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AULA 5 - DIREITO ADM II - PROFª MÁRCIA MEDEIROS

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AULA 5 - DIREITO ADM II - PROFª MÁRCIA MEDEIROS.
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA.
MODALIDADES INTERVENTIVAS RESTRITIVAS
· Servidão Administrativa.
· Requisição Administrativa.
· Ocupação Temporária.
· Limitação Administrativa.
· Tombamento.
TOMBAMENTO
O tombamento é a forma de intervenção na propriedade pela qual o poder público procura proteger o patrimônio cultural brasileiro. 
Quando o Estado intervém na propriedade privada para proteger o patrimônio cultural, pretende preservar fatos memoráveis da história nacional.
Para Carvalhinho - é o aspecto histórico de um país, como por todos reconhecido, que faz parte da própria cultura do povo e representa a fonte sociológica de identificação dos vários fenômenos sociais, políticos e econômicos existentes na atualidade.
O tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder público por intermédio de legislação específica decreto 25/37 e do art 216 da Constituição Federal.
O proprietário continua a poder usar, fruir e dispor do bem, devendo apenas obedecer às imposições oriundas do tombamento.
Objeto: o tombamento incide sobre bens móveis e imóveis existentes no país. conforme art 1º do Dec 25/37.
Espécies - O tombamento pode ser voluntário ou compulsório. Quanto à eficácia do ato, pode ser provisório ou definitivo. É provisório enquanto está em curso o processo administrativo instaurado pela notificação, e definitivo quando, após concluído o processo administrativo determinando o tombamento do bem, assim o Poder Público procede à inscrição do Bem no livro tombo.
O STJ já proferiu decisão no sentido de que o tombamento provisório não é fase procedimental, mas sim uma medida assecuratória de preservação do bem até a conclusão dos pareceres e inscrição do bem no livro específico.
Processo administrativo - art 9º do Dec 25/37
O IPHAN notificará o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de 15 dias a contar do recebimento da notificação poderá anuir ou impugnar.
Sendo oferecida a impugnação o órgão será notificado a oferecer suas contrarrazões pelo mesmo prazo (15 dias) a fim de sustentar o ato. Em seguida, o processo será encaminhado ao Conselho Consultivo para no prazo de 60 dias proferir sua decisão.
Efeitos - O ato de tombamento resultam alguns efeitos conforme art 11 ao 21, tais como: 
· O IPHAN deve proceder a inscrição dos bens imóveis tombados no Registro de Imóveis para fins de efeitos erga omnes (O gravame é averbado antes da transcrição de domínio), art 13.
· A coisa tombada não poderá sair do país, salvo para intercâmbio cultural, art 14. 
· O vizinho da coisa tombada não pode fazer construção que impeça ou reduza a visibilidade do bem tombado, art 18.
• Fundamento constitucional: Art. 23, III, Art. 24, VII e Art. 216,CRFB/88.
• Fundamento legal: Decreto-Lei 25/37 e Decreto 3.866/41.
Desfazimento - Embora não seja comum, é possível que, depois do tombamento, o Poder Público, de ofício ou em razão de solicitação do proprietário, julgue ter desaparecido o fundamento que deu suporte ao ato. Assim, reconhecida a ausência do fundamento, desaparece o motivo para a restrição na propriedade.
Modalidade interventiva supressiva
· Desapropriação
DESAPROPRIAÇÃO ORDINÁRIA
Desapropriação é o procedimento de direito público pelo qual o Poder Público transfere compulsoriamente para si a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública, necessidade pública ou interesse social, mediante em regra pagamento de indenização.
O objetivo da desapropriação é a transferência do bem desapropriado para o acervo do expropriante, sendo que esse fim só pode ser alcançado se houver os motivos determinantes.
A partir dos ensinamentos do insigne José Carlos de Moraes Salles, como “o instituto de direito público, consubstanciado no procedimento pelo qual a Administração Pública, em todas as suas esferas de competência (União, Estados membros, Municípios e Distrito Federal), suas autarquias, fundações ou entidades delegadas, provenientes de autorização legal ou contratual, promovem a retirada de determinado bem de pessoa física ou jurídica, justificando-se pela necessidade, utilidade pública ou interesse social, mediante prévia e justa indenização, que, em regra, deverá ser em dinheiro, com exceção dos casos previstos em lei, quais sejam, inadequado aproveitamento do solo urbano ou rural, para fins de reforma agrária. Nestas hipóteses, o pagamento poderá se dar através de entrega de títulos da dívida pública ou agrária, resgatáveis de acordo com a devida previsão legal e observadas as cláusulas de preservação de seu valor real”.
Natureza jurídica e forma de aquisição
A natureza de qualquer espécie de desapropriação é a de modo originário de
aquisição da propriedade, valendo lembrar que o modo originário de aquisição da propriedade é aquele em que entre o adquirente e a coisa não se interponha o dono ou não se pode interpor o dono como na acessão, no usucapião(O Decreto- Lei 3365/41, no Art. 31, assim se manifesta: “ficam sub-rogados no preço quaisquer ônus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado”).
