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2006-OpapeldaanlisefacialnaOrtodontiaatual (1)

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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/281003990
O papel da análise facial na Ortodontia atual
Article · January 2006
CITATION
1
READS
879
1 author:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
CLEAR ALIGNER View project
ORTHOGNATIC SURGERY View project
Guilherme Thiesen
Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul)
84 PUBLICATIONS   219 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Guilherme Thiesen on 16 August 2015.
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https://www.researchgate.net/publication/281003990_O_papel_da_analise_facial_na_Ortodontia_atual?enrichId=rgreq-15aba97bfb91edfd7a7e675b4eda4cbf-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTAwMzk5MDtBUzoyNjMwNjU0MTc1NDc3NzdAMTQzOTczMTA5MTcyMQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/CLEAR-ALIGNER?enrichId=rgreq-15aba97bfb91edfd7a7e675b4eda4cbf-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTAwMzk5MDtBUzoyNjMwNjU0MTc1NDc3NzdAMTQzOTczMTA5MTcyMQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/ORTHOGNATIC-SURGERY?enrichId=rgreq-15aba97bfb91edfd7a7e675b4eda4cbf-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTAwMzk5MDtBUzoyNjMwNjU0MTc1NDc3NzdAMTQzOTczMTA5MTcyMQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-15aba97bfb91edfd7a7e675b4eda4cbf-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTAwMzk5MDtBUzoyNjMwNjU0MTc1NDc3NzdAMTQzOTczMTA5MTcyMQ%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Guilherme_Thiesen?enrichId=rgreq-15aba97bfb91edfd7a7e675b4eda4cbf-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTAwMzk5MDtBUzoyNjMwNjU0MTc1NDc3NzdAMTQzOTczMTA5MTcyMQ%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Guilherme_Thiesen?enrichId=rgreq-15aba97bfb91edfd7a7e675b4eda4cbf-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTAwMzk5MDtBUzoyNjMwNjU0MTc1NDc3NzdAMTQzOTczMTA5MTcyMQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/institution/Universidade_do_Sul_de_Santa_Catarina_Unisul?enrichId=rgreq-15aba97bfb91edfd7a7e675b4eda4cbf-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTAwMzk5MDtBUzoyNjMwNjU0MTc1NDc3NzdAMTQzOTczMTA5MTcyMQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Guilherme_Thiesen?enrichId=rgreq-15aba97bfb91edfd7a7e675b4eda4cbf-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTAwMzk5MDtBUzoyNjMwNjU0MTc1NDc3NzdAMTQzOTczMTA5MTcyMQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Guilherme_Thiesen?enrichId=rgreq-15aba97bfb91edfd7a7e675b4eda4cbf-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MTAwMzk5MDtBUzoyNjMwNjU0MTc1NDc3NzdAMTQzOTczMTA5MTcyMQ%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf
Trabalho original
o papelda análisefacial
na Ortodontiaatual
THE ROLE DF FACIAL ANALYSIS IN CoNTEMPoRARY ORTHoOoNTlCS
Guilherme Thiesen
Professor do Curso de Especialização em Ortodontia
e Ortopedia Facial da Universidade do Sul de Santa Catarina/Unisul.
Recebido: jul/2005
Aprovado: out/2005
RESUMO: Até o século passado, o diagnóstico e o plano de tratamento ortodôntico eram baseados quase que exclusivamente
nas relações oclusais entre as arcadas e nas relações entre os tecidos ósseos. No modelo atual, o ortodontista tem sido impelido
a alcançar os resultados oclusais e esqueléticos que irão favorecer a obtenção de uma harmonia nos tecidos tegumentares
dos seus pacientes, uma vez que a estética facial constitui um dos objetivos principais do tratamento. Assim, surge um novo
paradigma acerca da importância da análise facial para o adequado diagnóstico e plano de tratamento ortodôntico. O século
21 certamente irá presenciar uma nova ênfase nas relações entre os tecidos tegumentares faciais e o tratamento ortodôntico,
contribuindo assim para a evolução e o aprimoramento dessa especialidade como ciência.
