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Nicole Fidalgo Paretsis (nikafipa@hotmail.com),
Danielle Cristinne Baccarelli,
Nathalia Clemente Frias,
Murillo Martinez Matheus:
Graduandos do curso de Medicina Veterinária da
Universidade Anhembi Morumbi
Luiz Roberto da Silva Júnior
Médico Veterinário Residente do Hospital Veterinário
da Universidade Anhembi Morumbi;
Neimar Vanderlei Roncati,
Rodrigo Romero Corrêa:
Professores do curso de Medicina Veterinária da
Universidade Anhembi Morumbi
.........................................................................................
em equino - Relato de Caso
Snakebite in horse -
Case report
RESUMO:Há pouco relatos de acidente ofídico
em equinos. No Brasil, os gêneros mais impor-
tantes de serpentes peçonhentas são Bothrops,
Crotalus, Lachesis e Micrurus. Os locais mais
acometidos por picada de cobras em equinos
são os membros, abdômen e focinho. O relato
de caso se trata de um acidente ofídico em um
equino que foi encontrado no pasto com focinho
edemaciado e sangramento em cavidade oral.
Após atendimento a campo, foi encaminhado ao
Hospital Veterinário Anhembi Morumbi devido
sua piora clínica. Por apresentar grande edema
na região do focinho, foi realizada traqueostomia
para garantir fluxo respiratório. O animal foi trata-
do com soro antiofídico polivalente e tratamento
suporte. O tratamento instituído, mesmo com
complicações da traqueostomia, mostrou-se efe-
tivo, embora não determinada a espécie de ser-
pente envolvida neste caso.
Unitermos: acidente ofídico, equino, soro antio-
fídico
ABSTRACT: There are few reports of snakebites
in horses. The most important kind of poisonous
snakes in Brazil are Bothrops, Crotalus, Lachesis 
and Micrurus. The limbs of the horse, abdomen
and muzzle are the most frequently bitten regions
by the snakes. This case report is about a snake-
bite in a horse that was found on the pasture with
swollen nose and oral cavity bleeding. Due to the
clinical worsening after the treatment in the farm,
the horse was transferred to Anhembi Morumbi
Veterinary Hospital. A tracheostomy was per-
formed due to a large edema on its muzzle re-
gion, in order to guarantee a better airflow. The
animal was treated with polyvalent antivenom and
supportive care. Although the tracheostomy com-
plications, the treatment was effective, but the
species of snake involved in this case was not
yet determined.
Keywords: snakebite, equine, snake antivenom
Introdução
A ocorrência de acidentes ofídicos
esta relacionada a fatores climáticos e au-
mento da atividade humana nos traba-
lhos no campo4. Locais onde há desequi-
líbrio ecológico e ausência de predado-
res promovem aumento na população
ofídica e, consequentemente, aumento de
acidentes5. A identificação da espécie da
serpente envolvida é importante, pois, os
casos de mordidas de cobras não peço-
nhentas podem ser tratadas apenas com
a higienização da ferida4; caso seja do
grupo das peçonhentas, irá indicar qual
antiveneno deverá ser utilizado³.
No Brasil, os ofídios venenosos per-
tencem aos gêneros Bothrops (grupo das
jararacas), Crotalus (grupo das cascaveis)
e Lachesis (grupo das surucucus), per-
tencentes a família Viperidae, e Micru-
rus (grupo das corais) que pertence a fa-
mília Elapidae³,5.
As serpentes do gênero Bothrops
apresentam hábitos predominantemente
noturnos ou crepusculares. Estão distri-
buídas principalmente em zonas rurais e
periferias de grandes cidades, e preferem
ambientes úmidos com matas e áreas cul-
tivadas onde haja população de roedores.
