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GESTÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO GESTÃO DE MATERIAL E PATRIMÔNIO GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS CHQAO Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais Coordenação Didático-Pedagógica Stella M. Peixoto de Azevedo Pedrosa Redação Pedagógica Frieda Marti Revisão Alessandra Muylaert Archer Projeto Gráfico Romulo Freitas Diagramação Luiza Serpa Coordenação de Conteudistas Fernando Velôzo Gomes Pedrosa Conteudistas Alexandre Duarte de Paiva Edson Carmelo de Souza Geraldo Mendes Gutian Weslei Jardim Batista Revisão Técnica Andrea Cherman Sandra Regina de Rocha Pinto Produção Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Realização EsIE – Escola de Instrução Especializada Exército Brasileiro Gestão de pessoas na administração pública : apostila 3 : comportamento humano nas organizações / coordenação didático- pedagógica: Stella M. Peixoto de Azevedo Pedrosa ; revisão pedagógica: Frieda Marti ; revisão: Alessandra Muylaert Archer ; projeto gráfico: Romulo Freitas ; diagramação: Luiza Serpa ; coordenação de conteudistas: Fernando Velôzo Gomes Perdrosa ; conteudistas: Alexandre Duarte de Paiva... [et al.] ; revisão técnica: Andrea Cherman, Sandra Regina de Rocha Pinto ; produção: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro ; realização: EsIE – Escola de Instrução Especializada [do] Exército Brasileiro. – Rio de Janeiro : PUC-Rio, CCEAD, 2014. Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais – CHQAO. 32 p. : il. (color.) ; 21 cm. Inclui bibliografia 1. Serviço público - Administração de pessoal - Brasil. 2. Administração pública - Brasil. 3. Brasil – Servidores públicos. I. Pedrosa, Stella M. Peixoto de Azevedo. II. Marti, Frieda. III. Paiva, Alexandre Duarte de. IV. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Coordenação Central Educação a Distância. V. Brasil. Exército. Escola de Instrução Especializada. CDD: 352.60981 CHQAO Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA UNIDADE 3 COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES APRESENTAÇÃO O Curso de Habilitação ao Quadro de Auxiliar de Oficiais (CHQAO), conduzido pela Escola de Instrução Especializada (EsIE), visa habilitar os subtenentes à ocupação de cargos e ao desempenho de funções previstas para o Quadro Auxiliar de Oficiais. A disciplina Gestão de Pessoas na Administração Pública possui carga horária total de 90 horas. Os objetivos gerais desta disciplina são: • Proporcionar aos participantes competência técnica, em nível de exce- lência, na área de recursos humanos; • Ampliar sua visão do mundo organizacional de modo que possam participar, efetivamente, do alinhamento da gestão de pessoas à ges- tão estratégica das organizações públicas. Nesta apostila será apresentada a Unidade Didática III – Comportamento Humano nas Organizações, cujos objetivos, determinados pelo Planeja- mento de Disciplina (PLADIS) e desenvolvido pela Seção de Ensino da Escola de Instrução Especializada do Exército Brasileiro (EsIE), estão especificados por capítulo. Boa leitura! CONTEUDISTAS Geraldo Mendes Gutian é bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agu- lhas Negras (AMAN); possui graduação em Engenharia Química pelo Instituto Militar de En- genharia (IME); é pós-graduado em Engenharia da Qualidade pela Faculdade de Engenharia Química da Universidade de São Paulo (FAENQUIL/USP) e mestre pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI-MG) com ênfase em Implementação de Sistemas de Gestão. É professor da Cadeira de Administração da AMAN. Nas Faculdades Dom Bosco ministra a disciplina de Administração Estratégica no Curso de Administração; as disciplinas de Gestão de Pessoas e Planejamento Estratégico e Desenvolvimento Regional no Curso de Gestão Pública; a disci- plina de Gestão Integrada de Recursos Humanos no Curso de Gestão de Recursos Humanos e a disciplina de Química Tecnológica no Curso de Engenharia de Produção Automotiva. Tem experiência na área de gerência de Recursos Humanos, planejamento estratégico, ma- peamento, análise e melhoria de processos. Edson Carmelo de Souza é bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e licenciado em Geografia pelo Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos. Possui pós-graduação em bases geo-históricas para o pensamento estratégico pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME) e mestrado em operações militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO). É professor da Cadeira de Administração da AMAN. Tem experiência na área de planejamento estratégico e no mapeamento, análise e melhoria de processos. Alexandre Duarte de Paiva é graduado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e graduando em Administração na Associação Educacional Dom Bosco (AEDB). Possui pós-graduação em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e cursa pós-graduação em Gestão pela Escola de Instrução Especializada (EsIE) e Universidade Católica de Petrópolis (UCP). É professor da Cadeira de Administração da AMAN. Tem experiência na área de gerência de recursos humanos e planejamento estratégico. Weslei Jardim Batista possui graduação em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN); é pós-graduado em Operações Militares de Defesa Antiaérea e de Defesa do Litoral pela Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe) e em Opera- ções Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO). Cursa pós-graduação em Gestão pela Escola de Instrução Especializada e Universidade Católica de Petrópolis (EsIE/ UCP). É professor da Cadeira de Administração da AMAN. Tem experiência e cursos na área de administração pública, gerência de projetos, gestão estratégica de pessoas e planos de carreira, recursos humanos, gestão ambiental e desenvolvimento sustentável, planejamen- to estratégico, análise e melhoria de processos, modelo de Excelência em Gestão, ética no serviço público, gestão da qualidade e excelência no atendimento. CONTEUDISTAS ÍNDICE 1 MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA 1.1 MOTIVAÇÃO 1.1.2 SATISFAÇÃO E COMPROMETIMENTO 1.1.3 A TEORIA DE MASLOW 1.2 LIDERANÇA 2 O PAPEL DO LÍDER 2.1 O PAPEL DO LÍDER NO NOVO MODELO 2.