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Colégio Brasilis 
 
 
 
 
 
ADÉLIA PRADO 
Homenageada Noite Poética - 2021 
 
 
“Deus de vez em quando me tira a poesia. 
Olho para uma pedra e vejo uma pedra” 
Adélia Prado 
 
 
 
 
Mogi das Cruzes 
2021 
APRESENTAÇÃO 
ADÉLIA: A CELEBRAÇÃO DA SIMPLICIDADE 
“Porque tudo que invento já foi dito nos dois livros que li: as escrituras de Deus, as escrituras de João. Tudo é 
Bíblias. Tudo é Grande Sertão”. Adélia Prado. 
Adélia é uma senhorinha mineira que escreve 
poesia e prosa. Publicou seu primeiro livro aos 40 
anos. Foi professora por 20 anos. Talvez a 
docência com suas pedras no meio do caminho a 
tivesse endurecido, mas não o fez, ela é 
enternecida por natureza. Falo aqui de Adélia 
porque ela tem desconcertado a muitos com sua 
simplicidade, entre eles o Gérson, o Silvestre e eu. 
É tanto desconcerto que quando o Afonso Romano 
Sant’Anna apresentou o manuscrito de “Bagagem” 
a Drummond, este não foi imune e escreveu: 
“Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como 
faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas 
de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em 
Divinópolis”. 
Adélia é fogo que arde devagarinho. Sem alardes e 
sem reservas. A mineira escreve sem subterfúgios 
e desse jeito consegue afetar a muitos. Sem 
pressas ou ansiedades do mercado literário, Adélia 
ficou 10 anos sem escrever e em 2010 escreveu 
outra celebração do ordinário chamado “A duração 
do dia“. 
Feminista, perplexa diante de grandes mistérios, 
levemente passional, sardônica e 
irremediavelmente simples. Adélia não estabelece 
compromisso com a Marvel e seu olhar e palavras 
preferem a fragilidade humana. Há uma máxima 
atribuída a muitos que diz: “a simplicidade é a 
máxima sofisticação”; dona Clarice, a Lispector, 
escreveu (escreveu de verdade!) que era preciso 
muito esforço para chegar à simplicidade. Os dois 
posicionamentos são perfeitos. Tendemos ao 
floreio e a retórica. Volta e meia somos seduzidos 
pelo canto das palavras difíceis. Temos muita 
aversão as coisas ordinárias. É engraçado que 
nesse aspecto dona Adélia se assemelha ao 
Evangelho: celebra as coisas simples. E isso nos 
causa um enorme espanto! 
A poesia e prosa de Adélia conta causos de família, 
discorre sobre uma cor, cata feijão, fica feliz 
fazendo um bolo, sofre, pinta uma parede de 
laranja, vive a eternidade no seu dia a dia. Ela se 
relaciona com Deus: verbaliza dúvidas, questiona-
o sobre quem Ele de fato é, pede afago e afeto, ora. 
Ela pede que Deus a livre da adultice. Ela confessa 
a Deus suas loucuras. Adélia aponta para Deus 
todo o indizível do universo. Ela descobre Deus nos 
pequenos detalhes do dia a dia. É provável que ela 
O veja na erva do campo e no pardal no fio de 
eletricidade. Adélia ou é fé ambulante ou um grande 
embuste. Para ela “a borboleta parada: ou é Deus 
ou é nada”. Não há meio termos na simplicidade. 
Ou é ou não é. 
“Estou com saudade de Deus, uma saudade tão 
funda que me seca.” 
Adélia cumpre à risca um antigo desejo de Manuel 
Bandeira que não queria o lirismo burocrático, nem 
o lirismo comedido. O lirismo dessa senhora é 
político em seu feminismo, perplexo em sua relação 
com Deus, é lúcido em suas fraquezas, é 
espantado diante das grandezas e das miudezas 
do mundo, é ansioso em ser criança. É um lirismo 
simples e necessário. 
Aconselho que você leia a Adélia. Leia seus livros 
de prosa. Leia suas poesias. Leia sozinho ingerindo 
aos poucos as palavras. Depois compartilhe com 
alguém íntimo e vivam a sinergia disso. Mario 
Quintana escreveu que em poesia só há 
confluência. A gente gosta do que se parece 
conosco. E eu espero que haja confluência entre 
Adélia e vocês. Eu espero que vocês sejam simples 
como aconselhou o sábio Salomão. 
No princípio era o Verbo. O verbo ainda hoje chama 
a vida à existência. Existe o Verbo e existe Adélia, 
a sua mais simples preposição. 
Fonte: https://www.apenasmusica.com.br/artigos/adelia-a-celebracao-da-simplicidade 
 
https://www.apenasmusica.com.br/artigos/adelia-a-celebracao-da-simplicidade
ADÉLIA PRADO 
 
“Considero a poesia a passagem de Deus 
entre nós, o sinal luminoso de Seu dedo na 
brutalidade das coisas. Tocados por Ele, não 
morreremos. A ressurreição se garante. Claro 
que isso ocorre também fora da arte (...) 
A poesia é verdade. Posso inventar uma 
linguagem, nunca uma emoção.” 
 
Parte I – Vida e obras 
 
Biografia 
 
Adélia Prado (1935) é uma escritora e poetisa brasileira. Recebeu da 
Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio Jabuti de Literatura, com o livro 
"Coração Disparado", escrito em 1978. Nasceu em Divinópolis, em Minas 
Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935. Era filha de João do Prado Filho, 
ferroviário, e de Ana Clotilde Correa. Iniciou seus estudos no Grupo 
Escolar Padre Matias Lobato. 
Foi aluna do Ginásio Nossa Senhora do Sagrado Coração. Em 1951 
ingressou na Escola Normal Mário Casassanta. 
Em 1950, após a morte de sua mãe, escreveu seus primeiros versos. Sua 
obra recria numa linguagem despojada e direta, a vida e as preocupações 
dos personagens do interior mineiro. 
Em 1953 formou-se professora. Em 1955 começou a lecionar no Ginásio 
Estadual Luiz de Melo Viana Sobrinho. 
Posteriormente, ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de 
Divinópolis e em 1973 formou-se em Filosofia. 
 