O veneno botrópico é composto por com-
plexa mistura de enzimas, peptídeos e
proteínas de pequena massa molecular 5
que causam ações proteolítica, miotóxi-
ca, coagulante e hemorrágica4,8. A ação
proteolítica ou necrosante possivelmen-
te é decorrente da atividade de protea-
ses, hialuronidases e fosfolipases, da li-
beração de mediadores da resposta infla-
matória e da ação das hemorraginas so-
bre o endotélio vascular e da ação pró-
coagulante do veneno³,4. A esta ação atri-
buem-se, principalmente, as lesões locais
como rubor, edema e necrose8. A ação
miotóxica é provocada diretamente por
toxinas e/ou indiretamente devido a is-
quemia promovida pelo comprometimen-
to da microcirculação. Apresenta corre-
lação com o aumento de creatina quina-
se sérica (CK)². A ação coagulante ativa
o fator X, a protrombina e também pos-
sui ação semelhante a trombina, que con-
verte o fibrinogênio em fibrina. Tais ações
produzem distúrbios de coagulação, ca-
racterizados pelo consumo dos fatores V,
VII e de plaquetas, gerando produtos de
degradação de fibrina e fibrinogênio, oca-
sionando incoagulabilidade sanguínea,
estabelecendo quadro semelhante ao da
coagulação intravascular disseminada³,8.
As manifestações hemorrágicas ocorrem
devido a hemorraginas que provocam
aumento de permeabilidade ou rompi-
mento na membrana basal dos capila-
res³,4. As hemorragias podem ser locais
ou sistêmicas, afetando os pulmões e rins,
e podem ser fatais quando acometem o
sistema nervoso central8 .
Nos exames complementares, o he-
mograma geralmente revela leucocitose
com neutrofilia e plaquetopenia. Pode
haver proteinúria, hematúria e leucoci-
túria. O local da picada apresenta dor,
edema e pode estar associado a necrose³.
As causas da morte, em geral, são insufi-
ciência renal aguda (IRA), hemorragias
incontroláveis e choque8.
O gênero Crotalus é facilmente iden-
tificado pela presença de um guizo ou
chocalho localizado na extremidade da
cauda, que produz ruído característico e
faz com que os animais percebam sua
presença5 . As serpentes desta espécie pre-
ferem locais mais secos, pedregosos³,8 e
raramente a faixa litorânea5. O veneno
crotálico possui ações neurotóxica, mio-
tóxica e coagulante³, sendo seis vezes
mais potente que o botrópico4.
A ação neurotóxica é produzida pela
fração da crotoxina que atua nas termi-
nações nervosas inibindo a liberação de
acetilcolina, o principal fator responsá-
vel pelo bloqueio neuromuscular decor-
rente das paralisias motoras. Produz efei-
to no sistema nervoso central e periféri-
co, podendo causar paralisia motora e
respiratória8. A ação miotóxica, também
relacionada a crotoxina, produz lesões
nas fibras musculares esqueléticas com
liberação de enzimas e mioglobinas que
serão excretadas pela urina4. Isto explica
Figura 1: Evidente aumento de volume em região
de narinas e lábios
Figura 2: Identificação do local da inoculação do
veneno, junto a narina esquerda do animal
Figura 3: Agravamento do edema de cabeça com
sangramento em lábios e gengiva
........................................................................................
valores elevados nas enzimas séricas como
creatinoquinase (CK), aspartase amino
transferase (AST) e transaminase glutâ-
mico-pirúvica (TGP)4. A ação coagulante
é semelhante a do veneno botrópico, po-
rém, as manifestações hemorrágicas oca-
sionais são discretas³,8. A picada ocasiona
paresia regional ou local, dor e edema
discreto³.
O gênero Lachesis possui as maiores
serpentes peçonhentas das Américas, atin-
gindo até três metros e meio de compri-
mento³. Sua cauda termina em uma vér-
tebra córnea em forma de espinho. São
encontradas nas florestas tropicais escu-
ras e úmidas4. Existem poucos casos rela-
tados na literatura de acidentes laquéti-
cos, pois são encontradas em áreas flo-
restais onde a densidade populacional é
baixa, e o sistema de notificação não é
eficiente³. O veneno laquético possui
ações proteolítica (necrosante), coagulan-
te, hemorrágica e neurotóxica. As enzi-
mas proteolíticas podem induzir a libera-
ção de substâncias vasoativas, que podem
levar ao choque. Os sinais clínicos são
semelhantes aos que ocorrem nos aciden-
tes botrópicos4 .