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CONCEITOS DE LIDERANÇA 2.3 DESENVOLVIMENTO E ENVOLVIMENTO 2.4 O PAPEL DO LÍDER NO DESENVOLVIMENTO DA EQUIPE 3 BIBLIOGRAFIA 09 09 11 12 14 19 19 20 24 25 29 9 GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 Objetivos específicos • Conhecer os conceitos de motivação e de liderança; • Apresentar as diferenças entre chefe e líder; • Conhecer o conceito de percepção; 1 MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA Motivação e liderança são temas bem peculiares e muito presentes nas organi- zações e, particularmente, na carreira militar. Nesta unidade didática – "Com- portamento Humano nas Organizações" – será apresentado o conceito de mo- tivação. Temas como satisfação e comprometimento também serão discutidos. Adicionalmente, será apresentada a primeira teoria relacionada à motivação humana: a teoria de Maslow, de 1943. 1.1 MOTIVAÇÃO No mundo globalizado as organizações tem constantemente buscado mudar suas estratégias e a maneira de gerir seus funcionários, para que possam obter sucesso no mercado competitivo. Tendo em vista essa necessidade constante de mudança e para que sejam atingidas as metas estabelecidas, é necessário que os integrantes dessas organizações estejam realmente motivados. Mas o que é motivação? Como pode ser definida? Motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e persistên- cia dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma meta (ROBBINS et al, 2011). É considerado um processo intrínseco, que leva uma pessoa a buscar a satisfação de suas necessidades. A palavratem origem do latim (movere) e indica a condição do organismo que influencia a direção do comportamento. Motivação nada mais é do que motivar a ação. É como uma "força" que remete essa pessoa em direção a algum objetivo e que é oriunda de suas necessidades CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 10 interiores. A motivação é contínua, o que significa dizer que a cada novo mo- mento surge algo, algum novo objetivo que irá de alguma forma impulsionar tal pessoa a agir. Algumas ideias chave, diretamente relacionadas à motivação, estão ilustradas na figura a seguir: Figura 1 – Motivação Fonte: Os autores Segundo Chiavenato (2010, p.478), motivação "é o processo que leva alguém a se comportar para atingir os objetivos organizacionais, ao mesmo tempo em que procura alcançar também os seus próprios objetivos individuais". Motivação é diferente de estímulo. A diferença entre motiva- ção e estímulo é que a primeira é intrínseca (está dentro de nós) e o segundo é extrínseco (vem de fora de nós). Nem sem- pre o que motiva uma pessoa serve de motivação para outra. De acordo com Ribas e Salim (2013), há três princípios importantes que expli- cam o comportamento humano: • O comportamento é causado por estímulos internos e externos; • O comportamento é motivado, ou seja, há uma fina- lidade em todo comportamento humano; Intrínseca Contínua Satisfação de necessidades Motivar a ação MOTIVAÇÃO Impulsão a agir GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 11 • O comportamento é orientado para objetivos. Existe sempre impulso, desejo e necessidade que servem para designar os motivos do comportamento (2013, p.309). Uma vez que as pessoas são peças fundamentais para o alcance do sucesso em todas as Organizações Militares, é importante adquirir conhecimentos sobre alguns conceitos relacionados à motivação, tais como as definições de incenti- vo, necessidade (ou motivo), meta e desejo. O quadro a seguir apresenta essas definições, segundo Chiavenato (2010, p.478). Incentivo É um estímulo externo que induz uma pessoa a tentar fazer algo ou esforçar-se para conseguir algo. É geral- mente denominado recompensa. Necessidade (ou motivo) É uma carência interna da pessoa, ou seja, um estímulo que dirige o comportamento para a sua satisfação. Meta É a finalidade em cuja direção se dirige o compor- tamento motivado. É também denominada objetivo individual ou objetivo pessoal. Desejo É uma meta ou objetivo individual conscientemente visado pela pessoa. Quadro 1 – Conceitos relacionados à motivação Fonte: Adaptado de Chiavenato (2010, p. 478) 1.1.2 Satisfação e comprometimento É muito comum ouvir reclamações de pessoas em cargo de chefia (ou gerência) sobre o baixo desempenho de alguns funcionários em relação à sua responsa- bilidade. Essas mesmas pessoas reclamam que suas empresas só não obtêm um melhor resultado (que pode ser um desempenho ou até mesmo o lucro) porque seus funcionários não "vestem a camisa da empresa", são lentos, vivem faltando ao trabalho etc. Entretanto, se esquecem de um detalhe: os chefes ganham re- lativamente bem e possuem certa flexibilidade na realização de suas atividades. Já os funcionários (ou operários) não podem nem pensar em chegar atrasados ou faltar, pois se assim o fizerem serão descontados em seus salários. O que podemos observar através desse exemplo é que as situações que mo- tivam os chefes são diferentes (ou estão ausentes) das que motivam os fun- cionários e vice-versa. Ou seja, a força que impulsiona os chefes no trabalho é diferente da força que impulsiona os demais funcionários. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 12 De acordo com Ribas e Salim (2013, p.311) o comprometimento organiza- cional tem três componentes: • A aceitação dos objetivos organizacionais; • A disposição para trabalhar com afinco pela organização; • O desejo de permanecer na organização. Dessa forma, pode-se considerar que existem três tipos de comprometi- mento organizacional: • Comprometimento afetivo (eu quero) - o funcionário deseja perma- necer na empresa por motivos (ou ligações) emocionais; • Comprometimento contínuo (eu preciso) - o funcionário deseja permanecer na empresa porque necessita dos benefícios e do salário ou não consegue encontrar outro emprego; • Comprometimento normativo (eu tenho) - o funcionário é com- prometido com a empresa e, de acordo com suas crenças, acredita que permanecer é o correto. 1.1.3 A teoria de Maslow A teoria de Maslow está diretamente relacionada à motivação. Um tema não pode ser abordado sem estar referido ao outro. Segundo a teoria de Maslow, as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, em uma hierarquia de importância. O comprometimento dos funcionários com a organização está fortemente relacionado à sua satisfação no trabalho. Ou seja, a satisfação refere-se a como as pessoas se sentem em relação àquele trabalho. Já a motivação refere-se à disposição ou vonta- de de realizar uma tarefa ou perseguir um determinado objetivo. GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 13 Figura 2 – A Pirâmide de necessidades de Maslow. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2010) • Necessidades fisiológicas - são as necessidades básicas relacionadas à sobrevivência biológica, como, por exemplo, o sono, a sede, sexo e outras necessidades fisiológicas. • Necessidades de segurança - estão relacionadas à proteção contra ameaças ou perigos (físicos e emocionais) como, por exemplo, abrigo, segurança contra a violência, ausência de guerras. • Necessidades sociais - estão relacionadas à afeição, aceitação social e amizade. Como exemplo, podemos citar a família, os amigos, grupos sociais e a comunidade. • Necessidades de estima - estão relacionadas a fatores externos de estima como, por exemplo, respeito, autonomia, reconhecimento, pres- tígio, consideração, status, etc. Existem outras teorias relacionadas à motivação humana, mas para efeito de estudo, a Teoria da Hierarquia de Maslow foi selecionada por ser a mais conhecida. Essa hierarquia de necessidades está ilustrada na pirâmide (figura 2) e seus respectivos níveis estão descritos a seguir. Fisiológicas Segurança Necessidades Primárias Necessidades Secundárias Sociais Estima Autor- realização Trabalho criativo e desa�ante Diversidade e autonomia Participação nas decisões Responsabilidade por resultados Orgulho e reconhecimento Promoções Amizade dos colegas Interação com clientes Chefe amigável Condições seguras de trabalho Remuneração e benefícios Estabilidade no emprego Intervalos de descanso Conforto físico Horário de trabalho razoável CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 14 • Necessidades de autorrealização - de acordo com Chiavenato (2010, p. 479) "é a necessidade mais elevada do ser humano. Constitui o impul- so de ser aquilo que é capaz de ser e de maximizar as aptidões e capaci- dades potenciais". Como exemplo, podemos citar o crescimento pessoal. Como é possível observar na pirâmide de Maslow, as necessidades estão organizadas de forma que quando uma é satisfeita, a próxima passa a ser dominante no comportamento da pessoa. Ou seja: as necessidades que estão dispostas hierarquicamente mais acima só influenciarão o comportamento quando as necessidades mais baixas estiverem satisfeitas. Há alguns anos, a Teoria de Maslow foi desacreditada, pois já se sabe que as necessidades mencionadas não se processam dessa forma hierárquica para os indivíduos. Na verdade, os indivíduos perseguem diversos estímulos advindos de necessidades diferentes concomitantemente. Como foi discutido e possível observar, o tema motivação é de extrema relevân- cia para as organizações, sejam elas públicas ou privadas, pois para que alcan- cem seus objetivos é fundamental que seus funcionários realizem suas tarefas com alto nível de desempenho. Para que possam executar essas tarefas com alto nívelde desempenho, esses funcionários devem possuir estímulos adequados às suas motivações intrínsecas, possuir as habilidades inerentes ao cargo, além de poder contar com o suporte da organização. Esse suporte organizacional englo- ba diversas variáveis que podem interferir diretamente no desempenho, como, por exemplo, informações relacionadas ao trabalho, equipamentos, disponibi- lidade de serviços, capacitação, tempo disponível, dentre outras. Do exposto, podemos deduzir que quanto maior a satisfação, maior será a motivação. 