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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO II

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Seja bem Vindo! 
 
Curso 
ireito D II Trabalho do Processual 
CursosOnlineSP.com.br 
 Carga horári 60a: hs 
 
 
 
 
Conteúdo 
 
Organização, Jurisdição e Competência da Justiça do Trabalho ........................... Pág. 8 
Organização ................................................................................................................. Pág. 8 
Jurisdição ...................................................................................................................... Pág. 13 
Competência ................................................................................................................. Pág. 15 
Princípios do Processo Do Trabalho ............................................................................ Pág. 18 
Princípios constitucionais ............................................................................................. Pág. 18 
Princípios específicos .................................................................................................. Pág. 22 
Nulidades Processuais ................................................................................................. Pág. 26 
Ação e Processo ........................................................................................................... Pág. 28 
Direito de ação .............................................................................................................. Pág. 28 
Processo ....................................................................................................................... Pág. 32 
Recursos ....................................................................................................................... Pág. 56 
Efeitos dos recursos ..................................................................................................... Pág. 58 
Pressupostos recursais ................................................................................................ Pág. 58 
Preparo ......................................................................................................................... Pág. 59 
Recursos em espécie ................................................................................................... Pág. 62 
Reclamação correicional .............................................................................................. Pág. 76 
Execução Trabalhista ................................................................................................... Pág. 76 
Execução por quantia certa .......................................................................................... Pág. 77 
Processos Especiais ..................................................................................................... Pág. 87 
Ação Rescisória ........................................................................................................... Pág. 87 
Mandado de Segurança ............................................................................................... Pág. 94 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Organização, Jurisdição e Competência da Justiça do Trabalho 
 
1.1 Organização 
 
Segundo previsão constitucional, o Judiciário Trabalhista é 
estruturado em 3 (três) níveis, quais sejam, os juízes do trabalho, os 
Tribunais Regionais do Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho. 
Ainda no âmbito laboral, a justiça trabalhista se submete, 
evidentemente, a jurisdição do Supremo Tribunal Federal, que é o órgão 
incumbido de proferir a última palavra em matéria constitucional, seja essa 
matéria relacionada ao direito do trabalho ou a qualquer outro ramo do 
direito. 
Os Juízes do Trabalho, atuantes nas Varas do Trabalho, representam 
a 1ª (primeira) instância da Justiça Laboral. 
Os Tribunais Regionais do Trabalho, espalhados pelo país, compõem 
a 2ª instância da Justiça do Trabalho. 
Já o Tribunal Superior do Trabalho é instância extraordinária, com 
jurisdição em matéria trabalhista sobre todo o país. O Tribunal Superior do 
Trabalho é o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho, sendo que das suas 
decisões só caberá eventual recurso, em caso de violação constitucional, ao 
Supremo Tribunal Federal, que também é considerado como instância 
extraordinária. 
Segundo salienta Amauri Marcaro Nascimento (2007, p. 520), são 
peculiaridades dos órgãos jurisdicionais trabalhistas: 
 
a) eles são destinados a atuar sob apenas um ramo do direito, que é 
o direito do trabalho, diferentemente da justiça comum, estadual ou federal, 
que atua debruçada em diversos ramos; 
 
b) as varas do trabalho (órgãos de primeiro grau) não são divididas 
em entrâncias, mas situadas todas em um mesmo nível de divisão territorial, 
diferentemente da justiça comum, que divide o território em circunscrições, 
comarcas e distritos; 
 
c) não há varas especializadas para determinada matéria trabalhista, 
diferente da justiça comum, que tem varas da fazenda pública, da família, 
criminais, entre outras. 
 
Portanto, segundo a escala hierárquica constitucional, o sistema 
jurisdicional laboral brasileiro estrutura-se da seguinte maneira: 
 
 
 
 
 
 
Supremo Tribunal Federal 
(STF) 
Instância Extraordinária 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
Tribunal Superior do 
Trabalho (TST) 
Instância Extraordinária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tribunais Regionais do Trabalho 
(TRT) 
Espalhados pelo país e 
divididos por regiões. 
2ª instância 
 
TRT 10 TRT 15 TRT 18 
 
 
 
Juízes do Trabalho 
(Varas do Trabalho) 
Espalhadas pelo país 
1ª instância 
 
VT – Ponta VT – Jequié/BA 
 
 
Seguindo a ordem constitucional, passa-se a expor, individualmente, 
cada um dos órgãos judiciais da Justiça Laboral. 
 
 
1.1.1 Tribunal Superior do Trabalho (TST) 
 
O Tribunal Superior do Trabalho é composto de 27 (vinte e sete) 
Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 (trinta e cinco) e 
menos de 65 (sessenta e cinco) anos, que devem ser nomeados pelo 
Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado 
Federal, sendo: 
 
a) 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10 (dez) anos de 
efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho 
com mais de 10 (dez) anos de efetivo exercício, observado o disposto no 
artigo 94 da Constituição Federal de 1988; e 
 
b) os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, 
oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal 
Superior. 
 
9 
 
 
Segundo prevê o parágrafo primeiro do artigo 111-A da Constituição 
Federal de 1988, compete à lei dispor sobre a competência do Tribunal 
Superior do Trabalho. Essa lei é a n.º 7.701, de 21 de dezembro de 1988. 
O Tribunal Superior do Trabalho funciona em sua plenitude ou 
dividido em Órgão Especial, Seções e Subseções Especializadas e Turmas 
(art. 58 do Regimento Interno do TST). 
Segundo prevê o artigo 59 do Regimento Interno, são órgãos do 
Tribunal Superior do Trabalho: 
 
a) o Tribunal Pleno; 
b) o Órgão Especial; 
c) a Seção Especializada em Dissídios Coletivos; 
 
d) a Seção Especializada em Dissídios Individuais, dividida em duas 
subseções; e 
e) as Turmas. 
 
Junto ao Tribunal Superior do Trabalho, segundo dispõe o parágrafo 
segundo do mencionado artigo 111-A da Constituição Federal de 1988, 
funcionam: 
 
a) a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados 
do Trabalho (ENAMAT), cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar 
os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; e 
 
b) o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), cabendo-lhe 
exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, 
financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, 
como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. 
 
Embora relativo a concursos mais específicos, não se pode deixar de 
citar, nos termos do artigo 2º da Lei n.º 7.701/88, considerada a divisão 
organizacional do Tribunal Superior do Trabalho, que compete à seção 
especializadaem dissídios coletivos, ou seção normativa: 
 
I - originariamente: 
 
a) conciliar e julgar os dissídios coletivos que excedam a 
jurisdição dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever 
suas próprias sentenças normativas, nos casos previstos em lei; 
 
b) homologar as conciliações celebradas nos dissídios coletivos 
de que trata a alínea anterior; 
 
c) julgar as ações rescisórias propostas contra suas sentenças 
normativas; 
 
d) julgar os mandados de segurança contra os atos praticados 
pelo Presidente do Tribunal ou por qualquer dos Ministros integrantes 
da seção especializada em processo de dissídio coletivo; e 
 
e) julgar os conflitos de competência entre Tribunais Regionais do 
Trabalho em processos de dissídio coletivo. 
 
II - em última instância julgar: 
 
 
 
 
10 
 
 
a) os recursos ordinários interpostos contra as decisões proferidas 
pelos Tribunais Regionais do Trabalho em dissídios coletivos de 
natureza econômica ou jurídica; 
 
b) os recursos ordinários interpostos contra as decisões proferidas 
pelos Tribunais Regionais do Trabalho em ações rescisórias e 
mandados de segurança pertinentes a dissídios coletivos; 
 
c) os embargos infringentes interpostos contra decisão não 
unânime proferida em processo de dissídio coletivo de sua 
competência originária, salvo se a decisão atacada estiver em 
consonância com procedente jurisprudencial do Tribunal Superior do 
Trabalho ou da Súmula de sua jurisprudência predominante; 
 
d) os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos e os 
agravos regimentais pertinentes aos dissídios coletivos; 
 
e) as suspeições arguidas contra o Presidente e demais Ministros 
que integram a seção, nos feitos pendentes de sua decisão; e 
 
f) os agravos de instrumento interpostos contra despacho 
denegatório de recurso ordinário nos processos de sua competência. 
 
Por sua, vez, conforme dispõe o artigo 3º da Lei n.º 7.701/88, 
compete à Seção de Dissídios Individuais julgar: 
 
I - originariamente: 
 
a) as ações rescisórias propostas contra decisões das Turmas do 
Tribunal Superior do Trabalho e suas próprias, inclusive as anteriores 
à especialização em seções; e 
 
b) os mandados de segurança de sua competência originária, na 
forma da lei. 
 
II - em única instância: 
a) os agravos regimentais interpostos em dissídios individuais; e 
 
b) os conflitos de competência entre Tribunais Regionais e 
aqueles que envolvem Juízes de Direito investidos da jurisdição 
trabalhista e Juntas de Conciliação e Julgamento em processos de 
dissídio individual. 
 
III - em última instância: 
 
a) os recursos ordinários interpostos contra decisões dos 
Tribunais Regionais em processos de dissídio individual de sua 
competência originária; 
 
b) os embargos das decisões das Turmas que divergirem entre si, 
ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais; 
 
c) os agravos regimentais de despachos denegatórios dos 
Presidentes das Turmas, em matéria de embargos, na forma 
estabelecida no Regimento Interno; 
d) os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos; 
 
e) as suspeições arguidas contra o Presidente e demais Ministros 
que integram a seção, nos feitos pendentes de julgamento; e 
 
 
 
11 
 
 
f) os agravos de instrumento interpostos contra despacho 
denegatório de recurso ordinário em processo de sua competência. 
 
