Buscar

Fisiologia cardíaca

Prévia do material em texto

Fisiologia 
Tammi Ráisla 
Propriedades do Músculo Cardíaco 
✓ Excitabilidade: capacidade das células de 
responderem a estimulação elétrica, química e 
mecânica. 
✓ Automaticidade: capacidade do músculo 
cardíaco de iniciar um pulso elétrico 
espontâneo. Exemplo: nós sinoatrial e 
atrioventricular. 
✓ Condutibilidade: capacidade do músculo 
miocárdico disseminar ou irradiar impulsos 
elétricos. 
✓ Contratilidade: em resposta ao impulso 
elétrico, o músculo se contrai como um todo em 
função da pré e pós carga. Também o grau de 
contratilidade pode ser modificado por diversos 
fatores intrínsecos e extrínsecos ao coração 
com resultante aumento (efeito inotrópico +) ou 
diminuição da força de contração (efeito 
inotrópico -). 
Músculo Cardíaco 
1. Lei de Starling do coração ou lei de Frank-
Starling 
- Quanto mais ocorre a distensão do músculo 
cardíaco, maior é a tensão gerada quando 
contraído. 
- Maior distensão do músculo cardíaco → maior 
força que ele tem para impulsionar esse sangue 
para fora. 
- Atletas altamente treinados tem maior força de 
contração sem que haja aumento substancial da 
frequência cardíaca. A força de contração de 
quem é treinado é muito maior pois ele possui uma 
parede ventricular mais espessa. O não treinado, 
que não tem força, aumenta a frequência 
cardíaca, ocorrendo possíveis fibrilações e 
paradas cardíacas. 
2. Débito cardíaco: 
- É a quantidade de sangue bombeado pelo 
coração por minuto e depende do retorno venoso. 
- A mesma quantidade de sangue que entra no 
coração é a mesma quantidade que sai, cerca de 
5 litros. 
- É o produto da frequência cardíaca e o volume 
ejetado pelo ventrículo esquerdo em cada 
contração. 
- Em média é de 5L por minuto, dado uma 
frequência média de 70 BPM e volume sistólico 
médio de 70ml. 
- Volume sistólico final é o volume de sangue 
que fica nos ventrículos após a sístole, cerca de 
40 ml. 
- Volume diastólico final é o volume de sangue 
presente nos ventrículos no final da diástole, cerca 
de 110 ml. 
- Fração de ejeção: em cada contração o coração 
normal ejeta cerca de dois terços de seu volume 
armazenado, cerca de 70 ml. 
✓ Pré carga é a distensão ventricular inicial, que 
a pressão ventricular diastólica final. O sangue 
segue um fluxo unidirecional. 
- Quando o sangue passa pela válvula e entra na 
aorta há uma dilatação nas paredes da artéria. 
Quanto maior a resistência periférica desse fluxo 
sanguíneo maior a força com que o coração tem 
que impulsionar esse sangue. 
✓ Pós-carga é a força contra qual o coração deve 
bombear, ou seja, quanto maior a resistência ao 
fluxo sanguíneo maior a pós carga. 
- O músculo cardíaco responde ao aumento da 
pós-carga aumentando sua contratilidade 
Cronotropismo/Inotropismo 
- Cronotropismo: é a velocidade de contração 
ventricular 
- Inotropismo é a força de contração ventricular: 
✓ Positivo: força de contração ventricular 
aumentada estimulação simpática neural 
✓ Negativo: força de contração ventricular 
diminuída estimulação parassimpática neural 
Centros de Controle Cardiovascular 
- O controle central da função cardiovascular 
ocorre através da interação entre o tronco cerebral 
(mesencéfalo, ponte e bulbo) e os receptores 
periféricos específicos. 
- O tronco cerebral liga a medula espinhal ao 
sistema nervoso central. O tronco cerebral 
também recebe dados de centros cerebrais 
superiores como hipotálamo e córtex cerebral. 
Além disso ele possui duas áreas de controle 
cardiovascular. No bulbo existe um controle tanto 
da respiração quanto da frequência cardíaca. 
✓ Vasoconstritora ou cardioaceleradora: 
quando estimulada atua na musculatura lisa 
provocando sua vasoconstrição e aumento da 
resistência vascular, aumento da frequência 
cardíaca e a descarga simpática para os nós AS 