1.2 LIDERANÇA A liderança é fundamental para toda organização. Os líderes são responsá- veis por manter uma organização em direção ao sucesso ou corrigir rumos e reconduzi-la ao sucesso. Se uma organização possui trabalhadores motivados, treinados, competentes e habilidosos, com certeza possui grandes líderes. Por- tanto, a liderança é de fundamental importância para a existência das organi- zações e, por esse motivo, tem gerado muitos estudos sobre o tema. Maximiano (2011) ensina que os estudiosos inicialmente tentaram estabelecer traços físicos, como por exemplo, a altura, para identificar líderes, mas não GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 15 obtiveram consenso e sucesso. Passaram então para análises que identificam comportamentos comuns de líderes de diversos níveis da estrutura organiza- cional. A forma de tentar identificar como surgem líderes é estudada até hoje. De acordo com o mesmo autor: A liderança ocorre quando há líderes que induzem segui- dores a realizar certos objetivos que representam os valo- res e as motivações - desejos e necessidades, aspirações e expectativas - tanto dos líderes quanto dos seguidores. A genialidade da liderança está na forma como os líderes enxergam e trabalham os valores e motivações tanto seus como de seus seguidores (2011, p.256). Portanto, é possível compreender que os valores e as motivações são funda- mentais no exercício da liderança e a percepção correta que o líder dever ter das pessoas e do ambiente é fundamental para o seu sucesso. O exercício da liderança pelos integrantes das organizações é um dos fato- res fundamentais para o sucesso, sejam empresas, órgãos públicos ou organi- zações militares. Existem muitas definições do que é a liderança. Segundo Knapik: Liderança é uma incrível capacidade que nós temos de influenciar as pessoas, através de nossas ideias, exemplos e ações e fazer com que atinjam metas propostas ou passem a acreditar em crenças ou conceitos. Na realida- de, quando falamos em administrar, o que administramos são pessoas, e o desafio dos líderes é "fazer fazerem", unir os esforços e inteligências para realização de uma tarefa, de uma meta ou, em última análise, da Missão da empre- sa (2004, p.102). O Exército Brasileiro assim define a liderança militar: Liderança militar é a capacidade de influenciar o compor- tamento humano e conduzir pessoas ao cumprimento do dever. Está fundamentada no conhecimento da natureza humana, compreendendo a análise, a previsão e o con- trole de suas reações (1991, p. 3-2). CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 16 Mas, como as pessoas lideram outras? Chiavenato (2010) registra que as formas de liderar apresentadas a seguir se enquadram nas seguintes visões: os três estilos de liderança, a liderança orien- tada para tarefas ou para pessoas e a grade gerencial. a) Os três estilos de White e Lippitt, de 1960: • Liderança autocrática, quando o líder centraliza totalmente as deci- sões e a autoridade. • Liderança liberal, em que o líder permite total liberdade para a to- mada de decisões individuais ou grupais, participando apenas quando solicitado pelo grupo. • Liderança democrática, na qual o líder é extremamente comunicativo, encoraja a participação das pessoas e se preocupa igualmente com o trabalho e com o grupo. b) A liderança voltada para as tarefas ou para as pessoas, dos anos 1950 e 1960: A liderança centrada na tarefa é um estilo de liderança preocupada com a execução da tarefa e com seus resultados imediatos. A liderança centrada nas pessoas é um estilo de liderança preocupada com os aspectos humanos dos subordinados e que procura manter uma equipe de trabalho atuante, dentro de maior participação nas decisões. c) A grade gerencial, de 1962: Esta grade foi criada para mostrar que a preocupação com a realização da tarefa e com as pessoas são complementares e não mutuamente exclusivas. Os líderes devem unir essas duas preocupações para serem eficazes. Em se tratando das lideranças democráticas, autocráticas e liberais, é comum ouvir críticas às duas últimas, mas Knaip comenta o seguinte: É comum considerarmos a liderança democrática como sendo a mais eficaz na condução de equipes, porém, na realidade não é bem assim. Um grande desafio para os dirigentes é ter ciência que a liderança autocrática não significa ditadura ou satisfação pessoal à custa da equipe, que a liderança democrática não significa pôr tudo a votos e que a liderança liberal não significa ausência de GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 17 liderança ou abandono do grupo. A escolha do estilo de liderança depende de uma série de fatores como: • A maturidade da equipe ou indivíduo; • O conhecimento que a equipe ou indivíduo possui; • A experiência da equipe ou indivíduo; • As necessidades e insatisfações humanas; • O clima psicológico da equipe ou indivíduo; • As pressões externas, como prazo, tempo e controles. A liderança situacional consiste na habilidade e na com- petência em saber utilizar os estilos de liderança, depen- dendo da situação, da equipe, das tarefas. Na prática, os gerentes podem utilizar os três tipos de liderança, a questão é saber identificar qual estilo utilizar, com quem e dentro de quais circunstâncias (2004, p.104). Não há um tipo de liderança correto e outro errado. A forma de liderar vai ocorrer de acordo com o comportamento do grupo de trabalho e de diver- sas outras circunstâncias que envolvem o cumprimento da missão, o alcance da meta ou as necessidades para alcançar o objetivo. A percepção pessoal do líder torna-se fundamental para que ele identifique o tipo de liderança a ser empregada naquela ocasião. Essa visão será apresentada no item 2.2. Robbins et al. (2011) considera que a liderança pode envolver a utilização do poder para influenciar efetivamente indivíduos e grupos a fazer o que o líder deseja, segundo sua vontade. O poder, na verdade, pode ser