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Sociologia Rural - Parte 2

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Universidade Federal de Pelotas – UFPel 
Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel – Faem 
Curso de Barachelado em Agronomia 
Acadêmica Karolliny Oliveira Moura 
 
 
Sociologia Rural 
 
Parte 2 
 
Modernização Conservadora da Agricultura Brasileira 
 
A Reforma Agrária nos EUA 
 
GEROGE WASHINGTON 
• Em 1787 os Estados Unidos se oficializaram um país 
• O presidente percebeu a necessidade de fazer o país crescer e incentivou a ocupação 
do Oeste, processo que foi denominado: “A Marcha para o Oeste” 
*Houve a primeira reforma agrária com 7 partes: Oregon e agregados, Lousiana, 
Mexican, United States, Texas e outras duas 
 
ABRAHAM LINCOLN 
• A grande transformação 
• Homestead Act: 
- Lei da propriedade rural 
- 160 acres (64 ha) para cada família que cultivasse ao menos 5 anos 
 
HOMESTEAD ACT 
• Foi uma política democrática de acesso à terra que gerou benefícios aos EUA (à 
exceção dos indígenas e afro-americanos – vítimas da reforma): 
– Consolidou a ocupação territorial norte-americana 
– Deu condições para a produção de muitas riquezas (industrialização) 
– Estimulou o desenvolvimento da infraestrutura do país 
– Representou a oportunidade que mudou a vida de milhões de indivíduos que 
enxergaram os EUA como uma chance de realizarem seus sonhos 
– Até meados do século XX cerca de 600 mil fazendeiros receberam 80 milhões de 
acres (32 milhões de hectares) 
 
A Reforma Agrária no Brasil 
 
PERGUNTAS 
• Por que o Brasil não seguiu a experiência de outros países de realizar a Reforma 
Agrária? 
• Por que as pessoas não foram assentadas, havendo tanta terra ociosa no Brasil? 
• Por que havia (e segue havendo) tanta desigualdade nos campos e nas cidades? 
• Por que os militares (1964-1985) reprimiam tão duramente toda e qualquer 
manifestação dos trabalhadores do campo e da cidade 
• Por que a modernização da agricultura brasileira foi considerada “conservadora”? 
MODERNIZAÇÃO: processo pelo qual uma sociedade, através da industrialização, 
urbanização e outras mudanças sociais torna-se moderna em aparência ou 
comportamento, transformando completamente a vida dos indivíduos que a 
constituem 
CONSERVADORA: que ou quem é partidário da manutenção da ordem social e política 
estabelecida 
 
 
ANTECEDENTES 
 
• 1940 E 1950 
• Voltando no tempo para entender a crise agrária 
• Era Vargas: 
– Industrialização de base 
– CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) 
• Era JK: 
– Abertura da economia nacional 
– O país respirava ares de liberdade (tempo da bossa nova) 
– Grande efervescência econômica e cultural 
– 50 anos em 5 (plano de metas) 
 
CAMPO 
• Organização dos movimentos sociais 
• Ligas camponesas (nordeste do Brasil): 
– Luta contra as condições externas de exploração dos trabalhadores rurais em 
Pernambuco e depois Paraíba 
– Pela extinção do cambão (dia de trabalho gratuito para aqueles que cultivavam terra 
alheira) ou corveia (pagamento através de serviços prestados na terra do senhor feudal ou 
Estado) 
• No Rio Grande do Sul: 
– MASTER (Movimento dos Agricultores Sem Terra) 
*Brizola sugeriu que fosse feito, juntamente com o órgão do governo, as áreas 
desocupadas do Estado a fim de que se pudesse integrar um programa de distribuição de 
terras aos agricultores 
 