 
Características das obras 
Com vocabulário simples e 
linguagem coloquial, 
Adélia produz poemas 
leves e marcantes. 
Sua poesia é conhecida por 
retratar o cotidiano sob o 
olhar “feminino” e não 
feminista e libertário. Sua 
poesia costuma colocar a 
perspectiva da mulher em 
seus poemas, destacando 
sempre o “feminino” em 
primeiro plano. 
A fé católica se faz 
presente nos poemas de 
Adélia, que costuma tratar 
de temas ligados a Deus, à 
família e principalmente à 
mulher. 
Primeiras publicações 
Adélia Prado publicou seus primeiros poemas em jornais de Divinópolis e de Belo Horizonte. Em 1971 
dividiu com Lázaro Barreto a autoria do livro "A Lapinha de Jesus". 
Sua estreia individual só veio em 1975, quando remeteu os originais de seus novos poemas para o crítico 
literário Affonso Romano de Sant’Anna, que entregou a Carlos Drummond de Andrade para sua 
apreciação. 
Impressionado com suas poesias, Drummond as envia para a 
Editora Imago. Nesse mesmo ano, os poemas de Adélia foram 
publicados no livro "Bagagem" (1975) que chama a atenção 
da crítica pela originalidade e pelo estilo. 
Em 1976, o livro é lançado no Rio de Janeiro, com a presença 
de importantes 
personalidades 
como Carlos 
Drummond de 
Andrade, Affonso 
Romano de 
Sant'Anna, Clarice Lispector, Juscelino Kubitschek entre outros. 
Em 1978, publica "O Coração Disparado", com o qual conquista 
o Prêmio Jabuti de 
Literatura, 
conferido pela 
Câmara Brasileira do Livro. 
 
Poesia e cultura 
Em 1979, depois de lecionar durante 24 anos, Adélia Prado 
abandona o Magistério e passa a se dedicar à carreira de 
escritora. Em seguida, publica a prosa: "Solte os Cachorros" 
(1979) e "Cacos Para Um Vitral" (1980). 
Em 1980, Adélia dirige o grupo teatral amador “Cara e Coragem” 
na montagem da peça “Auto da Compadecida”, de Ariano 
Suassuna. Em 1981, dirige a peça “A Invasão”, de Dias Gomes, 
e volta à poesia com “A Terra de Santa Cruz”. 
Não tenho tempo algum, ser feliz 
me consome. 
Obras Traduzidas 
Para o inglês 
Adélia Prado: Thirteen Poems. 
Tradução de Ellen Watson. 
Suplemento do The American 
Poetry Review, jan/fev 1984. 
The Headlong Heart (Poesias de 
Terra de Santa Cruz, O coração 
Disparado e Bagagem). Tradução de 
Ellen Watson, New York, 1988, 
Livingston University Press. 
The Alphabet in the Park (O 
Alfabeto no Parque). Tradução de 
Ellen Watson, Middletown, CT USA, 
Wesleyan University Press, 1990. 
Ex-Voto (Ex-Voto). Tradução de 
Ellen Doré Watson, North Adams, 
MA, USA, Tupelo Press, 2013. 
 
Para o espanhol 
El Corazón Disparado (O Coração 
Disparado).Tradução de Cláudia 
Schwartz e Fernando Noy, Buenos 
Aires, Leviatan, 1994. 
Bagagem. Tradução de José 
Francisco Navarro Huamán. 
México, Universidade Ibero-
Americana. 
Ainda em 1981 é apresentado, no Departamento de Literatura 
Comparada da Universidade de Princeton, o primeiro de uma série de 
estudos sobre a obra de Adélia Prado. 
Entre 1983 e 1988 exerce a função de Chefe da Divisão Cultural da 
Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis. Em 1985, 
participa em Portugal, de um programa de intercâmbio cultural entre 
autores brasileiros e portugueses. 
Em 1988 apresenta-se em Nova York na Semana Brasileira de Poesia, 
promovida pelo Comitê Internacional pela Poesia. Em 1993 volta para 
Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis. 
Em 1996 estreia no Teatro do SESI em Belo Horizonte, a peça "Duas 
Horas da Tarde no Brasil". Em 2000, em São Paulo, apresenta o monólogo "Dona de Casa". Em 2001, no 
SESI do Rio de Janeiro, apresenta um Sarau onde declama poesias do livro "Oráculos de Maio". 
 
Vida pessoal 
Em 1958, Adélia casou-se com o bancário José Assunção de Freitas, com quem teve cinco filhos: Eugênio 
(1959), Rubem (1961), Sarah (1962), Jordano (1963) e Ana Beatriz (1966). 
Em 2014, foi condecorada pelo governo brasileiro com a “Ordem do Mérito Nacional”. 
 
Movimento Literário 
Adélia Prado pode ser classificada como uma escritora da literatura 
contemporânea. A poetisa costuma colocar a perspectiva da mulher 
em seus poemas, colocando sempre o feminino em primeiro plano. 
 
Estilo 
A fé católica sempre se fez presente nos poemas da autora, que costuma tratar de temas ligados a Deus, 
à família e, principalmente, à mulher. Com vocabulário simples e linguagem coloquial, produz poemas leves 
e de uma suavidade marcante. A poetisa ficou conhecida por retratar o cotidiano sob o olhar feminino, mas 
não feminista e libertário. 
Adélia Prado também coloca o erótico em seus escritos, de forma delicada e leve, características de sua 
poesia. 
 
Bibliografia 
Poesia 
Bagagem, Imago - 1975 
O Coração Disparado, Nova Fronteira - 1978 
Terra de Santa Cruz, Nova Fronteira - 1981 
O Pelicano, Rio de Janeiro - 1987 
A Faca no Peito, Rocco - 1988 
Oráculos de Maio, Siciliano - 1999 
Louvação para uma Cor 
A duração do dia, Record - 2010 
Miserere, Record - 2013 
 
Prosa 
Solte os Cachorros, contos, Nova Fronteira - 1979 
Cacos para um Vitral, Nova Fronteira - 1980 
Os Componentes da Banda, Nova Fronteira 1987 
O Homem da Mão Seca, Siciliano - 1990 
Manuscritos de Filipa, Siciliano - 1994 
Quero minha mãe - Record - 2000 
Quando eu era pequena - 2009 
Filandras, Record – 2018 
 
Antologia 
Mulheres & Mulheres, Nova Fronteira - 1978 
Palavra de Mulher, Fontana - 1979 
Contos Mineiros, Ática - 1984 
Poesia Reunida, Siciliano - 1991 
Antologia da Poesia Brasileira, Embaixada do Brasil 
em Pequim - 1994. 
Prosa Reunida, Siciliano – 1999 
 
Balé 
A Imagem Refletida - Ballet do Teatro Castro Alves - Salvador - Bahia - Direção Artística de Antônio Carlos 
Cardoso. Poema escrito especialmente para a composição homônima de Gil Jardim. 
Cacos Para um Vitral - Rose Ballet Escola de Dança - Divinópolis - MG - Direção Artística: Mírian Lopes e 
Yan Lopes. Espetáculo baseado em referência dos poemas da escritora. 
 
Parcerias 
A Lapinha de Jesus (em parceria com Lázaro Barreto) - Vozes - 1969 
Caminhos de Solidariedade (em parceria com Lya Luft, Marcos Mendonça e outros) – Gente - 2001. 
 