Já o artigo 4º da mencionada lei, prevê que é da competência do 
Tribunal Pleno do Tribunal Superior do Trabalho: 
 
a) a declaração de inconstitucionalidade ou não de lei ou de ato 
normativo do Poder Público; 
 
b) aprovar os enunciados da Súmula da jurisprudência predominante 
em dissídios individuais; 
 
c) julgar os incidentes de uniformização da jurisprudência em dissídios 
individuais; 
 
d) aprovar os precedentes da jurisprudência predominante em 
dissídios coletivos; 
e) aprovar as tabelas de custas e emolumentos, nos termos da lei; e 
 
f) elaborar o Regimento Interno do Tribunal e exercer as atribuições 
administrativas previstas em lei ou na Constituição Federal. 
 
Por derradeiro, segundo o artigo 5º da Lei n.º 7.701/88, as Turmas do 
Tribunal Superior do Trabalho tem, cada uma, a seguinte competência: 
 
a) julgar os recursos de revista interpostos de decisões dos Tribunais 
Regionais do Trabalho, nos casos previstos em lei; 
 
b) julgar, em última instância, os agravos de instrumento dos 
despachos de Presidente de Tribunal Regional que denegarem seguimento 
a recurso de revista, explicitando em que efeito a revista deve ser 
processada, caso providos; 
c) julgar, em última instância, os agravos regimentais; e 
d) julgar os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos. 
 
A competência interna do Tribunal Superior do Trabalho, como 
mencionado, possui maior relevância para concursos mais específicos, bem 
como para aqueles que farão a opção de prestar a 2ª (segunda) fase do 
exame da Ordem dos Advogados do Brasil em Direito do Trabalho. 
 
 
1.1.2 Tribunal Regional do Trabalho (TRT) 
 
Conforme prevê o artigo 115 da Constituição Federal de 1988, os 
Tribunais Regionais do Trabalho são compostos por, no mínimo, 7 (sete) 
juízes, os quais devem ser recrutados, quando possível, na respectiva 
região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com 
mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco anos), sendo: 
 
a) 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10 (dez) anos de 
efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho 
com mais de 10 (dez) anos de efetivo exercício, observado o disposto no 
artigo 94 da Constituição Federal de 1988; e 
 
b) os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por 
antiguidade e merecimento, alternadamente. 
 
12 
 
 
É dever dos Tribunais Regionais do Trabalho instalar a justiça 
itinerante, para a realização de audiências e demais funções de atividade 
jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de 
equipamentos públicos e comunitários, nos termos do parágrafo primeiro do 
artigo 115 da Constituição Federal de 1988. 
Admite-se, nos termos do parágrafo segundo do artigo 115 da 
Constituição, que os Tribunais Regionais do Trabalho funcionem 
descentralizadamente, mediante a constituição de Câmaras Regionais, com 
a finalidade de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em 
todas as fases do processo. 
Como se mencionou, o número mínimo de juízes no Tribunal Regional 
do Trabalho é de 7 (sete), quantidade que deve ser ampliada de acordo com 
as necessidades da respectiva região. 
No Brasil, ainda não são todos os Estados que possuem um Tribunal 
Regional do Trabalho. 
A instalação dos Tribunais Regionais do Trabalho, como é indicativa a 
expressão, decorre do montante de demandas judiciais existentes na região. 
Não se exige, dessa forma, a existência de, ao menos, um Tribunal Regional 
do Trabalho por Estado. É por isso que, por exemplo, o Tribunal Regional do 
Trabalho da 10ª (décima) região compreende o Estado de Tocantins e o 
Distrito Federal, enquanto o Estado de São Paulo possui 2 (dois) deles, um 
instalado na capital (TRT da 2ª região) e outro em Campinas (TRT da 15ª 
região). 
 
 
1.1.3 Juízes do Trabalho 
 
Os juízes do trabalho exercem a jurisdição por meio das Varas do 
Trabalho (art. 116 da CRFB/88). 
Segundo prevê o artigo 112 da Constituição Federal de 1988, 
compete ao legislador a criação das varas da Justiça do Trabalho, podendo, 
nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de 
direito. 
No entanto, quando o juiz de direito exercer a função de juiz do 
trabalho, eventual recurso deve, obrigatoriamente, ser endereçado ao 
Tribunal Regional do Trabalho da respectiva região. 
Quando uma reclamação trabalhista tramitar perante vara cível em 
decorrência da inexistência, na localidade, de vara do trabalho e dada a falta 
de jurisdição das existentes no estado, tão logo seja instalada uma vara 
trabalhistanessa localidade, a ação deve a ela ser remetida, seja qual for a 
fase em que esteja, para que lá continue sendo processada e julgada, sendo 
esse novo juízo o competente, inclusive, para executar as sentenças já 
proferidas pela justiça estadual. 
 
 
1.2 Jurisdição 
 
A substitutividade é a principal característica da jurisdição. Assim, 
formada uma relação jurídico-processual, a decisão das partes será 
 
 
13 
 
substituída pela decisão proveniente do Estado-juiz, no exercício de sua 
atividade de “dizer o direito”. 
A jurisdição é única, sendo a competência nada mais que sua divisão 
territorial. Nesse sentido, são características da jurisdição: 
 
a) investidura, isto é, só pode exercer jurisdição aquele que estiver 
regularmente investido no cargo de juiz. Proferida decisão por pessoa não 
investida, não há que se falar em nulidade, mas em inexistência do 
processo; 
 
b) aderência em relação ao território, isto é, os juízes exercem 
jurisdição apenas nos limites do território nacional (art. 1º, do CPC), e 
mediante o respeito das regras de competência; 
 
c) indelegabilidade, ou seja, a função jurisdicional é indelegável. O 
exercício da jurisdição, no Brasil, é exercido com exclusividade pelo Poder 
Judiciário, não podendo ser por este delegado; 
 
d) inafastabilidade, pois, nos termos do artigo 4º, da Lei de Introdução 
às normas do Direito Brasileiro, “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o 
caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de 
direito”. Ademais, recorde-se o princípio da inafastabilidade da jurisdição, 
segundo o qual a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito (art. 5º, XXXV, da CRFB/88). 
 
As características que cercam a jurisdição não são as mesmas que 
norteiam o exercício da atividade julgadora da Administração Pública. Entre 
as distinções que podem ser apontadas entre essas esferas, constata-se 
que a Administração Pública não substitui as partes em litígio, pois, na 
verdade, é uma dessas partes. Também a decisão proferida em âmbito 
administrativo não produz coisa julgada, diferentemente daquela proferida 
em âmbito judicial. 
Acerca da coisa julgada, é sabido que esta pode assumir duas 
naturezas: 
 
a) coisa julgada formal; ou 
b) coisa julgada material. 
 
Forma-se coisa julgada formal sempre que o Poder Judiciário, por 
qualquer motivo, não analisar o mérito do litígio. Diz-se, nesses casos, que 
foi proferida sentença terminativa. Quando faltar à ação uma de suas 
condições, por exemplo, ter-se-á uma sentença terminativa, e, 
consequentemente, a formação da coisa julgada formal. Frise-se que a 
formação da coisa julgada, apenas em caráter formal, não impede a 
repropositura da mesma demanda, desde que corrigidos os vícios que 
causaram sua extinção sem resolução de mérito, naturalmente. 
Em contrapartida, com a formação da coisa julgada material, a 
decisão reveste-se do atributo imutabilidade. A garantia em relação à coisa 
julgada foi elencada como direito fundamental pelo constituinte originário, 
nos termos do artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal de 1988. 
Quando o processo não possui vícios e o Poder Judiciário analisa o 
mérito do litígio, após proferir decisão definitiva, da qual não caiba ou não 
seja interposto nenhum recurso, ocorre o trânsito em julgado da mesma, 
 
14 
 
 
com a formação de coisa julgada material. Nesse caso, a consequência será 
o impedimento da repropositura da mesma demanda judicial. 
Transitada em julgado a demanda, com formação de coisa julgada 
material, esta poderá ser alterada apenas mediante o ajuizamento de ação 
rescisória, desde que provada a existência de uma das situações descritas 
no artigo 485, do Código de Processo Civil e não extrapolado o prazo 
decadencial de 2 (dois) anos, que se conta do trânsito em julgado da 
decisão rescindenda. 
No âmbito laboral, no entanto, existem peculiaridades em relação à 
ação rescisória que serão oportunamente analisadas, como a exigência do 
depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, exceto quando 
provada a miserabilidade do autor, nos termos do artigo 836 da CLT. 
A ação rescisória, no entanto, não é o único meio à impugnação da 
coisa julgada material, já que doutrina e jurisprudência admitem a utilização 
da ação denominada querela nullitatis insanabilis, basicamente, para 
situações em que se verificar a nulidade de citação, mesmo que decorridos 
mais de 2 (dois) anos da data do trânsito em julgado da decisão 
rescindenda. 
E, o artigo 486, do Código de Processo Civil, que não pode deixar de 
ser mencionado, admite, para as sentenças que sejam meramente 
homologatórias, a utilização de uma ação comum, chamada de ação 
anulatória. Esta ação presta-se, também, para anulação de atos judiciais que 
não dependem de sentença. Tanto em um como noutro caso, admite-se a 
utilização da ação anulatória, pois tais atos podem ser rescindidos, como os 
atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil e mediante perfeita 
compatibilidade com o processo do trabalho. 
 
