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AINES: Anti-inflamatórios não esteroides

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AINES (Farmacologia) | Larissa Gomes de Oliveira. 1 
 AINES 
Os anti-inflamatórios não esteroides (AINE ou AINES), como o próprio nome diz, fazem parte 
de uma classe de medicamentos que agem sobre processos inflamatórios no organismo. 
Constituem uma das classes de fármacos mais difundidas em todo mundo, utilizados no 
tratamento da dor aguda e crônica decorrente de processo inflamatório. Anti-inflamatórios 
não-esteroidais (AINEs) são medicamentos analgésicos simples, que, junto com o paracetamol, 
compõem o 1º degrau da escada de dor da Organização Mundial da Saúde. 
É importante lembrar que na inflamação: 
são liberadas diversas substancias durante todo o processo dentre elas temos as 
prostaglandinas que serão responsáveis por funções fisiológicas. Essas prostaglandinas vão ser 
formadas através do Ácido Araquidônico que foi formado no processo da inflamação e 
algumas enzimas vão agir sobre ele para produzir várias substâncias dentre elas a LOX 
(lipoxigenase- responsável pela produção de Leucotrienos) e a COX-1 e COX-2. 
 
OBS: As prostaglandinas fazem com que a permeabilidade capilar aumente, além de possuírem 
o poder da quimiotaxia, atraindo células (por exemplo, macrófagos) especializadas na 
fagocitose de restos celulares derivados do processo inflamatório. Estas substâncias também 
atuam como hormônios locais. 
 
OBS: normalmente o ácido araquidônico se encontra "inerte" na membrana celular 
(fosfolipideos), mas a partir de qualquer tipo de lesão (quimica, fisica, biologica...) a fosfolipase 
A2 agirá sobre a membrana, liberando ácido araquidonico. 
A partir do ácido araquidônico, a COX1 e COX2 irão sintetizar os mediadores da inflamação, 
como prostaglandinas. 
 
