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@isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA Tratamento da cárie dentária Para um bom plano de tratamento é necessário um bom diagnóstico. O processo de tomada de decisão baseada em evidências científicas utiliza as melhores evidências e tecnologias disponíveis para se chegar a determinações clínicas acerca do diagnóstico e tratamento de doenças e agravos. O diagnóstico da lesão é diferente do diagnóstico da doença, é preciso saber diferenciar a presença de cavidade da atividade da doença. Ex: as vezes podem estar com várias lesões cavitadas, mas elas podem estar inativas. Antigamente, o plano de tratamento era único, pois era baseado apenas da sequela da doença, esse tratamento era padronizado para todos os indivíduos. Atualmente o tratamento é baseado na avaliação do paciente para a determinação da presença da doença e dos fatores que estão causando a cárie neste determinado paciente. Pode ser dividido em duas abordagens: profilaxia básica e condutas terapêuticas Profilaxia básica É indicada para o paciente sem lesões de cárie ativas, ou seja, para todas as pessoas. Os pacientes recebem as informações básicas que todos os indivíduos devem receber no que concerne às doenças bucais: Instrução sobre higiene bucal, Informações sobre dieta e flúor. Conduta terapêutica É indicada para pacientes com lesões de cárie ativas. O tratamento atual deve basear-se na avaliação do caso e na determinação dos fatores causais das doenças. É importante saber quais fatores encontram-se em desequilíbrio e que, consequentemente, estão levando ao desenvolvimento e progressão das lesões de cárie naquele caso específico. Essas medidas são: Controle mecânico e químico do biofilme dental; Fluorterapia caseira e/ou profissional Modificação dietética; Eliminação de nichos retentivos através da restauração/selamento de cavidades de cárie; Estimulação da secreção salivar. Identificação e a abordagem da(s) causa(s) da doença é fundamental para paralisação do processo carioso. As combinações de tratamento podem ser diversas dependendo da situação clínica do paciente, mas é importante que os hábitos deletérios associados à doença sejam erradicados. @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA Filosofias de tratamento têm sido voltadas para uma ABORDAGEM MAIS CONSERVADORA, baseada no controle do processo de doença, de modo a adiar ao máximo o procedimento restaurador. Já possui evidências de que a doença cárie e seus aspectos clínicos podem ser controlados por tratamentos não invasivos, como: Alterações de hábitos de higiene bucal Alterações dietéticas Uso de fluoretos Agentes remineralizantes e antimicrobianos A formação de uma cavidade é um momento clínico muito importante, porque a invasão bacteriana no interior da lesão aumenta e, quando a cavidade atinge a dentina, ocorre penetração bacteriana nos túbulos dentinários. Mesmo na presença de bactérias no interior do tecido, a lesão pode ser controlada, independente da sua profundidade, desde que haja possibilidade de remoção mecânica de placa no local. Quando o biofilme está protegido em uma cavidade, impossibilitando a sua remoção, o processo de cárie tende a continuar. Indicações do tratamento restaurador Quando não consegue realizar o controle adequado do biofilme. Quando tem bastante proximidade com o complexo dentinopulpar (paciente relata dor, sensibilidade a doces, frio ou calor), nesse momento já tem o risco de comprometimento pulpar irreversível. Quantidade de estrutura dentária remanescente: risco de fratura ou perda da função. Estética. As indicações de tratamento restaurador são as mesmas para os diferentes tipos de superfície dentária? Não. Lesões cavitadas em superfícies lisas livres ou em superfícies radiculares são mais facilmente higienizadas, e o controle da lesão é, portanto, alcançado com mais facilidade. Nessas superfícies, a indicação de tratamento restaurador está mais relacionada a: Fatores como reposição de estrutura perdida Proximidade com o complexo dentinopulpar Estética Cavidades em superfícies oclusais são de mais difícil higienização, porém, em cavidades de pequena extensão e profundidade, a remoção de @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA biofilme pode ser realizada de forma efetiva. Nesses casos, as lesões são paralisadas e o procedimento restaurador mostra-se desnecessário. Em lesões com cavidades em metade externa de dentina, o bloqueio da superfície pode ser necessário. Porém, o tratamento pode ser realizado de forma mais conservadora, ou seja, pode tratar apenas com um selante. Cavidades com imagem radiográfica em METADE INTERNA DE DENTINA devem ser restauradas seguindo os princípios de aumentar a resistência da estrutura dentária remanescente, devolver função e proteger o complexo dentinopulpar. Cavidades em dentina em superfícies proximais são de difícil acesso para higienização, mesmo com o uso do fio dental, impossibilitando a remoção regular do biofilme. Nesses casos, o tratamento restaurador está indicado como medida para paralisação da sua progressão. É sabido que lesões ativas sem cavidade podem ser controladas e paralisadas, assim como lesões com cavidade com envolvimento dentinário (desde que passíveis de limpeza). Além disso, imagem radiográfica não é capaz de definir a presença de cavitação. O EXAME RADIOGRÁFICO, isoladamente, NÃO EŚUFICIENTE PARA EMBASAR A DECISÃO DE TRATAMENTO, e o exame clínico adicional (afastamento dental) é importante para a indicação do tratamento restaurador. Existem alguns fatores que podem influenciar na tomada de decisão, saber o que você vai fazer ou não, como: Tempo transcorrido desde a formatura (dentistas formados mais recentemente tenderiam a ser menos invasivos); Tipo de serviço em que atuam (público ou privado, sendo este mais invasivo); Realização de medidas de educação continuada, que seriam capazes de influenciar o profissional em suas decisões diagnósticas e terapêuticas; Aspectos relacionados ao paciente, como padrão de higienização e história passada de cárie. A decisão restauradora e a sobrevida do elemento dentário A decisão de realizar uma restauração terá repercussões biológicas e financeiras, uma vez que irá afetar a sobrevida do elemento dentário e o custo do tratamento ao longo da vida do dente. O paciente pode entrar em um ciclo restaurador repetitivo e poderá ter uma sobrevida significativamente reduzida, dentes que já tem restaurações são mais propensos a exigir restaurações adicionais e outros tratamentos relacionados. Isso ocorre por dois motivos principais: 1. Tratamento restaurador por si só, sem o controle da atividade de cárie do @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA paciente, não irá impedir o surgimento de novas lesões. Assim, novas intervenções restauradoras se tornarão necessária. 2. O segundo motivo é que as restaurações não são definitivas, apresentando uma determinada vida útil e, portanto, gerando necessidade de reparos ou substituições. Ex: as restaurações de amálgama em dentes permanentes posteriores, apresentam taxas de sobrevivência de 79 a 90% após 10 anos de acompanhamento e taxa de falha anual variando entre 0 e 7% (média 2%). O uso do amalgama foi proibido. Já as restaurações de resina composta, apresentam taxas de sobrevivência de 74 a 90% após 10 anos de acompanhamento e taxa de falha anual de 0 a 9% (média 2%). Pode-se observar que ambos os materiais restauradores apresentam longevidades semelhantes e bom desempenho clínico em dentes posteriores. E ́importante ressaltar que ocorre perda de estrutura dentária a cada substituição de restauração a que o elemento dentário é submetido, independentemente domaterial restaurador utilizado (amálgama ou resina composta). Nessas substituições, as restaurações vão ficando cada vez maiores; mas tecnicamente sensíveis e envolve um maior número de superfícies, fazendo com que a estrutura dentária fique cada vez mais fragilizada. Se o paciente não tiver cuidado com essas restaurações, após um determinado período os tratamentos podem ser mais complexos, como: endodontia, prótese, exodontia. Temos que sempre buscar restaurações minimamente invasivas e com máxima preservação da estrutura dentária, a fim de minimizar ao máximo os efeitos do ciclo restaurador repetitivo. Implicações da decisão de tratamento restaurador Com a decisão de restaurar um dente e inseri-lo no clico restaurador repetitivo, vai ter implicações tanto biológicas como financeira. Quando ocorre a falha do tratamento restaurador, existem basicamente quatro opções de conduta onde tem a decisão entre o reparo ou a troca dessa restauração 1. Não intervir, apenas monitorar. É indicado para casos de pequenos defeitos (cor/pigmentação desfavoráveis), os quais não trarão prejuízos clínicos caso não tratados. 