 
NO FINAL DOS ANOS 50 
• O Brasil tem de aprofundar o processo de industrialização 
• A agricultura tem de cumprir determinados papéis: 
– Financiar o processo de industrialização 
*AGRICULTURA: setor mais importante; o Estado opera a transferência de recursos 
para o setor urbano-industrial 
– Gerar divisas via exportação 
– Reduzir o volume de importações 
– Converter-se em mercado para os produtos industriais 
– Fornece alimentos e matérias-primas a custos constantes e decrescentes 
• Abre-se o debate no país, dividindo: 
ESTRUTURALISTAS: defesa das chamadas “Reformas de Base” (bancária, educacional, 
urbana e agrária) 
CONSERVADORES: era possível desenvolver o país sem a necessidade de alterações 
profundas 
 
 
COMEÇO DOS ANOS 60 
• Crise Política: aberta com a inexplicável renúncia de Jânio; a questão da legalidade no 
RS (Brizola) 
• Crise Econômica: carestia (encarecimento do custo de vida), inflação, sabotagem 
• Movimentos Sociais: cresce a mobilização no campo; Reforma Agrária e Legislação 
Trabalhista (1963), Promulgação e Estatuto do Trabalhador Rural 
 
ANO DE 1964 
• Discurso de Jango em Copacabana; compromisso de fazer reforma agrária 
• Golpe de Estado: O GOLPE DE 64 
– Concerto (acordo) das forças políticas: interesses claros 
– Norte-americanos: medo da “esquerdalização” do continente (Bolívia, Chile, Cuba) 
– Setores da indústria que já se haviam apropriado de imensas áreas no Brasil Central 
 
 
Modernização Conservadora e o Esquema do Padrão Difusionista da Pesquisa e Extensão Rural 
 
SISTEMA SISBRATER → EMBRAPA → EMBRATER → AGRICULTORES 
 *Sistema unificado nacional de pesquisa e experimentação 
• Cooperativismo: braço de penetração do capitalismo no campo 
• Opção Conservadora: modernizar a agricultura sem alteração de maior profundidade 
• Modernização Conservadora: alteração da base técnica de produção (insumos 
modernos); revolução agronômica no modo de produzir 
• Condições que operou a modernização – REVOLUÇÃO VERDE (64-73) 
– Circunstâncias extremamente favoráveis nos mercados internacionais: soja, café, 
cana-de-açúcar 
– Anos 70 - Brasil sendo 3° maior superávit comercial do planeta 
* SUPERÁVIT: resultado positivo a partir da diferença entre aquilo que se ganha 
(receita) e aquilo que se gasta (despesa) 
– Ampliação da fronteira agrícola (novas áreas incorporadas, especialmente no Brasil 
Central) 
– Crédito rural subsidiado - taxas negativas de correção de contratos 
• CARÁTER INDUZIDO → O ESTADO COMO AGENTE PRODUTOR: 
– Endividamento externo: o elevado custo do processo 
– Dura repressão aos movimentos sociais e rurais e às organizações trabalhistas em 
geral 
 
 
MARCA DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO → SELEÇÃO EXCLUSÃO 
* Favorecer os agricultores mais dinâmicos, os cultivos de exportação e os produtores do 
Centro Sul 
• Processo de Seleção-Exclusão 
– Seleção dos agricultores mais aptos, culturas mais dinâmicas (exportação: açúcar, 
álcool, café, soja e laranja), das regiões mais dinâmicas (eixo sul-sudeste) 
– Exclusão dos pequenos agricultores, das culturas mais tradicionais, do nordeste 
brasileiro 
– Crescimento exponencial no número de máquinas, no volume de adubos, herbicidas, 
inseticidas, etc. (Era dos pacotes tecnológicos) 
 
 
 
ALGUNS IMPACTOS DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO 
 
1. Produziu o aumento da sazonalidade (qualidade) do emprego agrícola 
*A tecnologia atuou: - diminuindo os requerimentos de MO 
- concentrando o trabalho braçal em certas fases do ciclo 
produtivo 
Ex.: café → colhedores / arroz → ceifadores desapareceram, ensacadores, 
entaipadores / cana-de-açúcar → boias-frias 
 