OBS: A COX (Ciclo-oxigenase). 
A Cox 1 está presente em quase todos os tecidos (vasos sanguíneos, plaquetas, estômago, 
intestino, rins) e é, por isso, denominada de enzima constitutiva. A Cox 1 está associada à 
produção de prostaglandinas e resulta em diversos efeitos fisiológicos, como proteção gástrica, 
agregação plaquetária, homeostase vascular e manutenção do fluxo sanguíneo renal. 
Em contraste, a Cox 2 está presente nos locais de inflamação, sendo, por isso, denominada de 
enzima indutiva. Ela é expressa primariamente por células envolvidas no processo inflamatório, 
como macrófagos, monócitos e sinoviócitos. A Cox 2 é induzida pelas citocinas (IL-1, IL-2 e fator 
de necrose tumoral [TNF]) e outros mediadores nos sítios de inflamação (como fatores de 
crescimento e endotoxinas). Ela é, também, provavelmente, expressa no sistema nervoso 
central, e tem papel na mediação central da dor e da febre. 
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Assim que as enzimas COX agem sobre o 
Ac. Araquidônico e produzem 
prostaglandinas, a enzima Tromboxano 
sintase vai agir sobre elas fabricando a 
Tromboxano A2. 
FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DAS 
PROSTAGLANDINAS 
É preciso saber as ações fisiológicas e 
inflamatórias das prostaglandinas, essas 
produzem diversas ações em diversos 
lugares como: 
MUCO ESTOMACAL 
Ao se alimentar, a comida será direcionada 
até o estomago e lá irá sofrer degradação 
tanto por movimentos, quanto pelo ação 
do HCl (ácido clorídrico), que é um ácido 
que pode causar uma lesão gástrica, 
chamada de úlceras pépticas e, para evitar 
isso o estomago é coberto por um muco 
citoprotetor que protege que essas células 
sofram danos. Esse muco será produzido 
em resposta por diversas prostaglandinas 
(em especial PGE2 e PGI2) produzidas pela 
COX-1. 
COAGULAÇÃO 
O Tromboxano A2 vai ser um potente 
indutor do processo de coagulação sempre 
que necessário, mas para o nosso sangue 
não ir todo coagulando, vamos precisar de 
substâncias que parem esse processo e a 
PGI2 vai ser capaz de fazer isso, por isso 
precisa de um equilíbrio entre elas. 
Além disso, as prostaglandinas também 
influenciam as plaquetas, o que significa 
que elas ajudam a regular a coagulação. 
EFEITO RENAL 
As prostaglandinas também vão ter efeitos 
no rim, especialmente em pessoas que 
possui perda renal, com o tempo vai 
aumentar a produção de prostaglandinas 
na arteríola aferente renal, o que vai 
causar uma vasodilatação e uma 
manutenção na taxa de filtração 
glomerular de modo que os rins sejam 
minimamente atingidos e possam 
funcionar mais próximos do normal. 
OUTRAS FUNÇÕES DAS 
PROSTAGLANDINAS: 
A capacidade de contração do útero que 
vai ser causada principalmente pela 
PGF2alfa, ações como vasodilatação e 
vasoconstrição, broncodilatação e 
bronconstrição, inibição da lipólise, 
contração/relaxamento do TGI. 
AÇOES DAS PROSTAGLANDINAS NA 
INFLAMAÇÃO 
A FEBRE vai ocorrer pela ação da PGE2 no 
hipotálamo (onde temos o controle da 
temperatura corporal) e a DOR CRONICA a 
partir do momento da dor ocorre um 
processo inflamatório, com isso temos as 
prostaglandinas PGE2 e PGI2 que estarão 
presentes na dor. 
AINES 
Para ser considerado um AINES, o fármaco 
de ter: Ação anti-inflamatória; Ação 
Analgésica; Ação Antipirética (baixar 
febre). 
MECANISMO DE AÇÃO 
Os efeitos terapêuticos e colaterais dos 
AINES resultam principalmente da inibição 
das enzimas COX, prejudicando, assim, a 
transformação final do ácido araquidônico 
em prostaglandinas, prostaciclina e 
tromboxanos (que estão relacionados com 
a inflamação). 
Os AINES inibem a ação da enzima COX e 
sem a COX não teremos a transformação 
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de ác. Araquidônico em prostaglandinas, e 
eles são responsáveis pela inflamação. 
Logo, se as cox foram inibidas o processo 
inflamatório também foi. 
Com isso teremos 2 tipos de AINS: 
• AINES NÃO SELETIVOS - Inibem COX-1 
e COX-2 (mais ativos no bloqueio da 
cox1) 
• AINES SELETIVOS -> Inibem COX-2 
OBS: A inibição da Cox 1 está associada ao 
aumento do risco de sangramentos e a 
danos no trato gastrintestinal. Os 
inibidores seletivos e específicos de Cox 2 
foram desenvolvidos na tentativa de 
diminuir a incidência dos efeitos adversos 
da inibição da Cox 1. 
OBS: Nos últimos anos, tem sido 
questionada a segurança do uso dos AINEs 
na prática clínica, particularmente dos 
inibidores seletivos da COX-2. Estudos 
indicam que os inibidores seletivos da COX-
2 exercem importantes efeitos 
cardiovasculares adversos, que incluem 
aumento do risco de infarto do miocárdio, 
acidente vascular cerebral, insuficiência 
cardíaca, insuficiência renal e hipertensão 
arterial. 
Importante: O processo de inflamação 
NÃO vai deixar de existir, apesar da COX 
ter sido inibida ainda terão outras 
substancias atuando nesse processo. Pois 
esse processo de inflamação é importante 
para o reparo tecidual. 
EFEITO ANTIPIRETICO 
Faz regulação térmica pela via 
hipotalâmica, através da inibição de 
prostaglandinas (PGE2), dessa forma 
produzirá a diminuição da temperatura. 
A partir de uma lesão ou inflamação, 
haverá liberação de interleucinas 
inflamatórias que irão aumentar a síntese 
de PGE2 no hipotálamo. A PGE2 atuando 
nos seus receptores aumentando os níveis 
de AMPc e com isso o AMPc aumenta a 
temperatura corpórea. POREM, OS AINES 
INIBEM A COX E SEM COX NAO TEM 
SINTESE DE PROSTAGLANDINA E COM 
ISSO NAO TEREMOS RECEPÇÃO NO 
HIPOTALAMO E A TEMPERATURA 
CORPOREA DIMINUI. 
EFEITO ANALGÉSICO 
Os AINES são eficazes contra a dor, pois 
eles diminuem a produção de 
prostaglandinas que sensibilizam os 
nociceptores. Pode ser utilizado em 
diversos tipos de dores como: bursite, 
artrite dores musculares... Quando 
utilizados nas cefaleias eles não fazem ação 
em nociceptores e sim diminui a 
vasodilatação cerebral. 
EFEITO ANTI-INFLAMATÓRIO 
AINES atuam também com anti-
inflamatórios, eles vão inibir a COX que vai 
inibir a síntese de prostaglandinas pro 
inflamatórias. Com isso, elas reduzem a 
vasodilatação, edema e a dor. 
O início do processo inflamatório se dar 
por conta principalmente da COX-1, que vai 
produzir as prostaglandinase 
prostaciclinas. Entretanto, os AINES que 
inibem a COX-1 vão inibir a síntese de 
cerca de 10-15% de PGI e PGE, tendo uma 
ação INICIAL, pois essas prostaglandinas 
são produzidas inicialmente. 
E a lesão também irá liberar citocinas, 
essas citocinas vão estimular as células do 
sist. Imune a expressarem a COX-2 
principalmente macrófagos e células do 
endotélio do SNC. E a COX-2 estimula a 
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síntese cerca de 85-95% das 
prostaglandinas e essa síntese vai ocorrer 
cerca de 4 horas após a lesão tecidual. 
Então os AINES que atuam na COX-2 terão 
EFEITO TARDIO. 
EFEITO ADVERSOS AINES NÃO 
SELETIVOS 
A utilização de AINES podem gerar efeitos 
adversos, o primeiro efeito adverso é o 
aparecimento de ulceras gástricas. Como 
sabemos algumas prostaglandinas serão 
importantes para mucosa gástrica (pois 
elas constituem o muco citoprotetor que 
age contra a acidez estomacal), porem se 
temos um AINES inibindo ambas enzimas 
COX, a produção desse muco protetor é 
diminuída e o paciente pode vir a evoluir 
com ulceras gástricas devido a ação do 
ácido clorídrico, caso não tratada pode 
levar o paciente a um quadro de 
hemorragia digestiva alta. 
Outro efeito adverso, pode ser percebida 
nos rins. Pacientes idosos, cardiopatas, 
hepatopata, vão precisar de quantidades 
suficientes de prostaglandinas para manter 
a taxa de filtração glomerular constante. 
Nesse caso, com a utilização de AINES e 
consequentemente de prostaglandinas isso 
pode causa uma insuficiência renal aguda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências 
SILVA, Penildon. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

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