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FARMACOLOGIA - CICLO III Hepatite C ● Doença viral com infecção assintomática ou sintomática, podendo ser fulminante (rara) ● Hepatites sintomáticas são caracterizadas por mal-estar, cefaleia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, náuseas, vômitos, desconforto no hipocôndrio direito e aversão a alguns alimentos e ao cigarro. ● Icterícia acontece nos casos agudos quando desaparece a febre, podendo ser precedida de colúria e hipocolia fecal. ● Sintomas inespecíficos: trata-se com antiemético, antipirético, alnalgésico, antitérmico, inibidor de secreção ● Os sintomas da fase aguda desaparecem paulatinamente; ● 60 a 90% acontece cronificação, sendo maior em função de fatores do hospedeiro (masculino, imunodeficiência, maior que 40 anos) ● AGENTE ETIOLÓGICO: Vírus da Hepatite C (HCV). Vírus RNA, família Flaviviridae ● RESERVATÓRIO: O homem, principalmente. Também chimpanzés. Transmissão ● PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: - Relacionada a via parenteral. (troca de materiais na hemotransfusão) ○ População de Risco x via parenteral: indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993, compartilhamento de materiais (usuário de drogas), inaláveis, tatuagem, piercings ou outras formas de exposição percutânea. ○ Desde que o paciente foi contaminado (pode não apresentar os sintomas ainda e ser transmissível) ● Transmissão sexual podem ocorrer em pessoas com múltiplos parceiros e prática sexual de risco acrescido (sem uso de preservativo); ● Facilitador de transmissão: coexistência de alguma DST como HIV; ● Transmissão perinatal: possível de ocorrer no momento do parto ou logo após. ○ Transmissão intra-uterina é incomum; ○ A transmissão pode mãe e filho pode estar associada ao genótipo e à carga viral elevada HCV; ■ Maior suscetibilidade de transmissão ● Há possibilidade da transmissão pelo aleitamento materno (já encontrado partículas virais no colostro e leite materno), mas não há evidências conclusivas de aumento do risco à transmissão, exceto quando há fissuras ou sangramentos nos mamilos. ○ Contato com o sangue da mãe durante amamentação por causa das fissuras ○ Leite materno (lactância materna de mãe com vírus ativo) ● Uso prévio ou atual de terapia de substituição renal (hemodiálise) ○ A hemodiálise é uma fonte de transmissão -> deve-se ter uma sala específica para quem tem hepatite (sala amarela) ○ O serviço de hemodiálise deve ter um processo de limpeza da máquina ● PERÍODO DE INCUBAÇÃO: varia de 15 a 150 dias ● PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: Inicia-se uma semana antes dos sintomas e enquanto o paciente apresentar RNA-HCV detectável. ● COMPLICAÇÕES: Cronificação da infecção, cirrose hepática e suas complicações (ascite, hemorragias digestivas, etc), carcinoma hepático Evolução natural da Hepatite C ● Fase aguda -> evolui para fibrose -> pode evoluir tanto para cirrose quanto para carcinoma hepático Diagnóstico ● Clínico-laboratorial ○ Apenas os aspectos clínicos não é possível identificar o agente etiológico, sendo necessário exames sorológicos. ● Alguns fármacos são hepatotóxicos (exigem função hepática), como o paracetamol, benzodiazepínicos ○ Fazer ajuste de dose nesses pacientes ● Anticoagulantes -> tempo de protrombina aumentado (tempo para formar a trombina = coágulo fica aumentado) -> maior risco de hemorragia ○ Fígado não está produzindo corretamente os fatores de coagulação ● Exames: TGO/AST, TGP/ALT, bilirrubinas elevadas e TP alargado ● Na fase crônica, há ondulação dos níveis séricos das transaminases principalmente ALT/TGP; ● Definição do agente é feita pelo marcador sorológico anti-HCV (define o diagnóstico), que indica contato prévio com o agente, mas não define infecção aguda ou pregressa e curada espontaneamente, ou se houve cronificação da doença. ○ Contato com vírus e tem anticorpos ● A presença do vírus deve ser confirmada pela pesquisa qualitativa do HCV-RNA (é