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PORTO ALEGRE, 2021. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE PORTO ALEGRE CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE BIOPROCESSOS E BIOTECNOLOGIA MARIA CELINA MACHADO NATHALIA ALMEIDA NODA EXPERIMENTO: TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM CAIXA DE ISOPOR Orientador: Dr. Renato Letízia Garcia PORTO ALEGRE, 2021. INTRODUÇÃO Transferência de calor – Condução A condução ocorre dentro de uma substância ou entre substâncias que estão em contato físico direto. Na condução a energia cinética dos átomos e moléculas é transferida por colisões entre átomos e moléculas vizinhas. O calor flui das temperaturas mais altas para as temperaturas mais baixas. A capacidade das substâncias para conduzir calor (condutividade) varia consideravelmente. Devido a isto, neste relatório por meio dos dados coletados e os cálculos propostos buscou-se obter, experimentalmente, o valor da condutividade térmica (k) do polietileno expandido (isopor) e comparar os resultados obtidos experimentalmente com os resultados teóricos. Para realizar a quantificação do processo de transferência de calor em uma taxa de quantidade em relação ao tempo utiliza-se a Lei de Fourier, para uma dada distribuição de temperatura. Eq. (1) 𝑞 = −𝑘 ∗ 𝐴 ∗ 𝑑𝑇 𝑑𝑥 Que ainda pode ser escrita para aplicação em casos de placas planas como: Eq.(2) 𝑞 = −𝑘 ∗ 𝐴 ∗ 𝑇2 − 𝑇1 𝐿 Onde, a taxa de transferência de calor (q) por condução é proporcional ao gradiente de temperatura (dT/dx) e a condutividade térmica (k); e ainda está relacionado a área das placas (A) e sua espessura (L). Ainda, deve-se considerar que a taxa de transferência de calor pode ser dita como a quantidade total de calor (Q) trocado ao longo do tempo (t). Eq.(3) 𝑞 = 𝑄 𝑡 No entanto para que utilizarmos a equação acima é necessário calcular a quantidade de energia requerida para fundir a substância com que se está trabalhando, neste com um sólido para líquido, utilizou-se então a equação para cálculo da entalpia de fusão dessa substância. Eq.(4) 𝑄 = 𝑚𝑔𝑒𝑙𝑜 ∗ 𝐻𝑓 Onde a m é a massa do gelo e Hf é a entalpia de fusão ou calor de fusão do gelo, ou seja, a quantidade de energia necessária para fundir uma quantidade x do sólido. Poliestireno expandido – Isopor O isopor é composto de pequenos grânulos de poliestireno expandido, sendo expandidos em até 50x o seu tamanho original, este ainda é um material leve pois tem sua composição em 98% ar, no entanto possui grande resistência a compressão o que faz deste material ótimo para enchimentos em pacotes, para a proteção anti impacto, entre outros PORTO ALEGRE, 2021. diversos. Além disso devido a sua baixa condutibilidade térmica também é amplamente utilizado como isolante térmico. MATERIAIS E MÉTODOS Materiais Para realizar o experimento proposto foram utilizados os seguintes materiais: • Caixa de isopor com tampa • Termômetros • Relógio • Balança de cozinha • Peneira • Panos de prato • Água – 0ºC • Gelo Metodologia Primeiro foi feito as medidas internas e externas da caixa de isopor, após isto foram feitas marcações na caixa para delimitar 30% de sua altura interna, que foi preenchido com água, a água utilizada estava misturada a pedras de gelo para que estivesse na temperatura de 0ºC (como pode ser visualizado na fig.1), para fazer a transferência da água para a caixa de isopor foi utilizado uma peneira para evitar a transferência de pedaços de gelo junto. A massa de água foi obtida utilizando uma balança de cozinha, previamente tarada com o peso da caixa de isopor vazia (fig.2). Figura 1 – Temperatura da água. Figura 2 – Massa de água usada. PORTO ALEGRE, 2021. Em seguida adicionou-se gelo até completar o volume interno da caixa, a massa de gelo também foi pesada com a mesma balança (fig.3), e somente após realizar a tara da caixa + água. Figura 3 – Massa de gelo utilizada. Com panos de prato foi feito um forro entre a superfície em que a caixa ficaria posicionada durante o experimento. Um termômetro foi colocado dentro da caixa para monitorar sua temperatura interna (cuidando para o sensor estar no meio da caixa e não próximo a tampa ou as paredes), para viés de informação, e outro termômetro foi posto próximo/em cima da caixa para monitorar a temperatura externa para posteriores cálculos. Figura 4 – Montagem/disposição, termômetro preto pequeno medindo a temperatura externa e multímetro no modo termômetro medindo o interior da caixa, ambos estão dispostos em cima da caixa e tudo acima do pano de prato. Anotou-se os dados de temperaturas e tempo de experimento até que todo o gelo dentro da caixa derretesse, após isso o experimento foi encerrado. PORTO ALEGRE, 2021. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dados A tabela 1 traz os dados referentes a caixa de isopor. Tabela 1 – dimensões da caixa de isopor utilizada no experimento. externa interna caixa tampa caixa tampa Altura (m) 0,109 0,017 0,099 0,006 Comprimento (m) 0,204 0,0204 0,18 0,18 Largura (m) 0,14 0,14 0,116 0,116 Espessura (m) Laterais Fundo/tampa 0,024 0,011 Volume (m3) 0,00206 As quantidades de água e gelo, em gramas, e as propriedades dos mesmos estão dispostas na tabela abaixo. Tabela 2 – Quantidade e propriedades da água e gelo utilizados no experimento. Quant. (g) Altura da marcação interna (m) Calor latente (cal/g) 30% água gelada 604 0-0,029 540 (vap.) 70% gelo 1009 0,029-0,099 80 (fus.) Os dados obtidos através do monitoramento da temperatura interna e externa podem ser consultados na tabela 3. tempo (h) Tamb. (ºC) Tint. (ºC) 0 33 0 1 32,7 0 2 30 0 3 30 0 4 28,1 0 5 28 0 6 27,5 0 7 26 0 8 25,8 0 9 24,4 0 10 24,3 0 11 23,9 0 12 24 0 13 25,5 0 14 25,9 0,1 PORTO ALEGRE, 2021. Cálculos teóricos Em um primeiro momento serão realizados os cálculos teóricos para métodos de comparação com os posteriores, experimentais. Para isto faremos uso da Equação 2 para inicialmente encontrar a taxa de transferência de calor (q). Para isto precisa-se definir a área da superfície de contato (A) interior da caixa, mas como pode ser consultado na tabela 1, as laterais e fundo/tampa possuem espessura são diferentes, para isto será necessário realizar o cálculo de q1 e q2, com área lateral total que possui espessura 0,024m e área de fundo/tampa com espessura 0,011m, respectivamente. Eq.(5) 𝐴𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 = 2 ∗ [(𝑎𝑙𝑡 ∗ 𝑐𝑜𝑚𝑝) + (𝑎𝑙𝑡 ∗ 𝑙𝑎𝑟𝑔) + (𝑐𝑜𝑚𝑝 ∗ 𝑙𝑎𝑟𝑔)] = 0,100𝑚 2 𝐴𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙 = 2 ∗ [(𝑐𝑜𝑚𝑝 ∗ 𝑎𝑙𝑡) + (𝑙𝑎𝑟𝑔 ∗ 𝑎𝑙𝑡)] = 0,058𝑚 2 𝐴𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜−𝑡𝑎𝑚𝑝𝑎 = 2 ∗ (𝑐𝑜𝑚𝑝 ∗ 𝑙𝑎𝑟𝑔) = 0,042𝑚 2 Substituindo os valores obtidos na Eq.(5) com as espessuras correspondentes na Eq.(2), e utilizando do valor teórico de k=0,04 (valor escolhido pois o k do isopor varia entre 0,03 e 0,05 de acordo com a literatura, logo foi escolhido um valor médio), ainda foi utilizado uma média de todas as temperaturas externas anotadas durante o experimento, Text.=27,23 ºC. Com isto foi obtidos valores de q1=2,63W e q2=4,16W, a coma das duas taxas correspondem a qtotal=6,79W teórico. A partir disto é possível definir o tempo em que se esperaria que a quantidade de gelo utilizada derretesse. Para derreter 1g de gelo é necessário 80cal ou 334,4J , com a Eq.(4) encontramos todo o calor necessário para derreter 1009g de gelo usados. Obtendo-se assim um valor de Q=337409,6J. Com os valores de qtotal e Q substituídos na Eq.(3), isola-se a variável tempo (t) e se obtém que em 49692,14s (ou 13,8h) todo o gelo, em teoria, deveria ter derretido. Cálculo experimental Para isto seguiremos o passo inverso, pois neste, temos o tempo e determinaremoso k do isopor através dos cálculos. Com a Eq.(3), que agora a incógnita é qtotal, utilizamos Q=337409,6J, pois a quantidade de gelo não mudou referente aos cálculos feitos anteriormente e substituímos o t, pelo tempo total do experimento em segundos, como pode ser consultado na tabela 3, o tempo foi de 14h ou 50400s. Com isto obteve-se um valor de qtotal=6,69W. Em seguida utilizamos a Eq.(2), note, agora já foi calculado o valor total da taxa de transferência de calor, logo não se faz necessário dividir as áreas da caixa com espessuras diferentes, usa-se a área total da superfície de contato interna. Ao realizar a substituição dos valores das variáveis na Eq.(2), isola-se a variável k de modo a ser a incógnita, obtendo-se assim o valor de k=0,039J/s*m*ºC. PORTO ALEGRE, 2021. Discussão Na tabela abaixo é apresentado alguns dos resultados obtidos através dos cálculos. Tabela 4 – resultados. k (J/s*m*ºC) t (h) Teórico 0,04 13,8 Experimental 0,039 14 Como pode ser observado ao longo dos resultados obtidos, os valores são muito próximos, de forma que se pode concluir que os valores são condizentes não apenas entre si, mas também com os descritos na literatura. Um resultado tão próximo do teórico só foi possível devido ao uso de materiais em bom estado e de boa qualidade além da atenção ao seguir as diretrizes propostas pelo orientador e o cuidado com tempo e as anotações dos dados observados. PORTO ALEGRE, 2021. REFERÊNCIAS • KREITH, F. Princípios da Transmissão de Calor, Editora Edgard Blucher Ltda, 1973 • INCROPERA, Frank P.; DEWITT, David P.; BERGMAN, Theodore L. Fundamentos de Transferência de Calor E de Massa . Grupo Gen-LTC, 2000.
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