 
Amor para mim é ser capaz de 
permitir que aquele que eu amo 
exista como tal, como ele mesmo. 
Isso é o mais pleno amor. Dar a 
liberdade dele existir ao meu lado 
do jeito que ele é. 
Parte II - Poemas de Adélia Prado 
Tema: Infância 
ESPERANDO SARINHA 
Sarah é uma linda menina ainda mal-acordada. 
Suas pétalas mais sedosas estão ainda fechadas, 
dormindo de bom dormir. 
Quando Sarinha acordar, 
vai pedir leite na xícara de porcelana pintada, 
vai querer mel aos golinhos em colherinha de prata, 
duas horas vai gastar fazendo trança e castelos. 
Estou fazendo um vestido, 
uma tarde linda e um chapéu, 
pra passear com Sarinha, 
quando Sarinha acordar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeira Infância 
Era rosa, era malva, era leite, 
as amigas de minha mãe vaticinando: 
vai ser muito feliz, vai ser famosa. 
Eram rendas, pano branco, estrela dalva, 
benza-te a cruz, no ouvido, na testa. 
Sobre tua boca e teus olhos 
o nome da Trindade te proteja. 
Em ponto de marca no vestidinho: navios. 
Todos a vela. A viagem que eu faria 
em roda de mim. 
 
Tema: Objetos e outros 
JANELA 
Janela, palavra linda. 
Janela é o bater das asas da borboleta amarela. 
Abre pra fora as duas folhas de madeira à-toa pintada, 
janela jeca, de azul. 
 
Eu pulo você pra dentro e pra fora, monto a cavalo em você, 
meu pé esbarra no chão. Janela sobre o mundo aberta, por onde vi 
o casamento da Anita esperando neném, a mãe 
do Pedro Cisterna urinando na chuva, por onde vi 
meu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai: 
minhas intenções com sua filha são as melhores possíveis. 
 
Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão, 
claraboia na minha alma, 
olho no meu coração. 
 
 
 
Impressionista 
Uma ocasião, 
meu pai pintou a casa toda 
de alaranjado brilhante. 
Por muito tempo moramos numa casa, 
como ele mesmo dizia, 
constantemente amanhecendo. 
 
 
 
O VESTIDO 
No armário do meu quarto escondo de 
tempo e traça meu vestido estampado em fundo preto 
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas à ponta de 
longas hastes delicadas. 
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito, meu vestido de amante. 
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido. 
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada: 
eu estou no cinema e deixo que segurem minha mão. 
De tempo e traça meu vestido me guarda. 
 
Tema: Mulher 
A SERENATA 
Uma noite de lua pálida e gerânios 
ele virá com a boca e mão incríveis 
tocar flauta no jardim. 
Estou no começo do meu desespero 
e só vejo dois caminhos: 
ou viro doida ou santa. 
Eu que rejeito e exprobo 
o que não for natural como sangue e veias 
descubro que estou chorando todo dia, 
os cabelos entristecidos, 
a pele assaltada de indecisão. 
Quando ele vier, porque é certo que vem, 
de que modo vou chegar ao balcão sem 
juventude? 
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos 
- só a mulher entre as coisas envelhece. 
De que modo vou abrir a janela, se não for 
doida? 
Como a fecharei se não for santa? 
 
A diva 
Vamos ao teatro, Maria José? 
Quem me dera, 
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha 
tou podre. Outro dia a gente vamos 
Falou meio triste, culpada, 
e um pouco alegre por recusar com orgulho 
TEATRO! Disse no espelho. 
TEATRO! Mais alto, desgrenhada. 
TEATRO! E os cacos voaram 
sem nenhum aplauso. 
Perfeita. 
CASAMENTO 
Há mulheres que dizem: 
Meu marido, se quiser pescar, pesque, 
mas que limpe os peixes. 
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, 
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. 
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, 
de vez em quando os cotovelos se esbarram, 
ele fala coisas como “este foi difícil” 
“prateou no ar dando rabanadas” 
e faz o gesto com a mão. 
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez 
atravessa a cozinha como um rio profundo. 
Por fim, os peixes na travessa, 
vamos dormir. 
Coisas prateadas espocam: 
somos noivo e noiva. 
 
A bela adormecida 
Estou alegre e o motivo 
beira secretamente à humilhação, 
porque aos 50 anos 
não posso mais fazer curso de dança, 
escolher profissão, 
aprender a nadar como se deve. 
No entanto, não sei se é por causa das águas, 
deste ar que desentoca do chão as formigas 
aladas, 
ou se é por causa dele que volta 
e põe tudo arcaico, como a matéria da alma, 
se você vai ao pasto, 
se você olha o céu, 
aquelas frutinhas travosas, 
aquela estrelinha nova, 
sabe que nada mudou. 
O pai está vivo e tosse, 
a mãe pragueja sem raiva na cozinha. 
Assim que escurecer vounamorar. 
Que mundo ordenado e bom! 
Namorar quem? 
Minha alma nasceu desposada 
com um marido invisível. 
Quando ele fala roreja 
quando ele vem eu sei, 
porque as hastes se inclinam. 
Eu fico tão atenta que adormeço 
a cada ano mais. 
Sob juramento lhes digo: 
tenho 18 anos. Incompletos. 
 
 
 
Tema: Amor 
 
 
AMOR FEINHO 
 
Eu quero amor feinho. 
Amor feinho não olha um pro outro. 
Uma vez encontrado, é igual fé, 
não teologa mais. 
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por 
sexo 
e filhos tem os quantos haja. 
Tudo que não fala, faz. 
Planta beijo de três cores ao redor da casa 
e saudade roxa e branca, 
da comum e da dobrada. 
Amor feinho é bom porque não fica velho. 
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o 
que é: 
eu sou homem você é mulher. 
Amor feinho não tem ilusão, 
o que ele tem é esperança: 
eu quero amor feinho. 
 
 
 
 
Simplesmente amor 
Amor é a coisa mais alegre 
Amor é a coisa mais triste 
Amor é a coisa que mais quero 
Por causa dele falo palavras como lanças 
 
Amor é a coisa mais alegre 
Amor é a coisa mais triste 
Amor é a coisa que mais quero 
Por causa dele podem entalhar-me: 
Sou de pedra sabão. 
 
Alegre ou triste 
Amor é a coisa que mais quero. 
 
 
AMOR VIOLETA 
O amor me fere é debaixo do braço, 
de um vão entre as costelas. 
Atinge meu coração é por esta via inclinada. 
Eu ponho o amor no pilão com cinza 
e grão de roxo e soco. Macero ele, 
faço dele cataplasma 
e ponho sobre a ferida. 
 
Enredo para um tema 
Ele me amava, mas não tinha dote, 
só os cabelos pretíssimos e um beleza 
de príncipe de estórias encantadas. 
Não tem importância, falou a meu pai, 
se é só por isto, espere. 
Foi-se com uma bandeira 
e ajuntou ouro pra me comprar três vezes. 
Na volta me achou casada com D. Cristóvão. 
Estimo que sejam felizes, disse. 
O melhor do amor é sua memória, disse meu 
pai. 
Demoraste tanto, que...disse D. Cristóvão. 
Só eu não disse nada, 
nem antes, nem depois. 
 
