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CED - CENTRO DE EDUCAÇÃO PEDAGOGIA/NOITE CONHECIMENTO E AÇÃO DOCENTE PROFª Maria Goretti Lopes Pereira E Silva ALUNA: PAULA IOLLY DA COSTA FERREIRA O CONHECIMENTO: uma abordagem histórica e seu papel na docência FORTALEZA/2021 INTRODUÇÃO Conceituando conhecimento de forma histórica, fazendo breves comparações com os filósofos de destaque. Levando em consideração e sustentando a ideia de que o conhecimento é adquirido a partir de experiências, podendo ser passado de geração em geração, como por exemplo o conhecimento popular. Será abordado também de forma breve o conceito de ciências humanas fazendo relação com alguns pensadores, como Comte e Karl Marx. Dando a devida importância ao transmissor de tais conhecimentos necessários para o cotidiano e a libertação enquanto sujeito na sociedade, pois como diz Paulo Freire a Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo. E é através da mesma que deve ser feita de fato tal transformação. Diante do que será discutido veremos que o conceito de conhecimento em diferentes épocas sofreu modificações, pensadores de grande importância tiveram uma suma notoriedade para tais determinações, em dados momentos será dito que o mesmo já desde o nascimento dentro do sujeito, e em outros momentos é dito que ele é adquirido com base nas experiências. Vale ressaltar que o que perpetua até os dias atuais é que obtido no cotidiano, tendo o professor como mediador de tais fatos. I- Conceito de conhecimento: um breve histórico O conhecimento se desenvolve por meio daquilo que o indivíduo vive no seu cotidiano, ou seja, por meio das suas experiências vividas, mas nem sempre foi visto dessa maneira, em outras épocas o conhecimento propriamente dito teve outros conceitos que variavam de acordo com o que estava sendo vivenciado. Segundo Sócrates, "o conhecimento era autoconhecimento, porque os homens já os traziam em sua alma, necessitando apenas descobri-lo pelo esforço da busca de si mesmos.”, diante do que foi citado podemos dizer que ele acreditava que o ensinamento deveria ser universal para que todos os homens desenvolvessem o conhecimento que havia dentro de si, e por fim não se tornarem ignorantes por completo, a fim de desenvolver o bem, e fazendo com que refletissem sobre a sociedade na qual viviam, pois para ele a essência do homem era sua alma,ou seja,a personalidade e a consciência. o conhecimento não podia ser transmitido como mero conjunto de regras já estabelecidas. Tinha de ser descoberto pelo homem, pelo indivíduo, em si mesmo. (p.64). Platão diferente de Sócrates acreditava que o conhecimento não deveria ser para todos os cidadãos, pois para “a obtenção do conhecimento e a sua transmissão não eram tarefas de e para todos os homens, mas apenas aqueles que, por natureza (por sua alma), tinham as condições para tanto” , ou seja, nem todos tinham essa predisposição para tal desenvoltura, pois os mesmos seriam preparados para o governo, seguindo esse pensamento alguns nasceriam para tal função e outros não. Ressaltando a escolha de quem deveria ter acesso ao conhecimento, não sendo de forma universal. Ainda sobre atingir tal grau de conhecimento, Platão presumia a existência de dois mundos, o mundo das ideias, ou seja, o inteligível no qual seria o que alma traz consigo desde o seu nascimento, um conhecimento prévio, considerado até mesmo inato. Tais conhecimentos são as ideias, que residem no mundo inteligível, fora do tempo e do espaço. E o mundo concreto e sensível, referente a um mundo acessível pelos sentidos ou material. Acredita-se que para atingir o conhecimento de forma satisfatória deveria transformar o conhecimento inteligível ao concreto, alcançando então as ideias verdadeiras. Ainda acerca do conhecimento, vale ressaltar que para Aristóteles, um importante filósofo, se dá início por meio das sensações, que seria um tipo de conhecimento particular, sendo ele obtido por convívio com cada coisa, tendo como característica o imediatismo e concreto. Após tal fase, tem se a técnica que é o conhecimento dos meios a serem usados