2. Extinção das formas tradicionais de trabalho 
- O morador/parceiro/foreiro/agregado/cambão passar a ser a figura do assalariado 
temporário (fichados ou clandestinos) 
- O proprietário que dispunha de mão de obra a custos muito baixos, em 1963 registra 
a promulgação do ETR da legislação trabalhista ao campo ½ SM ao TR 
 
3. Induziu a um processo de especialização regional 
- Regiões inteiras que se especializaram em monoculturas na busca de vantagens 
comparativas → A nível interno (região) implica no abandono da diversificação 
 
4. Intensifica o processo de concentração fundiária 
- Crédito rural subsidiado → Prioritariamente dirigido aos grandes produtores 
 Quanto mais terra → Mais crédito (VBC’s) *e o contrário também* 
 
5. Aprofunda o processo de êxodo rural 
- Êxodo Rural-Urbano = Urbanização sem industrialização = Favelização 
 
6. Promove a internacionalização da agricultura 
- Efeito principal: a renda de muitos agricultores passa a depender do mercado 
mundial (bolsa de Londres/Chicago/Nova York) 
 Ex.: Soja, café, suco de laranja, comoditties (commodities agrícolas:café, soja, milho, 
algodão, cana-de-açúcar, suco de laranja) 
 
7. Aumento da dependência tecnológica do país 
- Embrapa (Brasil), CIAT (Colômbia), CIMMYT (México) → tecnologias importadas dos 
EUA e grandes centros de pesquisa 
 
8. Favorece a consolidação dos complexos agroindustriais, rompendo com a antiga 
divisão setorial da economia 
*Conceito de Complexo Agroindustrial (CAI): Conjunto formado pela sucessão de 
atividades vinculadas à produção e transformação de produtos agropecuários e 
florestais. Atividades como a geração destes produtos, seu 
beneficiamento/transformação e a produção de bens de capital e de insumos para 
atividades agrícolas, a coleta, armazenagem, transporte, distribuição, financiamento, 
pesquisa tecnológica e assistência técnica 
 
9. Depreciação dos objetivos de autossuficiência alimentar 
 Vocação principal? = Cultivos de exportação 
 Protagonista? = Grande exploração 
 Abastecimento interno? = Pequenas/médias unidades familiares 
 
10. Grandes transformações demográficas 
- 1960 a 1980: Êxodo rural de famílias inteiras 
- 1990: novas transformações demográficas (êxodo seletivo) 
- DESAGRARIZAÇÃO: declínio da agricultura em ocupar a população ativa rural 
 MASCULINIZAÇÃO: desequilíbrio entre gêneros 
 ENVELHECIMENTO: redução de proporção de jovens 
 
11. Promoveu a Consolidação do Complexo Agroindustrial (Agrobusiness) 
- Indústrias à montante (produtoras de bens e insumos para a agricultura) 
- Indústrias à jusante (processadoras e de serviços de base agrícola) 
- Crédito rural 
- Assistência técnica 
- Pesquisa e desenvolvimento tecnológico (Sistema P&D) 
- Financiamento: crédito, custeio, investimento e comercialização 
- Unidade de produção 
- Complexo Agroindustrial 
 Indústrias de insumos, máquinas e implementos ➔ Unidade de Produção Rural ➔ 
Setor Comercial (exportador, mercado interno) | Setor Agroindustrial 
 
12. Favoreceu o surgimento das mega cooperativas 
- O caso Fecotrigo – Centrasul 
- Binômio trigo-soja 
- A produção de trifluralina (herbicida) 
- A centralização dos investimentos e o modelo verticalizado 
- A multiplicação de grandes escândalos (calcário-papel; adubo-papel) 
 
 
 
MODALIDADES DE VIOLÊNCIA ASSOCIADAS À MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA 
 
