PULSO): 1. Mesossistólico (crescendo-decrescendo /diamante). Ex.: Estenose aórtica. 2. Telessistólico → começa no final da sístole e termina em B2. 3. Holossistólico (panssistólico) → Ex.: insuficiência mitral. DIASTÓLICOS (SEMPRE PATOLÓGICOS): 1. Protodiastólico (decrescendo). Ex.: insuficiência aórtica. 2. Mesodiastólico → começa um pouco depois da B2. 3. Telediastólico (pré-sistólico) → crescendo. Ex. estenose mitral. • Todo sopro diastólico é patológico. • Os sopros sistólicos podem variar desde inocente até sopros extremamente grave. 7 IRRADIAÇÃO DOS SOPROS: • Axila → IM • Pescoço/ vasos da base → EA ATRITOS: • Originados pelo roçar de folhetos pericárdicos que perderam suas características normais. Não coincide com nenhuma fase do ciclo, não se propaga, varia de intensidade, qualidade e ruído variáveis e são mutáveis. 8 imagem 1 imagem 2
Compartilhar