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Doença pulmonar obstrutiva crônica Pacientes com doenças pulmonares frequentemente apresentam perda funcional, ou seja, diminuição da capacidade de exercício, de origem multifatorial. Os fatores ventilatórios limitam a capacidade de exercício e de atividade de vida diária pela presença da dispneia, que se intensifica ao esforço. A oferta de oxigênio aos músculos está reduzida pela hipóxia, o que intensifica o descondicionamento. Adicionalmente, os músculos esqueléticos são afetados por mediadores inflamatórios, desnutrição e a troca gasosa que é limitada. Esses mecanismos juntos trazem alterações sistêmicas importantes que comprometem não somente os pulmões, mas também aspectos nutricionais e metabólicos, ocasionando redução importante da massa muscular esquelética, principalmente de membros inferiores, o que compromete a qualidade de vida. A DPOC é uma enfermidade respiratória prevenível e tratável, caracterizada pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que é usualmente progressiva e está associada a resposta inflamatória anormal dos pulmões e das vias aéreas à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo. Apesar dela comprometer os pulmões, também produz consequências sistêmicas significativas, como: alterações metabólicas e nutricionais, disfunção muscular esquelética, inflamação sistêmica e miopatia induzida por drogas. Estado nutricional na DPOC Reduções no peso corporal, resultando em valores abaixo de 90% do peso ideal e em valores baixos de índice de massa corpórea (IMC), são fatores prognósticos negativos independentemente da gravidade da doença. Estudos sugerem que a liberação de mediadores inflamatórios pode contribuir para o desenvolvimento do hipermetabolismo, para a diminuição da ingestão energética e para a resposta inadequada a ingestão alimentar. Outros fatores também podem contribuir para a depleção nutricional, como administração prolongada de medicamentos. Há também redução dos níveis de hormônios anabolizantes endógenos (como a testosterona e o hormônio de crescimento), o que pode levar a atrofia muscular e ao aumento da degradação proteica em pacientes com DPOC. O fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) também influencia para tal ocorrência, porque desencadeia a liberação de outras citocinas, incluindo as interleucinas 1 e 2 (IL-1 e IL-2), que promovem a mobilização de aminoácidos e contribuem também para o catabolismo proteico. Além disso o envelhecimento fisiológico produz alterações na composição corporal que juntamente com o sedentarismo ocasionado pela própria doença, contribui para a redução de massa magra e força muscular. Na DPOC, observa-se que os músculos respiratórios também são afetados quando há perda de peso, ocorrendo redução da capacidade de gerar força. A saciedade precoce e a anorexia também podem estar presentes em virtude da dispneia e da fadiga, com consequências sobre a composição corporal e redução dos compartimentos de massa gorda e massa magra corporal, podendo evoluir até a caquexia. Mecanismos envolvidos na perda de peso na DPOC A caquexia é relativamente frequente e está associada a um estado patológico de perda de peso associada a perda de massa magra. A perda de massa magra não costuma ocorrer de forma uniforme, ou seja, distribuída igualmente por todo o corpo. A depleção muscular esquelética em pacientes com DPOC é desproporcional, pois ocorre maior redução muscular nos membros inferiores. Em pacientes com DPOC, a obesidade tem importante efeito negativo, pois o excesso de massa gorda prejudica a função pulmonar, a capacidade física ao exercício, as atividades de vida diária e o prognóstico da doença. Avaliação do estado nutricional na DPOC Na avaliação de pacientes com tal patologia, o IMC ainda é muito utilizado como marcador de depleção, porém é um índice pouco especifico já que não permite identificar compartimentos corporais. Nesses pacientes, é comum observar alterações na composição corporal, sem alteração significativa de peso corporal. O ponto de corte de IMC é diferenciado, ou seja, o paciente é considerado com depleção quando o IMC estiver abaixa de 21kg/m2. Considerando a baixa sensibilidade do IMC, torna-se importante quantificar a massa corporal magra (MCM), que pode ser obtida por métodos mais sofisticados como o DEXA ou por métodos mais simples como antropometria. Assim, a MCM pode ser estimada subtraindo-se o peso corporal da gordura corporal obtida a partir do somatório de pregas cutâneas. Outra medida usada é o índice de massa magra (IMM=MCM/estaturam2), a qual utiliza-se a massa magra por metro quadrado. Em pacientes com DPOC, utiliza-se esse índice como critério para caracterizar a depleção de massa magra, sendo igual ou inferior a 15kg/m2 para mulheres e igual ou inferior a 16kg/m2 para homens. Algoritmo para sistematização do manejo da DPOC levando em conta o IMC e o IMM Diagnóstico de caquexia: Terapia nutricional na DPOC Na DPOC, a oferta de energia deve ser adaptada a demanda metabólica. O método mais indicado para estimar o GEB é a calorimetria indireta, porém, e pouco disponível. Uma forma de estimar é com a equação de Harris e Benedict. Não há um consenso quanto a determinação do GET. Têm sido indicados fatores entre 1,49 e 1,78. Perda de peso de pelo menos 5% em 12 meses ou menos (livre de edema) ou IMC <20kg/m2 mais presença de ao menos outros 3 fatores: Fadiga Diminuição da força muscular Índice de massa magra baixo 15kg/m2 (mulheres) ou 16kg/m2 (homens); Anormalidades bioquímicas: aumento de marcadores inflamatórios IL-6 > 4pg/mL, PCR >5mg/L; Hb <12g/dL, albumina sérica <3,2g/dL Anorexia (consumo energético <20kcal/m2) ESTADO NUTRICIONAL RECOMENDAÇÕES Eutrofia Adequar par manutenção do peso, utilizando: 50 a 60% de carboidratos 25 a 30% de lipídios 15 a 20% de proteínas Podem-se utilizar proteínas até 1,5g/kg/dia Desnutrição Adequar para ganho de peso, aumentando o valor energético em 500 a 1000kcal/dia Obesidade Adequar para perda de peso, diminuindo o valor energético em 500kcl/dia em relação ao GET Estratégias pata terapia nutricional em pacientes com DPOC Anorexia Ingerir primeiro os alimentos mais energéticos Utilizar os alimentos preferidos pelo paciente Tentar aumentar o número de refeições e lanches durante o dia Saciedade precoce Ingerir inicialmente os alimentos mais energéticos Limitar líquidos durante as refeições Beber somente após 1 hora Dar preferência aos alimentos frios Dispneia Repousar antes das refeições Usar broncodilatadores antes das refeições Realizar higiene brônquica antes das refeições, se necessário Comer devagar Avaliar dessaturação durante as refeições Cansaço Descansar antes das refeições Ter refeições de preparo fácil e rápido para os períodos de maior cansaço ou de piora da doença Sugerir ao paciente que tente comer refeições maiores quando está menos cansado Flatulência Consumir menor quantidade de alimentos e com maior frequência Comer devagar Não ingerir alimentos que contenham gases ou favoreçam o seu aparecimento Constipação Estimular a prática de exercícios físicos, se toleráveis Aumentar a quantidade de fibras e água, mas ter cuidado com o excesso, que pode contribuir para retenção hídrica
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