Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PERTENCENTE À XXX VARA CÍVEL DA COMARCA DE BRUSQUE-SC PAULO, brasileiro, viúvo, militar da reserva, portador da carteira de identidade nº 00.000-00 expedida pelo xxxxx, inscrita no CPF/MF sob o nº 000.000.000-00, endereço eletrônico xxxxxx@xxxxxx.com, domicílio, residente Rua Bauru, 371, Brusque /SC, por seu advogado, com endereço profissional xxxxxx, para fins do artigo 77, inc. V ,do CPC, vem a este juízo, propor AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO CUMULADO COM REINTEGRAÇÃO DE POSSE E PEDIDO DE LIMINAR, pelo procedimento comum, em face de JUDITE, brasileira, solteira, advogada, portador da carteira de identidade nº 00.000-00, expedida pelo xxxxxxx, inscrita no CPF/MF sob o nº 000.000.000-00, endereço eletrônico xxxx@xxxxx.com, domicílio, residente Rua dos Diamantes ,123, Brusque/SC, e de JONATAS, espanhol, casado, comerciante e sua esposa JULIANA, brasileira, casada, ambos residentes na Rua Jirau, 366, Florianópolis cujo cadastro nos registros gerais de pessoas físicas é ignorado, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor. I - GRATUIDADE DE JUSTIÇA Requer o s Autores, nos termos da lei nº 1.060 de 1950, e do artigo 98 e seguintes do CPC, que lhes sejam deferidos os benefícios da justiça Gratuita, tendo em vista em que os mesmos não podem arcar com as custas processuais e com os honorários advocatícios sem o prejuízo do sustento próprio e de suas famílias. Nesse sentido: Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. II - DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO É competente o presente foro para a propositura desta ação anulatória, haja vista o cerne do caso em tela tratar-se de discussão acerca da efetiva validade de negócio jurídico de compra e venda, e com isso, resta -se nítido tratar-se de direito pessoal, podendo, pois , a presente demanda ser postulada no domicílio dos réus, conforme dicção do artigo 46, caput, do CPC/15. Nesses termos: Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. (CPC) III - DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA O Autor da presente demanda, é pessoa idosa na forma da lei, o mesmo já possui 65 (sessenta e cinco) anos de idade, com isso o arrimo da tramitação prioritária na prestação jurisdicional se faz necessário, devendo sua causa ter prioridade de análise e celeridade em toda a tramitação de atos, diligências e procedimentos do feito, Conforme o que aduz o artigo 71 da Lei nº 10.741/03 (Estatuto do idoso) e o artigo 1.048 do CPC. Nesse ínterim: Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. (Lei nº 10.741/03) Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988. (CPC) IV - DOS FATOS Ocorre que o Sr. Paulo, já qualificado devidamente em alhures, era proprietário de um imóvel de veraneio situado na Rua Rubi nº 350, na cidade de Balneário Camboriú/SC, e outorgou procuração com poderes especiais e expressos para alienação a sua irmã, Judite, advogada. No seguimento dos fatos, em 15/12/2016, Judite, utilizando-se da procuração outorgada por Autor desta demanda, em novembro de 2011, alienou o imóvel em questão para Jonatas, e sua esposa Juliana. Entretanto, antes da concretização do referido negócio jurídico, a procuração especial havia sido revogada pelo Sr. Paulo, em 16/11/2016, sendo que o titular do Cartório do 1º Ofício de Notas onde foi lavrada a procuração, bem como sua irmã foram devidamente notificados da revogação em 05/12/2016, exatos dez dias antes da alienação. O Sr. Paulo só teve ciência da alienação no dia 1º de fevereiro de 2017 ao chegar no aludido imóvel e ver que o mesmo estava ocupado por Jonatas e sua esposa. É o que se há de mais importante para se relatar. Passa-se agora a exposição do mérito. V - DOS FUNDAMENTOS a. DA NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO egistre-se, desde logo, que o negócio jurídico firmado no caso ora sob análise, padece de patente nulidade na celebração da avença referida, uma vez que a procuração outrora outorgada já estava revogada à época da venda, eivando a alienação em um nítido negócio jurídico viciado pela ilegalidade. Ilegalidade esta expressa pelo ato do mandatário deposto, que exercera mandato sem acatamento aos preceitos obrigatórios que se pode extrair do artigo 662 do código civil, quais sejam, ter poderes suficientes para a execução do ato, indo, dessa maneira, ao encontro do que se dispõe no artigo 166, inciso V, do mesmo código, ceifando mortalmente de nulidade o negócio jurídico entre as partes. Nesse teor: Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar. (CC) Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; (CC) b. DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE LIMINAR De acordo com os princípios da economia e celeridade processuais expressos no código de processo civil vigente, o Autor, desde já, requer que uma vez reconhecida a patente ilegalidade da alienação do imóvel pelo Magistrado, reconheça o esbulho sofrido pelo legítimo proprietário do imóvel em questão. Tendo em consideração que o Autor encontra-se impedido de adentrar na casa que à luz de todo direito lhe pertence. Nessa toada, faz-se jus a concessão de liminar, para reintegração de posse em face da Senhora Juliana e seu esposo Jônatas, também réus no caso exposto, visto que os mesmos constituíram residência no local e impedem o retorno do genuíno possuidor. Contudo, não custa rememorar acerca da possibilidade de uma possível ação de regressiva contra o vendedor impróprio, haja vista o crucial motivo determinante que os levaram ao polo passivo desta demanda. Nesse teor: Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. (CC) Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. (CC) VI - DO PEDIDO Diante do exposto, o autor requer a esse juízo : a. A declaração de nulidade do negócio jurídico, tendo em vista o ato ilegal que se sucedeu na venda sem procuração válida, à vista do que se expressa nos artigos 166, inciso V, e 662, todos do código civil; b. O reconhecimento do esbulho sofrido pelo legítimo proprietário do imóvel em questão, levando em conta que o Autor resta-se impedido de adentrar na casa que, à luz de todo direito, lhe pertence. Desta forma, requer liminar de concessão para a reintegração de posse do imóvel; c. Protestar em provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, estando já em poder da notificação sobre a revogação do mandato, enviada em 16/11/2016 pelo mesmo a autoridade competente e exatamente dez antes da alienação do imóvel, devidamente acostado aos autos do presente feito; d. Deixar expresso a não possibilidade para audiênciade mediação e conciliação; e. Honorários advocatícios estabelecidos em 20% sobre o valor da causa. f. O deferimento do pedido de justiça gratuita, visto que o mesmo é pobre no sentido jurídico do termo. g. A tramitação prioritária da presente demanda, em razão de ser pessoa idosa na forma da lei, devendo, pois ter a prioridade de análise e celeridade em toda a tramitação dos atos, diligências e procedimentos do feito, Conforme o que aduz o artigo 71 da Lei nº 10.741/03 (Estatuto do idoso) e o artigo 1.048 do CPC. VII - DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial a prova documental, a prova pericial, a testemunhal e o depoimento pessoal do Réu. VIII - DO VALOR DA CAUSA Dar-se-á o valor da causa em R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). Pede deferimento. Local, 12, ABRIL de 2021. Ana Paula Limoeiro OAB/RJ
Compartilhar