e AV. 
Fisiologia 
Tammi Ráisla 
✓ Vasodepressora e cardioinibidora: atua 
inibindo o centro vasoconstritor, aumenta o 
estímulo vagal parassimpático e diminui 
frequência cardíaca. 
Receptores Cardiovasculares Periféricos: 
1. Barorreceptores (controladores de pressão): 
respondem à alteração da pressão; estão 
presentes em toda a rede arterial 
- Pressão alta: os barorreceptores promovem o 
relaxamento do vaso, deixando-o maior para que 
o coração trabalha mais lentamente 
- Pressão baixa: contraem o vaso, deixando-o 
menor para que o coração use mais força para o 
sangue chegar mais longe. 
2. Quimiorreceptores: respondem à alteração 
química do sangue. O2, CO2 e pH. 
- Respondem de tal maneira que aumentam o 
fluxo de respiração e de batimentos cardíacos 
para eliminar o CO2 e adquirir mais oxigênio. 
- Centrais: respondem às alterações nas 
concentrações de CO2 no sistema nervoso central. 
Principais efeitos: vasoconstrição periférica, 
aumento da frequência cardíaca e vasodilatação 
do sistema nervoso central. 
- Periféricos: respondem a alterações nas 
concentrações de O2, melhorando o fluxo 
pulmonar e a frequência cardíaca. 
- Os quimiorreceptores são fortemente 
estimulados pela hipoxia. 
- O sistema nervoso central procura controlar a 
quantidade de oxigênio e glicose que recebe, uma 
vez que neurônio não possui glicogênio. 
- Pressão baixa: os vasos periféricos contraem e 
o sistema nervoso central relaxa para receber 
mais sangue e glicose. 
- Pressão alta: os vasos periféricos relaxam e 
sistema nervoso central contrai para não receber 
mais do que precisa. 
- As veias seguram maior volume de sangue pois 
têm maior complacência, já as artérias são muito 
mais elásticas. 
- Pressão sanguínea sistêmica em gradiente: 
Aorta > Artérias > Arteríolas > Capilares > Vênulas 
> Veias > Veias Cavas 
Propriedades do Músculo Cardíaco 
✓ Dromotropismo: condução; 
✓ Inotropismo: contração; 
✓ Cronotropismo: frequência; 
✓ Batmotropismo: auto excitável. 
O Ciclo Cardíaco 
- É o período do início de um batimento cardíaco 
até o início do batimento seguinte, 
compreendendo dois períodos: sístole – contração 
e diástole – relaxamento. 
- Divide-se em duas etapas: 
✓ Sístole: é a fase de contração. As válvulas 
pulmonares e aórtica são abertas e o sangue é 
ejetado rapidamente. 
- Fase de ejeção ventricular: ocorre quando a 
pressão intraventricular supera a pressão 
intraórtico provocando a abertura da valva aórtica. 
- A queda de pressão intraventricular inferior ao da 
aorta facilita o fechamento da valva aórtica, 
concluindo a sístole. 
✓ Diástole: é o relaxamento do coração onde o 
ventrículo se enche de sangue, contrai e manda 
sangue para as artérias; contração atrial. 
- O sangue entra nos átrios pelas veias cavas 
(superior e inferior) e pelo seio coronário. As 
válvulas tricúspide e bicúspide encontram-se 
abertas para entrada passiva de sangue nas 
aurículas para os ventrículos. As válvulas 
semilunares encontram-se fechadas. 
- Durante o ciclo cardíaco o coração produz 
batimentos que podem ser ouvidas com o 
estetoscópio. O primeiro batimento corresponde 
ao início da sístole ventricular e o segundo 
batimento marca o início da diástole. 
- Trabalho mecânico do coração apoia-se em duas 
variáveis: volume e pressão 
✓ Pressão: a contração das fibras miocárdicas 
determina a elevação da pressão, e o 
relaxamento das fibras induz a uma queda 
pressórica 
- Pressão arterial: débito cardíaco x resistência 
periférica total 
- Pressão sistólica: indica o trabalho do coração 
e a tensão que age contra as paredes arteriais 
durante a contração ventricular. É de 
aproximadamente 120 mmHg. 
- Pressão diastólica: indica a resistência 
periférica ou a facilidade com que o sangue flui das 
arteríolas para os capilares. É de 
aproximadamente 80 mmHg. 
 