o próprio vírus) ○ HCV-RNA define se hepatite C está na fase aguda (vírus com alta carga sérica) ou crônica ■ > 6 meses = crônico ● Diagnóstico diferencial: Hepatite por vírus A, B, D ou E; infecção por leptospirose, febre amarela, malária, dengue, sepse, citomegalovírus e mononucleose. ● Hepatite crônica é quando o vírus da hepatite C ainda circula pelo sangue mesmo após 6 meses do contato inicial; ● Como muitas pessoas não apresentam sintomas de hepatite aguda, ou apresentam apenas sintomas brandos inespecíficos, na maioria das vezes o diagnóstico da hepatite C é realizado já na fase crônica. ○ Geralmente a hepatite C é diagnosticada quando crônica -> já infectou muitas pessoas nesse período Vacinação: ● Paciente com hepatite C devem ser testados e caso necessário, vacinados para hepatite A e B HEPATITE C não possui uma vacina própria, você pode se proteger. É recomendado que todos se imunizam com as vacinas contra hepatite A e B para prevenir a coinfecção com esses vírus da hepatite, o que pode prejudicar ainda mais o funcionamento do seu fígado ● Prevenção de reinfecção e outras infecções sexuais FARMACOLOGIA - CICLO III ● Orientações quanto ao uso de preservativos e do sexo seguro. ● Poupar o fígado ○ Poupar o metabolismo do fígado com dietas corretas ○ Evitar ingestão de bebidas alcoólicas ○ Evitar drogas ilícitas ○ Evitar tabagismo ○ Evitar medicações que possam aumentar o risco de lesão ao fígado. Tratamento ● Não existe vacina!! ○ Trata fase aguda somente ● O tratamento é recomendado para fase crônica! ● O tratamento do vírus da hepatite C nos casos de doença avançada evita a evolução das lesões, mas não elimina os sintomas. ○ Drogas antivirais de ação direta (DHA) -> mais específicos para reprodução viral, tempo de tratamento foi reduzido (24 semanas) ● Recomenda-se repouso relativo até a normalização das transaminases. ● Dieta pobre em gordura e rica em carboidrato, ser agradável para paciente anorético; o próprio paciente pode definir; ● Restrição em relação a ingesta de álcool por ser meses no mínimo e preferencialmente por 1 ano. ● Paciente com hepatite C tem indicação para transplante! ○ Se fila de transplante, aguardar transplante para início do tratamento pois a melhora do quadro pode retardar o transplante. ■ Se paciente eleito para transplante e está na fila -> não recomendável iniciar o tratamento para hepatite C antes do transplante ■ Se iniciar o tratamento e o paciente começar a melhorar (remissão da carga viral e melhora dos sintomas) -> sai da fila de transplante (retarda sua execução, deixa de ser prioridade) ● A cirrose hepática em si, não tem tratamento específico. Existe apenas controle dos sintomas. ○ O tratamento do vírus nos pacientes cirróticos, quando ele ainda está circulando no sangue, melhora as condições do fígado e os sintomas podem melhorar. ○ Contudo, um fígado já em cirrose não volta ao normal naturalmente após a eliminação do vírus. ● Ou seja, o paciente melhora os sintomas, mas não deixa de ter a indicação do transplante. Objetivos gerais do tratamento: ● Reduzir a progressão da doença, prevenir as complicações da cirrose ● Reduzir o risco de carcinoma hepatocelular. ● Eficácia terapêutica, deve-se buscar também a segurança no tratamento e qualidade de vida do paciente (melhora da qualidade de vida) ● Pode evoluir para cirrose com acentuada morbi-mortalidade devido descompensações e eventual evolução para o carcinoma hepatocelular, constituindo a causa mais frequente de indicação de transplante hepático em todo mundo. ● Obter RVS (carga virológica sustentada) a partir da 12º a 24º semana após tratamento ○ Possui baixa carga viral após 12º-24º semanas após o fim do tratamento ○ Manter a carga viral indetectável por um longo período -> não se cura, mas possui um controle da doença Objetivos tratamento – fase aguda: ● Reduzir o risco de evolução para a cronicidade (cirrose, câncer hepático e óbito) ● Diminuir a transmissão ● Nem todas as pessoas com hepatite