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Fatos Jurídicos CONCEITO São acontecimentos, previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas. Dessa forma, entende-se que nem todos os fatos da vida humana possuem relevância jurídica. Atos são espécies de fatos jurídicos.. Nascimento de Direito A aquisição de um direito ocorre com a sua incorporação ao patrimônio e à personalidade do particular e pode ser classificada de várias formas: Originária: ocorre sem interferência de um titular anterior (ex.: usucapião); Derivada: decorre da transferência feita por outra pessoa (ex.: doação). Gratuita: quando só o adquirente aufere vantagens (ex.: herança); Onerosa: quando se exige uma contraprestação do adquirente, possibilitando a ambos a obtenção de benefícios (ex.: compra e venda). A título singular: se refere a bens determinados, seja a título inter vivos ou título causa mortis (ex.: compra e venda); A título universal: quando o adquirente sucede o antecessor na totalidade de seus direitos (ex.: herdeiro) Extinção de Direitos Um direito pode se extinguir por diversas razões, como: o perecimento do objeto; a morte do titular do direito; a alienação do objeto; a prescrição; a decadência etc. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURIDICOS Classificam-se em: Fatos naturais e Fatos humanos. Fatos naturais: São aqueles provenientes de fenômenos naturais, sem a intervenção da vontade humana, e que produzem efeitos jurídicos. Podem ser: Ordinários: aqueles que acontecem normalmente. (previsíveis.). E.x.: nascimento, maioridade, morte, decurso de tempo – prescrição e decadência. Extraordinários: aqueles que são chamados de caso fortuito e força maior. (imprevisíveis)., e tem importância para o Direito pq excluem qq responsabilidade. Ex.: desabamento de um edifício em razão de fortes chuvas, incêndio de uma casa provocado por um raio, naufrágio de uma embarcação decorrente de um maremoto. Fatos humanos: São acontecimentos que dependem da vontade humana, abrangendo tanto os atos lícitos como os ilícitos. Atos ilícitos: São os que têm relevância para o direito por gerarem obrigações e deveres para quem os pratica.. (Art. 186 e 187 do CC). Atos lícitos: A consequência para a sua pratica é a obtenção de um direito, o que acarreta a produção de efeitos jurídicos desejados pelo agente. Assim, os atos lícitos são divididos em: ato jurídico em sentido estrito e negocio jurídico. (Art. 185 do CC). Ato Jurídico em sentido estrito: Gera consequências jurídicas previstas em lei e não pelas partes interessadas, não havendo regulamentação de economia privada.. Classificam-se em: -Atos materiais ou reais: consistem numa atuação de vontade que lhes dá existência imediata, pois não se destinam ao conhecimento de determinada pessoa. -Participações: consistem em declarações para a ciência ou comunicação de intenções ou de fatos; ou seja, o sujeito pratica o ato para dar conhecimento a outrem. Conclui-se que possuem destinatário. Negocio jurídico: é o ato de autonomia de vontade, com a qual o particular regula por si os próprios interesses, logo, podemos afirmar que a sua essência é a autorregulação dos interesses particulares reconhecida pelo ordenamento jurídico (ex.: contrato de compra e venda, fazer um testamento, locar uma casa etc.). Classificação dos Negócios Jurídicos Quanto às vantagens que produzem: Gratuito: as partes objetivam benefício ou enriquecimento patrimonial sem qualquer contraprestação (ex.: doação – a parte que recebe a doação não realiza uma contraprestação); oneroso: as partes objetivam, reciprocamente, obter vantagens para si ou para outrem (ex.: compra e venda – deve-se pagar o preço para se obter a coisa); bifronte: pode ser gratuito ou oneroso, de acordo com a vontade das partes (ex.: o depósito – se eu peço para o meu vizinho guardar meu carro enquanto eu viajo, o depósito pode ser pago ou não); neutro: quando falta uma atribuição patrimonial, pois consiste em atribuir a um bem uma destinação específica (ex.: ato de instituição de bem de família, vincular bens com cláusula de incomunicabilidade ou inalienabilidade etc.). Quanto às formalidades: podem ser solenes ou não solenes: solene: requer, para a sua existência, uma forma especial prescrita em lei (ex.: testamento); e não solene: não exige forma legal para que ocorra a sua efetivação (ex.: compra e venda de bem móvel). Quanto ao conteúdo: podem ser patrimoniais ou extrapatrimoniais: patrimonial: versa sobre questões suscetíveis de aferição econômica (ex.: compra e venda). extrapatrimonial: versa sobre questões não suscetíveis de aferição econômica (ex.: questões relacionadas aos direitos personalíssimos e ao direito de família). Quanto à manifestação de vontade: podem ser unilaterais, bilaterais ou plurilaterais: unilateral: o ato volitivo (declaração de vontade) provém de um ou mais sujeitos, desde que estejam no mesmo polo da relação jurídica (ex.: testamento, promessa de recompensa etc.); bilateral ou plurilateral: a declaração volitiva emana