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E-BOOK GRATUITO, VENDA PROIBIDA
Este e-book é um trecho do livro original:
Idade da Oportunidade: Recursos para Educação de 
Adolescentes
Paul David Tripp
 ESTÁ em todo lugar a nossa volta: na sitcom1  da televi-
são, na revista da prateleira do supermercado, nas estantes da 
livraria do bairro, nos programas de entrevistas da televisão 
e do rádio e, sim, até em alguns livros cristãos sobre família. 
Os pais têm medo de seus filhos adolescentes. Até mesmo 
quando estão desfrutando as delícias dos primeiros anos da 
vida da criança, olham para o futuro com pavor, esperando 
o pior e sabendo que, em poucos e rápidos anos, essa precio-
sidade se transformará em monstro da noite para o dia. Eles
ouviram histórias suficientes de pais que passaram pelo “vale
da escuridão” da adolescência e conhecem os perigos que os
aguardam. São aconselhados a esperar o pior e agradecer se
saírem do “vale” sãos, com os adolescentes vivos e sua família,
intacta.
 Deparei com esta visão da adolescência recentemente, 
em uma conferência sobre o casamento. O fim de semana ha-
1. “Sitcom é um estrangeirismo, sendo a abreviatura da expressão em inglês situation
comedy. Por vezes, utiliza-se uma versão aportuguesada para o mesmo termo: 
comédia de situação. Um bom exemplo de sitcom é o seriado Friends. Sitcoms
normalmente consistem numa série de televisão com personagens comuns onde 
existem uma ou mais histórias de humor encenadas em ambientes comuns como
família, grupo de amigos, local de trabalho. Em geral são gravados em frente de 
uma plateia ao vivo e caracterizados pelos “sacos de risadas”, embora isso não seja 
uma regra.” (Fonte: Wikipédia)
via sido ótimo, em todos os sentidos. As mensagens tinham 
sido envolventes, desafiadoras e edificantes. A alimentação 
e as acomodações haviam sido maravilhosas e a conferência 
fora realizada em um lindo local à beira mar. Quando o fim 
de semana estava para terminar, enquanto eu olhava para o 
sol cintilando nas águas da baía, notei um casal sentado nas 
proximidades. Pareciam bastante infelizes.
 Fiquei curioso, e então perguntei a eles se haviam gostado 
da conferência. Tudo tinha sido muito bom, responderam. 
Comentei que eles não pareciam estar muito felizes. A mulher 
respondeu: “Temos dois adolescentes e estamos com medo 
de ir para casa. Gostaríamos que este fim de semana durasse 
para sempre!” “É de se esperar que os adolescentes sejam 
rebeldes; todos nós fomos”, o marido acrescentou. “Você tem 
que ‘resistir’ ”. “Além disso”, lamentou-se ela, “não se pode 
discutir com hormônios!”
 Fui embora convencido de que alguma coisa estava funda-
mentalmente errada com a nossa visão dessa época específica 
da vida. Há algo inerentemente errado na epidemia cultural 
do medo e no cinismo em relação a nossos adolescentes. Algo 
não vai bem quando o objetivo máximo dos pais é sobreviver 
a essa fase. Precisamos reconsiderar: esta é a visão bíblica de 
tal período da vida? Esta visão leva a estratégias bíblicas de 
educação e à esperança bíblica? 
 Precisamos verificar o que há de errado com o cinismo em 
relação aos adolescentes, que é endêmico em nossa cultura.
Visão Biológica dos Adolescentes
 Muitas vezes falamos de nossos adolescentes como se eles 
não fossem mais do que um punhado de hormônios de fúria 
e rebelião envolvidos por pele em desenvolvimento. Temos 
como objetivo de alguma forma conter esses hormônios para 
que possamos sobreviver até que o adolescente chegue aos 
vinte anos. Uma mãe recentemente se alegrou em me dizer que 
seu filho havia feito vinte anos, como se ele tivesse passado 
por uma porta mágica, saindo do perigo para a segurança. 
“Conseguimos!” disse ela. 