Competência exclusiva para desapropriar
A União tem a competência exclusiva para desapropriar em dois casos específicos. O primeiro, descrito no Art. 184 da Constituição Federal, é a desapropriação com base no interesse social, para fins de reforma agrária. Este dispositivo também prevê os demais procedimentos exclusivos da União que se seguem ao ato expropriatório, tais como: o pagamento da propriedade que se dará através de títulos de reforma agrária, as benfeitorias serão pagas previamente e separadas, em dinheiro.
A segunda hipótese de desapropriação exclusiva da União é a desapropriação punitiva, que se encontra elencada no Art. 243 da Constituição da República, e que a doutrina a define de confisco. Entretanto, para fins de definição legal, ela se constitui numa espécie de desapropriação sem direito à indenização.
OBJETO - em regra todos os bens podem ser desapropriados, qualquer bem móvel ou imóvel dotado de valorização patrimonial, conforme art 2º. Há entretanto, alguns bens insuscetíveis de desapropriação.
· Impossibilidade jurídicas - pequena e média propriedade rural e a propriedade produtiva desde que o proprietário não tenha outra, art 185 da CRFB/88.
· Impossibilidade material - moeda corrente, direitos personalíssimos (como a honra, a liberdade, a cidadania ), cadáver.
OBS - desapropriação dos bens públicos - embora possível, encontra limites e condições na hierarquia federativa posicionamento do STF, assim deve ser observado o art 2º §2º do Decreto 3365/41, o mesmo raciocínio deve ser utilizado nos bens de entidades da Administração Pública indireta.
Fases da desapropriação
Fase declaratória
É a fase durante a qual o poder público manifesta, apenas, a intenção de adquirir determinado bem. Esta declaração, via de regra, exterioriza-se através decreto de declaração de utilidade pública ou de interesse social, expedido pelo chefe do Executivo (Art. 6º e Art. 8º do Decreto-lei nº 3.365/41, Art. 1º da Lei 4.132/62), constituindo-se, basicamente, com o decreto o primeiro passo para a desapropriação.
A declaração de utilidade pública é um ato de natureza administrativa, através
do qual o poder público manifesta o seu interesse por determinado bem, por este satisfazer uma utilidade ou necessidade pública ou um interesse social, caracterizando- se em um ato condição para a desapropriação.
Fase executória
Expedido o decreto expropriatório de utilidade pública do bem, para operacionalizar (atos concretos) a efetivação da desapropriação, passamos pela fase de execução. E, na fase de execução, vamos encontrar uma bifurcação: a via administrativa e a via judicial.
Via administrativa
Efetivada por acordo, após a declaração de utilidade pública ou de interesse social o expropriado, em comum acordo, aceita a oferta do expropriante, evitando-se as vias judiciais pela ação de desapropriação. É extrajudicial. Na real verdade, aqui, a desapropriação processar-se-á sob forma de uma escritura de compra e venda.Nesta hipótese, há autores que denominam de desapropriação amigável.
Via judicial
Caso não haja acordo entre o expropriante e o expropriado do valor a ser pago a título de indenização, será necessária a propositura de uma ação de desapropriação, via judicial. Portanto, se não houver acordo entre o Estado e o particular, você observará que não há como o Estado a manusproprious(por mão própria) efetuar a desapropriação, vai ter que mover ação para isso. É certo que nesta ação só há discussão sobre preço. Não há discussão sobre a conveniência e oportunidade, não cabe ao poder judiciário adentrar na discricionariedade administrativa.
CADUCIDADE DO DECRETO EXPROPRIATÓRIO
Caducidade é a perda dos efeitos jurídicos de um ato em decorrência de certa situação fática ou jurídica mencionada expressamente em lei.
O art 10 prevê a caducidade do decreto expropriatório no prazo de cinco anos se a desapropriação não for efetivada. Ocorrendo a caducidade, somente decorrido um ano poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração.
Os legitimados a propor a ação desapropriatória:
Os entes federativos, concessionárias de serviços públicos (se houver autorização e previsão contratual), empresas públicas e autarquias, conforme art 3º do decreto 3365/41.
Réu: Proprietário ou posseiro.
Objeto: o bem desapropriado.
Imissão provisória na posse (art 15 do dec 3365/41)
A imissão provisória na posse pode ser definida como a medida pela qual o Poder Judiciário autoriza o ente expropriante a tomar posse do bem objeto de desapropriação (ou de servidão administrativa), sob a alegação de urgência, antes de findo o respectivo processo e, portanto, antes de paga a justa indenização, que será a fixada pelo título judicial (a sentença).
É importante frisar que, na imissão provisória na posse, passa o poder público a ter a posse, mas não a propriedade. A propriedade só virá ao final, ao término do processo expropriatório.
Especificamente em relação à imissão provisória na posse, fundamentará a sua concessão a urgência do interesse público, devendo ser requerida no prazo de 120 dias, contados da sua alegação (Art. 15, caput e § 2.º do DL n.º 3.365/41).Além da alegação de urgência, deverá o ente expropriante depositar em juízo quantia arbitrada pela autoridade judicial, de modo que se abrande os efeitos da antecipação da privação do proprietário de seu bem, antes de paga a justa indenização.