DESCRITORES: Ortodontia, Diagnóstico, Cefalometria, Face.
ABSTRACT:Unti1last century, orthodontic diagnosis and treatment planning has been most1y based on dental relations between
maxillary and mandibular teeth and on hard tissue relationships. In the modern model, the orthodontist task is to achieve the
occ1usaland fadal outcomes that would most benefit the harmony of the soft tissues of his patients, once fadal esthetics concerns
are often paramount. Therefore, an emerging new paradigm in diagnosis and treatment planning takes place. The twenty-first
century will certainly see a new emphasis on soft tissue relationships and orthodontic treatment, thus contributing for its evolution
and improvement as a sdence.
DESCRIPTORS: Orthodontics, Diagnosis, Cephalometry, Face.
INTRODUÇÃO
Os conceitos hoje vigentes para o diagnóstico e
o conseqüente plano de tratamento ortodôntico nos
remetem ao equilíbrio e harmonia dos traços e con-
tornos faciais. Assim, o julgamento estético clínico
tem-se mostrado como muito mais valioso no plane-
jamento do tratamento ortodôntico e orto-cirúrgico
do que qualquer análise cefalométrica.
Isto porque, segundo Capelozza Filh08 (2004) a
análise cefalométrica clássica tem alguma aplicação
somente naqueles casos onde a má-oclusão é dento-
alveolar e a resolução do problema pode ser realizada
por meio de recursos da Ortodontia convencionat
Todavia, existe uma grande diferença entre esse
tipo de Ortodontia dirigida especificamente para a
correção de desordens dentoalveolares e aquela que
se beneficia de recursos de ortopedia mecânica e/ou
funcional e cirurgia ortognática.
380~ REVAssoePAULelRDENT2006;60(5):380-5
REVISÃO DE LITERATURA
A classificação em norma sagital das más-oclu-
sões em Classes I, II e IlI, conforme preconizada por
Angle no século 19, é baseada em normas puramente
dentárias, através da relação ântero-posterior entre os
primeiros molares permanentes. Naquela época, a Or-
todontia buscava uma maneira mais adequada de rela-
cionar os dentes com o complexo craniofacial e, assim,
proporcionar um correto diagnóstico e planejamento
dos casos. Assim, em 1931, com o desenvolvimento do
cefalostato, a cefalometria foi então introduzida como
método auxiliar no diagnóstico ortodôntic09.12.
Com o advento da cefalometria, várias análises
cefalométricas foram criadas na tentativa de qualificar
e quantificar os diversos componentes dentários e es-
queléticos envolvidos nos diferentes tipos de más-oclu-
sões, criando padrões e ideais cefalométricos14.17-18.20-21.
A partir daí, diversos estudos foram conduzidos no
campo da cefalometria radiológica, o que permitiu
à Ortodontia uma série de avanços em relação ao
estudo do crescimento craniofacial e na efetividade
das abordagens terapêuticas utilizadas8.
Particularmente, importante é considerar que
os valores cefalométricos normativos foram assim
tomados como guias no diagnóstico e na movimen-
tação dentária. Desde então, a análise cefalométrica
tem sido usada como um padrão pela facilidade de
obtenção, medição e comparação das estruturas
esqueléticas e dentárias. Estas diversas vantagens
da análise cefalométrica levaram a uma forte con-
fiabilidade na cefalometria em todos os aspectos do
tratamento ortodôntico e, durante muitos anos, os
ideais cefalométricos foram os pontos cardeais para
o tratamento ortodôntico e a estética facial9.