utilizado por qualquer membro organizacional. As formas de poder são as seguintes: legíti- mo, de recompensa, coercitivo, de especialização e o referente. Realmente a liderança é algo muito importante, mas é possível reconhecer um grande líder? Na tradução feita pelo General Job Lorena de Sant´Anna da obra do Padre Gaston Courtois, grande educador francês, encontra-se a resposta para este questionamento: Reconhece-se o verdadeiro chefe por este sinal: sua simples presença é, para os homens que ele dirige, um estímulo para se superarem a serviço da causa comum. Substitua "presença" por "lembrança" e teremos o grande chefe. (1984, p.19) CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 18 Liderar e chefiar são a mesma coisa? Existe uma grande diferença entre chefiar e liderar. Chefiar é atingir os objetivos de um trabalho por meio de um grupo de pessoas, e liderar está relacionado a inspirar, motivar este grupo de pessoas para atingir as metas da organização. Para Caravantes (2005, p.505) as "pessoas podem ser líderes sem serem ge- rentes, serem gerentes sem serem líderes, ou podem ser tanto gerentes como líderes, simultaneamente." As pessoas que têm obrigação funcional de chefiar indivíduos/grupos podem ou não ter liderança sobre os indivíduos/grupos, mas devem ter consciência de que a liderança é sempre a situação ideal, principalmente em se tratando de mi- litares que podem vir a conduzirações em conflitos com grande risco de vida. De acordo com Knapik: A liderança é necessária em todas as atividades de um grupo organizado, principalmente nas empresas, mas não deve ser confundida com gerência. Os bons dirigen- tes têm perfil de liderança bem desenvolvido e positivo perante o grupo, mas nem todos os gerentes conseguem cativar e influenciar suas equipes ou exercer algum tipo de liderança. Gerenciar tem uma conotação mais admi- nistrativa, faz uso de técnicas gerenciais, conhecimentos técnicos, gerenciais e organizacionais, enquanto liderar tem uma conotação mais interpessoal se valendo de sen- timentos, motivações e valores pessoais. O desempenho eficaz dos gestores de uma organização depende da inte- ração com os estilos de liderança e as técnicas gerenciais (2004, p. 108). É necessário considerar e compreender que um grande líder pode usar seu prestígio e capacidade de persuasão para a realização de atitudes positivas ou negativas. O líder militar caracteriza-se pela ética no comportamento, por perceber nitidamente e com clareza o que é moralmente correto e conduzir-se no caminho da moral e da legalidade, decidindo com coragem e de acordo com os valores seculares da instituição a que pertence. 19 GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 Objetivos específicos • Identificar o papel do líder no novo modelo; • Conhecer a evolução histórica dos conceitos de liderança; • Conceituar desenvolvimento e envolvimento; • Identificar o papel do líder no desenvolvimento da equipe. O PAPEL DO LÍDER2 O mercado de trabalho nos dias atuais exige dos empresários e gestores a bus- ca por profissionais cada vez mais capacitados e engajados com os objetivos da empresa. Neste contexto, é essencial a figura de um líder, de uma pessoa capaz de motivar todos ao seu redor a executar um trabalho de qualidade e objetivo, através da aplicação de seus conhecimentos. Este líder deve desem- penhar papéis diferentes, de acordo com cada situação, sempre visando a satisfação do seu cliente e/ou do mercado de trabalho em que atua. Mas antes de conhecer estes papéis é necessário conhecer o conceito de líder. 2.1 O PAPEL DO LÍDER NO NOVO MODELO Penteado (1986) ensina que para definir amplamente liderança são necessá- rias três partes importantes: um líder, um grupo e uma situação. Segundo Maximiano (2001), só há liderança quando há liderados que seguem um líder ou aceitam sua influência por algum motivo. Para Kurcgant (1991, p.168) o conceito de líder "envolve a aceitação vo- luntária" da autoridade de uma pessoa sobre os demais membros do grupo, assim como "o reconhecimento de sua contribuição para o progresso" deste grupo. Desta forma, o grupo identifica a competência da pessoa escolhida para liderá-lo e deposita nela confiança, tornando permissivas as ações con- duzidas pelo seu líder. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 20 Para Weich: O líder eficaz é alguém que procura pela melhor pergun- ta, aceita a inexperiência, mantém-se em movimento, canaliza as decisões para aqueles que tem à mão o me- lhor conhecimento sobre determinado assunto, cria boas soluções com arte, é obcecado pela atualização, encoraja a improvisação e é profundamente consciente da igno- rância pessoal (apud RODRIGUES et al, 2003, p.110). O líder deve possuir sabedoria para utilizar as competências profissionais de cada membro da equipe, sabendo delegar as atividades para a pessoa com melhor capacidade de executá-las de forma a alcançar o objetivo institucional. Nos ambientes das organizações modernas é possível observar alguns cenários em que a legitimação do poder torna essencial a utilização de diversos papéis por parte das lideranças. Esses papéis ora se confundem, ora se mesclam, de acordo com o grau de abrangência de sua atuação ou de sua formalização ou não (RODRIGUES et al, 2003). De acordo com os mesmo autores é possível apontar três papéis do líder: • Chefe – alguém investido de autoridade formal, que ocupa cargo previsto na estrutura organizacional e que tem autonomia para representar, comandar e decidir, no âmbito de sua função. • Gerente – é a figura do chefe reforçada pelos conhecimentos e pelo exercício pleno das funções administrativas. • Gestor-líder – aquele que, no exercício de qualquer função de comando permanente ou temporária, formalmente designada ou não, é capaz de influenciar a equipe e, sendo por ele legitimado, representá-la e conduzi-la numa determinada direção (2003, p. 110). 