de duas ou mais pessoas oriundas de polos diferentes na relação jurídica.. Podem ser: -Simples: quando concede benefício a uma das partes e encargo à outra (ex.: doação, depósito gratuito etc.); -Sinalagmático: quando confere vantagens e ônus a ambos os sujeitos. (ex.: compra e venda, locação etc.). Quanto ao tempo em que produzem seus efeitos: inter vivos: acarreta consequência jurídica enquanto o interessado ainda está vivo (ex.: doação, troca etc.) mortis causa: regula relações de direito após a morte do sujeito (ex.: testamento, legado etc.) Quanto aos seus efeitos: podem ser constitutivos ou declaratórios. constitutivo: a eficácia opera efeitos ex nunc, ou seja, a partir do momento da conclusão (ex.: compra e venda); declaratório: a eficácia opera efeitos ex tunc, ou seja, retroage e se efetiva a partir do momento em que se operou o fato a que se vincula a declaração de vontade (ex.: divisão do condomínio, partilha, reconhecimento de filhos etc.). Quanto à sua existência: podem ser principais e acessórios: principal: é aquele que existe por si mesmo, independentemente de qualquer outro (ex.: locação). acessório: é aquele cuja existência se subordina ao negócio principal (ex.: fiança). Quanto ao exercício dos direitos: podem ser de disposição ou de simples administração: negócio de disposição: implica o exercício de amplos direitos sobre o objeto (ex.: doação). negócio de simples administração: concerne ao exercício de direitos restritos sobre o objeto, sem que haja alteração em sua substância (ex.: locação de uma casa – o inquilino não pode vender a casa, pois tem apenas a posse). Interpretação dos negócios jurídicos A parte geral do Código Civil adota três importantes princípios para a interpretação dos negócios jurídicos: o Principio da prevalência dos da intenção dos agentes, principio da boa-fé e interpretação restritiva dos negocio benefícios. Principio da prevalência dos da intenção dos agentes: Nos negócios escritos, parte-se da declaração de vontade escrita para se chegar à vontade dos contratantes. Entretanto, quando uma determinada cláusula se mostra obscura e passível de dúvida, alegando um dos contratantes que não representa fielmente a vontade manifestada por ocasião da celebração do negócio, temos que a vontade prevalece sobre o sentido literal da linguagem, nos moldes do art. 112 do CC. Principio da boa-fé: intérpretes devem presumir que os contratantes procedem com lealdade e que tanto a proposta como a aceitação ocorreram dentro da regra da boa-fé. (art. 113 do CC) Interpretaçãorestritiva dos negócios benéficos: quando apenas um dos contratantes assume obrigações, como ocorre na doação. (art. 114 do CC) Representação Ocorre a representação quando uma pessoa celebra negocio jurídicos em nome da outra. Pode decorrer da lei (representação legal) ou da vontade do representado (representação voluntária ou convencional.). O negocio celebrado consigo mesmo, em regra é anulável, salvo quando houver permissão pela lei ou pelo representado., como exemplo, mandato em causa própria. Elementos do negócio jurídico Para o negocio jurídico existir e ser válido, são necessários quatro elementos essenciais: agente, objeto, forma e vontade.. Elementos objetivos: agente, objeto e forma. Elementos acidentais: Condição termo e encargo. Agente: Para o negocio jurídico ser valido, a pessoa que o celebra deve ser plenamente capaz. Caso contrário, o negócio pode ser nulo: ocorre a nulidade absoluta se for celebrado por pessoa absolutamente incapaz sem a devida representação e ocorre a nulidade relativa se o agente for relativamente capaz e não houver a devida assistência Objeto: o objeto deve ser lícito (de acordo com a lei, moral, ordem pública e bons costumes), deve ser possível e determinado. Caso contrário, o negocio jurídico é nulo. Forma: é o meio de exteriorização da vontade. Pode ser: Forma Livre ou geral: os negócios jurídicos são informais, podendo os agentes adotar a forma que bem lhes aprouver. Os negócios jurídicos, cujo valor não exceda a dez vezes o valor do salário mínimo vigente, poderão ser verbais, sendo que para efeito de prova serão indispensáveis as testemunhas do ato (art. 227 do CC. Forma especial ou solene: é aquela que, por lei, não pode ser preterida por outra e pode ser: - Forma especial ou solene única - Forma plural -Forma Genérica Forma contratual: É a que resulta da convenção das partes. Vontade Condição: É uma clausula que subordina a eficácia do negocio jurídico a evento futuro e incerto. Logo, não se considera condição o fato passado ou presente, mas somente o futuro. Existem algumas classificações para as condições, como: Quanto ao modo de atuação: -Condição suspensiva: as partes protelam, temporariamente, a eficácia do ato negocial até a realização do evento futuro e incerto. - Condição resolutiva: a ocorrência do evento futuro e incerto resolve (extingue) o direito transferido pelo negócio jurídico. Quanto à participação da vontade dos sujeitos -Condições causais: são as que dependem do