 
 
Pranto Para Comover Jonathan 
Os diamantes são indestrutíveis? 
Mais é meu amor. 
O mar é imenso? 
Meu amor é maior 
mais belo sem ornamentos 
do que um campo de flores. 
Mais triste do que a morte, 
mais desesperançado 
do que a onda batendo no rochedo 
mais tenaz que o rochedo. 
Ama e nem sabe mais o que ama. 
 
 
 
 
 
 
Tema: Conversas com outros textos 
Com licença poética 
Quando nasci um anjo esbelto, 
desses que tocam trombeta, anunciou: 
vai carregar bandeira. 
Cargo muito pesado pra mulher, 
esta espécie ainda envergonhada. 
Aceito os subterfúgios que me cabem, 
sem precisar mentir. 
Não sou feia que não possa casar, 
acho o Rio de Janeiro uma beleza e 
ora sim, ora não, creio em parto sem dor. 
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. 
Inauguro linhagens, fundo reinos 
— dor não é amargura. 
Minha tristeza não tem pedigree, 
já a minha vontade de alegria, 
sua raiz vai ao meu mil avô. 
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. 
Mulher é desdobrável. Eu sou. 
 
 
 
 
Harry Potter 
Quando era criança 
escondia-me no galinheiro 
hipnotizando galinhas. 
Alguma força se esvaía de mim, 
pois ficávamos tontas, eu e elas. 
Ninguém percebia minha ausência, 
o esforço de levantar-me pelas próprias orelhas, 
tentando o maravilhoso. 
Até hoje fico de tocaia 
para óvnis, luzes misteriosas, 
orar em línguas, ter o dom da cura. 
Meu treinamento é ordenar palavras: 
Sejam um poema, digo-lhes, 
não se comportem como, no galinheiro, 
eu com as galinhas tontas. 
 
 
 
 
Agora, ó José 
É teu destino, ó José, 
a esta hora da tarde, 
se encostar na parede, 
as mãos para trás. 
Teu paletó abotoado 
de outro frio te guarda, 
enfeita com três botões 
tua paciência dura. 
A mulher que tens, tão histérica, 
tão histórica, desanima. 
Mas, ó José, o que fazes? 
Passeias no quarteirão 
o teu passeio maneiro 
e olhas assim e pensas, 
o modo de olhar tão pálido. 
Por improvável não conta 
O que tu sentes, José? 
O que te salva da vida 
é a vida mesma, ó José, 
e o que sobre ela está escrito 
a rogo de tua fé: 
“No meio do caminho tinha uma pedra” 
“Tu és pedra e sobre esta pedra”. 
A pedra, ó José, a pedra. 
Resiste, ó José. Deita, José, 
Dorme com tua mulher, 
gira a aldraba de ferro pesadíssima. 
O reino do céu é semelhante a um homem 
como você, José. 
 
Tema: Deus e Bíblia 
A FILHA DA ANTIGA LEI 
 
Deus não me dá sossego. É meu aguilhão. 
Morde meu calcanhar como serpente, 
faz-se verbo, carne, caco de vidro, 
pedra contra a qual sangra minha cabeça. 
Eu não tenho descanso neste amor. 
Eu não posso dormir sob a luz do seu olho que me fixa. 
Quero de novo o ventre de minha mãe, 
sua mão espalmada contra o umbigo estufado, 
me escondendo de Deus. 
 
Direitos humanos 
Sei que Deus mora em mim 
como sua melhor casa. 
sou sua paisagem, 
sua retorta alquímica 
e para sua alegria 
seus dois olhos. 
Mas esta letra é minha. 
 
 
 
Artefato nipônico 
A borboleta pousada 
ou é Deus 
ou é nada. 
 
Paixão 
De vez em quando Deus me tira a poesia. 
Olho pedra, vejo pedra mesmo. 
O mundo, cheio de departamentos, não é a bola bonita caminhando 
solta no espaço. 
 
 
Orfandade 
Meu Deus, 
me dá cinco anos. 
Me dá um pé de fedegoso com formiga preta, 
me dá um natal e sua véspera, 
o ressonar das pessoas no quartinho. 
Me dá a negrinha Fia pra eu brincar, 
me dá uma noite pra eu dormir com minha mãe. 
Me dá minha mãe, alegria sã e medo remediável, 
me dá a mão, me cura de ser grande, 
ó meu Deus, meu pai, 
meu pai. 
 
Parâmetro 
Deus é mais belo que eu. 
E não é jovem. 
Isto sim, é consolo. 
. 
 
 
Parte III - Atividades 
LEITURA E ESCRITA 
 
Após a leitura da biografia de Adélia Prado, responda: 
 
1. “Adélia Prado nasceu em Divinópolis, em Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935. Era filha 
de João do Prado Filho, ferroviário, e de Ana Clotilde Correa.”. A frase em destaque permite 
compreender que o pai de Adélia Prado trabalhava: 
a) Em uma empresa de táxis. 
b) Em uma empresa de trens de ferro. 
c) Em uma empresa de ônibus. 
d) Em uma empresa de ferro fundido. 
 
2. Qual o assunto principal do texto? 
a) O trabalho de Adélia Prado na Secretaria de Educação e Cultura de Divinópolis. 
b) O exercício do magistério realizado por Adélia durante 24 anos. 
c) A vida e obra da professora e escritora mineira Adélia Prado. 
d) O período que Adélia Prado passou sem escrever nem um verso. 
 
3. Quando criança, onde Adélia Prado residia com sua família? 
a) Na Rua Minas Gerais. 
b) Na Rua Divinópolis. 
c) Na Rua Ceará. 
d) Na Rua Rio de Janeiro. 
 
4. “Conta a autora que o livro foi iniciado em 1987, mas depois de concluir o primeiro capítulo, foi 
acometida de uma crise de depressão, que a bloquearia literariamente por longo tempo. Disse 
que vê “a aridez como uma experiência necessária” e que “essa temporada no deserto” lhe fez 
bem”. A expressão em destaque permite compreender que a mineira Adélia Prado: 
a) Passou um bom tempo se dedicando ao seu último livro lançado. 
b) Passou um bom tempo sem escrever nenhuma linha, nenhum verso. 
c) Passou um bom tempo trabalhando em um deserto. 
d) Passou um bom tempo trabalhando na Secretaria de Educação e Cultura. 
 
5. “Fernanda Montenegro estreia, no Teatro Delfim – Rio de Janeiro, em 1987, o espetáculo ‘Dona 
Doida’ – um interlúdio, baseado em textos de livros da autora” – Fernanda Montenegro é: 
a) Irmã de Adélia Prado e sua intérprete no teatro. 
b) Uma atriz brasileira conhecida internacionalmente. 
c) Uma escritora brasileira conhecida internacionalmente. 
d) Nenhuma das alternativas anteriores. 
 
