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Considerações intempestivas sobre a História: perspectivas teóricas e metodológicas Prof. Ms. Fábio Leonardo Castelo Branco Brito (e-mail: fabioleobrito@hotmail.com) A história como campo de saber: leituras e paradigmas Quais são as categorias centrais ao trabalho dos historiadores? Como essas categorias têm sido significadas e operacionalizadas ao longo do tempo? Como é possível pensar a relação entre história, lugar, tempo e sujeito? A história como campo de saber: leituras e paradigmas História é uma ciência? É arte? É ambas? A que universo remetemos quando gaguejamos palavras como “Nova História” e “História Cultural”? Qual o papel que a teoria pode ocupar no trabalho do historiador? A história como campo de saber: leituras e paradigmas Para Keith Jenkins (2011, p. 52), “a história é um discurso cambiante e problemático, tendo como pretexto um aspecto do mundo, o passado, que é produzido por um grupo de trabalhadores cuja cabeça está no presente [...], que tocam seu ofício de maneiras reconhecíveis uns para os outros [...] e cujos produtos, uma vez colocados em circulação, veem-se sujeitos a uma série de usos e abusos que são teoricamente infinitos, mas que na realidade correspondem a uma gama de bases de poder que existem naquele determinado momento e que estruturam e distribuem ao longo de um espectro do tipo dominantes/marginais os significados das histórias produzidas”. A história como campo de saber: leituras e paradigmas Durval Muniz de Albuquerque Júnior (2007, p. 64) afirma que se a História “jamais será uma ciência capaz de proposições inquestionáveis, se não poderá ser uma arte com total liberdade de criação e não pode submeter o devir histórico a uma filosofia, a uma razão e explicação unívoca; nós, historiadores, podemos fazer disso a delimitação do nosso espaço, tomarmos a história como uma proto-arte próxima da Ciência e da Filosofia, podendo manter, com essas áreas do conhecimento, diálogo permanente, enfatizando, conforme as problemáticas e temáticas a serem estudadas e cada momento, um desses aspectos”. A história como campo de saber: leituras e paradigmas Se a História serve para entendermos por que nos tornamos aquilo que somos (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2001), que percurso foi necessário para que ela adquirisse esse caráter? Quais os passos dados pela produção historiográfica para que se colocasse enquanto o campo do conhecimento definido ali? As tendências historiográficas do século XIX: visões da história-ciência No século XIX, a consciência histórica emancipou-se do idealismo e substituiu-o pela “ciência” (REIS, 2004, p. 07). Do século XVIII ao XIX, houve uma radical mudança de perspectiva em relação à História: enquanto, para Kant, aquele que era cultivado historicamente permanecia na periferia da verdadeira cultura, no século XIX, a história ganha estatuto de ciência, ganhando respeito em uma sociedade marcada pelo cientificismo positivista. As tendências historiográficas do século XIX: visões da história-ciência O método histórico tornou-se guia e modelo das outras ciências humanas. Os historiadores adquiriram prestígio intelectual e social, pois tinham finalmente estruturado seu conhecimento sobre bases empíricas positivistas. Em princípio, o historiador não quer fundir passado, presente e futuro: a história “científica” buscará diferenciar as duas dimensões “objetivas” do tempo, passado e presente, e tenderá a não profetizar sobre o futuro. As tendências historiográficas do século XIX: visões da história-ciência Em relação às histórias mítica, teológica e filosófica, que fugiam do evento, considerado sem sentido se não referido ao arquétipo, a Deus ou à Utopia, a história “científica” parece assumir o evento, não temê-lo, e até cultuá-lo. Destaca-se como grande pensador dessa perspectiva científica da história o pensador alemão Leopold Van Ranke, para quem a história do Espírito Objetivo é a de individualidades históricas, que devem ser apreendidas em sua “totalidade”. “A história trata do que de fato aconteceu” (Ranke) O materialismo histórico Assim como os historiadores da escola metódica, dita “positivista”, e como os filósofos da crítica da razão histórica, o marxismo pretendeu recursar as filosofias da história e fundar a “história científica”. Para o materialismo histórico de Marx, o material histórico é analisável, observável, objetivável, quantificável. O materialismo histórico Karl Marx teria criado uma “teoria geral” do movimento das sociedades humanas. Marx defende que a produtividade é a condição necessária da transformação histórica, isto é, se as forças produtivas não se modificam, a capacidade de criação a vida humana se imobiliza, e se elas se modificam tudo se move. A luta entre as classes sociais, para Marx, constitui a própria trama da história. O materialismo histórico Para José Carlos Reis (2004, p. 55), o marxismo foi uma das primeiras teorias “estruturais” da sociedade. Ele é um estruturalismo genético, que afirma a contradição presente na estrutura, que levará à transição a outra estrutura. Assim, abandonou a ênfase no evento e abriu caminho para a perspectiva de que o conhecimento da sociedade deixou de ser o conhecimento das atividades individuais para ser a visão sobre as construções coletivas do homem. Revolução francesa na historiografia: a “escola” dos Annales Annales: uma escola? Um paradigma? Um paradigma filosófico? Um paradigma sociológico? Um movimento? Annales: uma revista. Ressonâncias de Estrasburgo: a revista dos Annales e a quebra com o paradigma cientificista da história e com a história política. Revolução francesa na historiografia: a “escola” dos Annales 1ª Geração dos Annales: Marc Bloch e Lucien Febvre – a quebra com o paradigma cientificista e com a história política. Enunciação da “história problema” e vínculo entre história e ciências sociais (geografia, demografia, economia, etc.). 2ª Geração dos Annales: Fernand Braudel – O Mediterrâneo – a produção de uma história de longa duração. Revolução francesa na historiografia: a “escola” dos Annales 3ª Geração dos Annales: Jacques Le Goff, Georges Duby e outros. A perspectiva das mentalidades e a psicologia coletiva na pauta dos historiadores. A mudança de paradigmas em História a partir das transformações na concepção de tempo histórico (REIS, 2000) – o tempo histórico dos Annales como uma estratégia de evasão do tempo-terror (CASTELO BRANCO, 2001).
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