Segundo Goldreich et aJl3 (1998) são inúmeros
os benefícios que o método cefalométrico de estudo
trouxe à investigação científica e ao desenvolvimento
da Ortodontia como atividade profissional. Por outro
lado, muitos ortodontistas utilizam essa radiografia
como único instrumento de
diagnóstico, sendo que essa
supervalorização pode levar
a resultados inesperados e
até ao insucesso de um trata-
mento ortodôntico. Inúmeras
explicações existem para a
inadequação da cefalometria,
dentre elas, a possibilidadede erros de projeção do objeto
no filme radiográfico, falhas
na identificação e leitura dos
pontos cefalométricos, técni-
cas incorretas de mensuração
das grandezas lineares e an-
gulares, variações no sentido
vertical e horizontal dos pon-
tos cefalométricos, variações
individuais quanto às incli-
nações de linhas e planos de
referência da base do crânio,
dentre outros.
Com o avanço e a popu-
laridade dos procedimentos
ortocirúrgicos, a busca pelo
equilíbrio da face recebeu um maior destaque, pro-
movendo assim a incorporação da análise facial como
um importante exame auxiliar ao diagnóstico orto-
dôntico. Isto resultou na intensificação da necessida-
de de se estudar as faces esteticamente equilibradas
e a harmonia entre diferentes elementos faciais12.
No entanto, a habilidade em se reconhecer uma
face bela é inata e traduzi-Ia em metas terapêuticas
objetivas e definidas pode tornar-se uma tarefa
árdua. Isto porque a harmonia e o equilíbrio facial
não são conceitos fixos. Os padrões de beleza variam
tremendamente entre as pessoas, grupos raciais e de
.rtodontia .
acordo com as tradições sócio-econômicas. Subjetivo
como é, um conceito de normalidade torna-se essen-
cial para o ortodontista19.
Sendo assim, ocorreu no passado uma tentativa
para se estabelecerem valores métricos e angulares
normativos na análise dos tecidos moles da facel-3.10.15.
Entretanto, estas tentativas nunca se tornaram am-
plamente difundidas e populares, uma vez que elas,
muitas vezes, caíam nos mesmo erros das antigas
análises cefalométricas radiográficas. Destarte, uma
análise facial subjetiva, sem a utilização de valores
médios determinados, apareceu como alternativa
para a realização de uma adequada análise dos te-
cidos tegumentares dos pacientes8.12.
Entretanto, será que a análise facial subjetiva
apresenta uma correlação significativa com os acha-
dos cefalométricos e oclusais apresentados pelos
pacientes?
Para responder a alguns desses questionamentos,
Gianniou et aJl2 (2003), realizaram um estudo clínico
com 67 pacientes objetivando investigar a possibili-
dade de predizer as alterações
dentárias e esqueléticas por
meio da observação subjetiva
de suas fotografias faciais
de frente e perfil, compa-
rando estes achados com as
características encontradas
nos modelos de estudo e nos
cefalogramas laterais desses
pacientes. A análise das fo-
tografias foi realizada por 25
ortodontistas com diferentes
graus de experiência. Os
resultados desta pesquisa
demonstraram que a determi-
nação de desarmonias esque-
léticas e dentárias por meio
da análise facial foi confiável
em diversos quesitos, prin-
cipalmente quanto ao perfil
facial e perfil esquelético no
plano sagital, terço inferior
da face nos sentidos vertical
e sagital, overjet, overbite e
classificação de Angle. Além
disso, a consistência dos julgamentos realizados
entre os diversos ortodontistas foi alta, contribuin-
do assim para a adoção da análise facial como um
método de maior importância para o diagnóstico e
planejamento ortodônticos.
Outro estudo, conduzido nesse mesmo intuito, foi
realizado em 2001 por Brandão et ar, os quais objeti-
varam avaliar as características do perfil tegumentar
em portadores de má-oclusão Classe 11, Divisão li!
por meio da análise facial. Os resultados obtidos
comprovaram na face características presentes na
cefalometria para as más-oclusões de Classe 11, Di-
Apesar do grande número de
análises cefalométricas presentes
na literatura ortodôntica,
seus dados e parâmetros não
são totalmente satisfatórios.