para se chegar aos fins esperados. A partir desse momento o conhecimento passa a ser universal, deixando de ser particular pois, uma vez que finaliza uma ideia, pode ser ensinada, e tal técnica tem o objetivo de dar o quê e o porquê das coisas, e a partir daí ser transmitido. “Para a produção de conhecimento, os estóicos partiam do empírico, uma vez que para eles não existia conhecimento a priori. Era necessário um longo período de vida para que a capacidade humana de falar e de pensar desenvolvesse.” A partir dessa citação podemos ver uma certa familiaridade com o pensamento dos estóicos, pois para eles, assim como para Aristóteles, o conhecimento é aquilo que é adquirido a partir da vivência, e o que diferir seria a observação e experiência do ser humano com o ambiente, com as outras pessoas e o mundo como um todo. Por conta disso, o estoicismo coleta informações com base nas tradições, aumentando as chances dos erros acontecerem. Esse tipo de conhecimento se perpetua até os dias atuais, sendo bastante comum, como por exemplo as tradições de alguns estados em relação a um remédio caseiro para tratar tal doença ou mau estar. Para esse tipo de conhecimento pode ser feita uma relação com a tradição que revela um conjunto de costumes, comportamentos, memórias, rumores, crenças, lendas, música, práticas, doutrinas e leis que são transmitidos para pessoas de uma comunidade, sendo que os elementos passam a fazer parte da cultura. II- A natureza do conhecimento nas Ciências Humanas Antes de dar início a este tópico vale relembrar o significado de conhecimento e ciências humanas. O conhecimento é a capacidade humana de entender, apreender e compreender as coisas, além disso ele pode ser aplicado, criando e experimentando o novo, e o significado de ciências humanas que partindo do ponto de vista técnico todo e qualquer conhecimento produzido pela humanidade pode ser considerada uma “ciência humana”. A expressão Ciências Humanas em si refere-se somente àquelas ciências que têm o ser humano como seu objeto de estudo ou foco. Segundo Locke a observação e a experiência são os pontos de partida para o conhecimento, levando a afirmação de que todo conhecimento humano era obtido a partir da experiência, vale ressaltar ainda que levando em consideração a afirmação acima pode se dizer que os homens podem traçar caminhos diferentes até chegar ao seu destino, que no caso nos referimos ao conhecimento, pois cada indivíduo pode vivenciar experiências distintas mas que levem ao mesmo objetivo ou lição moral, podem vivenciar a mesma experiência e tirar lições diferentes. Assim a experiência, a observação e o pensamento deveriam buscar a ordem das coisas nos próprios fatos e não mais os conceitos. (p.331) Partindo para o pressuposto da análise, não mais lhes interessava saber o real significado de tal coisa a ser observada e estudada, o conceito em tal momento deixou de ter a tamanha importância que tinha e assim deu lugar a dedução. Nesse momento Deus já havia sido substituído da mediação que levaria ao conhecimento, nada mais ligado ao sobrenatural iria lhes significar algo, a partir de então seriam as sensações. A relação se dá diretamente entre o homem e mundo por meio da sensação, da qual derivam todas as operações intelectuais. (p. 331) Para os pensadores franceses, ateus ou não-ateus, o fato de que Deus deixa de ser o mediador entre o homem e o mundo, cabendo ao homem a responsabilidade por aquilo que faz. (p 335) Por meio dessa quebra de tal crença em que apenas Deus levaria ao conhecimento supremo, como consequência as crenças e superstições também perderam seu lugar de importância para dar sentido às coisas, reafirmando que o conhecimento seria construído por meio da observação, experimentação e a razão, podendo o homem ser considerado como o próprio detentor de seu conhecimento, acreditandoque quanto mais conhecimento acumulado mais a sociedade seria um ambiente melhor para a convivência. “quanto mais culta a sociedade, melhor ela se torna; quanto mais culto o homem, melhor ele será”. (p. 336) Em um outro momento na história, muitos