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Fisiologia do movimento

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Ana Luísa Rubim
FISIOLOGIA DO MOVIMENTO
O sistema nervoso possui motoneurônios que controlam os músculos para a realização de movimentos. Uma unidade motora é constituída por um motoneurônio e as fibras musculares inervadas por ele. Assim, grupamentos musculares que possuem grandes unidades motoras (um motoneurônio inervando muitas células) proporcionam gestos motores com menor precisão, como o quadríceps. Já músculos que possuem pequenas unidades motoras (um motoneurônio inervando poucas células) proporcionam movimentos com maior precisão.
O controle motor pode ser divido em três níveis: voluntário, automático e involuntário.
Movimento voluntário:
Esse tipo de movimento, no qual a produção e a execução do movimento são planejadas de forma consciente e controlada, é dividido em três níveis: planejamento, tático e execução. A ativação da zona pré-motora, que planeja o gesto, desencadeia um potencial de ação para o córtex sensório-motor que envia o comando para o tálamo, daí para os núcleos da base, onde há divergência do sinal para o cerebelo e para o tronco cerebral, seguindo para a medula, de onde parte para o músculo, via motoneurônio, iniciando a contração muscular. Posteriormente, estímulos sensoriais chegam ao cerebelo, informando sobre a execução do movimento. 
No cerebelo, há encontro de informações sobre a ação motora idealizada e a realizada. É feita uma comparação entre elas e o resultado é enviado para o córtex sensório-motor, que corrige o movimento, a fim de torná-lo mais preciso. Para executar um gesto são realizadas milhares de correções, e a precisão das correções aumenta com a experiência na execução do gesto.
Em indivíduos com lesão cerebelar, essa capacidade de comparação e correção dos movimentos é perdida, fazendo com que esses indivíduos realizem gestos erráticos, com força excessiva ou insuficiente, e mudanças indesejadas de direção.
Movimento automático:
Tal movimento é coordenado a partir da área motora e ocorre quando os movimentos já foram muito aperfeiçoados, não necessitando de planejamento para serem realizados. Por exemplo, a marcha do bebê, inicialmente, é voluntária, depois se torna automática e sofisticada. O mesmo acontece com a fala e com a escrita. 
Quando o gesto motor é estruturado e automatizado, constitui um programa motor ou engrama: uma via neuromuscular que, uma vez estimulada, se repete automaticamente. Assim, sempre que o indivíduo desejar realizar essa ação motora, ela será reproduzida da mesma forma. Um exemplo é o ato de escrever.
Quanto mais experiências e habilidades motoras o indivíduo possuir, maior será seu vocabulário motor, sendo mais rápido e fácil seu processo de aprendizagem de gestos ou de esportes.
Movimento involuntário:
Este movimento, diferente dos outros, não necessita de controle cortical, pois ocorre ao nível medular. São movimentos reflexos, divididos em três tipos: reflexo miotático, reflexo miotático inverso e reflexo flexor ou de retirada.
Reflexo miotático: depende de um órgão sensorial chamado fuso muscular, sensível ao estiramento do músculo, e que é uma célula muscular modificada, localizada em paralelo às outras células musculares no ventre muscular. Os sarcômeros do fuso muscular ficam localizados em suas extremidades, e são inervados pela fibra gama ou fusimotora, que provoca a contração dos sarcômeros, estirando o órgão sensorial. Quando um músculo é estirado, o fuso envia potenciais de ação por uma fibra sensorial até o H medular, onde ela faz uma única sinapse que ativa o motoneurônio alfa que inerva o músculo estirado, provocando sua contração.
Reflexo miotático inverso: depende do Órgão Tendinoso de Golgi (OTG), uma terminação nervosa livre encapsulada, localizada no tendão do músculo e sensível à tensão muscular. Quando ativado pela tensão muscular, o OTG, que emite um potencial de ação por uma fibra sensorial até o H medular, realiza duas sinapses: uma com um interneurônio inibitório, que irá inibir o motoneurônio alfa, que inerva o músculo tensionado (agonista); e outra com um interneurônio excitatório, que irá excitar o motoneurônio alfa que inerva o músculo antagonista. Dessa forma, ocorre um relaxamento do agonista - para protegê-lo de possíveis lesões - e uma contração do antagonista.
Reflexo flexor ou de retirada: é ativado por um estímulo nociceptivo, que atinge as terminações nervosas livres subcutâneas, as quais geram um potencial de ação até o H medular, onde ocorrem sinapses ipsilaterais e contralaterais ao estímulo nociceptivo. No mesmo lado do estímulo, a fibra sensorial faz uma sinapse com um interneurônio excitatório, que estimula o motoneurônio alfa do músculo flexor – levando à retirada do segmento agredido –, e uma sinapse com um interneurônio inibitório, que inibe o motoneurônio alfa do músculo extensor, relaxando-o. Simultaneamente, a fibra sensorial cruza o H medular e realiza o processo inverso do outro lado, gerando contração dos músculos extensores e relaxamento dos flexores contralaterais ao estímulo.

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