• Violência Econômica: 
– Atenta contra os meios de reprodução material dos indivíduos 
– Modernização que favoreceu determinados produtores e regiões, excluindo a 
esmagadora maioria 
– Muitos produtores tiveram de abandonar suas unidades produtivas 
• Violência Social e Política: 
– Atenta contra as liberdades das pessoas 
– O protecionismo se viabilizou nos favores concedidos pelo Estado que expressam a 
hegemonia dos interesses do empresariado 
• Violência Simbólica: 
– Forma de violência mais sútil e perversa 
– Surge do autoritarismo cultura 
– A modernização se difundiu desprestigiando o saber do camponês 
 
 
 
O SISTEMA DE INTEGRAÇÃO VERTICAL NA AVICULTURA 
 
1) Como é feita a escolha de produtores integrados? Ou seja, qual a política da empresa 
no sentido de vincular novos integrados? 
R: É feita através de visitas de nossos técnicos as propriedades analisando o perfil 
 
2) Qual a escala mínima de produção de um integrado hoje aqui no RS? 
R: Na nossa empresa, a estrutura mínima é para 16.000 aves (frango grande) e 21.000 
aves (frango pequeno), fazendo entre 6 a 8 lotes ao ano 
 
3) Existe alguma determinação no sentido de restringir a produção de aves de quintal 
para fins de autoconsumo por parte do produtor integrado? 
R: Quem é integrado não pode ter outras criações 
 
 
 
ESTRUTURA AGRÁRIA 
 
• Algumas definições fundamentais: 
– ESTRUTURA FUNDIÁRIA é a forma pela qual se distribui a propriedade da terra no 
espaço geográfico 
– ESTRUTURA AGRÁRIA é correspondente à estrutura fundiária de um país ou região 
associada às instituições jurídicas, econômicas e sociais que regulam a atividade 
agrária. Podendo ela ser desequilibrada ou defeituosa! 
 
• A estrutura agrária é equilibrada quando promove simultaneamente: 
– O incremento da produção econômica global 
– A preservação dos recursos naturais 
– O desenvolvimento social, econômico e cultural do produtor e sua família 
 
• Quando defeituosa, como modificá-la? 
– Revolução agrária OU Reforma Agrária 
 
• As duas soluções diferem-se no quesito: 
– REVOLUÇÃO AGRÁRIA é o meio “não-institucional” onde há uma ruptura em relação 
às instituições e à legislação vigente 
Ex.: México, Cuba, China, URSS 
– REFORMA AGRÁRIA é o meio institucional ou a chamada “via democrática” onde 
apenas se reformam as instituições e a legislação 
Ex.: Japão, Taiwan, Coréia do Sul, EUA 
➔ Processo amplo, imediato e drástico de redistribuição da posse e uso da terra, 
promovido pelo estado e com a ativa participação da sociedade 
 
 
 
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE 
 
• A terra desempenha sua função social quando simultaneamente: 
– Favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam 
– Mantém níveis satisfatórios de produtividade 
– Assegura a conservação dos recursos naturais 
– Observa as disposições que regulam as justas relações de trabalho entre os que a 
possuem e os que nela trabalham 
 
• Qual a importância desta definição? 
O não-cumprimento → ESTADO → Desapropriação por interesse social 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DO IMÓVEL RURAL 
 
• MÓDULO RURAL 
– Área fixada 
– Direta e pessoalmente explorada pelo agricultor e sua família 
– Absorve toda a força de trabalho 
– Garante subsistência, progresso social e econômico 
– Área máxima fixada para cada região e tipo de exploração 
– Eventualmente trabalhada com a ajuda de terceiros 
 
• IMÓVEL RURAL 
– O prédio rústico de área contínua qualquer que seja a sua localização 
– Se destina à exploração agrícola, pecuária ou agroindustrial 
– Através de planos públicos de valorização ou de iniciativa privada 
 