 A mentalidade da “sobrevivência” expõe a pobreza desta 
visão dos adolescentes. Muitos pais que vêm conversar co-
migo sobre seus filhos adolescentes falam sem esperança e 
os vêem como vítimas dos hormônios que os levam a fazer 
loucuras. Embora jamais o digam, a teologia que se esconde 
atrás desta visão é que as verdades das Escrituras, o poder do 
Evangelho, a comunicação bíblica e os relacionamentos que 
agradam a Deus não são páreo para os anos da adolescência. 
Sim, cremos que a Palavra de Deus é poderosa e eficaz, exceto 
se alguma pobre alma está tentando aplicá-la a um filho entre 
catorze e dezenove anos! Agora até temos uma categoria de 
crianças chamadas “pré-adolescentes”. Essa é a época em que 
as características de monstro do adolescente começam a se 
desenvolver e erguem suas horripilantes cabeças.
 Estamos acomodados com a visão dos adolescentes que 
diz que por causa das importantes mudanças biológicas que se 
passam no interior deles, eles são essencialmente inatingíveis? 
Estamos acomodados com a visão hormonal dos adolescentes 
que os reduz a vítimas das forças biológicas, eximindo-os de 
responsabilidade por suas próprias escolhas e ações? Nós 
realmente desejamos ter uma visão dos adolescentes que nos 
faria acreditar que as verdades que dão vida e esperança a 
todos que crêem não podem atingir o adolescente? Não po-
demos conservar uma fé robusta no poder do evangelho se 
continuarmos aprovando o cinismo de nossa cultura sobre a 
adolescência.
Sacrifício e Sofrimento Especiais?
 Em 2 Timóteo 2:22, Paulo exorta Timóteo: “Fuja dos 
desejos malignos [paixões] da juventude”. Esta pequena e 
interessante frase nos conclama ao equilíbrio na maneira de 
pensar sobre os adolescentes e no modo como definimos tal 
fase da vida. Por um lado, a Bíblia nos desafia a não sermos in-
gênuos quanto a esse período de vida. Há paixões que afligem 
de forma especial os jovens, tentações que são especialmente 
fortes. Estas devem ser enfrentadas. As Escrituras ordenam 
que sejamos estratégicos, que façamos a pergunta: “Quais são 
os desejos malignos que oprimem uma pessoa durante este 
período específico da vida?”
 Ao mesmo tempo, Paulo usa a palavra “juventude” porque 
cada fase tem seu próprio conjunto de tentações. As tentações 
de um menino, de um jovem e de um velho não são exatamente 
as mesmas. As tentações do adolescente não são especialmente 
cruéis e intensas. Todos que desejam agradar ao Senhor de-
vem, em todas as épocas da vida, vigiar, orar, resistir e lutar 
para não cair em tentação. O adolescente é chamado para se 
guardar das tentações que são típicas da juventude, enquanto 
as pessoas mais velhas são chamadas a se guardarem contra as 
tentações típicas da maturidade. Todos, independentemente 
da idade, devem aceitar cada estágio da batalha como cristãos 
que vivem em um mundo degradado.
Batalha da Biologia ou Batalha do Coração?
 A passagem de 2 Timóteo também é útil na maneira como 
coloca e define a batalha do jovem. Há, de fato, uma batalha 
sendo travada impetuosamente nas vidas dos jovens, mas não 
é a batalha da biologia. É uma batalha intensamente espiritual, 
uma batalha pelo coração. É exatamente isso que Paulo deseja 
que nós saibamos quando exorta Timóteo a não deixar seu 
coração ser controlado pelos desejos malignos. Esta batalha 
não é exclusivamente dos adolescentes. Ela se define um pouco 
mais durante a adolescência, mas é a batalha de todo pecador. 
 A tendência de todo pecador, não importando a sua 
idade, é bem capturada por Paulo em Romanos 1:25, isto é, 
a tendência de trocar a adoração e o serviço ao Criador pela 
adoração e o serviço à criatura. Sim, é ali na vida do adoles-
cente que deixa as suas convicções em troca da aprovação de 
seus amigos, mas está presente tão fortemente no adulto que 
negligencia a família e as prioridades espirituais em troca de 
sucesso profissional. A batalha, como Paulo a entende, é uma 
batalha do coração, e é dramaticamente importante porque o 
que controla o coração dirige a vida.