 
1.3 Competência 
 
Como já se teve a oportunidade de mencionar, a competência nada 
mais é que a divisão territorial da jurisdição. Existente a jurisdição, o 
ordenamento jurídico faz a separação dos juízos por matéria e por locais, de 
modo a destinar à sociedade um sistema jurisdicional especializado e 
efetivo. 
Consabido, a competência pode ser dividida segundo os critérios: 
 
a) da matéria (ratione materiae); 
b) da pessoa (ratione personae); 
c) do local ou território (ratione loci); ou 
d) da função. 
 
No âmbito do direito do trabalho, que é o pertinente ao presente 
estudo, a Constituição Federal de 1988 trata da competência em razão da 
matéria e da pessoa no seu artigo 114. Segundo mencionado dispositivo, 
compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: 
 
a) as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de 
direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
 
15 
 
 
 
 
b) as ações que envolvam exercício do direito de greve; 
 
c) as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre 
sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 
 
d) os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando 
o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 
 
e) os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, 
ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”; 
 
f) as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, 
decorrentes da relação de trabalho; 
 
g) as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos 
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; 
h) a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 
195, I, “a” , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que 
proferir; 
i) outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma 
da lei. 
 
A Emenda Constitucional n.º 45/2004 ampliou a competência da 
Justiça do Trabalho. Hoje, qualquer demanda relacionada à relação de 
trabalho deve ser julgada pela Justiça Laboral, lembrando-se que 
anteriormente apenas a relação de emprego poderia sê-la. 
Contudo, há que se frisar que no caso de servidor público estatutário 
ou de caráter jurídico-administrativo, a demanda que pretenda discutir sua 
relação de trabalho com o Poder Público deve ser ajuizada perante a Justiça 
Comum Federal, caso ele seja servidor público federal, ou perante a Justiça 
Comum Estadual, caso ele seja servidor público estadual. Isso não ocorre, 
note-se, caso o empregado seja regido pela CLT, hipótese em que a Justiça 
do Trabalho é competente para processar e julgar sua demanda. 
Outro ponto peculiar e que merece atenção do candidato é o acidente 
de trabalho. Segundo prevê o artigo 109, inciso I da Constituição Federal de 
1988, a competência para processar e julgar o acidente de trabalhoé da 
Justiça Comum Estadual. Entretanto, segundo o artigo 114, inciso VI, 
também da Constituição, a competência para processar e julgar as ações 
que visem a concessão de danos morais decorrentes do acidente de 
trabalho é da Justiça Laboral. 
A Justiça do Trabalho é ainda competente, segundo previsão do 
parágrafo segundo do artigo 114 da Constituição Federal de 1988, para 
apreciação do dissídio coletivo. Nesse sentido, caso frustrada a negociação 
coletiva, as partes poderão eleger árbitros, mas caso qualquer delas se 
recuse à arbitragem ou à própria negociação coletiva, a elas é facultado, de 
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, caso em 
que a Justiça do Trabalho decidirá o conflito, respeitadas as disposições 
mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas 
anteriormente. 
Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão 
do interesse público, o Ministério Público do Trabalho também poderá ajuizar 
dissídio coletivo, hipótese em que competirá à Justiça do Trabalho decidir o 
 
 
 
16 
 
 
conflito, conforme prevê o parágrafo terceiro do artigo 114 da Constituição 
Federal de 1988. 
Quanto à competência territorial das Varas do Trabalho, prevê o artigo 
651 da CLT, que ela se determina pela localidade onde o empregado, 
reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha 
a contratação tenha ocorrido noutro local ou no estrangeiro. 
Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a 
competência será da Vara da localidade em que a empresa tenha agência 
ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será 
competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a 
localidade mais próxima, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 651 da 
CLT. 
A competência das Varas do Trabalho, nos termos supra 
mencionados, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no 
estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção 
internacional dispondo em contrário (art. 651, §2º da CLT). 
Ademais, em se tratando de empregador que promova realização de 
atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao 
empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no 
da prestação dos respectivos serviços, conforme autoriza o parágrafo 
terceiro do artigo 651 da CLT. 
Em relação ao presente tópico, há que se abordar, ainda, o conflito de 
competência, que pode ser: 
 
a) positivo; ou 
b) negativo. 
 
O conflito positivo de competência ocorre quando dois ou mais juízes 
declaram-se competentes para processar e julgar uma mesma demanda 
(art. 115, I, do CPC e art. 804, “a”, da CLT), enquanto que o conflito negativo 
de competência ocorre quando dois ou mais juízes se declaram 
incompetentes para julgar determinado processo (art. 115, II, do CPC e art. 
804, “b”, da CLT). 
Também há conflito de competência, quando entre dois ou mais 
juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos (art. 
115, III, do CPC). 
O conflito de competência pode ser suscitado: 
 
a) pelos Juízes do Trabalho; 
b) pelos Tribunais do Trabalho; 
c) pelo Ministério Público do Trabalho; ou 
d) por qualquer das partes interessadas. 
 
Em relação às partes, no entanto, é importante recordar o conteúdo 
do artigo 806 da CLT. Segundo aludido dispositivo, é vedado à parte 
interessada suscitar conflitos de competência quando já houver oposto na 
causa exceção de incompetência. 
Suscitado o conflito, a parte que o fez deve produzir a prova de sua 
existência, nos termos do artigo 807 da CLT. 
 
 
 
17 
 
Os conflitos de jurisdição, em matéria trabalhista, devem ser 
resolvidos: 
 
a) pelos Tribunais Regionais do Trabalho: 
 
i) quando suscitados entre Varas do Trabalho e Juízos de Direito 
que estejam investidos na jurisdição laboral, desde que pertencentes 
à mesma região; 
 
ii) quando suscitados entre Varas do Trabalho pertencentes à 
mesma região; ou 
 
iii) quando suscitados entre Juízes de Direitos investidos na 
jurisdição laboral de uma mesma região. 
b) pelo Tribunal Superior do Trabalho: 
i) quando suscitado entre Tribunais Regionais do Trabalho; 
 
ii) quando suscitado entre Varas do Trabalho e Juízos de Direito 
que estejam investidos na jurisdição laboral, mas pertencentes a 
diferentes regiões; 
 
iii) quando suscitados entre Varas do Trabalho pertencentes a 
diferentes regiões; ou 
 
iv) quando suscitados entre Juízes de Direitos investidos na 
jurisdição laboral de diferentes regiões. 
 
c) pelo Superior Tribunal de Justiça, quando suscitados entre Varas 
do Trabalho e Juízos de Direito não investidos de jurisdição laboral. 
 
d) pelo Supremo Tribunal Federal, quando suscitados entre o Tribunal 
Superior do Trabalho e demais órgãos do Poder Judiciário. 
 
Como se vê, os conflitos de competência sempre são solucionados 
por órgão hierarquicamente superior aos juízos em conflito (MARTINS 
FILHO, 2009, p. 228). 
 
 
 
 
2. Princípios do Processo Do Trabalho 
 
2.1 Princípios constitucionais 
 
Antes da exposição dos princípios específicos do direito processual 
do trabalho, serão expostos os princípios constitucionais que regem o 
sistema processual brasileiro como um todo. 
Dessa forma, quanto aos princípios constitucionais, pode-se 
apresentar a seguinte ilustração: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 Ampla Defesa 
 
Gratuidade Judiciária 
 
 Imparcialidade 
 
Duplo grau de jurisdição Devido Publicidade 
 
processo legal 
 
 
 
 
 
 
Inafastabilidade 
 
 Celeridade e 
 
Motivação 
Contraditório Duração razoável 
 
 
 
 
 
 
A seguir serão sumariamente expostos os princípios mencionados. 
 
 
2.1.1 Devido processo legal 
 
O processo deve seguir o procedimento adequado (art. 5º, LIV da 
CRFB/88), observando as regras positivadas pelo ordenamento, respeitando 
a igualdade, assegurando o acesso ao Judiciário (art. 5º, XXXV da 
CRFB/88), garantindo o princípio do juiz natural, mediante a não criação de 
juízos de exceção (art. 5º, XXXVII da CRFB/88), e assegurando o 
contraditório, assim como a ampla defesa (art. 5º, LV da CRFB/88). 
 
2.1.2 Celeridade e razoável duração do processo 
 
A duração razoável do processo é uma garantia que decorre do 
sistema constitucional de 1988. No entanto, foi explicitada no inciso LVIII, do 
artigo 5º, da CRFB/88, pelo constituinte derivado, através da Emenda 
Constitucional n.º 45/2004 (Reforma do Poder Judiciário). 
A todos, no âmbito judicial e administrativo, é assegurada a razoável 
duração do processo, assim como os meios que garantam a celeridade de 
sua tramitação. 
Consabido, a excessiva demora na prestação da tutela jurisdicional causa, 
em não raros casos, a ineficácia de sua decisão, e, consequentemente, o 
desrespeito de diversas garantias humanas. 
O princípio em estudo tem os Poderes Legislativo, Executivo e 
Judiciário como destinatários, pois não apenas o Executivo, no âmbito do 
processo administrativo, e o Judiciário, no âmbito do processo judicial, 
podem garantir celeridade processual se o Legislativo não estiver 
comprometido na elaboração de leis que possibilitem a efetivação 
substancial de meios céleres à obtenção de uma duração razoável do 
processo. 
Note-se, no entanto, que a celeridade não pode ser extrema, a ponto 
de se faltar com a prestação de justiça à sociedade, não mais em razão da 
demora excessiva, mas sim em razão de análises pouco ou nada 
 
 
19 
 
pormenorizadas dos casos concretos. Para que se fale em celeridade, há 
que se interpretá-la conjuntamente com a expressão constitucional de 
razoável duração, isto é, um processo que seja não tão lento a ponto de 
tornar ineficaz sua decisão, mas não tão célere a ponto de não permitir 
análises pormenorizadas dos direitos envolvidos, e, consequentemente, 
gerar decisões baseadas em julgamentos precipitados. 
 