• PROPRIEDADE FAMILIAR 
– Imóvel rural 
– Direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família 
– Absorve toda a força de trabalho 
– Garante subsistência, progresso social e econômico 
– Área máxima fixada para cada região e tipo de exploração 
– Eventualmente trabalha com a ajuda de terceiros 
 
• MINIFÚNDIO 
– Imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar ou módulo 
rural 
 
• LATIFÚNDIO 
 Por EXTENSÃO: 
– Imóvel rural que exceda a dimensão de 600 vezes módulo rural 
– Tendo em vista condições ecológicas, sistemas agrícolas e o fim a que se destine 
– Independente do grau de utilização da terra 
 Por EXPLORAÇÃO: 
– Imóvel rural igual ou maior, e menor que 600 vezes o módulo rural 
– Seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais 
do meio 
– Com fins especulativos, ou seja, deficiente ou inadequadamente explorado 
 
• EMPRESA RURAL 
– Imóvel rural com área maior que o módulo rural e menor que 600 vezes o mesmo 
– Explorado econômica e racionalmente 
– Com um mínimo de 50% de sua área agriculturável 
 
 
 
REFORMA AGRÁRIA X COLONIZAÇÃO 
 
O Estatuto da Terra define: 
✓ Que a política de colonização será desenvolvida em terras públicas 
✓ Situadas geralmente em regiões de desbravamento 
✓ Pressupondo grandes inversões oficiais em infraestrutura (estradas, 
eletrificação, armazenagem) 
✓ Tanto a terra pode ser de caráter público ou privado 
✓ A Reforma Agrária necessariamente envolve desapropriação de terras, por 
conseguinte, só pode ser feita pelo Estado 
✓ Acesso à terra pode se dar através de 3 instrumentos básicos: Reforma 
Agrária, Colonização e programas de Crédito Fundiário (ex.: Banco da Terra) 
 
 
OBSERVAÇÕES 
• Pode-se afirmar que a monocultura da soja ou do binômio soja-milho, além do 
algodão, fez por reforçar a desigualdade que marcava a propriedade da terra em uma 
região historicamente ocupada pela pecuária ultra extensiva 
• Assim, ao contrário das áreas do Rio Grande do Sul e do Paraná, percursoras da 
introdução e consolidação da agroindústria da soja no Sul do país a partir dos anos 70 
• Na região centro-oeste estalavoura alcançou uma escala de tecnificação que 
influenciou a concentração fundiária (IBGE, 2006) 
 
 
 
A INCIDÊNCIA DA PLURIATIVIDADE NOS ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS DO 
BRASIL 
 
• 28,6% dos mais de 5,1 milhões de estabelecimentos agropecuários o produtor 
declarou exercer algum tipo de atividade fora do estabelecimento 
• Essa situação atinge 25,5% do universo da agricultura familiar 
• Ou seja, em 1 de cada 4 estabelecimentos o produtor exerce algum tipo de atividade 
produtiva fora do estabelecimento 
 
 
 
A Questão Agrária: 
Os Clássicos 
 
 AUTORES CLÁSSICOS 
• O que acontece na agricultura com a penetração do capitalismo? 
• Qual a melhor forma social de produção para o país? 
• Questão Agrária é o mesmo que Questão Agrícola? 
• Karl Marx, Lênin, Karl Kautsky e Alexander Chayanov 
 
 
KARLX MARX (1818-1883) 
 
• Principais obras: 
– O Capital – A acumulação primitiva do Capital e a Renda da Terra (1861-1897) 
– O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852) 
• Contexto empírico: Europa, com ênfase no “caso inglês” 
• A desagregação das antigas formas e relações de produção são substituídas por 
relações capitalistas. Em lugar do camponês e do senhor feudal, surgem: 
– Arrendatário capitalista → Obtém lucro e extrai mais-valia 
– Proprietário fundiário → Recebe a renda da terra 
– Proletário → Recebe salário 
• “O camponês é um saco de batatas...” 
– Em suas obras iniciais, Marx concebe o camponês como uma massa indiferenciada, 
conservadora e reacionária (antidemocrática) 
 