 Há significativas tentações do coração com as quais os 
adolescentes deparam, levando-os a crer que eles não podem 
viver sem algum aspecto da criação. Essas vozes os chamam 
a crer que identidade, significado e propósito podem ser en-
contrados na criatura e não no Criador. São os conflitos que 
podem alterara vida do adolescente. Não ousamos perdê-los 
por causa de nossos temores biologicamente orientados e 
de nossa mentalidade de sobrevivência. Temos que crer que 
Jesus veio para que cada um de nós fosse liberto dos desejos 
de nossa natureza pecaminosa a fim de que possamos servir 
a Ele, somente a Ele. Isso inclui os nossos adolescentes.
As Lutas dos Pais
 O tumulto da adolescência não é composto somente das 
atitudes e ações dos adolescentes, mas dos pensamentos, 
desejos, atitudes e ações dos pais também. A adolescência é 
difícil para nós porque ela tende a trazer à luz o pior de nós. 
É durante esses anos que os pais se pegam dizendo coisas que 
nunca pensaram que iriam dizer. Os pais se vêem reagindo 
com acusações, manipulação de culpa e ultimatos, respon-
dendo com um nível de ira que nunca pensaram ser possível. 
É durante esses anos que os pais lutam com a vergonha por 
estarem associados ao adolescente que um dia foi, quando 
criança, uma grande fonte de orgulho e alegria.
 É vital para nós confessarmos que a luta da adolescência 
não diz respeito somente à biologia e à rebelião adolescente. 
Esses anos são difíceis para nós porque eles expõem os pen-
samentos errados e desejos de nossos próprios corações. Há 
um princípio aqui que precisamos reconhecer. Minha mãe 
o colocava da seguinte maneira: “Não há nada que saia de
alguém embriagado que já não estivesse lá antes”. Esses anos
são difíceis para nós porque eles rasgam o véu e nos expõem.
É por isso que as tentações são tão difíceis, porém tão úteis nas
mãos de Deus. Não mudamos radicalmente em um momento
de tentação. Não, as tentações revelam o que sempre fomos.
As tentações desnudam coisas para as quais, de outra forma,
permaneceríamos cegos. Assim também, a adolescência expõe
nosso farisaísmo, nossa impaciência, nosso espírito implacável,
nossa falta de amor servil, a fraqueza de nossa fé e nossa ânsia
por conforto e comodidade.
Por que Perdemos Oportunidades
 Recentemente, recebi em meu escritório um pai que esta-
va tão bravo com seu filho, que já era um enorme esforço ele 
conseguir se controlar diante de mim. Ele não via as tremendas 
necessidades espirituais de seu filho e nem que havia sido 
especialmente incumbido por Deus para supri-las. Não havia 
ternura no relacionamento entre eles; nem mesmo cordialida-
de. Havia, sim, uma tensa distância. Em uma ocasião, o pai 
levantou-se para falar ao filho sobre seu boletim escolar. Ele foi 
até a cadeira onde o filho estava sentado, esfregou o boletim 
em seu rosto e disse: “Como você se atreve a fazer isso comigo 
depois de tudo o que eu tenho feito por você?” Para ele, as más 
notas eram uma afronta pessoal. E não era dessa forma que ele 
achava que as coisas tinham que funcionar. Ele havia feito a 
sua parte; agora o filho deveria fazer a dele. Ele estava bravo 
com seu filho, mas não por causa de seu pecado contra Deus. 
Ele estava bravo porque o filho havia privado dele como pai, 
coisas que ele valorizava muito: sua reputação como bom pai 
cristão, o respeito que achava que merecia e a comodidade que 
pensava que finalmente alcançaria com filhos mais velhos. 
 Não havia nele atitude de ministério, nem senso de opor-
tunidade, nem tentativa de tomar parte no que Deus estava 
fazendo na vida de seu filho. Ao contrário, ele estava cheio 
da ira descrita em Tiago 4:2: “Vocês cobiçam coisas, e não as 
têm”.
 O cinismo cultural que em discussão aqui está baseado 
em quem achamos que os adolescentes são e no que achamos 
que eles estão passando. Nossa tendência é crer que pouco 
podemos fazer para tornar esses anos mais produtivos. Tal 
cultura diria que precisamos aplicar estratégias positivas de 
sobrevivência que preservem a sanidade dos pais e a estabili-
dade do casamento, e que mantenham o adolescente tão fora 
de perigo causado por suas próprias mãos quanto possível. 
