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TRABALHO FALSAS MEMÓRIAS - 2021 OK (1)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO ASSIS GURGACZ
AMANDA ELOISA BLANCK
EVELYN FRANÇOISE POPLADE
THAÍSA FERNANDES
ANA KAROLINA CALDAS DA SILVA
FALSAS MEMÓRIAS
CASCAVEL
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO ASSIS GURGACZ
AMANDA ELOISA BLANCK
EVELYN FRANÇOISE POPLADE
THAÍSA FERNANDES
ANA KAROLINA CALDAS DA SILVA
FALSAS MEMÓRIAS
Trabalho apresentado à disciplina de Processos Psicológicos Básicos como quesito parcial para obtenção da aprovação semestral no Curso de Psicologia do Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz.
Professora Orientadora: Aryane Matioli.
CASCAVEL
2021
Será possível que pessoas de todas as épocas e lugares experimentem de vez em quando alucinações vívidas e realistas? ...- sendo os detalhes preenchidos pelos estilos culturais predominantes. Outras pessoas, que não viveram pessoalmente a experiência, acham-na perturbadora e de certo modo familiar.
Passam a história adiante. Logo ela adquire vida própria, inspira outros a tentar compreender as suas próprias visões e alucinações e entra no reino do folclore, do mito e da lenda. A conexão entre o conteúdo de alucinações espontâneas do lobo temporal e o paradigma das lendas é coerente com essa hipótese. (SAGAN, CARL. 1996)
Receber informações e processá-las, armazená-las em locais distintos (e muito bem protegidos) do nosso cérebro, resgatar informações diversas (até mesmo as mais antigas ou, aparentemente banais): eis uma das mais belas capacidades humanas. Todo esse processo ao qual damos o nome de memória (sensorial, de curto ou longo prazo) nos constituem e nos auxiliam a viver melhor. Estamos a todo o tempo construindo memórias, e no momento que as resgatamos podemos recordá-las ou reconstruí-las.
De acordo com Myers (1999), “a memória é nossa capacidade de arquivar e recuperar informações. Sem ela, cada momento, desde os mais simples aos mais complexos, nos imporia um novo desafio todos os dias. (MYERS, 1999, p. 190-210).
A cientista Elisabeth F. Loftus, é uma Psicóloga cognitiva que tem sua formação e seus estudos voltados para a memória. Grande parte dos seus estudos falam sobre as denominadas “falsas memórias”, que seriam erros que o ser humano tem em suas memórias, ou seja, memórias que o indivíduo acredita ter. Em outras palavras, vivências de vida que certa pessoa se recorda ou acredita se recordar mas que na realidade nunca existiram. 
Em uma de suas palestras, Loftus comenta sobre um estudo realizado nos Estados Unidos da América, no qual 300 pessoas foram condenadas injustamente antes da descoberta dos testes de DNA, ficando 10, 20 e até 30 anos condenadas à reclusão. Este estudo revelava que um terço das injustas condenações ocorreu por falsas memórias, seja das testemunhas ou das vítimas.
A psicóloga Loftus nos exemplifica a respeito das falsas memórias.
Em um deles ela discorre sobre uma alteração em uma placa de sinalização em um cruzamento, substituindo a palavra PARE por uma placa de “dê a preferência”. Qual placa as pessoas tendem a lembrar? Para muitos, isso estaria atrelado ao fato de não ser um fator estressante ou traumático, ou seja, ocorre uma confusão com as placas por ser um evento rotineiro, coloquial e pouco importante. O mesmo não ocorreria em uma situação de grande impacto.
Elisabeth prova que tal pensamento está incorreto por meio de outro estudo, no qual ex-militares que serviram na guerra, foram submetidos a um interrogatório por 30 minutos e sofrem diferentes espécies de torturas. Após o interrogatório, pistas sugestivas foram dadas de que tal pessoa seria seu torturador, assim ao serem questionados quem era o torturador responderam que era a pessoa que correspondia às pistas e não mais ao “verdadeiro” sujeito. Mesmo passando por uma situação extremamente estressante com ele e tendo contato direto – um detalhe interessante a ser mencionado é que as pessoas não eram parecidas.