 
LÊNIN – Vladimir (1870-1924) 
• Principais obras: 
– O desenvolvimento do capitalismo da Rússia (1899) 
– O programa agrário da social democracia 
• Contexto empírico: Meio rural russo do final do século XIX 
• Breve história da Rússia: 
– Até a metade do século XIX a Rússia era uma terra de camponeses que 
representavam 80% da população total 
– Haviam duas categorias principais de camponeses: os que viviam nas terras do 
Estado e aqueles que viviam em terras de proprietários privados 
– Os últimos eram servos ou semiescravos (vivendo em precárias condições) que além 
de suas obrigações com o Estado, estavam subordinados aos donos de terras, os quais 
tinham poder sobre suas vidas 
– A Reforma Emancipadora (1861) foi uma importante reforma liberal levada a cabo 
durante o reinado do Czar Alexandre 
– Significou a liquidação da dependência servil dos camponeses russos, outorgando-
lhes (concedendo) direitos como compra de terra 
– A reforma buscava evitar com que a precariedade dos camponeses levasse a uma 
revolução... 
– Na Rússia pré-revolução o Mir era uma comunidade camponesa cujas terras eram 
de propriedade comum: as parcelas eram repartidas a cada família segundo o seu 
tamanho (se desconhece a origem desse sistema que desaparece com a revolução 
russa de 1917) 
• Sobre Lênin: 
– Autor da concepção que ficou conhecida como “Teoria da diferenciação social do 
campesinato” 
– O capitalismo já se havia consolidado na Rússia ao final do século XIX 
– A comunidade aldeã russa já não era mais igualitária e homogênea em função da 
penetração de relações capitalistas 
– A desintegração do campesinato cria condições para consolidar um mercado interno 
para o modo de produção capitalista 
• Camponês original: 
– Rico (kulak) → minoria 
– Médio (seredniak) → desaparece 
– Pobre (bedniak) → grande massa 
 
 
KARL KAUTSKY (1854-1938) 
 
• Principal obra: 
– A Questão Agrária (1899) 
• Contexto empírico: Europa continental 
• Autor da tese “industrialização da cultura”. Tentativa de demonstrar a superioridade 
técnica e econômica da grande, em relação à pequena exploração: 
➔ O capital se apodera da agricultura pela revolução no modo de produzir, 
determinando uma crescente dependência em relação à história 
➔ A articulação entre a exploração familiar e agroindústrias reduz o camponês à 
condição de “trabalhador disfarçado” ou proprietário “apenas formal” dos meios de 
produção. Ex.: Sistema de integração vertical 
 
CHAYANOV (1888-1937) 
• Principal obra: 
– A organização da unidade camponesa (1925) 
• Contexto empírico: Rússia, pós-queda do tzarismo 
• Sobre Chayanov: 
– Agrônomo e economista russo 
– Agronomia Social 
– Autor da “Teoria da diferenciação demográfica” ou a “Microteoria do 
comportamento camponês” 
• A diferenciação demográfica: 
– A diferenciação que ocorre na agricultura russa (baseada no mir) é de ordem 
“demográfica”, e não de natureza social 
– O objetivo do camponês é satisfazer as necessidades de consumo de sua família, 
diferentemente do que faz o capitalista/fundiário 
– Ao longo do ciclo de vida de cada família há alterações na relação C/T (n° 
consumidores e de trabalhadores) ou, mais precisamente, entre o número de bocas a 
alimentar e o número de braços para trabalhar 
– Quanto maior a pressão de C sobre T, maior a intensidade da auto exploração do 
camponês 
– O livre acesso às terras comunais é pré-condição para a existência deste 
comportamento, onde o objetivo do camponês é a satisfação das necessidades 
familiares de consumo

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