2.1.3 Publicidade 
 
O artigo 5º, inciso LX, da Constituição Federal, dispõe que“a lei só 
poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem”. 
Via de regra, portanto, a publicidade dos atos processuais deve 
sempre se fazer presente. É a publicidade que garante o controle das 
decisões judiciais e consagra o direito à informação. 
No entanto, quando nociva à intimidade ou ao interesse social, ela 
pode ser restringida, casos em que o direito de consulta aos autos e 
solicitação de certidões se restringirá às partes e a seus procuradores. 
Junto a este, há que se acrescer a necessidade encampada no artigo 
93, inciso X, da Constituição Federal de 1988, que dispõe: “as decisões 
administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as 
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros”. 
Juntamente com a publicidade, a necessidade de fundamentação das 
decisões judiciais garante a eficiência e a moralidade da atividade 
jurisdicional. Mais que públicas, as decisões judiciais devem ser, pois, 
devidamente fundamentadas, sem o que estarão maculadas de nulidade. 
 
2.1.4 Motivação das decisões 
 
Como mencionado, todas as decisões proferidas pelo Poder Judiciário 
devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade (art. 93, IX da CRFB/88). 
 
2.1.5 Duplo grau de jurisdição 
 
O princípio do duplo grau de jurisdição decorre da estrutura judiciária 
disciplinada pela Constituição Federal de 1988. O sistema constitucional, 
quando impõe a existência de Tribunais com competência recursal, nada 
mais faz do que assegurar o princípio em análise. 
Por exemplo, o artigo 108, inciso II, da Constituição Federal, ao 
estipular que compete aos Tribunais Regionais Federais julgar, em grau de 
recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais 
no exercício da competência federal da área de sua jurisdição, nada mais 
faz do que garantir o duplo grau de jurisdição. 
A existência de um duplo grau garante maior lisura à atividade 
jurisdicional do Estado, pois o juiz que profere sua decisão tem prévia 
ciência de que esta poderá ser revista por outro órgão. Essa revisão, via de 
regra, depende de provocação da parte interessada. Assim como a atividade 
jurisdicional de primeira instância é prestada apenas mediante provocação, 
também a atividade jurisdicional de grau recursal o é. Ressalva seja feita, 
 
 
20 
 
 
contudo, em relação ao reexame necessário, caso em que instância superior 
reanalisa decisão proferida pela instância inferior sem qualquer provocação, 
mas sim por expressa determinação legal. 
Como princípio implícito, nada impede que o duplo grau de jurisdição 
não seja assegurado em algumas e específicas situações. Como 
mencionado, o princípio em estudo decorre do sistema jurisdicional 
determinado na Constituição Federal de 1988, sistema este que não prevê 
obrigatoriedade acerca da existência de instâncias recursais em todas as 
hipóteses. 
 
2.1.6 Garantia de assistência judiciária gratuita 
 
A todos que não possuírem meios para demandar perante o Poder 
Judiciário, sem se privar do necessário à subsistência, o Poder Público 
garante a prestação de assistência jurídica integral (art. 5º, LXXIV da 
CRFB/88). 
 
2.1.7 Segurança jurídica 
 
O princípio da segurança jurídica decorre da proteção conferida à 
coisa julgada (art. 5º, XXXVI da CRFB/88) pelo ordenamento jurídico 
brasileiro, sobre a qual já se teve a oportunidade de esclarecer. 
 
2.1.8 Contraditório e ampla defesa 
 
É importante, primeiramente, salientar que o princípio do contraditório 
não se confunde com o princípio da ampla defesa. São dois princípios 
tratados frequentemente em conjunto por conveniência acadêmica. 
Basicamente, enquanto o contraditório reflete a necessidade de 
entrega de prazo à parte contrária, para que discuta as alegações ou provas 
produzidas pela outra parte, a ampla defesa reflete a impossibilidade de 
vedação no uso dos mais variados métodos de defesa, desde que lícitos, 
evidentemente, ou, em outras palavras, a produção e articulação da defesa 
deve ter a maior magnitude possível, permitindo às partes a exposição fática 
e probatória que mais lhes seja adequada às pretensões que manifestem. 
O princípio do contraditório não é absoluto, assim como nenhum outro 
princípio. A possibilidade de concessão de medida liminar, sem oitiva da 
parte contrária (inaudita altera pars), em sede de ação cautelar, assim como 
a concessão de medida antecipatória dos efeitos da tutela, em sede de 
qualquer outra ação, são exemplos do exposto. A concessão dessas 
medidas não suprime o princípio em estudo. Nesses casos, há mera 
postergação do exercício do contraditório, em razão de determinados 
direitos postos em questão, direitos estes que, em função da relevância e 
urgência autorizam a postergação do exercício dos direitos ao contraditório e 
à ampla defesa. 
O princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa estão 
consagrados no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, que 
dispõe: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
 
 
 
21 
 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes”. 
 
2.1.9 Inafastabilidade do controle jurisdicional 
 
Dispõe o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988, que 
“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito”. 
O exercício do direito de ação deve atender a determinadas 
condições, assim como preencher certos pressupostos, sem o que não será 
possível ao Poder Judiciário exercer sua função de “dizer o direito” aplicável 
à situação. Nos casos em que se faça pedido juridicamente impossível, ou 
naqueles em que falte legitimidade ou interesse ao postulante, caberá ao 
Judiciário apenas um provimento terminativo, isto é, de extinção processual 
sem manifestação sobre as questões de mérito nele contidas. Contudo, 
sanadas as irregularidades, a parte pode repropor sua demanda, quando 
então terá julgado seu pedido. 
Há que se lembrar, também, que não se exige o prévio exaurimento 
de qualquer instância administrativa, para apenas depois se postular 
judicialmente uma pretensão, salvo na hipótese da Justiça Desportiva, nos 
termos do artigo 217, parágrafo primeiro, da Constituição Federal de 1988, 
que dispõe: “o Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às 
competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça 
desportiva, regulada em lei”. 
 
 
2.2 Princípios específicos 
 
Além dos princípios constitucionais, existem outros que são propícios 
à aplicação perante o direito processual do trabalho. Dentre o imenso rol, 
pode-se apontar, como principais, os seguintes princípios: 
 
a) subsidiariedade; 
b) concentração; 
c) conciliação; 
d) concentração de recursos; 
e) dispositivo; 
f) instrumentalidade das formas; 
g) oralidade; 
h) livre convicção do juiz; 
i) lealdade processual; 
h) eventualidade; 
i) indisponibilidade de direitos; 
j) identidade física do juiz; 
k) non reformatio in pejus; 
l) aplicação imediata das leis processuais; 
m) aplicação da lei do local da execução do contrato; 
 
22 
 
 
 
 
n) dialeticidade; 
o) interesse público; 
p) estabilidade da lide; 
q) equidade; 
r) delimitação recursal; e 
s) jus postulandi. 
 
A seguir serão sumariamente conceituados todos os princípios supra 
mencionados, partindo a presente análise da base contida na doutrina de 
Ives Gandra da Silva Martins Filho (2009, p. 231/234). 
 
2.2.1 Subsidiariedade 
 
O direito processual civil é fonte subsidiária do direito processual do 
trabalho nos casos de omissão, desde que não haja incompatibilidade das 
normas daquele com as deste, nos termos do artigo 769 da Consolidação 
das Leis do Trabalho. 
 
2.2.2 Concentração 
 
A resolução do conflito no âmbito do direito do trabalho deve ser 
buscada de maneira célere, em uma única audiência (de conciliação e 
julgamento),admitindo-se a realização de outra apenas excepcionalmente. 
É dever das partes, na audiência de conciliação e julgamento, caso 
infrutífera a tentativa de conciliação, apresentar todas as provas que 
possuam e requerer as que devam ser produzidas. 
 
2.2.3 Conciliação 
 
A todo momento deve ser tentada a obtenção de uma solução 
pacífica do conflito laboral, mediante a celebração de acordo entre as partes, 
nos termos dos artigo 846 e 850 da CLT. 
 
2.2.4 Concentração de recursos 
 
As decisões interlocutórias proferidas na Justiça Laboral são 
irrecorríveis. O recurso em relação a elas apenas pode ser interposto com o 
término da discussão de 1ª (primeira) instância, nos termos do artigo 893, 
parágrafo primeiro da CLT. 
 
2.2.5 Dispositivo 
 
O processo do trabalho não pode ser iniciado de ofício pelo juízo, que 
é inerte. O início da marcha processual depende do exercício do direito de 
ação, pelo autor, nos termos do artigo 2º do Código de Processo Civil. 
No entanto, o princípio dispositivo ocorre em relação ao ajuizamento 
da ação, mas não em relação a produção probatória, que é regida pelo 
princípio inquisitivo. Portanto, o processo do trabalho se inicia 
23 
 
exclusivamente por ação do autor, mas move-se por impulso judicial, isto é, 
por iniciativa do juiz, especialmente em relação a matéria probatória. 
Por fim, cumpre mencionar que também não se sujeita à provocação 
de qualquer das partes, podendo ser iniciada de ofício, a execução 
trabalhista. 
 