As serpentes do gênero Micrurus são
animais de pequeno e médio porte com
comprimento em torno de um metro.
Apresentam anéis vermelhos, pretos e
brancos em qualquer tipo de combinação.
Existem no país serpentes não peçonhen-
tas com o mesmo padrão de coloração das
corais verdadeiras, denominadas falsas
corais³,4. O veneno do gênero Micrurus é
do tipo neurotóxico,provocando sintomas
semelhantes aos acidentes crotálicos4.
Os estudos relacionados ao quadro clí-
nico patológico provocado pelas toxinas
ofídicas foram realizados em animais de
laboratório e nos cães. Os sinais clínicos
e as lesões variam com o gênero e a espé-
cie da serpente, e diferem em função da
espécie das vítimas. Deve-se considerar
também a variação na susceptibilidade dos
diferentes animais aos efeitos dos vene-
nos ofídicos8. As regiões mais acometi-
das nos equinos são a cabeça, o focinho e
os membros6.
O tratamento dos acidentes ofídicos
nos equinos consiste na administração do
soro antiofídico específico, emprego de
analgésicos para alívio da dor, manuten-
ção da hidratação, antibioticoterapia de
amplo espectro e profilaxia tetânica. O
focinho e as vias nasais podem tornar-se
extremamente edemaciados, prejudican-
do a respiração; nesta situação é indicada
a traqueostomia4,6.
Os corticóides podem diminuir a de-
puração dos produtos de degradação da
fibrina e podem aumentar a suscetibili-
dade das feridas a infecção local. Toda-
via, podem ser benéficos no tratamento
do choque hipotensivo grave em animais
jovens. Anti-inflamatórios não esteroidais
não são indicados na fase aguda dos si-
nais clínicos por poderem aumentar a
trombocitopenia causada pelo veneno6.
Um estudo realizado em 19922 com-
prova que a utilização do antiveneno bo-
trópico crotálico, em picadas por serpen-
te botrópica, pode ser mais vantajoso que
a utilização do antiveneno botrópico ape-
nas, uma vez que as ações comuns mais
importantes desse veneno, como a coagu-
lante e miotóxica, foram melhor neutra-
lizadas pelo antiveneno botrópico crotá-
lico. Outro estudo em humanos realizado
em 19941 comprova a ineficácia do soro
antibotrópico de neutralizar as ações do
veneno laquético.
Relato de Caso
Um equino, fêmea, Puro Sangue Lu-
sitano, de dois anos de idade, foi encon-
trado no pasto com os lábios edemacia-
dos e sangramento em cavidade oral. O
animal foi atendido por médico veteriná-
rio a campo, que identificou alterações de
parâmetros vitais (taquicardia, taquip-
néia) e dor a palpação de região labial.
Após suspeitar-se de acidente ofídico, foi
administrado soro antiofídico polivalen-
te (50 ml por via intravenosa) e dexame-
tasona. O animal não apresentou melho-
ra clínica, e após agravamento dos sinto-
mas, foi encaminhado ao Hospital Vete-
rinário Anhembi Morumbi para acompa-
nhamento clínico.
O animal apresentava distrição respi-
ratória severa, agravamento do edema la-
bial e secreção nasal mucopurulenta bila-
teral com estrias de sangue (Figura 1).