 Contudo, em minha experiência, quando os pais começam 
a reconhecer, admitir, confessar e mudar as atitudes de seus 
próprios corações e as ações erradas que fluem delas, o resul-
tado é uma diferença marcante em seu relacionamento com 
os filhos adolescentes e na maneira como vêem os conflitos da 
adolescência. Quando nos preocupamos com a adolescência, 
precisamos olhar não apenas para nossos filhos, mas também 
para nós mesmos. Os pais que humildemente se dispõem a 
mudar, se colocam em posição para ser instrumentos de mu-
dança de Deus.
Uma Maneira Melhor (de Ver a Adolescência)
 É hora de rejeitar o cinismo indiscriminado de nossa cul-
tura em relação à adolescência. Este não é um período de luta 
não dirigida e improdutiva, mas de oportunidade sem prece-
dente. São os anos dourados da paternidade, quando todas as 
sementes plantadas começam a ser colhidas e quando se pode 
ajudar o adolescente a internalizar a verdade, preparando-o 
para uma vida produtiva de honra a Deus como adulto.
 São anos de profundo questionamento, anos de maravi-
lhosas discussões nunca antes possíveis. Anos de falha e luta 
que expõem o verdadeiro coração do adolescente. São anos de 
ministração diária e de grande oportunidade.
 Estes não são anos para serem meramente sobrevividos! 
Devem ser encarados com um senso de esperança e missão. 
Quase todo dia traz uma nova oportunidade de entrar na vida 
de seu adolescente com ajuda, esperança e verdade. Não deve-
mos nos resignar a um relacionamento cada vez mais distante. 
Esta é uma época de conexão com nossos filhos como nunca 
houve antes. São anos de grande oportunidade. 
 É sobre isso que este livro trata. É um livro de oportuni-
dade e esperança. É hora de abandonarmos a posição defen-
siva e segura do cinismo e do medo para virmos para a luz, 
examinando o plano que Deus tem para nós ao educarmos 
filhos adolescentes. Este é um livro sobre atividades, objeti-
vos e estratégias práticas. Este é um livro que acredita que as 
verdades das Escrituras se aplicam tão poderosamente aos 
adolescentes quanto a todas as outras pessoas.
 Ao mesmo tempo, este livro não é ingênuo. A adolescência 
é freqüentemente um período cataclísmico de conflito, luta 
e dor. São anos de novas tentações, de provações e testes. 
Entretanto, estas mesmas lutas, conflitos, provações e 
testes são o que produz oportunidades para educação tão 
maravilhosas.
Reconhecendo os Momentos de Mudança de Deus
 Em uma gelada terça-feira, eu havia tido reuniões de 
aconselhamento durante todo o dia e dado aulas por três 
horas à noite. Estava indo para casa aproximadamente às dez 
horas, sonhando com uma hora ou mais de relaxamento an-
tes de ir para a cama. Silenciosamente, esperei que, por uma 
razão inexplicável, a família toda tivesse ido para a cama às 
nove horas. Ou, se não tivessem ido para a cama, esperei que 
eles instintivamente soubessem que eu estava cansado e não 
queria ser incomodado. Raciocinei que havia servido a Deus 
fielmente aquele dia. Certamente, Deus concordaria que eu 
tinha o direito de me desligar da vida! Sonhei com a sala de 
estar vazia, uma coca-cola light bem gelada, o jornal e o controle 
remoto. Estava totalmente exausto e tinha o direito de relaxar. 
(Você pode ver que eu estava me aproximando da casa com 
uma atitude desinteressada de ministério!)
 Abri a porta sem fazer barulho, na vã esperança de que 
pudesse entrar sem ser notado. As luzes da sala estavam apa-
gadas e a casa, silenciosa. Enchi-me de esperança. Talvez os 
meus sonhos tivessem se realizado; uma noite de descanso só 
para mim! Coloquei apenas um pé para dentro quando ouvi 
uma voz nervosa. Que decepção! Desejei agir como se nada 
tivesse ouvido. Era a voz de Ethan, meu filho adolescente. 