2.2.6 Instrumentalidade das formas 
 
As formalidades processuais devem ser encaradas como instrumento 
e não como finalidade. A feitura de determinado ato, ainda que em discórdia 
com a melhor forma legalmente prevista, não podendo impedir a entrega da 
prestação jurisdicional quando se tiver atingido a finalidade a que se 
destinava, nos termos dos artigos 154 e 244 do Código de Processo Civil. 
 
2.2.7 Oralidade 
 
No processo do trabalho predomina a forma oral sobre a escrita, 
conforme se constata a partir da análise dos artigos 847 e 850 da CLT. 
 
2.2.8 Livre convicção do juiz 
 
A análise do conjunto probatório deve ser feita de maneira livre pelo 
juiz, que se não está sujeito a uma escala hierárquica entre as provas 
apresentadas pelas partes, conforme prevê o artigo 131 do Código Civil. 
 
2.2.9 Lealdade processual 
É dever das partes processuais contribuir para o esclarecimento da 
verdade (art. 14, I do CPC), furtando-se ao emprego de meios carentes de 
lealdade e boa-fé (art. 14, II do CPC) e de instrumentos de protelação 
processual sem fundamento, sob pena das sanções legais (art. 17 do CPC). 
 
2.2.10 Eventualidade 
 
As partes devem estar atentas ao momento processual oportuno para 
apresentarem suas alegações ou requerimentos, sob pena de preclusão, 
nos termos do artigo 303 do Código de Processo Civil. 
 
2.2.11 Indisponibilidade de direitos 
 
Não pode haver acordo entre as partes sobre direitos indisponíveis. 
Nesse sentido, estipula o artigo 9º da CLT, que serão nulos de pleno direito 
os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a 
aplicação dos preceitos nela contidos. 
 
2.2.12 Identidade física do juiz 
 
Tendo contato direto com a prova, mediante a tomada dos 
depoimentos das partes e das testemunhas, o juiz se vincula ao julgamento 
da causa, nos termos do artigo 132 do Código de Processo Civil. Contudo, a 
 
 
24 
 
 
teor do que determina a súmula n.º 136 do Tribunal Superior do Trabalho, 
esse princípio não se aplica às Varas do Trabalho. 
 No entanto, a súmula n.º 136 foi cancelada conforme Res. 185/2012. 
Ela não se aplica às Juntas de Conciliação e Julgamento o princípio da 
identidade física do Juiz. 
 
2.2.13 Non reformatio in pejus 
 
No âmbito do direito processual do trabalho, proíbe-se que a decisão 
proferida após um recurso prejudique a situação daquele que recorreu. O 
tribunal cinge sua atuação, portanto, ao tantum devolutum quantum 
appellatum, nos termos dos artigos 505 e 515 do Código de Processo Civil. 
 
2.2.14 Aplicação imediata das leis processuais 
 
Publicada a lei processual, ela deve ser imediatamente aplicada, 
ressalvada a proatividade das leis processuais que dispõem sobre recursos, 
casos em que os já interpostos devem ser julgados, ainda que tenham 
deixado de figurar no rol de recursos cabíveis (MARTINS FILHO, 2009, p. 
233). 
 
2.2.15 Aplicação da lei do local da execução do contrato 
 
A lei que rege a relação entre empregado e empregador é a lei do 
local da prestação dos serviços, nos termos da súmula n.º 207 do Tribunal 
Superior do Trabalho. 
 
2.2.16 Dialeticidade 
 
Os recursos devem atacar com especificidade os pontos de 
divergência em relação a decisão recorrida, Conforme salienta a súmula n.º 
422 do Tribunal Superior do Trabalho, não se conhece de recurso para o 
TST, pela ausência do requisito de admissibilidade inscrito no artigo 514, 
inciso II, do Código de Processo Civil, quando as razões do recorrente não 
impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que fora 
proposta. 
 
2.2.17 Interesse público 
 
As normas regentes do direito processual são de ordem pública, 
estando excluídas da esfera de disposição pelas partes. 
 
2.2.18 Estabilidade da lide 
 
Todos os fatos, acompanhados de suas pretensões, devem ser 
trazidos aos autos pelas partes através da petição inicial e da contestação, 
com o que se estabiliza a lide, não se admitindo sua inovação a qualquer 
momento, conforme conjugação dos artigos 294 e 300 do Código de 
Processo Civil com o artigo 845 da CLT. 
 
25 
 
 
2.2.19 Equidade 
 
A equidade é princípio básico e geral, especialmente aplicável ao 
processo do trabalho, por meio do qual aplica-se o direito considerando o 
caso concreto e adaptando as normas positivadas à ele, objetivando os fins 
sociais da lei e às exigências do bem comum, nos termos do artigo 852-I, 
parágrafo primeiro da CLT (MARTINS FILHO, 2009, p. 233). 
 
2.2.20 Delimitação recursal 
 
A matéria recursal a ser examinada é apenas aquela constante da 
peça recursal, em decorrência dos princípios da preclusão e da 
devolutividade restrita, nos termos dos artigos 303 e 515, caput, ambos do 
Código de Processo Civil; 
 
2.2.21 Jus postulandi 
 
Segundo prevê o artigo 791 da CLT, os empregados e empregadores 
poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e 
acompanhar suas reclamações até o final, independentemente da presença 
de advogado. Nesse sentido, é importante conhecer o teor da súmula n.º 425 
do Tribunal Superior do Trabalho, que delimita o alcance do jus postulandi: 
 
SUM- 425 - JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO 
TRABALHO. ALCANCE - Res. 165/2010, DEJT 
divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010 
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da 
CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais 
Regionais do Trabalho, não alcançando a ação 
rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e 
os recursos de competência do Tribunal Superior do 
Trabalho. 
 
O rol apresentado naturalmente não exaure o tema, mas conjuga 
aqueles princípios que tem sido objeto de maior questionamento no exame 
da OAB e demais concursos públicos. 
 
 
 
 
3. Nulidades Processuais 
 
No âmbito do processo do trabalho, pode-se falar de nulidade (ato 
nulo), anulabilidade (ato anulável) e inexistência (ato inexistente), a 
depender da natureza do ato praticado em relação à norma processual. 
Reputa-se inexistente, por exemplo, um processo sem citação. 
Naturalmente, a inexistência de que se faz referência é a jurídica e não a 
fatídica. Embora de fato o processo tenha existido, juridicamente o mesmo 
não alcançou o plano da existência, pois para que fale em relação jurídico- 
 
 
 
26 
 
 
processual há que se falar em triangularização, o que não ocorre se o 
requerido não foi citado. 
As nulidades, por sua vez, dividem-se em absolutas e relativas. 
Nulidades absolutas são as que refletem causas de ordem pública, 
declaráveis deofício pelo juiz, a qualquer tempo e grau de jurisdição. As 
nulidades relativas, diferentemente, só podem ser alegadas pelas partes, 
pois versam sobre interesses particulares. 
A nulidade relativa deve ser alegada no momento oportuno, sob pena 
de preclusão (art. 795, caput, da CLT). Já a nulidade absoluta torna-se 
convalidada apenas depois do decurso do prazo para propositura da ação 
rescisória. 
A inexistência, em contrapartida, não se convalida, e pode ser arguida 
a qualquer tempo, mesmo que posterior ao decurso do prazo para ação 
rescisória. 
Conforme dispõe o artigo 243, do Código de Processo Civil, quando a 
lei prescrever determinada forma para o ato, sob pena de nulidade, a 
decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe tiver dado 
causa. 
Em consagração ao princípio da instrumentalidade, quando a lei 
prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz deve 
considerar válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a 
finalidade. Nesse sentido, prevê o artigo 796 da CLT que a nulidade não 
deverá ser pronunciada: 
 
a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato; e 
b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa. 
 
Nos processos em que é obrigatória a intervenção do Ministério 
Público, reputa-se nulo aquele tiver tramitado sem o conhecimento do 
mesmo, caso em que o juiz deve anulá-lo a partir do momento em que o 
órgão deveria ter sido intimado (art. 246, caput e parágrafo único, do CPC). 
Segundo o artigo 248, do Código de Processo Civil, anulado o ato, 
reputam-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele dependam. 
Trata-se, pois, do chamado efeito expansivo das nulidades. Efeito que não 
se aplica, contudo, se a nulidade de uma parte do ato não prejudicar as 
outras, que dela sejam independentes, nos termos do artigo 798 da CLT. 
Quando o juiz pronunciar a nulidade, deve declarar quais atos são 
atingidos (art. 797 da CLT), ordenando as providências necessárias para 
que sejam repetidos ou retificados (art. 249, do CPC). Entretanto, se não 
prejudicar a parte, o ato não precisará ser repetido. De igual modo, quando 
puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da 
nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a 
falta, nos termos do artigo 249, parágrafo segundo do Código de Processo 
Civil. 
Nos processos trabalhistas, só haverá nulidade quando resultar dos 
atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes, conforme prevê o 
artigo 794 da CLT. 
Antes de encerrar o tópico sobre as nulidades processuais, é 
necessário citar seus principais princípios regentes, tomando-se por base, 
novamente, a doutrina de Ives Gandra Martins Filho (2009, p. 286): 
 