Devido ao grande volume labial, o ani-
mal mantinha a boca aberta, permitindo
identificação de estrias de sangue prove-
nientes da cavidade oral (Figura 2). Fo-
ram notadas duas pequenas lesões na re-
gião da narina esquerda compatíveis com
o local da picada da cobra (Figura 3). Foi
realizada traqueostomia para restabelecer
fluxo respiratório, e foi repetido o trata-
mento com soro antiofídico polivalente
(50 ml por via intravenosa e 100 por via
intramuscular), além de soro antitetânico
(10000 U.I. por via intramuscular). Iniciou-
se também tratamento com flunixim meglu-
mine (1,1 mg/kg, uma vez ao dia, durante 3
dias), fluidoterapia intensa com Ringer com
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Referências
1 - BARD, R.; LIMA, J.C.R.; SÁ NETO, R.P.; OLI-
VEIRA, S.G.; SANTOS, M.C. Ineficácia do antivene-
no botrópico na neutralização da atividade coagu-
lante do veneno de Lachesis muta muta: relato de
caso e comprovação experimental. Rev. Inst. Med.
trop. S. Paulo, São Paulo, v.36, n.1, p.77-81, 1994
2 - DOS-SANTOS, M.C.; GONÇALVES, L.R.C.; FOR-
TES-DIAS, C.L.; CURY, Y.; GUTIÉRREZ, J.M.; FUR-
TADO, M.F.D. A eficácia do antiveneno botrópico-
crotálico na neutralização das principais atividades
do veneno de Bothrops jararacussu. Rev. Inst. Med.
trop. S. Paulo, São Paulo, v.34, n.2, p.77-83, 1992.
3 - FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE (Brasil)
(Org.). Manual de diagnóstico e tratamento de aci-
dentes por animais peçonhentos. 2.ed. Brasília: As-
sessoria de Comunicação e Educação em Saúde, 2001,
120 p.
4 - PUZZI, M.B.; VICARIVENTO, N.B.; XAVIER, A.;
POLIZER, K.A.; NEVES, M.F.; SACCO, S.R. Aciden-
tes ofídicos. Revista Científica Eletrônica De Medi-
cina Veterinária, Garça, v.10, n.6, jan.2008.
5 - RAPOSO, J.B.; MÉNDEZ, M.D.C.; BAIALARDI,
C.E.G.; RAFFI, M.B. Acidente ofídico em equino no
sul do Brasil: relato de caso. Revista da FZVA, v.7/8,
n.1, p.51-57, 2000/2001.
6 - SCHMITZ, D.G. Problemas toxicológicos, In: REED,
S.M.; BAYLY, W.M. Medicina Interna Equina. Rio
de janeiro: Guanabara Koogan, 2000, 840-892 p.
7 - PARRY, B.W. Normal Clinical Pathology Data. In:
ROBINSON, N.E. Current Therapy in Equine Me-
dicine. 5.ed. Philadelphia: Saunders, 2003, 870-886 p.
8 - TOKARNIA, C.H.; PEIXOTO, P.V. A importân-
cia dos acidentes ofídicos como causa de mortes em
bovinos no Brasil. Pesq. Vet. Bras., Rio de janeiro, v.26,
n.2, p.55-68, abr/jun.2006.
Figura 4: Local da traqueostomia, com identi-
ficação de hemorragia ao redor e internamen-
te ao traqueotubo
.................................................................................
lactato, furosemida (1mg/kg) e penicilina
benzatina (15.000 UI/Kg, duas vezes ao dia,
durante 7 dias). Por apresentar hemorra-
gia contínua no local da traqueostomia (Fi-
gura 4), o animal foi tratado com vitamina
K (1 mg/Kg) e ácido tranexâmico (1 gr),
sem obtenção de melhora clínica. Devido a
incoagulabilidade sanguínea, provavelmen-
te por deficiência de fatores de coagulação,
foi realizada transfusão sanguínea (sangue
total) e administração de plasma hiperimu-
ne antibotrópico. Somente após a transfu-
são, a hemorragia pôde ser controlada.
Foram realizados exames complemen-
tares, no qual o eritograma revelou discre-
ta anisocitose por macrocitose. O leucogra-
ma apresentou leucocitose (24200/µl) por
neutrofilia (19360/µl) e por monocitose
(1452/µl); neutrófilos tóxicos com discre-
ta granulação citoplasmática e raros neu-
trófilos hiposegmentados foram identifica-
dos. O exame bioquímico sanguíneo reve-
lou aumento de CK (2719 U/L), AST (563
U/L), fosfatase alcalina (176 U/L) e ureia
(48 mg/dL).