6. “Conta a autora que o livro foi iniciado em 1987, mas depois de concluir o primeiro capítulo, foi 
acometida de uma crise de depressão, que a bloquearia literariamente por longo tempo”. A 
palavra em destaque tem o mesmo sentido de: 
a) Pegar. 
b) Sentir. 
c) Comer. 
d) Adoecer. 
 
7. Escolha um poema de Adélia Prado e copie-o a seguir. Faça uma ilustração sobre o poema.Entrevista | Adélia Prado 
Sentindo-se uma estreante aos 80 anos, Adélia Prado lança 
sua Poesia reunida e comemora os 40 anos de seu livro de 
estreia. 
Lançado há 40 anos, Bagagem (1976), primeiro livro de 
Adélia Prado, continua um marco. Maduro suficiente para 
Carlos Drummond de Andrade elogiá-lo à época do 
lançamento, segue como uma das melhores estreias poéticas 
da literatura nacional. 
A leitura do seu conjunto de livros exalta os recursos 
estilísticos e a variedade de temas utilizados por Adélia ao 
longo da carreira. No entanto, é a religiosidade, sob viés mais 
metafísico que espiritual, que permeia toda a obra da autora. 
O que, no entanto, não reduz sua poesia à carolice. A cada 
virar de página, uma surpresa com a poeta do interior de 
Minas que consegue falar tão intensamente sobre tantas 
coisas, como casamento, família, cotidiano etc. Confira o 
bate-papo. 
Seu primeiro livro, Bagagem (1976), foi lançado há quase 
quatro décadas. A coletânea foi saudada pela maturidade 
estética e de temas, mas também por ser o equivalente 
poético a um “romance de formação”. Hoje, com o 
distanciamento do tempo, que leitura a senhora faz daquela 
estreia? 
Bagagem faz 40 anos agora. Foi uma alegria enorme escrevê-
lo. Mas continuo estreando, sempre me vejo como caloura. 
Isso me dá descanso e ao mesmo tempo o gosto de escavar 
palavras quando à vista de um novo livro, como um 
garimpeiro. É sempre novo. 
A senhora, desde o primeiro livro, sempre recebeu muita 
atenção da crítica e de outros grandes autores, como 
Drummond, Clarice Lispector e Affonso Romano de 
Sant’Anna, entre outros. Como lidou com essa expectativa e 
atenção recebida? 
Estas “atenções” me confirmaram a suspeita íntima de que eu 
era mesmo poeta. Ganhei a carteirinha. 
No seu primeiro livro há dois poemas que fazem referência 
a Carlos Drummond de Andrade. Ele foi a principal 
referência para a senhora naquele momento? 
Sim. 
Em Terra de Santa Cruz há um poema muito curioso sobre a 
existência e utilidade dos mapas (“Legenda com a palavra 
mapa”). Tudo, para a senhora, é poesia? 
Qualquer coisa é a casa da poesia. Ela é inclusiva por natureza. 
Há séculos Tomás de Aquino já ensinava: “Todo ser é belo”. 
A Bíblia sempre exerceu uma grande influência em sua 
escrita. Para além da religiosidade, do cristianismo, o que 
mais a fascina no livro? 
Sua poesia. 
A religiosidade talvez seja o traço mais marcante de sua 
poética. Não teve receio de que isso fosse algo que 
interferisse demais em sua produção, a ponto de que outros 
aspectos importantes de sua poética (como o amor, a 
oralidade, a cultura popular, o cotidiano, a lembrança etc.) 
fossem ofuscados? 
Nunca. Ela, a poesia, pode falar sobre qualquer coisa ou sobre 
uma coisa só. Os pintores que escolhem pintar apenas 
animais ou garrafas não por isso deixam de ser universais se 
são pintores de verdade. 
Nos poemas “A vida eterna” e “A bela adormecida”, do livro 
O pelicano (1987), a senhora reflete sobre os 50 anos. Hoje, 
aos 80, acha que existe uma idade em que o poeta atinge o 
auge de sua forma? 
Não gosto de ponto final. Amo os dois pontos. Há poetas que 
fizeram obras geniais aos 19 anos e depois pararam de 
escrever. Outros continuaram de maneira menos brilhante. 
Outros seguiram cada vez melhores. Não sei responder em 
que idade nada disso pode acontecer. 
Acha que existem grandes diferenças entre a poesia escrita 
por homens e a produzida por mulheres? 
Nenhuma, se homem ou mulher estão fazendo poesia 
mesmo. A diferença, eventualmente, será na casuística do 
poema, visão do mundo, experiências. 
Como a senhora gostaria que sua poesia fosse vista no 
futuro? 
Como foi vista em seu começo. 
Adaptado de https://www.bpp.pr.gov.br/Candido/Pagina/Entrevista-Adelia-Prado 
 
https://www.bpp.pr.gov.br/Candido/Pagina/Entrevista-Adelia-Prado
1. Conhecer a biografia de um poeta ou de um autor nos ajuda, muitas vezes, a entender 
como ele pensava ou porque escrevia sobre determinados temas. Após a leitura da 
entrevista, de reler a biografia de Adélia Prado e realizar pesquisas sobre a autora, indique: 
 
a) Qual foi a primeira obra escrita por Adélia Prado? 
_____________________________________________________________________ 
b) Quais prêmios ela recebeu? 
______________________________________________________________________ 
c) Qual é o poeta que foi exemplo e inspiração para a escrita do seu primeiro livro? 
______________________________________________________________________ 
d) Qual é a influência da Bíblia e da religiosidade nas obras da autora? 
______________________________________________________________________ 
______________________________________________________________________ 
e) Quais são os principais temas abordados em suas obras? 
______________________________________________________________________ 
f) Qual é a posição da autora sobre a escrita poética de homens e mulheres? 
_____________________________________________________________________ 
______________________________________________________________________ 
g) Com inspiração na vida e nas obras da autora, crie um acróstico a partir do seu nome. 
 
A___________________________________________________________________ 
D___________________________________________________________________ 
E___________________________________________________________________ 
L___________________________________________________________________ 
I___________________________________________________________________ 
A___________________________________________________________________ 
 
P___________________________________________________________________ 
R___________________________________________________________________ 
A___________________________________________________________________ 
D___________________________________________________________________ 
O___________________________________________________________________ 
 
Leia os seguintes versos: 
 
I. Quando nasci, um anjo torto 
Desses que vivem na sombra 
Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida 
 (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964) 
 
II. Quando nasci veio um anjo safado 
O chato dum querubim 
E decretou que eu tava predestinado 
A ser errado assim 
Já de saída a minha estrada entortou 
Mas vou até o fim. 
 (BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia das Letras, 1989) 
 
III. Quando nasci um anjo esbelto 
Desses que tocam trombeta, anunciou: 
Vai carregar bandeira. 
Carga muito pesada pra mulher 
Esta espécie ainda envergonhada. 
 (PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986) 
 
2. Em “Com Licença Poética” (trecho III), Adélia Prado estabelece um diálogo com o “Poema 
de Sete Faces” (trecho I), de Carlos Drummond de Andrade. Esse recurso é denominado 
a) contextualização. 
b) intertextualidade. 
c) citação. 
d) ironia. 
 