Minha decepção logo se transformou em ira. Quis agarrá-lo e 
dizer: “Você não sabe como foi o meu dia? Não sabe o quanto 
estou cansado? A última coisa de que preciso agora é lidar com 
seus problemas. Você vai ter que resolver isso sozinho. Gostaria 
que uma vez na vida você pensasse em outra pessoa além de 
si mesmo. Faço tanto por você e esse é o agradecimento que 
recebo. Você não pode me deixar empaz por uma noite?”
 Todos esses pensamentos me vieram à mente, mas eu não 
disse uma só palavra. Ouvi Ethan derramar sua queixa. Como 
sempre, ele estava bravo com seu irmão mais velho e amaldi-
çoando o fato de ele ter um irmão mais velho que parecia não 
fazer nada senão “estragar a sua vida”. Passava das dez da 
noite. O problema que dera início ao dilema era insignificante. 
Fui tentado a dizer para ele se acalmar e lidar com o proble-
ma, mas outra coisa a fazer me alertou. Aquele era um dos 
momentos inesperados de oportunidade, um dos momentos 
mundanos ordenados por um Deus amoroso e soberano, onde 
o coração de meu adolescente estava sendo exposto. Era mais
do que um momento do Ethan com o seu pai. Era o momento
de Deus, um momento dinâmico de redenção, em que Deus
continuaria o trabalho de resgate que havia começado há anos
em meu filho. A única dúvida naquela hora era se eu seguiria
o plano de Deus ou o meu próprio. Eu acreditaria no Evange-
lho naquele momento, confiando que Deus me daria aquilo
de que eu tanto precisava para poder realizar o que ele estava
me chamando para realizar na vida de meu filho?
 Pedi que Ethan se sentasse à mesa da sala de jantar e me 
dissesse o que estava acontecendo. Ele estava magoado e bravo. 
Seu coração estava exposto. Conversamos abertamente sobre 
a sua ira e ele ficou pronto para ouvir. Uma insignificante 
discussão com seu irmão abriu a porta para falarmos sobre 
coisas que estavam longe de ser insignificantes. Deus me deu 
força e paciência. Ele encheu a minha boca para falar as coisas 
certas. Ethan viu a si mesmo de maneira diferente aquela noite 
e confessou coisas que nunca havia admitido antes.
 Era quase meia-noite quando eu disse boa noite a Ethan. 
Abraçamo-nos e fomos dormir. O que à primeira vista parecia 
ser um momento de irritação por causa de um problema 
obviamente sem importância, na verdade havia sido uma 
oportunidade maravilhosa de ministrar, ordenada por 
um Deus de amor. Ficou muito claro que Deus não estava 
trabalhando somente para mudar Ethan, mas para me mudar 
também. O egoísmo de meu coração fora revelado naquela 
noite, o mesmo egoísmo que faz com que pais ataquem 
violentamente os mesmos adolescentes que precisam deles. 
Minha necessidade de Cristo também havia sido exposta. De 
forma alguma eu poderia agir como seu instrumento sem a 
sua força.
Pequenos Momentos, Alto Chamado
 Decidi escrever sobre o caso acima por ter representado um 
daqueles notáveis momentos que não só acontecem todos os 
dias, mas muitas vezes ao dia. Cada um desses momentos está 
repleto de oportunidades. Momentos assim são muito mais 
abundantes do que os momentos dramáticos da adolescência – 
como gravidez, drogas e violência – que recebem tanta atenção 
da mídia. Nenhum de nós vive constantemente em grandes 
momentos de decisão importante; não existem tantos deles na 
vida. Ao contrário, vivemos num mundo incrivelmente banal. 
É aqui que precisamos ver nossos adolescentes com os olhos 
da oportunidade e não com olhos de espanto e medo. 
 A briga pelo último pedaço de sobremesa, o grito por não 
ter o que vestir meia hora antes do horário de aula, o boletim 
amassado no bolso da calça jeans jogada no cesto de roupa 
suja, a expressão de “tromba” diante do “Não” de um pai, a 
terceira batida de carro sem grandes conseqüências do mês, 
as constantes palavras de descontentamento, o argumento 
de que “todo mundo faz isso” e de que “sou o único cujos 
pais obrigam a...”, tudo isso deve ser visto como mais do que 
chateações que atrapalham a vida que, de outra forma, seria 
agradável. Estes são momentos para os quais Deus fez os pais. 