Fisiologia 
Tammi Ráisla 
Contração do Músculo Cardíaco 
- Para que ocorra a contração dos músculos 
cardíacos é necessário cálcio no meio extracelular 
e intracelular, no retículo sarcoplasmático. 
- No retículo sarcoplasmático há um canalchamado Rianodina e a proteína Dihidropiridina 
fecha o canal do retículo. Quando o cálcio entra na 
célula ocorre a despolarização, a qual faz com que 
a Dihidropiridina saia do canal de Rianodina 
liberando o cálcio para fora do retículo. 
- Também no retículo sarcoplasmático há uma 
bomba de cálcio chamada Serca, a qual é 
bloqueada pela proteína Fosfolambano. Toda 
vez que o músculo cardíaco vai relaxar, a 
fosfolambano desbloqueia a serca e a bomba 
coloca o cálcio para dentro do retículo, relaxando 
o músculo. 
- Na parte superior há o trocador sódio-cálcio. 
1. O potencial de ação entra a partir da célula 
adjacente; 
2. Canais de Ca+2 voltagem-dependentes abrem. 
O Ca+2 entra na célula, despolarizando-a. 
3. A entrada de Ca+2 faz com que o Ca+2 do 
retículo sarcoplasmático seja liberado pelo 
sistema Rianodina-dihidropiridina. 
4. Mais Ca+2 sai do retículo sarcoplasmático. 
5. Íons Ca+2 se ligam à troponina para iniciar a 
contração; 
6. Para que ocorra a contração, uma molécula 
ATP se liga à miosina. Esse ATP é quebrado 
em ADP+P pelo cofator Mg+2. Após a quebra, 
a miosina se junta à actina, promovendo a 
contração. O ATP quebrado perde a afinidade 
com a miosina e é liberado para que outro ATP 
se ligue a miosina. 
7. O relaxamento ocorre quando o Ca+2 se 
desliga da troponina. 
8. O Ca+2 é bombeado de volta para dentro do 
retículo sarcoplasmático e armazenado, pelo 
sistema Serca-Fosfolambano. 
9. O Ca+2 é trocado pelo Na+ 
10. O gradiente de Na+ é mantido pela bomba 
Na+-K+-ATPase. 
Reflexos Cardíacos 
- Efeito de Starling: aumento da força de 
contração quando ocorre um aumento do retorno 
venoso, que é a pré carga. 
- Efeito de Anrep: aumento da força de contração 
quando ocorre um aumento na pressão aórtica, 
que é a pós carga. 
- Efeito de Bowdich: aumento da força de 
contração quando ocorre aumento da frequência 
cardíaca. 
Regulação da Atividade Cardíaca 
✓ Controle intrínseco: ao receber maior volume 
de sangue do retorno venoso, as fibras 
musculares cardíacas se tornam mais distendidas 
devido ao maior enchimento de suas câmaras. 
Isso faz com que ao se contraírem durante a 
sístole, o façam com mais força. 
- Uma maior força de contração aumenta o volume 
de sangue ejetado a cada sístole. Aumentando o 
volume sistólico aumenta também o débito 
cardíaco. 
✓ Controle extrínseco: o coração também pode 
aumentar ou reduzir sua atividade dependendo do 
grau de atividade do sistema nervoso autônomo. 
- O sistema nervoso autônomo de forma 
automática e independente exerce influência no 
funcionamento de diversos tecidos do corpo 
através de mediadores químicos liberados pelas 
terminações de seus dois tipos de fibras: 
simpáticas e parassimpática 
✓ As fibras simpáticas: na quase totalidade 
liberam noradrenalina. E ao mesmo tempo 
fazendo também parte do sistema nervoso 
autônomo simpático, a medula das glândulas 
suprarrenais liberam uma considerável 
quantidade de adrenalina na circulação. 
- As fibras para simpáticas liberam um outro 
mediador químico em suas terminações que é 
acetilcolina pelo nervo vago. 
- Predomínio da atividade simpática do sistema 
nervoso autônomo → provoca aumento na 
frequência cardíaca e na força de contração. 
Como consequência ocorre um considerável 
aumento no débito cardíaco. 
- Predomínio da atividade parassimpática do 
sistema nervoso autônomo → provoca redução 
da frequência cardíaca e da força de contração. 
Como consequência redução do débito cardíaco. 
Hemodinâmica 
- A direção do fluxo sanguíneo sempre da região 
de maior pressão para região de menor pressão 
Aorta → veia cava 
Artéria pulmonar → veia pulmonar 
Fisiologia 
Tammi Ráisla 
- O volume das artérias é pouquíssimo se 
comparada a das veias e isso dá a maior 
flexibilidade das veias (complacência) 
- Artérias e arteríolas têm maior parede muscular 
porque precisam ajustar seu diâmetro para manter 
a pressão arterial e controlar o fluxo sanguíneo. As 
veias e vênulas possuem paredes musculares 
mais finas uma vez que as pressões nelas são 
menores. Além disso as veias podem dilatar-se 
para acomodar um aumento do volume 
sanguíneo. 
Ondas eletrocardíacas 
 