 Você já passou pela experiência de estar lendo um texto e perceber que aquela passagem 
já foi lida em outro? Isso ocorre porque os textos, constantemente, conversam entre si, criando 
diálogos. A esse processo linguístico chamamos intertextualidade. 
 Intertextualidade é, portanto, o nome dado à relação que se estabelece entre dois textos, 
quando um texto já criado exerce influência na criação de um novo texto. Diversos autores utilizam 
textos já existentes e reconhecidos, chamados de textos fontes, para servir de base às suas novas 
criações. 
 
3. Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos 
Drummond de Andrade, por: 
a) repetição de imagens. 
b) oposição de ideias. 
c) falta de criatividade. 
d) negação dos versos. 
e) ausência de recursos. 
 
4. Transcreva duas passagens do poema de Adélia Prado que remetem diretamente aos 
versos de Drummond. 
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 
5. Quais as diferenças entre os anjos do poema de Drummond, do Chico Buarque e de 
Adélia Prado? 
_____________________________________________________________________________ 
____________________________________________________________________________ 
6. Nos poemas, a postura do "eu lírico" frente à vida é determinada pela apresentação do 
anjo. Explique como eles entendem a vida. 
_____________________________________________________________________________ 
____________________________________________________________________________ 
7. Releia o poema “Agora, ó José”. Ele estabelece intertextualidade com qual outro poema? 
Quais são as semelhanças e diferenças entre eles? 
_____________________________________________________________________________ 
____________________________________________________________________________ 
8. Releia o poema “Harry Potter”. Apesar do título, o eu-lírico fala sobre si e não sobre a 
personagem famosa, por qual razão você acredita que Adélia Prado tenha dado este 
título ao poema? 
____________________________________________________________________________ 
____________________________________________________________________________ 
 
9. Assim como fez Adélia Prado, inspire no poema “Esperando Sarinha” e faça o seu próprio 
poema com o recurso da intertextualidade. 
______________________________________________ 
_____________________________________________ 
_____________________________________________ 
_____________________________________________ 
_____________________________________________ 
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_____________________________________________ 
_____________________________________________ 
_____________________________________________ 
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________________________________________________________________________________ 
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________________________________________________________________________________ 
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________________________________________________________________________________ 
 
Ensinamento 
Minha mãe achava estudo 
a coisa mais fina do mundo. 
Não é. 
A coisa mais fina do mundo é o sentimento. 
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, 
ela falou comigo: 
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”. 
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente. 
Não me falou em amor. 
Essa palavra de luxo. 
 
10. Segundo o texto, a coisa mais fina do mundo é o estudo? Explique. 
_____________________________________________________________________________ 
____________________________________________________________________________ 
 
11. Que palavra do poema melhor sintetiza seu título? Justifique sua escolha. 
_____________________________________________________________________________ 
____________________________________________________________________________ 
 
12. O poema revela traços psicológicos que permitem a caracterização da mãe do eu lírico. Que 
verso é mais apropriado para que se comprove essa afirmação? 
_____________________________________________________________________________ 
____________________________________________________________________________ 
 
13. O poema “Ensinamento”, entre outros aspectos, versa sobre os relacionamentos humanos, 
revelando que: 
 
a) o amor é uma palavra de luxo por ser escasso na relação familiar apresentada. 
b) a mulher é representada por uma figura reprimida, sem acesso ao estudo e subjugada ao marido. 
c) o eu lírico aprendeu com a mãe um ensinamento sobre o amor por meio de uma experiência cotidiana. 
d) o eu lírico apresenta discordância em relação ao ensinamento da mãe, buscando criticá-la por sua 
postura submissa. 
e) há diferenças entre gerações; no caso, a mãe valoriza o casamento, enquanto a filha preocupa-se com 
o futuro profissional. 
 
14. Leia as seguintes afirmações sobre o poema “Ensinamento”, de Adélia Prado. 
I - O sujeito lírico mostra que o sentimento é revelado pelas ações das pessoas. 
II - A cena recuperada mostra o gesto de amor da mãe para com o pai. 
III - O ensinamento do poema é que o amor é mais importante do que a instrução. 
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas III. 
d) Apenas I e III. 
e) I, II e III. 
 
15. Assim como fez Adélia Prado, inspire no poema “Ensinamento” e faça um pequeno 
poema que tenha como tema a história de uma mulher. 
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________________________________________________________________________________ 
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GRAMÁTICA 
ANÍMICO 
Anímico Nasceu no meu jardim um pé de mato 
Que dá flor amarela. 
Toda manhã vou lá pra escutar a zoeira Da insetaria na festa. 
Tem zoando de todo jeito: 
Tem do grosso, do fino, de aprendiz e de mestre. 
É pata, é asa, é boca, é bico. 
É grão de poeira e pólen na fogueira do sol. Parece que a arvorinha conversa. 
 
Adélia Prado. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano. 
Entendendo a poesia: 
16. O que é anímico? 
____________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________ 
17. O que significa “na fogueira do sol”? 
____________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________ 
18. Que palavra está usada em sentido figurado? Na frase abaixo. “Parece que a arvorinha conversa.” 
____________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________ 
19. Por que a palavra “anímico” tem acento? Escreva outras palavras acentuadas de acordo com a 
mesma regra ortográfica. 
____________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________ 
20. A autora escreveu “arvorinha”. De que outra formapodemos escrever esse diminutivo? 
____________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________ 
21. Dê as outras formas de diminutivo de: 
Colherinha: colherzinha. · 
a) Amorinho: _____________ 
b) Florinha: ______________ 
 
 
22. “Insetaria” é derivado de inseto. Escreva derivados de: 
a) Nascer: _________________ 
b) Jardim: _________________ 
c) Aprendiz: ________________ 
d) Pólen: __________________ 
e) Sol: ____________________ 
 
23. Escolha duas palavras do exercício anterior e escreva uma quadra. 
________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________ 
 
Releia o poema “A diva”. 
 
Vamos ao teatro, Maria José? 
Quem me dera, 
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha 
tou podre. Outro dia a gente vamos 
Falou meio triste, culpada, 
e um pouco alegre por recusar com orgulho 
TEATRO! Disse no espelho. 
TEATRO! Mais alto, desgrenhada. 
TEATRO! E os cacos voaram 
sem nenhum aplauso. 
Perfeita. 
 