2. Reanatomização (muda a anatomia quando tem pequenos defeitos). Pode ser realizada se os efeitos puderem ser contornados sem danificar a estrutura dentária (remoção de excessos, recontorno e alisamento de superfícies). Os procedimentos não requerem adição de material restaurador. @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA 3. Reparo. É indicado em casos de defeitos localizados, clinicamente insatisfatórios. E ́ uma abordagem minimamente invasiva, que implica adição de um material restaurador, com ou sem preparo da restauração ou da estrutura dentária. 4. Troca/substituição. Indicada nos casos em que há problemas severos generalizados e que requerem uma intervenção, mas onde o reparo já não é viável. É a remoção completa da restauração, geralmente associada à perda de estrutura dentária. Estudos apontam que o reparo aumentou a longevidade das restaurações em comparação a restaurações que foram substituídas ou que não sofreram tratamento. Vantagens de fazer o reparo: Maior preservação da estrutura dentária Menor risco de danos pulpares Menor tempo de tratamento Redução da necessidade do uso de anestesia local Aumento da longevidade da restauração O tratamento restaurador deve ser sempre instituído dentro de um programa em que o diagnóstico da doença e as medidas necessárias para a sua prevenção e controle foram instituídas. Podemos decidir pelo selamento da lesão ou tratamento restaurar convencional Existem situações clínicas específicas nas quais o selamento da lesão de cárie, isolando-a do meio ambiente bucal, e/ou o tratamento restaurador estão indicados, que é quando tem a impossibilidade de limpeza da cavidade e o comprometimento funcional/estético. Uma vez definido isso, deve-se questionar qual o tratamento mais indicado para cada caso. Embora o tratamento restaurador convencional baseie-se na REMOÇÃO COMPLETA DE TECIDO CARIADO, evidências têm demonstrado que técnicas mais conservadoras são igualmente capazes de controlar a lesão cariosa ao mesmo tempo em que preservam maior quantidade de tecido dentário. Tipos de pacientes Pacientes sem atividade/cavidade de cárie: Instrução de higiene oral Aplicação tópica de flúor (avaliar os tipos de contatos que o paciente tem com o flúor. Ex: pacientes que já tem fluorose não pode aplicar) Instruções e controle dietético Pacientes que tem lesão cariosa ativa não cavitada – lesão de mancha branca: Instrução de higiene oral @isanogueira 29/04/2021 CARIOLOGIA Aplicação tópica de flúor (4 sessões, podem ser semanais ou quinzenais) Instruções e controle dietético Pacientes que tem lesão cariosa ativa cavitada: Instrução de higiene oral Aplicação tópica de flúor Instruções e controle dietéticos Tratamento restaurador Uso do cariostático em dentes decíduos. Cariostático – é uma solução que contem prata iônica, flúor e amônia que visa impedir o progresso de lesões cariosas e o desenvolvimento de futuras cárie. Aplicação - Uso da técnica simplificada: Tem que proteger os tecidos moles com vaselina e fazer a aplicação com microbrush por 1 a 3 minutos e então, lava-se. Normalmente é realizada a cada 6 ou 12 meses. Vantagens do uso do cariostático: Paralização da cárie Estrutura dentária mais resistente a cárie Baixo custo Fácil e de rápida aplicação Necessidade de poucas aplicações Dessensibilizantes Desvantagens: Escurecimento dentário “tatuagem” provisória e/ou lesões de tecidos moles Possibilidade de irritação pulpar Sensibilidade aos componentes de prata Sabor metálico Pacientes que tem lesão cariosa inativa não cavitada: Instrução de higiene oral Aplicação tópica de Flúor Instruções e controle dietético Pacientes que tem lesão cariosa inativa cavitada: Instrução de higiene oral Aplicação tópica de Flúor Instruções e controle dietético Tratamento restaurador
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