C aguda precisam tomar remédios, o próprio organismo da pessoa infectada consegue combater e eliminar o vírussozinho. ● No entanto, o uso de medicação mais precoce ajuda na resposta terapêutica. ● É por isso que nas hepatites agudas, o acompanhamento médico deve ser realizado de perto e a decisão do inicio do uso de medicamentos deve ser assertiva. ● O exame de carga viral da hepatite C (HCV-RNA) deve ser feito no momento do diagnóstico e repetido 4 semanas depois ● Os níveis da carga viral da hepatite C, indicarão a necessidade ou não de tratamento medicamentoso. ● Medicações frequentemente usadas no tratamento da hepatite C, como a ribavirina e alfapeginterferona, estão comprovadamente relacionadas à má formação do feto. O TRATAMENTO DA HEPATITE C NÃO PODE SER REALIZADO DURANTE A GESTAÇÃO! Homens em tratamento para Hepatite C não podem engravidar suas parceiras e mulheres em tratamento não podem engravidar até 6 meses após o término. ● A adoção de método contraceptivo eficaz está indicada às pacientes do sexo feminino em idade fértil e aos pacientes do sexo masculino com parceira sexual em idade fértil até 24 semanas após a conclusão do tratamento. ● Quando tratar Hepatite C Aguda ● Todos com Hepatite C ativa devem ser tratados. Independente do tempo ou gravidade da infecção. Escolha do esquema terapêutico: ● A escolha do esquema e tempo de tratamento depende de fatores como: ● Genotipagem do vírus ● Coinfecção com HIV ● Gravidade de doença ● Presença de cirrose e se está compensada ou não ● Tratamentos previamente utilizados ● Antes do inicio de qualquer esquema, o médico infectologista deve avaliar minuciosamente prováveis interações entre cada medicação proposta com as de uso habitual. TRATAMENTO - medicamentos ● Medicamentos não devem ser administrados sem recomendação médica, NÃO AGRAVAR DANO HEPÁTICO; ● Drogas Hepatoprotetoras, associadas ou não a complexo vitamínico, não tem valor terapêutico; ● HEPATITE CRÔNICA: necessitará de tratamento, e deve ser de acordo com o grau de acometimento hepático; FARMACOLOGIA - CICLO III ● Paciente sem manifestação de hepatopatia e com aminotransferase normais deve ser avaliado clinicamente e repetir exames a cada 6 meses. ● O tratamento deve ser realizado em serviço especializado, para acompanhamento e manejo dos efeitos colaterais. ● TRATAMENTO FASE CRÔNICA: ● Indicada para pacientes virgens de tratamento ou previamente testados com fibrose significativa e/ou manifestações extrahepáticas importantes de evolução para lesão em órgão-alvo e/ou com impacto na qualidade de vida devem ser tratados independente do grau de fibrose; ● Os DAA (Antivirais de ação direta) podem curar a maioria das pessoas com infecção por HCV e a duração do tratamento é curta geralmente de 12 a 24 semanas), dependendo da presença ou não de cirrose. SIMEPRAVIR ● Mecanismo de ação: Inibidor de Protease - inibidor específico da protease serínica NS3/4 do VHC, a qual é essencial para a replicação viral. ● Posologia: 150 mg, uma vez por dia, durante 12 semanas, administrado com alimentos. Não utilizar: na gestação, amamentação ● EA: fadiga, dor de cabeça, náuseas, diarreia, constipação, dispepsia, dor abdominal, boca seca, irritabilidade, astenia, redução de apetite, mialgia, tontura, problema de memória, insônia, ansiedade, depressão, distúrbio do sono, erupção cutânea e prurido. SOFOSBUVIR ● Mecanismo de ação: inibidor genotípico da RNA polimerase , análogo da Uridina, que pode ser incorporado ao RNA viral pela polimerase que é essencial para a replicação viral. É um DAA indicado para os genótipos 1, 4, 5 e 6 do VHC, ● Posologia: comprimido de 400 mg, administrado por via oral, uma vez por dia, com ou sem alimentos. ● Não utilizar: na gestação, amamentação *pró fármaco ● Usado em regimes de tratamento nas últimas 12 semanas para os genótipos 1, 2 e 4, e em 24 semanas para o tratamento do genótipo 3. Isto é tipicamente metade do tempo comparado com tratamentos anteriores. ● EA: fadiga, cefaleia, insuficiência renal e alteração da lipase, interferindo na quebra de gordura oriunda da alimentação LEDIPASVIR ● Mecanismo de ação: inibindo a proteína não estrutural NS5A, por meio da hiperfosforilação da proteína que é importante para replicação do RNA e montagem do VHC ● É utilizado associado com o Sofosbuvir e considerado de primeira linha no tratamento dos genótipos 1a, 1b, 4a, 5a e 6a. ● EA: fadiga, dor de cabeça, náuseas, diarreia, constipação, dispepsia, dor abdominal, boca seca, irritabilidade, astenia, redução de apetite, mialgia, tontura, problema de memória, insônia, ansiedade, depressão, distúrbio do sono, erupção cutânea e prurido Tratamento fase crônica: ● A OMS recomenda iniciar o tratamento em todos os indivíduos com 12 anos de idade ou mais que foram diagnosticados pela infecção, independentemente do estágio da doença. ○ Independente da fase - iniciar rápido ○ Geralmente não consegue identificar no início dda doença = descobre na fase avançada ● Exames de controle de toxicidade devem ser feitos independente dos sintomas do paciente, pois muitas vezes estes efeitos aparecem apenas em exames específicos. ○ Controle de toxicidade dos medicamentos que serão usados e dos medicamentos de uso contínuo ○ Função renal e hepática = toxicidade hepática importante ● Os exames a serem realizados e sua periodicidade de realização variam de acordo a: ○ Esquema terapêutico utilizado ○ Outras doenças ou situações de saúde prévia do paciente (reinfecção, tratamento individualizado) ○ Sintomas do paciente (estabilização, evolução ou melhora) ○ Resultados de exames prévios. Controle de resposta terapêutica: ● O controle da resposta ao tratamento da hepatite C é feito por teste molecular (PCR-HCV ou HCV-RNA quantitativo) realizado no sangue. ○ Avalia a carga viral ● Este exame deve ser realizado em vários momentos: ○ Imediatamente antes do tratamento ■ Início do tratamento: conhecer a carga viral para realizar terapêutica, acompanhar se teve declínio e descobrir resposta terapêutica ○ Na 12ª semana de tratamento (ou logo após o término do tratamento em esquemas de 12 semanas) ■ Terapeutica reduzida (menos tempo) ■ Antes 48 semanas - atualmente faz de 12 a 24 semanas ○ Na 12ª ou na 24ª semanas após o término do tratamento ● Resposta terapêutica = HCV-RNA indetectável ou menor que 12 UI/mL ■ Manter acompanhamento ■ Orientar paciente que só chegou nessa fase por causa do tratamento ■ se parar tratamento pode ter recaída RECIDIVA ● São pessoas que alcançam a não detecção da carga viral no sangue mas voltam a aparecer no sangue, mesmo sem coinfecção. ○ Avaliar resistência ao tratamento = necessário troca de medicamento ou ajuste de dose ● Quanto mais cedo se inicia o tratamento, menores as chances de recidiva. ● Os esquemas com DAAs têm altas taxas de cura, com número muito baixo de recidivas. NÃO TEM CURA - objetivo do tratamento é estabilidade e baixa carga viral Acompanhamento pós-tratamento ● Pessoas com lesão hepática devem manter o acompanhamento periódico com o seu médico mesmo após a cura. ● Pessoas com cirrose hepática, a resposta virológica sustentada (RVS – sem vírus no sangue por 12 a 24 semanas após curso completo de tratamento) não descarta a possibilidade de evolução para câncer ou descompensação da cirrose. FARMACOLOGIA - CICLO III ● Anticorpos não são suficientes para mostrar que tem a infecção -> indica o contato prévio -> deve ser complementado com teste de detecção direta do vírus ● A cura da hepatite C, seja por medicamento ou soroconversão espontânea, não confere imunidade. Teste rápido da Hepatite C ● Situações de risco recomendadas para realizar o teste rápido ● DAA: ANTIVIRAIS DE AÇÃO DIRETA ● Posologia dos medicamentos para hepatite C ● Mecanismo de ação dos fármacos antivirais preconizados para o tratamento da hepatite C de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas, 2019 e possíveis reações adversas.
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