P – Sístole atrial 
Q-R-S – Sístole ventricular 
T – Diástole ventricular 
- Como o aparelho mede a maior força, a diástole 
atrial está escondida atrás da sístole ventricular. 
Variabilidade da Frequência Cardíaca 
- É parâmetro seguro e eficaz para identificar 
alterações no sistema nervoso autônomo 
(emoções); 
- No ECG é a distância entre os batimentos 
cardíacos; 
- A redução da variabilidade da frequência 
cardíaca foi considerada um preditor de maior 
mortalidade hospitalar 
 
 
 
O Impulso Elétrico 
✓ Nó sinoatrial: grupo de células localizadas na 
parede posterior do AD que funciona como 
marcapasso fisiológico do coração; 
✓ Nó atrioventricular: diminui a velocidade de 
condução do impulso elétrico dos átrios para 
os ventrículos; 
✓ Feixe de His: localizado na parte inferior do nó 
AV; transmite o impulso aos ramos direito e 
esquerdo. 
✓ Ramos direito e esquerdo: são feixes de 
fibras que conduzem rapidamente o impulso 
elétrico para os ventrículos D e E. 
✓ Fibras de Purkinje: são fibras que se 
espalham dos ramos ao longo da superfície 
endocárdica de ambos os ventrículos e 
conduzem rapidamente o impulso para as 
células do músculo ventricular. 
Período Refratário 
- Corresponde ao intervalo de tempo durante o 
qual o impulso cardíaco normal não pode excitar 
novamente uma área já excitada no músculo. 
- O período refratário do músculo esquelético é 
curto, menor que o do músculo cardíaco. 
- Tetania: várias contrações ao mesmo tempo. 
Não atinge o coração devido ao seu longo período 
refratário. 
Triangulo de Einthoven 
 
I – Diferença de potencial que detecta problema na 
parte anterior dos átrios; 
II – Diferença de potencial que detecta problema 
na parte anterior do ventrículo direito; 
III – Diferença de potencial que detecta problemas 
na parte posterior do ventrículo esquerdo.

Continue navegando