Vocês são os agentes vigilantes de Deus. O chamado de vocês é 
incrivelmente alto. Vocês são o instrumento de Deus para aju-
dar e preparar um filho para fazer suas últimas decisões antes 
de sair de casa e entrar no mundo de Deus. Estes momentos 
fazem sua vida valer a pena. Aqui você fará uma contribuição 
que é infinitamente mais valiosa do que qualquer carreira ou 
realização financeira.
Reconhecendo as Oportunidades
 Quanto mais convivo com meus próprios filhos adolescen-
tes, observando seus amigos e interagindo com outros pais de 
adolescentes, mais me convenço de que esta é uma época de 
incessantes oportunidades. Há coisas que são expostas neste 
período delicado, assustador, difícil e volátil de desenvolvi-
mento que o fazem tão cheio de oportunidades. Esta não é a 
época de se esconder! Não é a época de temer que o pior vá 
acontecer numa cena de total caos doméstico. Não é a época de 
aceitar um “conflito de gerações” ditado pela cultura. Esta é a 
época de entrar em cheio na batalha e de se aproximar de seu 
filho adolescente. É época de envolvimento, interação, diálogo 
e relacionamento comprometido. Não é a época de deixar o 
adolescente esconder suas dúvidas, temores e erros e sim, a 
época de buscar, amar, encorajar, ensinar, perdoar, confessar 
e aceitar. É uma época maravilhosa!
 Atualmente, enquanto escrevo este livro, minha esposa 
e eu temos três adolescentes. Em nenhum outro período de 
nossas vidas tivemos tanto senso de chamado. Temos rido, 
chorado, dialogado e orado com nossos filhos. Temos luta-
do por eles e com eles. Temos visto erros e tentativas como 
oportunidades. Nem sempre temos reagido em fé e tem sido 
necessário confessar nossos próprios pecados, mas temos co-
mentado um com o outro que este é um período maravilhoso 
da vida em família. Estamos tão felizes por estarmos fazendo o 
que estamos fazendo. Vemos a glória de Deus sendo revelada 
até no meio de nossos débeis esforços e fraqueza de fé.
 Há três portas fundamentais de oportunidades pelas quais 
todo pai de adolescente pode entrar. Cada um desses proble-
mas se torna um meio de ajudar o adolescente a internalizar 
as verdades às quais ele foi exposto por anos. Os problemas 
da insegurança, da rebelião e do mundo em expansão do 
adolescente são, na verdade, portas divinas de oportunidades 
por meio das quais os pais têm acesso exclusivo às questões 
centrais nas vidas de seus adolescentes.
A Insegurança do Adolescente
 Adolescentes não são pessoas seguras! O adolescente que 
parece ser seguro no café da manhã pode facilmente sucum-
bir no jantar. A adolescente que vai dormir achando que está 
com boa aparência acorda, olha no espelho antes do café da 
manhã e fica convencida de que sua cabeça é grande demais 
para seu corpo. O adolescente que é seguro porque pensa que 
finalmente entende as regras o suficiente para ser considerado 
um humanóide quase normal acabará se convencendo de que 
é um desajuste social terminal por causa de algum momento 
embaraçoso em uma festa.
 Nosso filho Ethan tinha aproximadamente quinze anos 
quando chegou em casa uma tarde, obviamente desanimado. 
Perguntei a ele o que estava errado e ele me disse que todos 
os dias, as pessoas o ridicularizavam quando ia ou voltava 
da escola. Ele disse: “Vejo as pessoas olharem para mim, con-
versarem e rirem”. Foi um período difícil para ele. Ele estava 
crescendo rapidamente e tinha insegurança em relação a si 
mesmo, seu corpo e sua aparência. Ethan estava naquela fase 
de transição entre menino e homem e projetava a sua insegu-
rança em todos a sua volta. Esta época de insegurança física 
foi um período de muitas oportunidades para ouvir, amar e 
encorajar para o Evangelho.