acaso, de um acontecimento fortuito ou de força maior, ou seja, de um fato alheio à vontade das partes. - Condições potestativas: são as que decorrem da vontade de uma das partes. Podem ser puramente potestativas ou simplesmente potestativas. - Condições mistas: são as que dependem, simultaneamente, da vontade de uma das partes e da vontade de um terceiro. - Condições promíscuas: são as que se caracterizam no momento inicial como potestativas, vindo a perder tal característica por fato superveniente alheio à vontade do agente, que venha a dificultar sua realização. Quanto à possibilidade: -Condições fisicamente impossíveis: são as que contrariam as leis da natureza.. - Condições juridicamente impossíveis são a que contrariam a ordem legal. - Condições fisicamente possíveis: são as que não contrariam as leis da natureza.. - Condições juridicamente possíveis: são a que não contrariam a lei, a ordem pública ou os bons costumes. Quanto a licitude - Condições lícitas: quando o evento que a constitui não for contrário à lei, à ordem pública, à moral e aos bons costumes. - Condições ilícitas: são aquelas condenadas pela norma jurídicas, pela moral e pelos nos costumes. Termo: representa o dia em começa ou se extingue a eficácia do negócio jurídico. Quando convencionado no contrato, o termo subordina o efeito do negócio jurídico a um evento futuro e certo. O termo pode ser: inicial, final ou certo. Inicial: fixa o momento em que a eficácia do negócio jurídico deve iniciar, retardando o exercício do direito. Final: determina a data da cessação dos efeitos do ato negocial, extinguindo as obrigações dele oriundas. Certo: refere-se a um evento futuro e certo de ocorrer em data certa docalendário (dia, mês e ano), ou quando fixa certo lapso de tempo. Incerto: quando se refere a um acontecimento futuro e certo de ocorrer, que ocorrerá em data incerta. Encargo: é uma cláusula imposta nos negócios gratuitos, que restringe a vantagem do beneficiado. Trata-se de uma cláusula acessória aos atos que possuem caráter de liberalidade (doações e testamentos) pelo qual se impõe um ônus ou obrigação ao beneficiário. É admitido também em declarações unilaterais de vontade tal como uma promessa de recompensa. Reserva Mental: representa a emissão de uma declaração de vontade não desejada em seu conteúdo, tampouco em seu resultado, pois o declarante tem por único objetivo enganar o declaratário. Trata-se de um inadimplemento premeditado. Pode ser licita ou ilícita. • reserva mental lícita: é a reserva mental desconhecida pelo destinatário, onde o ato negocial subsistirá e o contratante deverá cumprir a obrigação assumida; • reserva mental ilícita: é a reserva mental conhecida pelo destinatário, ou seja, o destinatário sabe do inadimplemento premeditado por parte do contratante. Nesse caso, ocorre a invalidade do negócio jurídico. Defeitos e invalidade do negócio jurídico Os defeitos do negócio jurídico são imperfeições oriundas da declaração de vontade das partes acarretando nos vícios de consentimento do agente. Entretanto quando a vontade se desvia da lei ou da boa-fé, violando direitos ou prejudicando terceiros, configura-se então os vícios sociais. Vícios de consentimento: erro, dolo, lesão, estado de perigo e coação.. Vícios sociais: simulação e fraude contra credores. Nulidade x Anulabilidade A nulidade trata-se de nulidade absoluta. Anulabilidade é nulidade relativa. NULIDADE ANULABILIDADE Eficacia erga omnes Eficácia inter partes Imediata diferida Absoluta Relativa Incurável Curável Perpetua Provisória Conversão do negócio jurídico nulo Tal dispositivo consagra o princípio da conservação do negócio jurídico. Ocorre esse princípio quando o ato negocial nulo (nulidade absoluta) não pode prevalecer na forma pretendida pelas partes, mas, como seus elementos são idôneos para caracterizar outro ato de natureza diversa, poderá ocorrer a transformação, desde que isso não seja proibido taxativamente, como nos casos de testamento Nulidade relativa: Confirmação: um ato das partes contratantes com o objetivo de sanar o vício do ato negocial. Convalidação: Decorre do decurso de tempo que provoca a decadência do direito de anular o negócio. Nulidade absoluta: Conversão: É a transformação do ato nulo em outro que contém os requisitos do primeiro. Prova do negócio jurídico A prova representa o conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a existência de um negócio jurídico. Para que uma prova seja válida, ela deve possuir os seguintes requisitos: 1) Admissibilidade: A prova não pode ser proibida por lei 2) Pertinência: a prova deve ser idônea para demonstrar os fatos relacionados com a questão discutida. 3) Concludência: a prova deve ser apta a esclarecer pontos controversos ou confirmar alegações feitas. O art. 212 do CC enumera, de maneira exemplificativa e não taxativa, os meios de prova dos negócios jurídicos a que não se exige uma forma especial.: Confissão Documento Testemunha Presunção Pericia
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