Quando diferentes análises
cefalométricas são utilizadas
para avaliar um mesmo paciente,
diferentes diagnósticos, planos de
tratamento e resultados podem ser
encontrados3, 15.Esta disparidade
torna uma abordagem terapêutica
com um plano de tratamento
baseado totalmente na análise
cefalométrica, desaconselhável.
REVASSOCPAULCIRDENT2006;60(5):380-5 li 381
THIESEN G
visão 1", como, por exemplo, a ocorrência de grandes
discrepâncias entre a maxila e mandíbula, alto grau
de convexidade facial, acentuado ângulo do terço
inferior da face e ângulos nasolabial e mentolabial.
Os autores atestaram ainda que a análise facial pos-
sivelmente estaria mais indicada para o diagnóstico
desses pacientes, pois assim estaria eliminando os
valores numéricos inerentes às análises cefalométri-
382j. REV ASSOCPAULCIRDENT2006;60(5):380-5
Figura 1
Cefalograma da
paciente QXT,
evidenciando
a tendência de
crescimento vertical.
cas e apoiando o planejamento ortodôntico em um
conjunto de sinais e sintomas específicos para este
tipo de má-oclusão.
Ao investigarem a relação entre a avaliação sub-
jetiva da as simetria facial e índices cefalométricos,
por meio de fotografias frontais da face e telerradio-
grafias póstero-anteriores em 100 pacientes, Masuoka
et aJl6 (2005), concluíram que quando é encontrada
discrepância entre as medidas cefalométricas e a aná-
lise facial subjetiva, a influência das estruturas dos
tecidos moles deve ser considerada soberana e mais
fidedigna para a caracterização da assimetria.
Além desse aspecto, vale frisar que se verifica
atualmente na população uma maior aceitação por
perfis mais cheios, ou seja, uma maior protrusão
labial é requisitada por parte dos pacientes, negli-
genciando assim a percepção de beleza idealizada
no passado, como por exemplo, o perfil côncavo do
ApoIo de Belvedere. Sabe-se também que o perfil dos
pacientes brasileiros portadores de oclusão normal
é levemente mais protruso do que as normas esta-
belecidas através das amostragens de caucasianos
norte-americanos, bem como a presença de incisivos
superiores e inferiores mais projetados5.11.
Re~u~idamente, em qualquer tipo de filosofia de
Figura 3
Uso da mentoneira
de tração vertical para
redirecionamento
do crescimento
craniofacial.
Figura 2
Fotografia de face
da paciente QXT
tratamento, a linha-mestra sempre deverá ser a harmoni-
zação dos aspectos faciais, aliado à manutenção da saúde
dos tecidos dentários e à estabilidade do tratamentol9.
DISCUSSÃO
Muitos profissionais tendem a superestimar ou
depender exclusivamente das informações advindas
das análises cefalométricas, baseando-se na crença
de que seguir as normas cefalométricas resultará
na obtenção de faces harmoniosas. Assim, passam
a tratar os valores cefalométricos, enquanto o real
problema do paciente não é avaliado e abordado.
Apesar do grande número de análises cefalométri-
cas presentes na literatura ortodôntica, seus dados e
parâmetros não são totalmente satisfatórios. Quando
Na Ortodontia atual, nos
encontramos numa situação de
mudanças de paradigmas, onde
o antigo modelo de diagnóstico e
planejamento tem sido suplantado.
Antigamente, a ênfase era dada
aos componentes dentários e
esqueléticos. Uma vez que os
tecidos. tegumentares nem sempre
acompanham a morfologia
dos tecidos duros, a Ortodontia
moderna direciona maior
importância aos aspectos dos
tecidos moles dos pacientes4.
diferentes análises cefalométricas são utilizadas para
avaliar um mesmo paciente, diferentes diagnósticos,
planos de tratamento e resultados podem ser encon-
trados3.15. Esta disparidade torna uma abordagem
terapêutica com um plano de tratamento baseado to-
talmente na análise cefalométrica, desaconselhável.