 Este é um período em que o adolescente fica cheio de dú-
vidas. Quem sou eu? Minha aparência é boa? Por que a vida é 
tão confusa? Será que um dia me lembrarei de todas as regras? 
O que é certo e o que é errado? Quem está certo e quem está 
errado? O que está acontecendo com meu corpo? O que vou 
fazer de minha vida? Serei bem-sucedido ou não? As pessoas 
realmente gostam de mim? Eu sou normal? Minha família é 
normal? Deus é real?
 O mundo da aparência física, o mundo dos relaciona-
mentos, o mundo das idéias, o mundo das responsabilidades 
e o mundo do futuro são todos assustadores e incertos para o 
adolescente. É esta realidade que faz esta épocaser uma era de 
tantas oportunidades. Em meio a tantas dúvidas, importantes 
temas bíblicos podem ser discutidos, tais como a doutrina da 
criação, o temor do homem, a soberania de Deus, a natureza 
da verdade, identidade em Cristo, guerra espiritual e tentação, 
para mencionar apenas alguns. No contexto das inseguranças 
diárias, temos a oportunidade de ajudar o adolescente a fazer 
a teologia conceitual se tornar teologia funcional e formadora 
de vida. Cada uma dessas dúvidas fornece uma oportunidade 
de discutir, testar, experimentar, aplicar e internalizar impor-
tantes verdades bíblicas.
A Rebelião do Adolescente
 As histórias de rebelião bruta e flagrante são uma das 
razões porque os pais temem os anos da adolescência. A idéia 
de que uma doce criança possa se transformar no líder de 
uma violenta gangue é o pior pesadelo de um pai. Temos que 
reavaliar nossa expectativa de rebelião automática do adoles-
cente. Ao mesmo tempo, temos que reconhecer que esta é uma 
era em que os filhos tentam ultrapassar os limites, em que as 
tentações são abundantes e em que os relacionamentos com 
amigos nem sempre promovem o bom comportamento.
 Recebemos um daqueles tenebrosos telefonemas num 
domingo à tarde. Era uma mãe de nossa igreja dizendo que 
nosso filho não havia dormido em sua casa, como pensávamos. 
Ela nos contou que nosso filho havia pedido a seu filho que o 
acobertasse, mas ele teve um despertar de consciência e pediu 
ajuda à mãe. Ela telefonou a nós. Ficamos com medo e desapon-
tados. Por um momento, nos rendemos à pior das hipóteses. 
Quantas vezes ele havia mentido? Estávamos convivendo com 
um filho que não conhecíamos? Ao mesmo tempo, estávamos 
profundamente agradecidos pela misericórdia libertadora do 
Senhor. Perguntamos a nosso filho e ele confessou. Foi um 
momento divisor de águas em que ele escolheria a quem ser-
vir. Saímos do quarto tão agradecidos porque um evento que 
esperávamos que nunca acontecesse tinha, no plano de Deus 
de misericórdia, acontecido. 
 Há desejos que fazem o adolescente ficar susceptível à 
tentação de se rebelar: o desejo de ser um indivíduo e pensar 
por si mesmo, o desejo de liberdade, o desejo de experimentar 
coisas novas, o desejo de testar os limites, o desejo de estar no 
controle, o desejo de tomar suas próprias decisões, o desejo de 
ser diferente, o desejo de se adequar e o desejo de ser aceito. 
Estes, bem como inúmeros outros desejos, todos estimulados 
pela autonomia e egocentrismo da natureza do pecado, podem 
certamente levar o adolescente para o mau caminho. 
 Por outro lado, esses conflitos de rebelião e submissão se 
tornam o contexto em que outros temas bíblicos podem ser 
discutidos, aplicados e internalizados. As verdades bíblicas 
que se relacionam com autoridade, semear e colher, natureza 
da verdade e da falsidade, sabedoria e insensatez, lei e graça, 
confissão, arrependimento, perdão e a natureza e função do 
coração, todos esses tópicos podem ser abordados em meio a 
esses momentos cruciais de submissão e rebelião. Os pais que 
têm olhos voltados para a oportunidade terão muitas e muitas 
chances de lidar com as questões centrais da fé bíblica na vida 
de seus filhos adolescentes.