27 
 
a) princípio do prejuízo (ou transcendência): só há que se falar em 
declaração de nulidade mediante a comprovação de prejuízo para uma das 
partes processuais, conforme determina o artigo 794 da CLT; 
 
b) princípio da finalidade (ou instrumentalidade das formas): na 
análise do ato que se pretende anular, deve-se verificar se sua finalidade foi 
atingida, tendo-se sempre em mente que o processo é mero instrumento de 
satisfação dos direitos materiais. Assim, atingida a finalidade, ainda que 
desatendida a forma prescrita em lei, não deve o ato ser declaração nulo, 
conforme orientam os artigos 154 e 244 do Código de Processo Civil. 
 
c) princípio da preclusão: as nulidades (relativas) devem ser arguidas 
na primeira oportunidade que a parte prejudicada tenha para falar nos autos, 
sob pena de preclusão (art. 795, caput, da CLT). 
 
d) princípio da convalidação: como consequência da perda da 
oportunidade de arguir uma nulidade (relativa), ocorre a sua convalidação. 
 
e) princípio da utilidade: a nulificação de um ato prejudica os 
posteriores que em relação a ele sejam dependentes, mas não aqueles que 
dele forem independentes (art. 798 da CLT) 
 
f) princípio do interesse de agir: a declaração de nulidade (relativa) 
depende da arguição da parte prejudicada, sem o que nada haverá de ser 
declarado nulo. 
 
g) princípio da causalidade: deve-se verificar quais atos são 
dependentes daquele que foi declarado nulo, entre os quais deve-se provar 
um liame de causalidade. É do juiz a competência para declarar quais atos 
processuais são atingidos pela declaração de uma nulidade, nos termos do 
artigo 797 da CLT. 
 
h) princípio da repressão: ao juiz é conferida a faculdade de anular 
por completo um processo sempre que constatar que as partes têm por 
objetivo praticar ato simulado ou legalmente vedado, nos termos do artigo 
129 do Código de Processo Civil. 
 
Novamente, há que se salientar que o rol apresentado não exaure os 
princípios regentes da matéria, tendo sido objeto de maior questionamento 
em concursos públicos os supra mencionados. 
 
 
 
 
4. Ação e Processo 
 
4.1 Direito de ação 
 
O direito de ação é a faculdade de que gozam todas as pessoas que 
se encontram em situação de litígio, de se socorrerem do Poder Judiciário 
com o objetivo de obter a solução para o mesmo. 
Como mencionado, embora o Estado detenha com exclusividade o 
exercício da jurisdição, ele permanece inerte até ser provocado, pois o 
direito de ação é exatamente a materialização dessa provocação. Através do 
direito de ação se provoca o Estado a exercer sua atividade jurisdicional. 
 
 
 
28 
 
 
Exercido o direito de ação, instaura-se entre as partes uma relação 
jurídico-processual, donde o processo figura como o instrumento de solução 
do litígio. Mas, só há que se falar em formação de uma relação jurídico 
processual após a efetivação da citação da parte contrária, com o que se 
completa a necessária relação tripartite: 
 
Estado-juiz 
 
 
 
 
Reclamante 
 
 
 
Quanto ao direito de ação, cumpre ainda mencionar que seu exercício 
não garante, por parte do Estado, a entrega de uma prestação jurisdicional 
de mérito, pois o direito de ação não se relaciona com o direito material a ser 
discutido ao longo da relação processual estabelecida entre as partes. 
O Código de Processo Civil brasileiro adota, portanto, a teoria eclética 
de Liebman, já que exige, para o conhecimento do direito material que se 
pretende discutir no processo instaurado, o preenchimento de pré-
determinadas condições, além de pressupostos de existência e também de 
validade, assuntos a seguir abordados. 
 
4.1.1 Condições da ação 
 
Sem a presença de determinadas condições, o Estado não alcança 
patamar mínimo para se manifestar acerca de nenhum litígio, casos em que 
não pode, consequentemente, proferir decisão de mérito. 
Ausente qualquer uma das condições da ação, o processo há que ser 
extinto sem resolução de mérito, em obediência ao artigo 267, inciso VI, do 
Código de Processo Civil. 
São, pois, condições da ação: 
 
a) possibilidade jurídica do pedido; 
b) interesse de agir; e 
c) legiltimidade de parte. 
 
A sigla indicativa dos três elementos necessários para que se 
preencham as condições da ação, que costuma ser indicada para 
memorização, é PIL (possibilidade, interesse e legitimidade). 
 
4.1.1.1 Possibilidade jurídica do pedido 
 
A possibilidade jurídica do pedido é a convergência da pretensão 
apresentada em relação ao ordenamento jurídico vigente. Não há como se 
processar um pedido que não encontra respaldo no ordenamento jurídico. 
Não se pode, por exemplo, pretender o recebimento de horas extras 
decorrente de serviços prestados em uma banca de “jogo do bicho” através 
de um processo judicial. 
 
 
29 
 
Note-se, portanto, que a possibilidade jurídica refere-se não só ao 
pedido, mas também à causa de pedir. Como no exemplo acima 
mencionado, em se tratando da cobrança de uma dívida decorrente de 
atividade ilícita, o pedido até pode ser lícito, qual seja, receber determinada 
quantia em dinheiro, porém, a causa de pedir não será, o que contaminará o 
pedido e será determinante à extinção do processo sem julgamento de 
mérito, diante de falta de condiçãoda ação. 
Por fim, não se pode deixar de mencionar que a possibilidade jurídica 
do pedido pode estar relacionada à parte que ajuíza a ação. 
 
4.1.1.2 Interesse de agir 
 
O interesse de agir forma-se por um binômio: 
 
a) necessidade; e 
b) adequação. 
 
A necessidade da pretensão judicial se faz presente quando 
demonstrada que a provocação do Poder Judiciário é a única ou mais eficaz 
medida à obtenção da pretensão manifestada. A necessidade da tutela 
judicial é requisito do interesse de agir, e, se não demonstrado, dá causa à 
extinção do feito sem resolução de mérito. Um típico exemplo de ausência 
de necessidade da provocação judiciária é a cobrança de um débito não 
vencido. 
Já a adequação se refere à via processual eleita. Em outras palavras, 
se a parte possui um título executivo, deve se valer da via executiva para 
obter o valor a que possui direito, pois caso se valha de uma ação de 
conhecimento, terá sua pretensão extinta sem julgamento de mérito. 
Portanto, quando se fala em necessidade, fala-se na relevância da 
tutela pretendida, e, quando se fala em adequação, fala-se na eleição da via 
processual pertinente para obtenção da tutela pretendida. 
Por derradeiro, há também aqueles que entendem que o interesse de 
agir não se forma apenas pelo binômio necessidade e adequação, uma vez 
que, além destes, deve-se provar que o processo ajuizado será útil, de 
alguma forma, àquele que o postula. 
 
4.1.1.3 Legitimidade de parte 
 
A legitimidade para estar em juízo é necessária ao preenchimento de 
uma das condições da ação. Essa legitimidade é chamada ad causam, ou 
seja, para a causa. Todo aquele que está em juízo deve possuir uma relação 
com o direito que pretende discutir. A legitimidade para a causa é exigida do 
reclamante e também do reclamado, sob pena de faltar à ação uma de suas 
condições indispensáveis. 
O artigo 6º, do Código de Processo Civil, dispõe que “ninguém poderá 
pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei”. A 
regra geral, encampada no citado artigo, consagra a legitimidade ordinária, 
isto é, a regra de que só o próprio titular pode ir a juízo para defender seus 
interesses. 
 
 
30 
 
 
Mas, como faz referência o citado artigo, nada impede que 
disposições legais estipulem o contrário. Portanto, quando alguém vai a juízo 
em nome próprio para defender direito alheio, estar-se-á diante de hipótese 
de legitimidade extraordinária, também chamada de substituição processual. 
Nesses casos, note-se, o titular do interesse em discussão (substituído) não 
participa do processo, mas se sujeita ao que nele for decidido. 
Não há que se confundir, note-se, substituição processual com 
representação. A primeira é matéria de legitimidade processual 
extraordinária, na qual alguém vai a juízo, em nome próprio, defender direito 
alheio, enquanto a segunda é mera exigência legal para que determinadas 
pessoas possam estar em juízo. O representante não é parte, 
diferentemente do legitimado extraordinário (substituto), e não atua em nome 
próprio, mas em nome da pessoa que ele representa. 
Quanto à legitimidade, há ainda que se separar as figuras da 
legitimidade exclusiva e da concorrente. Enquanto a primeira é atribuída pela 
lei para uma única pessoa, a segunda é atribuída a mais de uma. 
 
 
4.1.2 Elementos da ação 
 
Três são os elementos da ação: 
 
a) partes; 
b) causa de pedir; e 
c) pedido. 
 
