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Síndrome X-Frágil- Genética Médica Caroline Fernandes T79 Introdução ● Síndrome de X frágil (SXF) ou Síndrome de Martin-Bell ● Gene afetado: FMR1 - fragile X mental retardation 1 -Gene metilado = produto proteico não expressado ● Localização cromossômica: Xq27.3 ● Prevalência: 10-50 / 100.000 ↠ homens: 14/ 100.000 * ↠ mulheres: 7/ 100.000 * * para a presença de mutação completa Prevalência de 1:4000 em homens e 1:8000 em mulheres ● Hereditariedade: Ligado ao X dominante ● Idade de início: Neonatal, Infância ● Código CID: Q99.2- Cromossomo X frágil ● Causa mais comum de perturbação do desenvolvimento intelectual hereditário ● Causa monogênica mais comum de perturbação do espetro do autismo Histórico: ● Lubs: descreveu a síndrome ● 1981: Richards et al demonstrou que as síndromes descritas em 1943 e 1969 eram as mesmas ● 1984: Lubs descreveu as características faciais ● 1991: identificação e sequenciamento do gene Diagnóstico clínico: A SXF representa cerca de 30% de todos os casos de atraso mental ligado ao X, sendo a causa hereditária e a segunda causa genética mais comum de déficit cognitivo!! - ao avaliar um indivíduo com déficit cognitivo significativo, bem como com autismo inexplicável, deve-se suspeitar de SXF - A deficiência intelectual é considerada a maior manifestação clínica da Síndrome do X Frágil; ➢ O atraso na realização de marcos motores e fala são aparente nos primeiros anos de vida; ➢ Limitação da capacidade de aprendizado, movimentação e auto expressão. Problemas de comportamento são proeminentes nos homens e fazem-se presente em aproximadamente 50% das mulheres; ➢ sintomas de TDAH; ➢ problemas com controle de impulso; ➢ estereotipias de distração, como agitar as mãos; ➢ contato visual deficiente (aversão ao olhar); ➢ acessos de raiva e irritabilidade; ➢ transtorno obsessivo-compulsivo; ➢ agressão e comportamento autolesivo, como morder as mãos Autismo: ● O transtorno do espectro autista (TEA) está presente em 50%-70% dos indivíduos com SXF; ● Quando presente, tende a estar associado a problemas comportamentais mais graves e a uma taxa aumentada de convulsões. ● Diagnóstico Clínico: SXF é a causa conhecida mais comum de autismo, sendo responsável por 2-3% de todos os casos de TEA! Etiologia: ● Em > 99%² dos casos, a SXF é explicada pela expansão de um trinucleotídeo com repetições CGG na região promotora do gene FMR1, ocorrendo na região 5’ não traduzida deste gene; ● Em alguns casos (<1%), podem ocorrer uma variante de sequência, uma deleção parcial ou uma deleção completa de FMR1 ● Localizado no braço longo do cromossomo X - região cromossômica Xq27.3; ● É um gene altamente conservado em mamíferos ● É responsável pela codificação de, ao menos, 12 tipos diferentes de RNAm, participando da formação/ composição dos tecido epitelial, cerebral e testicular (regula a tradução) ● A expressão de FMR1 resulta na proteína FMRP. FMRP: Associada a plasticidade sináptica e a modulação em todo o cérebro, bem como a regulação de outras proteínas; ● O silenciamento de FMR1 resulta na ↡/Ø expressão da FMRP; Metilação (CH3)/ Modificação das marcas de histonas ➢ nível de FMRP produzido ↓ (processo de formação neuronal) ~ grau de déficit cognitivo ↑ *Alterações causadas pela ausência ou deficiência de FMRP Fenótipo da pré-mutação- FXTAS ● Síndrome de tremor/ataxia associada ao X-frágil (FXTAS): doença neurológica progressiva de início tardio ➢40% de homens hemizigóticos para pré-mutação ➢16-20% de mulheres heterozigotas para pré-mutação ● Toxicidade do RNA ● Manifestações clínicas: ➢ Tremor de intenção ➢ Ataxia de marcha cerebelar ➢ Lentidão de movimentos ➢ Diminuição da expressão facial Contribuem para a variação clínica: 1. Sexo 2. Magnitude do Déficit de proteína FMRP 3. Grau de metilação 4. Mosaicismo 5. Tipo de mutação completa\parcial OBS: avaliação clínica do ângulo auriculomastóideo usado para diagnóstico de orelhas proeminentes. + Hábitos de morder as mãos + Dentes apinhados com má oclusão. Hereditariedade: Padrão dominante ligado ao cromossomo X; ➢Mulheres portadoras da mutação completa tem 50% de chance de transmitir à prole; ➢Homens portadores da mutação completa, e portanto afetados, terão chance de 100% de filhas portadoras (afetadas ou não) e nenhum filho afetado *Mulheres portadoras da pré-mutação podem ter filhos e filhas portadores do cromossomo x frágil; Esse fenômeno não costuma ser observado em homens portadores da pré-mutação Aconselhamento genético: Atentar para: ➢ Gestações de portadoras da pré-mutação*; Atenção, a genotipagem de trinucleotídeos AGG pode ser útil para avaliar o risco de expansão do alelo na transmissão e consequente transmissão do gene com a mutação completa. ➢ Portadores da pré-mutação com envolvimento clínico significativo; ➢ Os riscos de recorrência variam de acordo com o sexo do portador. ❖ A consulta de Aconselhamento Genético está indicada para investigação e identificação dos familiares em risco, decisões sobre testes genéticos, opções reprodutivas e diagnóstico pré-natal. Atualmente, por meio da fertilização in vitro (FIV), é possível que seja realizado o diagnóstico pré-natal (PGD) de embriões acometidos pela SXF; ● No Brasil, nesses casos, é permitido a realização da escolha do sexo do embrião; ● Indicação: casais que já tenham, comprovadamente, um alelo FMR1 expandido (ou alterado) em algum membro da família. Testes de diagnóstico: Desde a descoberta da base molecular do SXF, os testes citogenéticos para seu diagnóstico têm sido menos utilizados, mas não foram totalmente abandonados; Cariótipo ➢ Vantagem: Analisa todos os cromossomos; ➢ Desvantagem: Alto risco de falso negativo; Reação em cadeia de polimerase (PCR): ➢ Identificar e dimensionar, com exatidão, a região de repetições do trinucleotídeo CGG de FMR1; ➢ Capaz de diagnosticar e determinar tanto pré-mutações, quanto mutações completas. Southern Blot: ➢ Analisa o valor aproximado de repetições, determina o estado de metilação do gene FMR1 e identifica mosaicismo. Quando nenhuma expansão de repetição CGG é detectada, mas ainda há suspeita de FXS, as opções são realizar um painel multigene ou um teste genômico abrangente: ➢ Painel multigene: analisa o FMR1 e outros genes de interesse, detectando duplicações ou deleções do gene; ➢ Teste genômico abrangente (sequenciamento de exoma ou sequenciamento de genoma): identifica mutações em ponto. Tratamento: Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor. Controle de sintomas associados pois não há cura: ➢ Distúrbios cognitivos comportamentais; ➢ Distúrbios psiquiátricos; Terapia medicamentosa: Convulsões, TDAH, irritabilidade, agressividade e tiques; Estimulantes e inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS): ansiedade / comportamentos obsessivo-compulsivos Antipsicóticos atípicos: comportamentos agressivos / autismo Pacientes se beneficiam : ● Musicoterapia; ● Psicoterapia; ● Fonoaudiologia; ● Acompanhamento psicopedagógico, entre outros. Estudos de intervenção + X-frágil + Fase 3 e 4 Total: 11 resultados // 8 selecionados Tto com metformina:
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