1. Valor do Imóvel e os Critérios Legais - A indenização, para ser justa, deve ser composta de valores que compensem integralmente a perda que o expropriado irá experimentar por ocasião da desapropriação. Assim, não se restringe ao valor do imóvel, abarcando, também, outros itens a serem considerados.
É muito difícil o valor venal coincidir com o valor justo do imóvel, apurado
pelo laudo de inteira confiança do Juízo.
2. Honorários Advocatícios - Atualmente a questão está pacificada, tanto no campo doutrinário quanto jurisprudencial. Tanto é assim que o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 617 que aduz: “A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente”.
O Art. 27, § 1º, DL 3365/41, estabelecendo que os honorários serão fixados entre meio e cinco por cento do valor da diferença do preço fixado na sentença, mas que não poderá exceder a R$ 151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais), foi suspenso pelo Supremo Tribunal Federal, por considerar inconstitucional, expresso na ADI nº 2332-2( a fundamentação no RESP 883.784/SP – STJ).
3. Dos Juros - São devidos, também, juros compensatórios e moratórios.
No âmbito do processo expropriatório, entretanto, mais importante é você estabelecer a diferença entre os juros compensatórios e os juros moratórios. Súmula 164 do STF: “No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse ordenada pelo juiz por motivo de urgência”. Posteriormente, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula n.º 618, estipulando que, na desapropriação direta ou indireta, a taxa de juros compensatórios seria de 12% ao ano.
No que se refere aos juros moratórios, serão devidos após o trânsito em julgado da sentença que selar a ação de desapropriação em diante, incidindo na percentagem de 6% ao ano. Da mesma forma que os juros compensatórios, estes juros não encontram amparo legal, mas se fundamentam em criação jurisprudencial, precisamente na Súmula 114 do Superior Tribunal de Justiça.
4. Da Correção Monetária - A correção monetária é a atualização do valor da moeda pelos índices inflacionários, evitando assim que perca seu poder de compra. Sabe-se, entretanto, que o processo expropriatório é longo e demorado, e que por muitas das vezes o recebimento do valor avaliado ocorre muitos anos após a avaliação. Em de tal fato, o Supremo Tribunal Federal, editou a Súmula n.º 416, admitindo que, pela demora, seria possível ao expropriado postular apenas juros moratórios.
5. Fundo de comércio, as locações e os direitos do inquilino
Quando o titular do fundo de comércio for o mesmo proprietário do local expropriado, não há dúvidas de que a indenização pelo fundo de comércio deve integrar o montante a ser recebido. Porém, se o proprietário do imóvel for pessoa distinta do comerciante, só obterá a indenização se ingressar com ação ordinária contra o poder expropriante, exigindo indenização pelo fundo de comércio.
O mesmo raciocínio deverá ser utilizado quanto ao inquilino do imóvel não comercial. Havendo prejuízo, deverá o inquilino entrar com ação própria em face do poder expropriante. Não há de se falar em ação face ao locador, por quebra contratual, posto não haver em nenhum momento dolo ou culpa do locador para ocorrência do dano ao inquilino. Ademais, face ao artigo suscitado, não está inserido nos valores indenizatórios qualquer direito de terceiro contra o expropriado. Se do expropriado fossem cobrados estes danos, estaríamos ferindo o princípio da justa indenização e favorecendo o enriquecimento sem causa do poder expropriante.
6. Direito de extensão - Para Hely Lopes Meirelles, “o direito de extensão é o que assiste o proprietário de exigir que na desapropriação se inclua a parte restante do bem expropriado, que se tornou inútil ou de difícil utilização”. O direito de extensão ocorre quando a desapropriação for parcial, ou seja, deve contemplar somente uma fração do imóvel de determinado titular. Além do primeiro requisito, você deve ainda observar que o resto da propriedade, que não foi abrangido pelo decreto expropriatório, perca toda ou quase toda valoração econômica, de modo que o seu aproveitamento se torne significantemente desinteressante ou impossível.(Art. 37 do Decreto-lei nº3.365/41).Embora não se refira a legislação vigente a um explícito direito de extensão, é verdade que se pode extrair essa previsão no Art. 27 do Decreto-lei nº3.365/41, ipsis litteris: Art. 27 - O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e deverá atender, especialmente, (...) à valorização ou depreciação da área remanescente, pertencente ao réu.
Desapropriação indireta ou apossamento administrativo
A desapropriação indireta é uma criação jurisprudencial, mantendo-se sem
um devido amparo legal. Além do fato de o poder público não emitir o competente decreto que declara o bem colimado de utilidade pública, da mesma forma, também não formalizam os demais atos pertinentes à desapropriação comum, como a busca de um prévio acordo com o proprietário do bem e a competente ação judicial acaso o acordo não tenha logrado êxito, onde o expropriado poderá contestar o valor oferecido entre outros.

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