As partes são os sujeitos ativo e passivo da relação jurídico-
processual. A causa de pedir é a fundamentação dos elementos de fato e de 
direito que embasam o pedido. Já o pedido é o bem da vida que se 
pretende. 
A análise dos elementos da ação permite identificar se uma causa é 
idêntica à outra, além de vincularem o juiz, que só poderá decidir nos limites 
que lhe forem impostos por estes elementos. 
Quanto à causa de pedir, ela deve esclarecer quais são os fatos que 
originam o pedido, assim como qual é a fundamentação jurídica que legitima 
a pretensão manifestada pela parte, relacionando a fundamentação aos 
fatos. 
No entanto, como sabido por todos, a fundamentação jurídica não 
vincula o juiz, que conhece o direito e é livre para aplicá-lo segundo sua 
convicção. A vinculação do juiz ocorre apenas em relação aos fatos, que não 
podem ser por ele desconsiderados, tão pouco alterados. 
Parte da doutrina chama os fatos de causa de pedir próxima, e os 
fundamentos jurídicos de causa de pedir remota, já outra parte faz o inverso, 
ou seja, chama os fatos de causa de pedir remota, e os fundamentos 
jurídicos de causa de pedir próxima. 
O Código de Processo Civil brasileiro adotou, quanto à causa de 
pedir, a teoria da substanciação, o que se conclui após análise do seu artigo 
282, inciso III, que exige a indicação, na petição inicial, dos fatos e dos 
fundamentos jurídicos que embasam o pedido. 
 
 
31 
 
A teoria da substanciação se opõe à teoria da individualização, pois 
enquanto para a última bastaria a exposição dos fundamentos jurídicos, para 
a primeira exige-se, além destes, também a exposição da situação fática, 
sendo que esta é a responsável pela vinculação do juiz, posto que, em 
verdade, os fundamentos jurídicos não possuem maior relevância. 
Quanto ao pedido, a doutrina o divide em: 
 
a) pedido imediato; e 
b) pedido mediato. 
 
O pedido imediato é o provimento jurisdicional requerido. Quando 
uma pessoa ingressa com uma ação de conhecimento, com pedido 
condenatório, este é o pedido imediato. 
Já o pedido mediato é o bem da vida pretendido. Assim, quando uma 
pessoa pretende a condenação de outra, provando que ela lhe causou um 
dano, o ressarcimento pecuniário traduz o pedido mediato da demanda. 
 
 
4.2 Processo 
 
Como já se teve oportunidade de mencionar, o processo é o veículo 
que carrega a pretensão da parte até o conhecimento do Estado-juiz e, 
posteriormente, retorna à parte com a entrega, ou não, do bem da vida 
pretendido. 
O caráter do processo é instrumental. Ele se presta como instrumento 
de satisfação e garantia de direitos. É desse entendimento que decorre um 
importante princípio, o da instrumentalidade das formas. Segundo esse 
princípio, tendo em vista o raciocínio apresentado, não pode o processo, por 
meros formalismos, impedir que as pessoas obtenham a satisfação de seus 
direitos. Alcançados os objetivos suficientes à demonstração do que se 
pretendia, ainda que a forma não tenha sido a mais técnica, deve-se reputar 
como válida a prática do ato que baste à efetivação célere dos direitos das 
partes. 
O processo, nesse contexto, traduz uma sequência pré-determinada 
de atos, com a finalidade de entregar às partes uma prestação jurisdicional 
justa. E esta sequência de atos constitui o procedimento. O procedimento 
adotado determina qual será sequência de atos processuais a serem 
produzidos, dentre as hipóteses existentes, sequência esta que 
compreenderá um número menor ou maior de atos, a depender da 
complexidade do que se pretende. 
 
 
4.2.1 Pressupostos processuais 
 
Quando se pretende uma prestação da tutela jurisdicional, não basta 
o preenchimento das condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, 
interesse de agir e legitimidade de parte), deve-se verificar também o 
preenchimento dos pressupostos processuais. 
Enquanto as condições da ação estão relacionadas ao direito de 
ação, isto é, ao direito de pleitear do Estado-juiz a entrega de uma decisão 
 
32 
 
 
justa, os pressupostos processuais estão relacionados com o veículo que 
levará esse pedido ao juiz, e, posteriormente trará sua resposta, positiva ou 
negativa. 
Os pressupostos processuais, assim como as condições da ação, 
constituem matéria de ordem pública, passíveis de conhecimento de ofício 
pelo juiz, em qualquer tempo e grau de jurisdição, ressalvado seu 
conhecimento em sede de recurso especial e extraordinário, que exigem 
prequestionamento acerca do assunto. 
Os pressupostos processuais podem ser positivos, isto é, devem estarpresentes em toda relação processual, sob pena de nulidade, e podem ser 
negativos, isto é, não devem estar presentes, pois, caso estejam, darão 
causa à extinção do processo sem julgamento de mérito. 
Os pressupostos processuais positivos dividem-se em: 
 
a) pressupostos processuais de existência; e 
b) pressupostos processuais de validade. 
 
4.2.1.1Pressupostos processuais positivos 
 
4.2.1.1.1 Pressupostos processuais de existência 
 
Sem a presença de quaisquer dos pressupostos processuais de 
existência, o processo será considerado inexistente. A consequência para a 
inexistência é a impossibilidade de sanar os vícios dela decorrentes. 
Um processo inexistente, diferentemente de um processo inválido, 
não se convalesce. Transcorrido o prazo decadencial para ajuizamento da 
ação rescisória (2 anos), nada obsta que a inexistência seja arguida a 
qualquer tempo, tão logo seja identificada. 
Assim, são pressupostos processuais de existência: 
 
a) jurisdição; 
b) petição inicial (ou demanda); 
c) capacidade postulatória; 
d) citação. 
 
Como já salientado, apenas aqueles investidos na função jurisdicional 
é que podem exercê-la. Caso uma sentença seja proferida por um juiz 
aposentado, por exemplo, não há se falar na existência do ato praticado, 
pois ausente a jurisdição. 
Na sequência, existente a jurisdição, só há que se falar na existência 
do processo que apresentar petição inicial. Sem esta, o Estado-juiz fica 
impedido de se manifestar sobre qualquer litígio, pois recorde-se que a 
atividade jurisdicional é inerte, e só atua mediante provocação. 
E mais, além da petição inicial, exige-se que o postulante possua 
capacidade para tanto. O artigo 37, do Código de Processo Civil disciplina a 
matéria: 
 
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será 
admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, 
intentar ação, a fim de evitar a decadência ou prescrição, bem 
 
33 
 
 
como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. 
Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de 
caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 
(quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do 
juiz. 
 
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos 
por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas 
e danos. 
 
Como se vê, o artigo mencionado expressamente determina que 
sejam reputados inexistentes os atos praticados por quem não possua 
capacidade postulatória. 
Mas, ainda, para que se fale em existência processual, há que se falar 
em citação. Sem citação, a relação jurídico-processual não se completa, pois 
não se chama o réu a compor a relação tripartite (autor, juiz e réu). A feitura 
da citação, ainda que de forma que não seja válida, faz existente a relação 
processual. 
 
4.3.1.1.2 Pressupostos processuais de validade 
 
Enquanto no tópico anterior foram abordados requisitos à existência 
do processo, agora passam a ser expostos requisitos que garantem sua 
validade. Ausente qualquer pressuposto processual de validade, há nulidade 
absoluta do processo, passível de declaração a qualquer tempo e grau de 
jurisdição, e, uma vez transita em julgado a decisão proferida em processo 
inválido, esta é passível de rescisão, desde que observado o prazo 
decadencial de 2 (dois) anos, naturalmente. 
Assim, são pressupostos processuais de validade: 
 
a) competência e imparcialidade; 
b) petição inicial apta; 
c) capacidade processual; e 
d) citação válida. 
 
A competência nada mais é que a divisão territorial da jurisdição. 
Existente a jurisdição, o ordenamento jurídico faz a separação dos juízos por 
matéria, de modo a destinar à sociedade um sistema jurisdicional 
especializado. Assim, via de regra, será nula uma decisão proferida por juiz 
incompetente. Diz-se, via de regra, pois há que se analisar se a competência 
é absoluta ou relativa. Se a incompetência for absoluta, o processo é nulo. 
Contudo, se for relativa e não tiver sido alegada oportunamente pela parte 
contrária, não mais poderá sê-la, operando-se a prorrogação do juízo, ou 
seja, o juiz que não era competente passa a sê-lo devido a inércia da parte 
contrária. 
A questão é semelhante em razão da imparcialidade. Todo juiz, 
regularmente investido e dotado de competência, deve também ser 
imparcial. A imparcialidade se divide em impedimento e suspeição. 
Enquanto o impedimento gera nulidade absoluta do processo, a suspeição 
não arguida oportunamente pela parte contrária torna precluso tal direito. 
 
 
34 
 
 
Quanto a capacidade processual, ao verificar que o autor não a 
possui, o juiz deve suspender o processo e conferir prazo para que seja 
sanada a irregularidade, sob pena de extinção do processo sem julgamento 
de mérito. No entanto, caso o juiz verifique que há irregularidade na 
representação do réu, ele deve suspender o processo e marcar prazo 
razoável para que o defeito seja sanado, sob pena de reputá-lo revel. 
Apresentada em juízo a petição inicial, o processo reputa-se 
existente, mas só se reputará válido se a petição inicial for apta. Toda 
petição inicial deve atender aos requisitos do artigo 840 da CLT: 
 
a) a designação do juiz da Vara do Trabalho a quem for dirigida; 
b) a qualificação do reclamante; 
c) a qualificação do reclamado; 
d) breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio; 
e) pedido; 
f) data e assinatura do reclamante ou de seu representante; 
g) valor da causa. 
 
Além dos requisitos específicos supra mencionados, exige-se o 
preenchimento dos requisitos gerais do Código de Processo Civil nos termos 
dos seus artigo 282 e 283, abaixo citados: 
 
Art. 282. A petição inicial indicará: 
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; 
 
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, 
domicílio e residência do autor e do réu; 
 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
IV - o pedido, com as suas especificações; 
V - o valor da causa; 
 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a 
verdade dos fatos alegados; 
VII - o requerimento para a citação do réu. 
 