24. Sobre o poema acima, assinale V ou F: 
 
a. ( ) É um poema narrativo, de modo que o leitor se deixa levar pela cena descrita, imaginando-a 
conforme o diálogo nela existente. 
b. ( ) Surpreende o leitor pelo seu efeito poético no final. 
c. ( ) Relata uma experiência real vivida por uma atriz. 
d. ( ) A repetição da palavra "teatro" pretende reforçar a impossibilidade da personagem de se libertar 
de seu cotidiano cansativo de dona de casa. 
d) ( ) Descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora. 
e) ( ) Diante das obrigações do dia a dia, ir ao teatro parece ser para Maria José um luxo supérfluo. 
 
25. Reescreva o poema “A diva”, fazendo a sua transposição para prosa. Não se esqueça de que é 
importante marcar os diálogos com a pontuação. Você poderá incluir mais elementos. 
________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________ 
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________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________ 
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Observe o poema: 
 
26. Compare estas orações: 
I. O trem de ferro atravessou a rua, enquanto os carros esperavam. 
II. [O trem de ferro] “atravessa a noite, a madrugada, o dia.” 
III. [O trem de ferro] “atravessou minha vida, / virou só sentimento.” 
Assinale a alternativa incorreta em relação às orações e ao poema. 
a) Na oração de número I, o verbo atravessar foi empregado com o sentido comum, encontrado no 
dicionário, que é “transpor, passar para o outro lado”. 
b) Na frase de número III, o trem de ferro torna-se uma lembrança ou uma emoção permanente na memória 
do eu lírico, a que ele chama sentimento. 
c) No segundo verso do poema, a palavra mas introduz uma ideia de oposição entre “noite” e “dia”. 
d) A utilização da palavra atravessou, no terceiro verso, fora do sentido usual, constitui uma metáfora, ou 
seja, uma figura de linguagem baseada na comparação. 
e) O título do poema — “Explicação de Poesia sem Ninguém Pedir” — possibilita a seguinte interpretação 
do texto: a poesia transfigura os objetos, convertendo-os em sentimento. 
27. Retomando a biografia da autora, explique por qual razão o trem de ferro é importante na vida de 
Adélia Prado. 
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____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ 
 
Leia as considerações a seguir e o poema “Alfândega” para responder as questões de 28 a 30. 
 
Alfândega é um título de poema bastante interessante e compatível com a escolha da poetisa se 
pensarmos no livro em que está inserido: Bagagem. Ambas as palavras pressupõem a presença de um 
eu-lírico em trânsito, que se desloca, que leva consigo apenas aquelas coisas que considera essenciais. É 
na alfândega que habitualmente os viajantes declaram os bens físicos que pretendem carregar, no entanto, 
o que o eu-lírico oferece nesse momento da sua viagem são sentimentos, impressões, lembranças, 
subjetividades. As sensações parecem elencadas ao acaso, movidas por um fluxo de consciência que traz 
à tona emoções ao acaso. Ao final do poema, o sujeito poético chega a uma conclusão inusitada: ele 
abandona um dos bens (o dente) para poder seguir adiante. 
 
Alfândega 
O que pude oferecer sem mácula foi 
meu choro por beleza ou cansaço, 
um dente exraizado, 
o preconceito favorável a todas as formas 
do barroco na música e o Rio de Janeiro 
que visitei uma vez e me deixou suspensa. 
‘Não serve’, disseram. E exigiram 
a língua estrangeira que não aprendi, 
o registro do meu diploma extraviado 
no Ministério da Educação, mais taxa sobre vaidade 
nas formas aparente, inusitada e capciosa — no que 
estavam certos — porém dá-se que inusitados e capciosos 
foram seus modos de detectar vaidades. 
Todas as vezes que eu pedia desculpas diziam: 
‘Faz-se de educado e humilde, por presunção’, 
e oneravam os impostos, sendo que o navio partiu 
enquanto nos confundíamos. 
Quando agarrei meu dente e minha viagem ao Rio, 
pronto a chorar de cansaço, consumaram: 
‘Fica o bem de raiz pra pagar a fiança’. 
Deixei meu dente. 
Agora só tenho três reféns sem mácula. 
 
 
28. Indique o significado dos seguintes termos retirados do poema: 
a) “mácula”: _______________________________________________________________________ 
b) “inusitada”: ______________________________________________________________________ 
c) “capciosa”: ______________________________________________________________________ 
d) “presunção”: _____________________________________________________________________ 
e) “oneravam”: _____________________________________________________________________ 
 
29. Transcreva do texto palavras acentuadas de acordo com as seguintes regras: 
a) Proparoxítonas são sempre acentuadas: _____________________________________________ 
b) Paroxítonas terminadas em –L são acentuadas: _______________________________________ 
c) Paroxítonas terminadas em ditongo oral são acentuadas: ________________________________ 
d) Oxítonas terminadas em –EM/-ENS (com mais de uma sílaba) são acentuadas: ______________ 
____________________________________________________________________________________ 
 
30. Transcreva do texto: 
a) Dez adjetivos: ______________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________ 
b) Dez verbos no pretérito perfeito do indicativo: ______________________________________ 
c) Cinco verbos no pretérito imperfeito do indicativo: ___________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
 
 
TÉCNICA DE REDAÇÃO 
Saber fazer um comentário de texto ou mensagem é uma atividade muito importante, pois é um gênero 
que faz parte da vida cotidiana e de algumas provas. Saber fazer um bom comentário vai ajudar muito 
na sua trajetória escolar. 
Depois da leitura das frases de “Adélia Prado”, escreva um comentário sobre a mensagem: 
 
FRASES COMENTÁRIOS 
 
 
 
 
 
 
 
FOTOGRAFIA 
Quando minha mãe posoupara este que foi seu único retrato, 
mal consentiu em ter as têmporas curvas. 
Contudo, há um desejo de beleza no seu rosto 
que uma doutrina dura fez contido. 
A boca é conspícua, 
mas as orelhas se mostram. 
O vestido é preto e fechado. 
O temor de Deus circunda seu semblante, 
como cadeia. Luminosa. Mas cadeia. 
Seria um retrato triste 
se não visse em seus olhos um jardim. 
Não daqui. Mas jardim. 
 