2.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CONCEITOS DE LIDERANÇA As primeiras obras que tratam do assunto são do início do século XX. Neste período, diversos estudos foram realizados com focos diferentes, que passaram dos conceitos amplos de liderança, comportamento dos líderes, à capacidade de influenciar pessoas e à relação entre líderes e liderados. A seguir serão apre- sentados teorias e conceitos relacionados à liderança. GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 21 a) Teoria das Características Entre os anos de 1900 e 1940, o pensamento a respeito da liderança era volta- do para as características do líder, pois se acreditava que cada pessoa possuía uma característica ou traços de personalidade que a definia para tal função. A Teoria das Características diz que o indivíduo já nasce líder e que as habilidades de um bom líder não poderiam ser adquiridas. De acordo com Limongi-França e Arellano (2002, p. 263), "esta teoria não enfatiza outras variáveis que podem interferir na relação líder e liderado." Baseada nos estudos de Carlyle, datado de 1910, a Teoria das Características também ficou conhecida por Teoria do Grande Homem. Sua influência foi importante até a década de 1940. Baseado no pensamento de que o indivíduo já nasce líder, existiam três gran- des tipos de traço: os fatores físicos, as habilidades e os aspectos da persona- lidade. Entretanto, não seriam esses os únicos fatores, apesar de importan- tes, para a prática da liderança, senão apenas pessoas que possuíssem essas características seriam líderes e o desenvolvimento através do potencial humano deixaria de existir. Nas décadas de 40 a 80, período em que houve um predomínio do pensamen- to relativo às relações humanas, a ênfase foi dada aos atos dos líderes, defi- nindo estilos de liderança que, baseados nos estudos de Lewin (1951) e White e Lippitt (1960), passaram a ser conhecidos como: autoritário, democrático e laissez-faire (MARQUIS e HUSTON, 2010), apresentados no item 2.1. Em contrapartida ao estudo de liderança baseado nas características pessoais, a teoria referente aos estilos de liderança acredita na preparação da pessoa para se tornar um líder. Ou seja, qualquer pessoa, independente de ser um líder-nato, pode desenvolver a liderança seguindo determinadas características. b) Teoria Comportamental Caravantes (2005) relata que nas décadas de 1950 a 1960 estudiosos da Uni- versidade de Michigan (EUA), apresentaram a Teoria Comportamental, com o surgimento de dois comportamentos de liderança: um baseado na tarefa, em que o líder desempenha o papel de monitor e controlador, e o outro no empre- gado, que estimula o desempenho do grupo, despertando o senso de espírito de equipe. Essas duas categorias se subdividiriam em outras quatro, que são: construir relações, tomar decisões, influenciar pessoas e dar e procurar infor- mações, demonstrando que a junção de ambos os comportamentos devem ser trabalhados. Deve-se ressaltar a combinação das habilidades interpessoais, O líder nato é aquele que traz consigo, em sua personalida- de, a perspicácia e a objetivi- dade necessárias à realização de objetivos organizacionais, em qualquer grupo onde convive. Geralmente necessita exclusivamente de amadure- cimento e de conhecimentos (FERNANDO, 2010, p.2). CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 22 conceituais, técnicas e administrativas com as habilidadescomportamentais já descritas, encaixando os estilos de liderança na circunstância vivida. Ela tam- bém foi apresentada no item 2.1. c) Teoria Situacional ou Contingencial Posteriormente, os estudiosos passaram a crer que o líder não estava preso a um estilo definitivo e que devido à forma dinâmica de trabalho eles reagiam de formas diferentes quando deparados a uma nova situação. Esse pensamento resultou na Teoria Situacional ou Contingencial de Kenneth Blanchard e Paul Hersey (MARQUIS e HUSTON, 2010). Ainda segundo os autores, o estilo de liderança varia conforme as situações ou os indivíduos envolvidos. A situação determina as diretrizes após o conhe- cimento do problema e as inter-relações entre o líder e o grupo são influen- ciadas pela habilidade do administrador em ser um líder eficiente. Baseado nos estilos sugeridos por Lewin e White (1939), Tannenbaum e Shmidt (1958) alertaram para o fato de que os administradores precisavam variar entre o comportamento autocrático e o democrático de liderança. Em 1986, Hersey e Blanchard sugeriram que a liderança era uma forma de influenciar as ações de um indivíduo ou grupo para a execução de um objetivo numa determinada situação, concluindo que o processo de liderança incluiria uma das funções do líder, do liderado ou subordinado e de variáveis situacionais. Sendo assim, os líderes eficazes seriam capazes "de adaptar seu estilo de com- portamento às necessidades dos liderados e à situação", sendo que as variáveis para que este comportamento ocorresse seriam: comportamento para a tarefa, no qual o líder organiza, define, explica e estabelece padrões para as atividades e o comportamento de relacionamento, em que o líder mantém os canais de comunicação abertos dando feedback positivo para a sua equipe (LOURENÇO e TREVIZAN, 2002). Esta teoria se reflete intensamente nas práticas organizacionais, pois caracte- riza a liderança como resultado de um conjunto de variáveis, completando e facilitando o exercício do papel do líder que, por sua vez, deverá tirar proveito dos pontos fortes do seu estilo, com atenção voltada ao grupo de pessoas e à situação (LIMONGI-FRANÇA e ARELLANO, 2002). A Teoria Situacional e Contingencial, apesar de ter causado substantivas mo- dificações no pensamento e na forma de administrar, ainda é estudada pelos teóricos que discutem a magnitude das variáveis, incluindo valores do líder e GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 23 de seus seguidores, cultura da organização, ambiente, trabalho, influência do líder e complexidade da situação, dando origem às teorias de liderança intera- cional e transformacional (MARQUIS e HUSTON, 2010). d) Liderança Interacional A Liderança Interacional proposta por Schein na década de 1970 expõe as relações entre a personalidade do líder e a situação específica. Depois de diag- nosticada a situação, o líder deverá escolher a estratégia que melhor se encaixa às suas habilidades. O estudioso Hollander, em 1978, sugeriu que os seguido- res seriam a imagem da liderança. Líder e liderado colaborariam na relação de trabalho, tendo algo em troca. Ouchi (1981), outro pioneiro desta teoria, usava o termo “Teoria Z”, que era caracterizada pelo valor que atribui aos recursos humanos diante dos outros fatores que intervêm no processo da produção, como também pela importância concedida ao ambiente organizacional. A concepção do “estilo Z” se apoia na ideia da “família organizacional”, baseadas na consciência de grupo, na mútua cooperação, permitindo assim um clima de satisfação e estabilidade, incluindo sistemas de benefícios e incentivos, de maneira a estimular seus seguidores. e) Teoria Transformacional Por fim, Burns, conhecido estudioso de liderança, no início da década de 2000 identificou uma nova forma de liderança, que chamou de Teoria Transforma- cional. Ele defendeu a ideia de dois tipos de líderes, o transacional e o transfor- macional. O primeiro é o líder tradicional, preocupado em estabelecer metas e proporcionando rumos para controlar as situações e seguidores. Já o segundo é aquele que consegue realizar o que o transacional propõe, fortalecendo os demais com esta visão, motivando o desempenho, além das expectativas (MARQUIS e HUSTON, 2010). No quadro a seguir é possivel verificar a evolução das teorias em uma linha do tempo desde o seu início até os dias atuais. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 24 Figura 3: Evolução histórica da liderança Fonte: O autor Teoria das Características 1900 e 1940 Teoria Comportamental Teoria Situacional ou Contingencial 1950 a 1960 Liderança Internacional Década de 1970 Teoria Transformacional Década de 2000 2.3 DESENVOLVIMENTO E ENVOLVIMENTO De acordo com o Dicionário Michaelis on-line (2013), o significado de desen- volvimento e envolvimento são os seguintes: • Desenvolvimento: 1) Ato ou efeito de desenvolver. 2) Crescimento ou expansão gradual. 3) Passagem gradual de um estádio inferior a um estádio mais aperfeiçoado. 4) Adiantamento, progresso. 5) Exten- são, prolongamento, amplitude. • Envolvimento: Ação ou efeito de envolver ou envolver-se. Segundo Teixeira, Pereira e Carvalho (2013), desenvolvimento pode ser com- preendido, dentre outras maneiras, como uma forma organizada de conciliar os interesses dos indivíduos e das organizações, tendo em vista um processo de mudanças. Já envolvimento significa incluir-se, implicar-se em, sendo que a palavra desenvolvimento se origina de envolvimento. A partir do momento em que é possível se envolver com algo, independente de ser por sua importância, pelas oportunidades que se consegue vislumbrar, seja pelo que vá ser adquirido, é possível ter motivação para o aprofundamen- to em todas as formas de aprendizado, experiências e atuações. Excelência significa maximizar a contribuição dos colaboradores através do seu desenvolvimento e envolvimento. Para que as organizações possam apre- sentar desempenho excelente, devem identificar e compreender as necessida- des de competências atuais e futuras, que possibilitam a implementação de políticas, estratégias, objetivos e planos na organização. GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 25 A partir do momento em que as organizações obtêm essas informações, de- vem recrutar e desenvolver as pessoas de acordo com as competências neces- sárias à organização, apoiando-as ativa e positivamente em todo o seu poten- cial. Deverá existir uma preocupação e empenho no desenvolvimento pessoal, que precisa ser preconizado e apoiado, permitindo a realização das pessoas e a libertação de todo o seu potencial. O capital intelectual das pessoas deve ser valorizado e utilizado em benefício da organização. Finda esta fase de desenvolvimento do pessoal, deve-se buscar o envolvimento, por intermédio do propósito de reconhecer, recompensar e assistir as pessoas, ganhando o seu envolvimento e a sua lealdade para a organização. O potencial e o empenho ativo das pessoas devem ser maximizados, por meio de valores parti- lhados e de uma cultura de confiança, transparência e empowerment, sendo esse envolvimento utilizado para gerar e implementar oportunidades de melhoria. "Portanto, desenvolvimento pode ser considerado o processo de ampliação de nossos referenciais a partir de um processo de envolvimento" (TEIXEIRA, PEREI- RA e CARVALHO, 2013, p. 57). 