O Mundo em Expansão do Adolescente
 Uma das coisas que assustam os pais e é fonte de insegu-
rança para seus filhos é a súbita explosão do mundo do ado-
lescente. De repente, parece que o mundo fica maior. Aquele 
menino ou menina que ficava horas brincando no quintal, 
agora percorre muitos quilômetros em busca de novos lugares, 
novas experiências e novos amigos. 
 Este mundo nem sempre é excitante para o adolescente. 
Às vezes, ele parece ser assustador e esmagador. Há momen-
tos em que o adolescente se mostra animado com a alegria da 
descoberta e há outros em que ele fica tímido e distante. Às 
vezes, ele gosta de ser adolescente, às vezes, parece ter medo 
das expectativas postas sobre ele.
 Não há como interromper a expansão de seu mundo. É um 
mundo de novos amigos, novos locais, novas oportunidades e 
responsabilidades, novos pensamentos, novos planos, novas 
liberdades, novas tentações, novos sentimentos, novas expe-
riências e novas descobertas. Todas as alegrias e inseguranças 
desse mundo em expansão fornecem oportunidades para você 
ajudar o adolescente a entender e pessoalmente internalizar 
verdades fundamentais. Tais verdades incluem a soberania e 
a providência de Deus, o auxílio sempre presente do Senhor, 
a natureza dos relacionamentos bíblicos, batalha espiritual, 
disciplina, autocontrole, satisfação, fidelidade, fidedignida-
de, natureza do corpo de Cristo, o mundo, a carne e o diabo, 
os princípios da responsabilidade e da prestação de contas, 
prioridades bíblicas, descobertas e exercício de dons, além de 
muitas outras verdades e princípios bíblicos. A lista é bastante 
extensa, mas este mundo em expansão provê maravilhosas 
oportunidades para os pais prepararem seus adolescentes para 
uma vida eficiente e produtiva no mundo de Deus.
Rejeitando o Cinismo
 A primeira coisa a ser feita ao formarmos uma visão bíblica 
da educação de nossos adolescentes é rejeitar o cinismo som-
brio e agourento de nossa cultura. É verdade, a adolescência 
traz mudança, insegurança e tumulto, mas são estas as coisas 
que Deus usa para trazer a verdade à luz aos olhos de nossos 
filhos. Se desejamos ser Seus instrumentos, temos que lidar 
com nossa própria idolatria e aplicar uma fé bíblica robusta a 
cada momento difícil, uma fé que creia que Deus governa sobre 
todas as coisas para o nosso bem, que ele é auxílio sempre pre-
sente na angústia, que ele opera em toda situação realizando 
o seu propósito redentor e que a sua Palavra é poderosa, ativa
e eficaz.
 Não queremos ser levados a assumir uma posição defensi-
va de sobrevivência por causa da insegurança, da rebelião e do 
mundo em expansão do adolescente. Ao contrário, desejamos 
considerar o chamado de Paulo a Timóteo como a agenda de 
Deus para nosso trabalho com os adolescentes. “Pregue a pa-
lavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, 
corrija, exorte com toda a paciência e doutrina” (2 Timóteo 
4:2). Desejamos encarar essa importante época com esperança; 
não esperança em nossos adolescentes ou esperança em nós 
mesmos, mas esperança em Deus, que é capaz de fazer mais 
do que qualquer coisa que pedimos ou imaginamos, ao apro-
veitarmos as oportunidades que ele coloca em nosso caminho. 
Desejamos encarar essa época com senso de propósito e de 
chamado. 
 Quando as pessoas perguntarem com o que você tra-
balha, diga: “Sou pai de um adolescente. Este é o emprego 
mais importante que já tive. Todas as outras coisas que faço 
na vida são secundárias.” Depois diga: “Sabe, nunca tive um 
emprego tão estimulante e tão cheio de oportunidades. Eu sou 
necessário todos os dias. Faço coisas importantes, proveitosas 
e duradouras todos os dias. Não deixaria este emprego por 
nada no mundo!”
Este E-book é um trecho do livro original 
Idade da Oportunidade: Recursos para Educação de 
Adolescentes
Paul David Tripp
da Editora Batista Regular
www.editorabatistaregular.com.br
http://editorabatistaregular.com.br/produto/idade-da-oportunidade
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