Além disso, a maioria das análises cefalométricas
é baseada em amostras de indivíduos que não apre-
sentam discrepância esquelética. Quando estes va-
lores são aplicados para os casos clínicos que vimos
na pratica diária, os quais muitas vezes apresentam
desarmonias verticais e ântero-posteriores, eles
perdem a validade9.
A Figura 1 ilustra o cefalograma da paciente QXT,
gênero feminino, 11 anos de idade, que foi submetida
à avaliação pela análise cefalométrica de Steiner, in-
dicando por meio desta um valor de SNA igual à 79°,
SNB igual à 70° e ANB de 9° (valores esses compatíveis
com a Classe II esquelética).
Entretanto, nota-se na paciente
uma tendência de crescimento
excessivamente vertical (prin-
cipalmente quando são obser-
vados os valores elevados do
ângulo goníaco-133°, do ângu-
lo do plano mandibular -49° e
da altura facial ântero-inferior
-92 mm), o que induz a obten-
ção de medidas equivocadas
pela análise cefalométrica su-
pracitada. Por meio da análise
facial (Figura 2). fica salienta-
do na paciente um perfil total
convexo, bem como o perfil do
seu terço inferior, ângulo na-
solabial e projeção zigomática
normais, linha queixo-pescoço
adequada, terço inferior da
face aumentado, ausência de
selamento labial em repouso e
linha do sorriso baixa. Assim,
o diagnóstico final desse caso
considerou uma maxila estando bem posicionada na
face, e uma mandíbula com comprimento excessivo
em relação à maxila (Diferença maxilomandibular -33
mm), discrepância essa que se encontra mascarada
pela rotação mandibular no sentido horário. O plano de
tratamento da paciente, portadora de mordida aberta
esquelética, incluiu batente de mordida para uso con-
tínuo e mentoneira de tração vertical para uso mínimo
de 12 horas por dia. Este tratamento (Figura 3) foi ins-
tituído na tentativa de redirecionar o crescimento do
complexo craniofacial e evitar a cirurgia ortognática
no futuro (visto que os pais da paciente descartaram
totalmente a opção futura de cirurgia).
Entretanto, engana-se quem pensa que a utilização
da telerradiografia de perfil esteja condenada. Esta
apresenta importância primordial para a avaliação do
.rtodontia .
posicionamento espacial dos dentes em suas bases ósse-
as e fornece uma adequada caracterização morfológica
de possíveis discrepâncias esqueléticas apresentadas
pelos pacientes. Além disso, a telerradiografia de perfil
tem enorme importância para a avaliação de alterações
decorrentes do tratamento ortodôntico, bem como para
o estudo do crescimento craniofacial em indivíduos não
tratados. A única ressalva cabe à utilização dos valores
cefalométricos como determinantes para o diagnóstico
e o planejamento de um caso.
Como resultado disso, um grande número de
cirurgiões bucomaxilofaciais e ortodontistas tem
apresentado inclinações quanto ao uso de caracte-
rísticas tegumentares em norma frontal e de perfil
para o diagnóstico de seus casos (Figura 4).
Entretanto, a tentativa de estabelecer valores e
parâmetros normativos para a face humana pode ca-
racterizar um erro grave, condenando assim a análise
facial ortodôntica a um pata-
mar de mera "faciometria". O
objetivo final da análise facial
não é enquadrar o paciente em
"números". Os valores médios
dos ângulos e medidas faciais
relatados na literatura devem
ser utilizados apenas como
guias e servem como base
para que, na individualização
de cada caso, obtenha-se a
harmonia facial desejada para
cada paciente.