2.4 O PAPEL DO LÍDER NO DESENVOLVIMENTO DA EQUIPE O desenvolvimento de equipes é um processo no qual se busca aprimorar as competências dos seus integrantes, a fim de tornar este grupo um grupo de alto desempenho. Por ser um processo contínuo, em determinados momentos é importante que seja enfatizado a fim de que não se perca o foco (MAXIMIA- NO, 2011). Como muitas vezes as equipes são formadas sem que seus integrantes se conheçam, tenham trabalhado juntos ou às vezes até existam conflitos em seu interior, uma intervenção deve ocorrer.Existem algumas técnicas de desenvolvimento de equipes que são deri- vadas dos fatores críticos de desempenho e outras que podem ser utilizadas e geridas pela própria equipe ou por seu líder. Estas estão listadas na figura a seguir (MAXIMIANO, 2011): Grupos de alto desempenho são grupos em que seus inte- grantes trabalham em regime de colaboração, sendo sua principal característica a si- nergia, ou seja, a capacidade de trabalharem coletivamen- te, produzindo um resultado melhor do que a simples soma das partes (Maximiano, 2011). CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 26 Figura 4: Estratégias de desenvolvimento de equipes Fonte: Maximiano (2011, p. 294) Para que possa existir uma equipe que busque o seu desenvolvimento é im- prescindível a figura do líder. Assim será possível perceber a necessidade de estabelecer objetivos próprios e trabalhar a equipe para que se possa atingi-los com coesão e sinergia. Após esta fase, o líder pode conduzir todos a se asso- ciarem aos objetivos organizacionais. Mas, como é possível colocar em prática um plano de desenvolvimento de equipe que a torne de alto desempenho? Como não existe processo infalível para o estabelecimento de um programa de desenvolvimento, alguns autores estabelecem itens que podem ser definidos como o papel do líder, para que o desenvolvimento de uma equipe de traba- lho seja alcançado. São eles (TEIXEIRA, PEREIRA e CARVALHO, 2013): • Analisar as necessidades de desenvolvimento; • Estabelecer os objetivos pessoais; 1. De�nir objetivos 2. Organizar o grupo 3. Criar desa�os para o grupo 5. Evitar a conformidade social 6. Promover o conhecimento mútuo 7. Criar identidade para o grupo 8. Instituir normas de alto desempenho 9. Estabelecer processos seletivos rígidos 10. Oferecer treinamento continuado 11. Oferecer recompensas pelo desempenho 12. Criar clima de abertura intelectual crítica 4. Evitar a coesão excessiva GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 27 • Identificar/conhecer os objetivos da organização; • Associar objetivos organizacionais e pessoais; • Estabelecer um plano eficaz para o alcance do objetivo resultante dessa associação. Seguindo esses itens, o líder poderá estabelecer as necessidades de desen- volvimento de sua equipe e assim: • Corrigir possíveis dificuldades; • Estabelecer quais os objetivos pessoais de seus integrantes de maneira a conhecer suas características e necessidades; • Conhecer os objetivos da organização para que se possa trabalhar com um rumo na direção correta; • Relacionar os objetivos da equipe com os da organização, buscando com isso envolver a equipe nas metas e assim aperfeiçoar o desempenho; • Estabelecer o plano que colocará toda esta associação de fatores em prática. Essas atividades proporcionarão à equipe ter seu desempenho potencializado, tornando-se uma equipe de "alto desempenho". 29 GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - U3 3 BIBLIOGRAFIA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Exército Brasileiro. Estado-Maior. IP 20-10: Instruções Provisórias de Liderança Militar. Brasília, DF, 1991. CARAVANTES, Geraldo R.; PANNO, Claúdia C. e KLOECKNER, Mônica C. Admi- nistração: Teorias e Processos. 3ª reimpressão. São Paulo: Person Prentice Hall, 2005. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2ª ed. 5ª reim- pressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. COURTOIS, Gaston. A arte de ser chefe. Rio de Janeiro: Bibliex, 1984. FERNANDO, Alexandre. Líder Feito e Líder Nato: A equipe percebe a dife- rença. TIEspecialistas, Brasil. Disponível em: <http://www.tiespecialistas.com. br/2010/11/lider-feito-e-lider-nato-a-equipe-percebe-a-diferenca/>. Acesso em: 26 dez 13. KNAPIK, Janete. Administração geral e de recursos humanos. Curitiba: IBPEX, 2004. 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Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3ª ed. 6ª reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. CCEAD – COORDENAÇÃO CENTRAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Coordenação Geral Gilda Helena Bernardino de Campos Coordenação de Avaliação e Acompanhamento Gianna Oliveira Bogossian Roque Coordenação de Criação e Desenvolvimento Claudio Perpetuo Coordenação de Design Didático Sergio Botelho do Amaral Coordenação de Material Didático Stella Maria Peixoto de Azevedo Pedrosa Coordenação de Tecnologia da Informação Renato Araujo Gerente de Projetos José Ricardo Basílio Equipe CCEAD Alessandra Muylaert Archer Alexander Arturo Mera Ana Luiza Portes Angela de Araújo Souza Camila Welikson Ciléia Fiorotti Clara Ishikawa Eduardo Felipe dos Santos Pereira Eduardo Quental Frieda Marti Gabriel Bezerra Neves Gleilcelene Neri de Brito Igor de Oliveira Martins Joel dos Santos Furtado Luiza Serpa Luiz Claudio Galvão de Andrade Luiz Guilherme Roland Maria Letícia Correia Meliga Neide Gutman Romulo Freitas Ronnald Machado Simone Bernardo de Castro Tito Ricardo de Almeida Tortori Vivianne Elguezabal EXÉRCITO BRASILEIRO