Art. 283. A petição inicial será instruída com os 
documentos indispensáveis à propositura da ação. 
 
Caso tais requisitos não sejam preenchidos, o juiz deve determinar 
que a petição inicial seja emendada, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de 
seu indeferimento. Conforme estipula o artigo 295, inciso I, do Código de 
Processo Civil, a petição inicial deverá ser indeferida sempre que for inepta. 
É, ainda, requisito indispensável à petição inicial, sob pena desta ser 
considerada inepta, a indicação do endereço em que o advogado pretende 
receber suas futuras intimações, nos termos do artigo 39, inciso I, do Código 
de Processo Civil. Nos termos do parágrafo único de aludido dispositivo, se 
o advogado não indicar endereço, o juiz, antes de determinar a citação do 
réu, deverá mandar que ele supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e 
oito) horas, sob pena de indeferimento da petição inicial. 
Outro pressuposto processual de validade é a capacidade processual, 
isto é, a capacidade para estar em juízo. Toda pessoa que se ache no 
 
35 
 
exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo (art. 8º, 
CPC). Já os incapazes, para estarem em juízo, devem ser representados ou 
assistidos por seus pais, tutores ou curadores (art. 9º, CPC). 
Por fim, só há que se falar em desenvolvimento válido e regular de um 
processo quando se verificar a ocorrência de citação válida. Se a citação for 
realizada, o processo reputa-se existente, mas se não for válida, o processo 
será reputado como inválido, ou seja, como absolutamente nulo. O vício da 
citação inválida pode ser arguido a qualquer momento e em qualquer grau 
de jurisdição, inclusive após o trânsito em julgado da decisão que coloca fim 
ao processo, mediante ação rescisória. 
Mas, note-se, a citação irregular é passível de dar causa à nulidade 
absoluta do processo searguível no seu decorrer, ou, no máximo, durante o 
prazo para ação rescisória, sem o que não poderá mais ser arguida. 
Situação diversa, porém, ocorre se a hipótese for inexistência de citação 
(pressuposto processual de existência), quando não há prazo para 
ajuizamento de ação tendente à obtenção da declaração de inexistência do 
processo, ação esta chamada de querela nullitatis insanibilis. 
Por derradeiro, veja-se o seguinte quadro comparativo: 
 
Pressupostos processuais de existência Pressupostos processuais de 
 validade 
 
Jurisdição Competência e imparcialidade 
 
Capacidade postulatória Capacidade processual 
 
Petição inicial Petição inicial apta 
 
Citação Citação válida 
 
 
4.2.1.2 Pressupostos processuais negativos 
 
Como mencionado, os pressupostos processuais negativos são 
situações que não devem estar presentes na relação processual, sob pena 
de sua extinção sem julgamento de mérito. 
São pressupostos processuais negativos: 
 
a) a litispendência; 
b) a coisa julgada; e 
c) a perempção. 
 
A litispendência ocorre quando há processo idêntico em curso, 
perante o mesmo ou em juízo diverso. Reputa-se idêntico o processo que 
tenha as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. 
Verifica-se a ocorrência da coisa julgada quando, após uma demanda 
ter sido decidida de forma definitiva, já tendo transitado em julgado sua 
decisão, ocorre o ajuizamento de demanda idêntica. 
Assim como a litispendência, na coisa julgada há uma situação de 
repetição. Entretanto, enquanto a primeira reflete o ajuizamento de uma 
ação idêntica a outra que ainda está em curso, a última reflete o ajuizamento 
de uma ação idêntica a outra já definitivamente julgada. 
 
 
36 
 
 
Transitada em julgado uma decisão, esta fica protegida pelo manto da 
coisa julgada, direito fundamental que confere segurança jurídica ao 
ordenamento jurídico. 
Quanto à perempção, trata-se de pressuposto processual negativo 
gerado pela desídia. Sempre que o autor deixar de promover atos e 
diligências que lhe competia, ou quando abandonar a causa por mais de 30 
(trinta) dias, terá o processo extinto sem resolução de mérito. Consabido, a 
extinção sem resolução de mérito não impede que o autor proponha 
novamente a mesma demanda. Contudo, se essa situação se repetir por 3 
(três) vezes, isto é, se por 3 (três) vezes o processo for extinto pela inércia 
do autor, não se permite mais que o processo seja ajuizado, pois 
concretizada a situação de perempção. 
 
4.2.2 Intervenção de terceiros 
 
Via de regra, a relação jurídico-processual compreende apenas o 
autor e o réu. Contudo, em diversas situações terceira pessoa pode vir a 
integrar essa relação, sempre que ela possa ser, de algum modo, atingida 
pela decisão a ser proferida. 
Como se sabe, a formação da coisa julgada deve manifestar efeitos 
apenas entre as partes processuais. Assim, sempre que seus efeitos forem 
extensivos a terceira pessoa, esta pessoa pode intervir no processo para 
manifestar-se no que de direito. 
São modalidades de intervenção de terceiros: 
 
a) a assistência; 
b) a oposição; 
c) a nomeação à autoria; 
d) a denunciação da lide; e 
e) o chamamento ao processo. 
 
4.2.2.1 Assistência 
 
Dentre as modalidades de intervenção de terceiros, a assistência é a 
única não incluída no capítulo específico sobre elas, no Código de Processo 
Civil. Embora tratada conjuntamente com o litisconsórcio, e fora do capítulo 
relativo à intervenção de terceiros, a assistência não perde seu caráter. 
Sempre que pender uma causa entre duas ou mais pessoas e o 
terceiro possuir interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma 
delas, poderá intervir no processo para assisti-la (art. 50, do CPC). 
Nesse, sentido, a Súmula n.º 82 do Tribunal Superior do Trabalho é 
clara ao indicar que não basta o interesse meramente econômico para que 
se admita a assistência, sendo imperioso que se demonstre o interesse 
jurídico. 
A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em 
todos os graus de jurisdição, porém o assistente recebe o processo no 
estado em que se encontra. 
 
 
 
 
37 
 
 
Nada impede, portanto, que terceiro intervenha como assistente em 
determinado processo, já em grau recursal, hipótese em que receberá o 
processo no estado em que o mesmo se encontrar. 
 
4.2.2.2 Oposição 
 
A oposição é forma voluntária de intervenção de terceiros, situação 
em que o terceiro opõe direito às partes integrantes da relação jurídico-
processual originária. A natureza jurídica da oposição é de ação autônoma. 
É possível a oposição, tanto nos dissídios individuais quanto nos 
coletivos, mas é raro vislumbrar sua ocorrência no processo do trabalho. 
 
4.2.2.3 Nomeação à autoria 
 
A nomeação à autoria é forma provocada de intervenção de terceiros. 
Nela, o reclamado formula pedido no qual sustenta ser parte ilegítima, e 
indica quem seja o legitimado a figurar como reclamado em sua 
substituição. 
A nomeação à autoria aplica-se apenas nos casos previstos nos 
artigos 62 e 63, ambos do Código de Processo Civil. 
 
Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe 
demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o 
proprietário ou o possuidor. 
 
Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à 
ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de 
um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos 
prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em 
cumprimento de instruções de terceiro. 
 
O caso do artigo 62 é o do mero detentor, também chamado de 
fâmulo da posse, e o do artigo 63 é o do mero cumpridor de ordem ou 
instruções de terceiro. 
No âmbito do processo do trabalho, num primeiro momento, a 
nomeação à autoria não tem aplicação. No caso do artigo 62, a relação é de 
direito real, enquanto no caso do artigo 63 não há razoabilidade no 
ajuizamento de ação reclamatória em face do preposto da empresa ao invés 
da própria empresa (MARTINS FILHO, 2009, p. 253). No entanto, 
considerada esta remota hipótese, poder-se-ia admitir a nomeação à 
autoria, caso em que o preposto deveria nomear a empresa. 
 
4.2.2.4 Denunciação da lide 
 
A denunciação da lide é forma provocada de intervenção de terceiros, 
e possui natureza jurídica de ação autônoma. O instituto em estudo 
relaciona-se ao direito de regresso, e possui hipóteses taxativas de 
cabimento. 
Segundo o artigo 70, do Código de Processo Civil, a denunciação da 
lide é obrigatória: 
 
 
38 
 
 
a) ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo 
domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que 
da evicção Ihe resulta; 
 
b) ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de 
obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor 
pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse 
direta da coisa demandada; 
 
c) àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, 
em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda. 
 
As hipóteses autorizadoras de denunciação da lide, como se vê, são 
apenas de direitos reais, ao passo que a relação entre empregado e 
empregador é obrigacional. 
No entanto, o Tribunal Superior do Trabalho cancelou a Orientação 
Jurisprudencial n.º 227 da SBDI-1, que vedava essa modalidade de 
intervenção de terceiros, em razão do entendimento de que a denunciação 
da lide é compatível com as hipóteses de responsabilidade subsidiária, 
quando o denunciante tem direito de regresso em face do denunciado 
(MARTINS FILHO, 2009, p. 253). 
 
4.2.2.5 Chamamento ao processo 
 
O chamamento ao processo também é forma provocada de 
intervenção de terceiros. O reclamado chama os demais coobrigados, não 
incluídos no pólo passivo pelo reclamante, para que ingressem na lide e 
sejam conjuntamente condenados, cada qual respondendo por sua fração 
de débito. 
Enquanto a denunciação da lide se refere ao direito de regresso,

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