É evidente que devemos se-
guir certos parâmetros básicos,
principalmente durante a eta-
pa da formação acadêmica de
novos profissionais. Porém, não
seria sensato ater-se a valores
normativos fixos como ocorre
nas análises cefalométricas
convencionais. Por exemplo, ao
avaliarmos em norma lateral o
ângulo nasolabial, este pode
vir a sofrer influencia não somente da posição do lá-
bio superior mas, também, este pode ser influenciado
em parte por uma inclinação da columela do nariz,
levando assim a conclusões errôneas quanto à posição
da maxila e dos incisivos superiores. Outro exemplo
seria a linha queixo-pescoço ou linha mento-cervical,
a qual, nos indivíduos excessivamente obesos, pode
estar diminuída sem, contudo, denotar uma real de-
ficiência mandibular no sentido sagital. Deste modo,
conforme afirmado anteriormente, a análise facial mui-
tas vezes trata-se da habilidade inata em se reconhecer
uma face bela e harmônica; seria, assim, considerada
mais uma arte e não uma ciência exata.
Na Ortodontia atual, nos encontramos numa situa-
ção de mudanças de paradigmas, onde o antigo modelo
de diagnóstico e planejamento tem sido suplantado. An-
REV ASSOCPAULCIR DENT 2006;60(5):380-5li 383
THIESEN G
tigamente, a ênfase era dada aos componentes dentários
e esqueléticos. Uma vez que os tecidos tegumentares
nem sempre acompanham a morfologia dos tecidos
duros, a Ortodontia moderna direciona maior impor-
tância aos aspectos dos tecidos moles dos pacientes4.
Sabe-se que os tecidos tegumentares que recobrem os
dentes e ossos são altamente variáveis em espessura e
tonicidade, e esta variação pode ser maior do que aquela
apresentada pelos tecidos duros6.15.
A importância de avaliarmos a harmonia dos tecidos
moles faciais retrata a importância da beleza na sociedade
moderna e o papel que o complexo dentofacial apresenta
para a determinação e o estabelecimento dessa beleza.
A
Segundo Capelozza Filh08 (2004) a análise facial
aprimora o diagnóstico e o plano de tratamento orto-
dôntico e deve ser soberana aos meios auxiliares de
diagnóstico na determinação das metas terapêuticas.
CONCLUSÃO
Um planejamento ideal requer considerações dos
tecidos tegumentares e dos tecidos duros, visto que
ambos são importantes para se obter um resultado
satisfatório ao final do tratamento. Uma compreensão
conjunta da análise facial, exame clínico criterioso,
cefalometria e estudo dos modelos de gesso parece ser
o ideal no momento.
B c D
E F G H
Figura 4
A análise facial deve ser realizada basicamente por meio de três aspectos: vista lateral, vista frontal e vista frontal sorrindo. Na vista
lateral, os principais quesitos a serem avaliados são os seguintes: A) convexidade facial (G'SnPog'); B) projeção zigomática ou malar
e ângulo nasolabial (CmSnLs); C) linha queixo-pescoço ou mento-cervical e ângulo mento-labial (Pog'B'Li); D) convexidade do
terço inferior da face (utilizando, por exemplo, a linha "S" de Steiner). Na vista frontal, os principais quesitos a serem avaliados são
os seguintes: E) sulco nasogeniano, depressão infra-orbitária, projeção e contorno mandibular; F) as proporções faciais no sentido
transverso da face (dividir a face em cinco quintos); G) proporcionalidade entre os terços da face e proporcionalidade dentro do terço
inferior da face. Na vista frontal sorrindo (H), os principais quesitos a serem avaliados são os seguintes: linhas médias dentárias
superior e inferior; linha do sorriso (alta, normal ou baixa); grau de exposição dos incisivos; comprimento do lábio superior; simetria
e contorno dos lábios; contorno dos lábios X plano oc1usal. Em casos de grandes assimetrias ou grandes discrepâncias esqueléticas,
fotografias obtidas por outros ângulos podem ser de grande valia.
384 P REV ASSOCPAULCIRDENT2006;60(5):380-5
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