Em adição, podemos afirmar que nosso cérebro faz processos de codificação e armazenamento diversas vezes ao dia para muitas memórias, e decodifica informações ao relembrar de algo. Em outros termos, há uma contaminação da memória com os dados sugestivos que temos no presente e ao relembrar de dada memória. Portanto a memória é alterada. Para a estudiosa Loftus essa “contaminação da memória” pode ocorrer por uma conversa, por um trauma, por uma cena atípica, por uma tarefa do cotidiano, por propagandas, filmes, pela imaginação, entre outros fatores.
Loftus possui uma gama de estudos que comprovam como uma memória pode ser implantada em um ser humano, como uma árvore plantada em seu cérebro. Na década de 90, surgiram inúmeros estranhos casos de pessoas que detinham memórias fora do comum, como abdução por alienígenas, invocações demoníacas, etc. Um desses casos foi de uma mulher que acreditava ter sido possuída por um espírito maligno, participado de rituais satânicos e ter tido uma gravidez e seu bebe ter sido arrancado de sua barriga, no entanto não havia nenhuma cicatriz ou qualquer indício que algum dos fatos pudesse ser verídico. Ao investigar os fatos que estavam ocorrendo, a especialista Loftus averiguou que havia uma relação com um tipo de psicoterapia da época, o qual usava técnicas de imaginação, hipnose entres outros.
Esse estudo é uma prova de que as memórias podem ser implantadas em nosso sistema nervoso, por isso não devem ser consideradas como fator para o julgamento de casos. Podem ser apenas um colaborador de provas, mas não como fator decisivo em julgamentos, já que não são totalmente confiáveis. “Lembranças lúcidas, mas totalmente falsas, podem ser induzidas com facilidade por algumas dicas e perguntas, sobretudo no ambiente terapêutico” (SAGAN, p. 165). 
Assim podemos dizer que as nossas memórias podem facilmente ser contaminadas. Inclusive em pessoas que não se consideram vulneráveis para tal, lembranças falsas podem ser implantadas em suas mentes.
Traremos agora a Teoria do Traço Difuso, que fala sobre a existência de dois tipos de memória. Uma delas, a de essência, é ampla e armazena informações que trazem o significado do evento como um todo. Outra, a literal, diz sobre a codificação das informações ocorre de modo detalhado e o armazenamento de forma episódica (STEIN e PERGHER, 2001). Em outras palavras, a memória de essência armazena o fato, e a literal abrange a lembrança dos detalhes (STEIN e NEUFELD, 2001). Para Stein e Pergher (2001), a segunda é mais passível às interferências e ao esquecimento quando comparada com a primeira. Stein e Neufeld (2001) exemplificam que: 
Uma memória literal seria lembrarmo-nos da exata posição e local em que se encontra um determinado objeto no interior do armário. Já a memória de essência seria lembramo-nos que guardamos este mesmo objeto em alguns dos armários de nossa casa, sem poder precisar o local exato em que ele se encontra (p. 04). 
Para com Stein e Pergher (2001), existem dois tipos de falsas memórias. A primeira, são denominadas de falsas memórias espontâneas ou auto sugeridas, em que são resultantes de um processo normal de compreensão, de modo interno. Já a segunda, chamadas de falsas memórias implantadas ou sugeridas, resultam de alguma sugestão externa. 
Desta forma, concluímos que estamos todos suscetíveis as falsas memórias, ou seja, a recordar fatos que não ocorreram embora acreditemos fielmente tê-las vivido.
REFERÊNCIAS
STEIN, L. M.; NEUFELD, C. B. Falsas memórias: porque lembramos de coisas que não aconteceram? Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 5, n. 2, 2001.
STEIN, L. M.; PERGHER, G. K. Criando falsas memórias em adultos por meio de palavras associadas. Psicologia: reflexão e crítica, v. 14, n. 2, p. 353-366, 2001.
SAGAN, CARL. O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro. 1 ed., São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
MEYERS, D. G. Psicologia. 11 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019.
How Memory can be Manipulated with Elizabeth Loftus, PhD, American Psychological Association, Youtube, 9 de outubro de 2019. 17’09” (Disponível em URL: (147) How Memorycan be Manipulated with Elizabeth Loftus, PhD - YouTube ), acesso em 26/04/2021.

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