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Para mais resumos: gg.gg/ricpassei Enterobacteriacea É a família bacteriana que habita a microbiota intestinal e que constitui a principal causa para infecções e intoxicações intestinais. As enterobacteriáceas são bacilos Gram-negativos não formadores de esporos, anaeróbios facultativos, que reduzem nitrato a nitrito e não produzem a enzima citocromo oxidase C. Para determinar o potencial patogênico das enterobacteriáceas, utilizam-se três estruturas antigênicas: Antígeno O: componente mais externo do LPS Antígeno K: cápsula que reveste a célula bacteriana Antígeno H: flagelo que determina a motilidade bacteriana O meio de cultura para diferenciação de enterobacteriáceas é o ágar MacConkey, que divide essa família em dois grupos: Lactase-positivas (colônias rosas): E. coli, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter Lactase-negativas (colônias sem cor): Salmonella, Shigella, Proteus e Yersinia Escherichia coli A E. coli possui uma diversidade enorme de patogenias e, portanto, trataremos apenas das E. coli diarreiogênicas. E. coli enteropatogênica (EPEC) Transmissão: contato oro-fecal, principalmente em imunossuprimidos São determinadas pela presença da fímbria BFP (bundle forming pillus) A lesão A/E (attaching and effacing) com formação de pedestais é característica de sua adesão no epitélio intestinal, e causa a perda de microvilosidades que acarretará na diarreia Diarreia: aquosa, pode ser intensa; autolimitada Epidemiologia: ocorre principalmente em lactentes de países subdesenvolvidos E. coli enterohemorrágica (EHEC) / E. coli produtoras de toxina Shiga (STEC) Transmissão: contato oro-fecal, principalmente em imunossuprimidos Possuem padrão de lesão A/E, também com formação de pedestais, perda de microvilosidades e consequente diarreia Sua característica é a produção de toxina Shiga (Stx), responsável por interromper o processo de tradução Diarreia: inicialmente aquosa seguida de disenteria (colite hemorrágica) sem febre; maioria autolimitada Quando a toxina Shiga atinge a corrente sanguínea, ela pode atingir os rins e causar SHU (Síndrome Hemolítica Urêmica) com falência renal e hematúria IMPORTANTE: não realizar antibioticoterapia pois a lise bacteriana libera a toxina, tratar apenas a diarreia Epidemiologia: grande importância na saúde pública de países desenvolvidos E. coli enterotoxigênica (ETEC) Transmissão: contato oro-fecal, principalmente em imunossuprimidos Principal característica é a presença de fímbrias denominadas CFs (fatores de colonização), que facilitam a adesão das bactérias no epitélio intestinal Após adesão, iniciam a produção de toxinas LT (termolábeis) e ST (termoestáveis), que bloqueiam a absorção de sódio e, consequentemente, acumulam água e eletrólitos no lúmen intestinal Diarreia: aquosa, pode ocorrer com vômitos; autolimitada Epidemiologia: principal causa da diarreia do viajante em países subdesenvolvidos, além de atingir adultos e crianças desses locais Infecções bacterianas do sistema digestório Para mais resumos: gg.gg/ricpassei E. coli enteroagregativa (EAEC) Transmissão: contato oro-fecal, principalmente em imunossuprimidos São caracterizadas por AAFs (fímbrias de aderência agregativa), que irão auxiliar a formação de um biofilme sobre o epitélio intestinal A partir de sua aderência, as bactérias iniciam a secreção de exotoxinas diversas (como EAST1 e Pet) Diarreia: aquosa e mucoide de caráter crônico (>14 dias) Epidemiologia: principal causadora de diarreia crônica no mundo E. coli enteroinvasora (EIEC) Transmissão: contato oro-fecal, principalmente em imunossuprimidos Sua característica está nas invasinas, proteínas que auxiliam na invasão celular, multiplicação e migração para células adjacentes Diarreia: disenteria (colite hemorrágica) com febre Epidemiologia: tipo menos comum; atinge crianças acima de 2 anos e adultos E. coli de adesão difusa (DAEC) Transmissão: contato oro-fecal, principalmente em imunossuprimidos Aderem ao epitélio intestinal por fímbrias (F1845) e glicoproteínas específicas (DAF), sem formação de lesão A/E; ao invés disso, causam o aumento das extremidades celulares Produzem α-hemolisina e fator necrosante citotóxico como suas principais toxinas Diarreia: aquosa e persistente Epidemiologia: crianças até 5 anos e adultos com doença de Crohn Shigella sp. As bactérias do gênero Shigella diferem das demais enterobacteriáceas por não serem móveis, além de todas serem patogênicas. Como os seres humanos são os únicos reservatórios desse gênero, a transmissão é exclusiva pelo contato oro-fecal entre humanos. Shigelose (ou disenteria bacilar) Uma pequena dose infectante (10-100 bactérias) já é capaz de causar a doença Patogenia: a bactéria inicia a infecção em células M do epitélio intestinal, onde iniciam rápida divisão celular e se espalham para células epiteliais próximas, induzindo apoptose; a defesa inata reage através de uma inflamação generalizada no intestino Diarreia: disenteria com muco, pus e sangue; é autolimitada Complicações: algumas espécies produzem toxina Shiga, que pode agravar o prognóstico e progredir para síndrome hemolítica urêmica, com potencial fatal Salmonella sp. As bactérias do gênero Salmonella se distinguem das outras enterobacteriáceas por não fermentarem lactose; a maior parte das espécies patogênicas pertencem à espécie Salmonella enterica. Fatores de virulência Fímbrias: auxiliam da adesão com o epitélio intestinal e na formação de biofilme Proteínas efetoras (SIPs e SOPs): têm função na invasão intestinal por formação de ruffles (ondulações) na membrana celular através do rearranjo do citoesqueleto de actina; além disso, causam a inflamação generalizada com recrutamento de fagócitos, que permitem o espalhamento sistêmico da bactéria Antígeno Vi: impede a opsonização e posterior fagocitose da bactéria Para mais resumos: gg.gg/ricpassei Patogênese 1. Entrada por via oral, através de alimentos ou água contaminados Ovos, frangos e carnes malpassados Alimentos contaminados por mãos sujas 2. Adesão às células M e secreção de proteínas efetoras (causa do ruffles) 3. Formação do vacúolo contendo Salmonella (SCV) e transcitose celular 4. Fagocitose por macrófagos e posterior disseminação bacteriana Gastroenterite por salmonelose Agente etiológico: Salmonella typhimurium Manifestações clínicas: enjoo, cólicas abdominais, febre, diarreia pastosa ou aquosa e vômito; é autolimitada Complicações: pode ocorrer bacteremia em imunossuprimidos, envolvendo infecção de artérias (endarterite) Febre tifoide Agente etiológico: Salmonella typhi; Salmonella paratyphi Na febre tifoide, a Salmonella invade órgãos do sistema reticulo endotelial (baço, fígado, medula óssea e linfonodos) Manifestações clínicas: enjoo, cólicas abdominais, febre prolongada, diarreia aquosa; progressão para bacteremia com presença de roséolas tíficas, hepatoesplenomegalia, miastenia e confusão mental Complicações: pode ocorrer formação de biofilme em cálculos biliares, tornando o paciente um portador assintomático Existem vacinas específicas, embora com eficácia limitada Vibrio cholerae A bactéria Vibrio cholerae possui um formato de bastonete curvado, ou seja, um vibrião. Seu habitat consiste em ambientes aquáticos, seja em forma livre ou em associação com superfícies; portanto, a infecção pelo Vibrio cholerae está associada à ingestão de alimentos e água contaminados. Cólera Patogenia: adesão ao epitélio intestinal pela TCP (pilus corregulado por toxina); liberação da toxina colérica para a célula intestinal; ativação de bombas para secreção de água e eletrólitos (sódio, cloro, potássio e bicarbonato) para o lúmen intestinal Diarreia: muito frequente e aquosa com aspecto “água de arroz”; progressão para desidrataçãoe choque hipovolêmico A prevenção consiste em saneamento básico e higiene adequada Helicobacter pylori A Helicobacter pylori é um bacilo Gram-negativo espiralado e flagelado; cresce lentamente em ambientes microaerófilos (pouco O2). Fatores de virulência Flagelo: auxilia a rápida entrada no epitélio gástrico, atravessando o muco e evitando o ambiente ácido estomacal Urease: realiza a hidrólise de ureia em amônia e gás carbônico, neutralizando o meio gástrico Mucinase: auxilia na passagem da bactéria através do grosso muco existente no estômago Adesinas: permitem a fixação íntima e específica da bactéria no epitélio gástrico Toxina vacuolizante (vacA): causa a vacuolização do micróbio dentro da célula, induzindo apoptose que causará a úlcera péptica Proteínas cagA e OmpA: desencadearão resposta inflamatória intensa, contribuindo para a formação da úlcera Para mais resumos: gg.gg/ricpassei Gastrite crônica Patogenia: a destruição da camada de muco, a produção de amônia e a deposição de toxinas são fatores que desencadeiam a formação de úlceras pépticas e a resposta inflamatória no estômago, que progridem para a produção excessiva de ácido Manifestações clínicas: maioria assintomática; os sintomáticos apresentam dispepsia (queimação, inchaço e saciedade rápida) Complicações: a produção exacerbada de ácido na resposta inflamatória pode chegar no duodeno e ocasionar úlceras duodenais, bem como induzir um câncer gástrico. Clostridium difficile O Clostridium difficile é um bacilo Gram-positiva, formadora de endósporo (estrutura bacteriana resistente e dormente); crescimento rápido em ambientes anaeróbios. O C. difficile pertence naturalmente à microbiota humana e é patogênico apenas com intervenção antimicrobiana, por sua alta resistência à antibióticos. Patogênese 1. Alteração na microbiota por uso de antibióticos 2. Colonização por C. difficile 3. Síntese e secreção de toxinas (TcdA e TcdB) 4. Danos na mucosa e inflamação Infecções associadas ao Clostridium difficile (CDADs) Diarreia associada a antibióticos: é uma manifestação oportunista, que depende da resistência antimicrobiana do C. difficile; consiste em uma diarreia aquosa e frequente (3 vezes ao dia) e o tratamento consiste em antibióticos específicos Colite pseudomembranosa: diarreia mais intensa, cuja característica principal é a presença de pseudomembranas (placas amareladas) no cólon; o tratamento também consiste em antibioticoterapia específica Enterobacteriacea Escherichia coli E. coli enteropatogênica (EPEC) E. coli enterohemorrágica (EHEC) / E. coli produtoras de toxina Shiga (STEC) E. coli enterotoxigênica (ETEC) E. coli enteroagregativa (EAEC) E. coli enteroinvasora (EIEC) E. coli de adesão difusa (DAEC) Shigella sp. Shigelose (ou disenteria bacilar) Salmonella sp. Fatores de virulência Patogênese Gastroenterite por salmonelose Febre tifoide Vibrio cholerae Cólera Helicobacter pylori Fatores de virulência Gastrite crônica Clostridium difficile Patogênese Infecções associadas ao Clostridium difficile (CDADs)
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