Após um dia de tratamento, o eritogra-
ma revelou leve queda do hematócrito
(28%) e de hemoglobina (9.30 g/dL), com
morfologia celular normal dos eritrócitos.
O leucograma apresentou leucocitose
(18000/µl) por neutrofilia (15300/µl) e pre-
sença de neutrófilos tóxicos com modera-
da granulação e basofilia citoplasmática. O
exame bioquímico revelou aumento de CK
(5731 U/L), AST (672 U/L), fosfatase al-
calina (228 U/L) e ureia (51 mg/dL). A uri-
nálise não evidenciou alterações significa-
tivas.*
Os sinais clínicos permaneceram está-
veis durante 24 horas, e a melhora clínica
com regressão de todos os sinais clínicos
ocorreu em cinco dias. O traqueotubo foi
mantido durante 3 dias, momento em que
ocorreu o restabelecimento efetivo do flu-
xo em cavidade nasal. O animal recebeu
alta após sete dias de tratamento.
Discussão
Como descrito na literatura, o animal
apresentava a picada na região de focinho.
A região estava extremamente sensível e
edemaciada e não ocorreu necrose nos dias
após o acidente. Este edema é característi-
co nos acidentes botrópico e crotálico, em-
bora neste último seja mais discreto.
A queda do hematócrito ocorreu devi-
do a hemorragia provocada pela traqueos-
tomia, causando anemia normocítica e nor-
mocrômica. A ausência de alterações na
urinálise descartam a ocorrência de lesão
renal secundária a ação nefrotóxica do ve-
neno.
Os aumentos de CK e AST são compa-
tíveis com a ação dos venenos botrópicos e
crotálicos, que são miotóxicos. A alteração
da fosfatase alcalina pode ter ocorrido de-
vido a aplicação de corticoide, não apre-
sentando correlaçãodireta com a ação do
veneno.
O animal apresentou alterações de coa-
gulabilidade descritas tanto para venenos
botrópicos, crotálicos e laquéticos. Isto pode
ser evidenciado principalmente pela hemor-
ragia secundária a traqueostomia, que foi
solucionada com a transfusão sanguínea e
administração de plasma hiperimune, de-
vido a reposição de fatores de coagulação.
Embora não determinada a espécie de ser-
pente envolvida neste caso, o soro antiofí-
dico polivalente mostrou-se eficaz no con-
trole dos sinais clínicos, concordando com
os estudos realizados em 19922, que utili-
zando um antiveneno polivalente, conse-
guiu neutralizar as ações comuns dos ve-
nenos de diferentes gêneros.
Há poucos relatos de acidentes ofídicos
em animais domésticos, principalmente em
equinos no Brasil4,8.
Conclusão
Apesar das complicações como hemor-
ragia provocada pela traqueostomia, o tra-
tamento instituído mostrou-se efetivo. Não
foi possível determinar qual a espécie en-
volvida baseando-se apenas nos sinais clí-
nicos e laboratoriais do animal acidenta-
do, devido as ações comuns dos venenos
de diferentes grupos de serpentes peço-
nhentas.
Existem poucos relatos de acidentes ofí-
dicos em equinos no Brasil e há necessi-
dade de maiores informações sobre epide-
miologia, sinais clínicos e tratamentos de
animais domésticos, principalmente em
equinos. 
* Valores de referência7:
Hemograma: hematócrito: 29-53 (%); Hemoglo-
bina: 10.9-18.8 (g/dL); leucócitos: 5300-11000
(µl); neutrófilos segmentados: 2100-6000 (µl);
monócitos: 0-600 (µl).
Bioquímico: CK: 2-147 (U/L); AST: 141-330 (U/
L); Fosfatase alcalina: 26-92 (U/L); ureia: 11-24
(mg/dL)
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