31. Procure no dicionário os termos abaixo. 
 
a) têmporas:_______________________________________________________ 
b) contido (conter):__________________________________________________ 
c) conspícua (conspícuo):_____________________________________________ 
d) circunda (circundar):_______________________________________________ 
 
32. No retângulo ao lado do poema, faça uma ilustração de FOTOGRAFIA. 
 
33. Quais adjetivos contribuem para a descrição de: 
a) Têmporas ________________________________ 
b) Boca ____________________________________ 
c) Vestido __________________________________ 
 
34. O título do texto é “Fotografia”, qual palavra retoma o título ao longo do texto? 
___________________________________________________________________________ 
35. Qual é a impressão que a personagem tem a respeito da fotografia de sua mãe? 
___________________________________________________________________________ 
Poesia Descritiva 
Assim como na prosa, na poesia a descrição, normalmente, ocorre dentro de uma narração. 
O poema descritivo pode apresentar linguagem subjetiva e/ou objetiva, e pretende apresentar características de 
uma pessoa ou paisagem, real ou imaginária, reproduzido suas particularidades físicas e/ou psicológicas. 
Os pormenores físicos são as características que se referem aos sentidos (visão, tato, paladar, olfato e visão), que 
retratam os aspectos exteriores do ser como os traços faciais, as partes do corpo, o jeito de falar, andar, e de se 
vestir. Os pormenores psicológicos são as características que se referem aos aspectos emocionais e mentais do 
ser: comportamento, qualidades, defeitos, personalidade, caráter, virtudes e preferências. 
36. O poema “Fotografia” é constituído de quantos versos? 
___________________________________________________________________________ 
37. A partir da observação da fotografia a seguir, elabore um pequeno poema descritivo, assim como 
fez Adélia Prado. 
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Releia o Poema “Janela”. Grife os elementos descritivos. 
Janela 
Janela, palavra linda. 
Janela é o bater das asas da borboleta amarela. 
Abre pra fora as duas folhas de madeira à-toa pintada, 
janela jeca, de azul. 
 
Eu pulo você pra dentro e pra fora, monto a cavalo em você, 
meu pé esbarra no chão. Janela sobre o mundo aberta, por onde vi 
o casamento da Anita esperando neném, a mãe 
do Pedro Cisterna urinando na chuva, por onde vi 
meu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai: 
minhas intenções com sua filha são as melhores possíveis. 
 
Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão, 
claraboia na minha alma, 
olho no meu coração. 
 
38. Em “Janela é o bater das asas da borboleta amarela”, qual é a comparação que a autora faz? 
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39. O que a autora quis dizer com “claraboia na minha alma”? 
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Toquinho e Vinícius também fizeram poemas sobre coisas/ objetos. Leia os trechos apresentados a seguir. 
 
O Caderno 
Sou eu que vou seguir você 
Do primeiro rabisco até o bê-á-bá 
Em todos os desenhos coloridos vou estar 
A casa, a montanha, duas nuvens no céu 
E um sol a sorrir no papel 
 
A casa 
Era uma casa muito engraçada 
Não tinha teto, não tinha nada 
Ninguém podia entrar nela não 
Porque na casa não tinha chão 
 
 
 
 
40. Assim como fez Adélia Prado, Vinicius e Toquinho escolha um objeto e faça um poema sobre ele. 
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DONA DOIDA 
Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso 
com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora. 
Quando se pôde abrir as janelas, 
as poças tremiam com os últimos pingos. 
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema, 
decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos. 
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora, 
trinta anos depois. Não encontrei minha mãe. 
A mulher que me abriu a porta riu de dona tão velha, 
com sombrinha infantil e coxas à mostra. 
Meus filhos me repudiaram envergonhados, 
meu marido ficou triste até a morte, 
eu fiquei doida no encalço. 
Só melhoro quando chove. 
 
41. Identifique os elementos característicos do texto 
narrativo presentes no texto anterior: 
a) Qual é o tipo de narrador? 
 ( ) narradorpersonagem ( ) narrador observador 
 
b) Quem são as personagens? 
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c) Reescreva as palavras ou expressões que indicam o tempo em que se passa o poema. 
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d) Em relação ao enredo, indique três fatos que marcam períodos diferentes da vida da personagem. 
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42. Em seus poemas, Adélia Prado demonstra uma busca primordial pela autodescoberta, pela 
autodefinição; há a busca pela identidade, que se dá, muitas vezes pela poesia dentro do seu 
próprio universo feminino. Descobrindo-se poeta, ela descobre-se mulher, pois a poesia é exercício 
espiritual, método de libertação interior, regresso à infância; confissão; consciência de ser algo mais 
que passagem; experiência inata, coletiva e pessoal. Em “’Serenata”, “Casamento”, “A diva” e “A 
Bela Adormecida”, Adélia Prado usa como tema o universo feminino. Faça como a poetisa e elabore 
um poema que trata da MULHER. 
Poesia Narrativa 
A poesia mais antiga não foi escrita, mas 
falada, recitada, contada ou cantada. 
Recursos poéticos como ritmo, rima e 
repetição tornavam as histórias mais 
fáceis de serem memorizadas, 
facilitando, dessa forma, que elas fossem 
transportadas por longas distâncias e 
transmitidas de geração em geração. 
A partir dessa tradição oral, nasceu a 
poesia narrativa. Essa forma de poesia 
conta histórias por meio de versos. 
Como um romance ou conto, um poema 
narrativo tem enredo, personagens e 
cenário. Usando uma variedade de 
técnicas poéticas, como rima e métrica, 
a poesia narrativa apresenta uma série 
de eventos, muitas vezes incluindo ação 
e diálogo. 
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43. Releia o poema “Com licença poética”, converse sobre ele com sua professora e seus colegas. 
Faça anotações do que considerar importante. 
 
 
 
 
 
Agora é a sua vez 
44. Utilize o poema “Com licença poética”, de Adélia Prado, como base para a construção do seu 
poema. 
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Quando nasci um anjo ______________ 
desses que __________ _____________, anunciou: 
______________________________ 
__________ muito __________ pra _________ 
___________________________________. 
(...) 
Não sou tão _________ que não possa __________, 
acho ____ ______________ uma __________ e 
ora sim, ora não, creio _______________. 
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. 
Inauguro linhagens, fundo reinos 
-- dor não é __________________. 
Minha ______________ não tem ____________, 
já a minha vontade de ____________, 
sua raiz vai ao meu mil avô. 
Vai ser __________ na vida é ___________ pra ___________. 
___________ é _______________. Eu sou. 
 
Em “Com licença poética” a autora conta um pouco de seu nascimento e, em “Harry Potter” ela apresenta 
momentos de sua infância. Leia o poema: 
Harry Potter 
Quando era criança 
escondia-me no galinheiro 
hipnotizando galinhas. 
Alguma força se esvaía de mim, 
pois ficávamos tontas, eu e elas. 
Ninguém percebia minha ausência, 
o esforço de levantar-me pelas próprias orelhas, 
tentanto o maravilhoso. 
Até hoje fico de tocaia 
para óvnis, luzes misteriosas, 
orar em línguas, ter o dom da cura. 
Meu treinamento é ordenar palavras: 
Sejam um poema, digo-lhes, 
não se comportem como, no galinheiro, 
eu com as galinhas tontas. 
 
 
Agora é a sua vez! 
 
45. Nós conhecemos alguns poemas narrativos “Esperando Sarinha”, “Com licença poética” e “Harry 
Potter”, que tratam do universo infantil. Inspire-se nesses poemas e elabore um poema sobre a sua 
INFÂNCIA. 
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