acreditavam que o conhecimento deveria ser exclusivo de quem tivesse algum tipo de posse, no qual ali eram a burguesia e o clero, diferente do que foi citado acima, pois se para a sociedade ser culta todos deveriam ter acesso em conjunto ao conhecimento, enfatizando o direito ao acesso ao conhecimento de forma universal. Por fim, houveram diversas mudanças no decorrer do tempo, mas o que veio sendo colocado em pauta, foi a universalização do conhecimento, com o intuito de que todos tivessem acesso a educação de forma igualitária para que a sociedade se tornasse culta. III- Bases epistemológicas da prática docente, docência e a construção do conhecimento Esse ramo da Filosofia busca compreender as teorias que fundamentam o conhecimento humano e ainda questiona, critica e investiga questões acerca do que já está constituído cientificamente. (p.4) Diante da citação feita acima é correto afirmar que a tarefa essencial da epistemologia consiste na reconstrução racional do conhecimento científico mesmo que já comprovado, levando a conhecer, analisar, todo o processo do conhecimento humano da ciência do ponto de vista lógico, lingüístico, sociológico, interdisciplinar, político, filosófico e histórico. É através da docência, que é o ato de ensinar e repassar o conhecimento a todas as classes sociais, sem qualquer distinção, sendo considerado um saber universal e acessível, e para isso o docente necessita de inúmeras habilidades sejam elas dons ou adquiridas. A docência é uma profissão exigente e, por isso, requer múltiplas destrezas do professor. (p.54) O conhecimento como já foi citado diversas vezes, também advém das experiências vivenciadas no cotidiano, tanto do docente como do discente, pois para que seja feito um maior aproveitamento do aprendizado é necessário usar dos conhecimentos de mundo de ambos, como uma espécie de troca de saberes, no qual tanto o professor aprende quanto o aluno. E para que isso ocorra o docente deve sempre remodelar o seu modo de transmitir tais ensinamentos porque é possível que um método usado há 10, 20 anos não seja tão eficaz quanto um de 2, 3 anos e vice-versa, é interessante aprofundar nas metodologias. Renovação é a palavra que deve estar associada às nossas práticas educativas, pois a proposição de uma atividade de ensino-aprendizagem. (p.56) O modelo tradicional de aula centrada na transmissão de conteúdos que devem ser precisamente reproduzidos pelos alunos é insuficiente para mantê-los atentos, participativos e motivados para o estudo. (p.62) Existem diversos tipos de aula, e entre eles está a aula expositiva clássica, que ainda hoje é muito comum nas escolas de todos os níveis, seja na educação infantil, fundamental, médio ou superior. Esse tipo de aula é caracterizado pelo professor como a figura central, apenas ele discorre sobre determinado assunto durante algum tempo, dando aos alunos uma totalmente passiva. Nesse caso o professor seria o detentor de todo o conhecimento. Vale destacar também um outro tipo que se opõe a esse modelo, a aula expositiva dialogada, também chamada dialógica, no qual o professor instiga os alunos a participarem ativamente da aula, tentando de alguma forma quebrar a postura passiva dos seus alunos, utilizando como por exemplo questionamentos a serem respondidos pelos mesmos dinamizando a atividade em sala. Sabendo que cada turma tem uma necessidade diferente, o docente tem que permanentemente buscar inovar seus métodos, tendo como objetivo atender a tais necessidades da melhor maneira. A utilização dos saberes cotidianos, trazidos pelos alunos para a sala de aula, e dos saberes científicos produzidos nesse mesmo ambiente, explorando a integração da teoria com a prática, podem contribuir para a eficácia da prática pedagógica e, consequentemente, produzir aprendizagens mais marcantes que poderão ser observadas na própria sociedade. (p.65). Em suma, o docente não deve se conter apenas com a formação acadêmica, pois a mesma é muito limitada, podendo deixar a desejar o desenvolvimento dos discentes que por ele passar, como um bom profissional deve abranger tudo o que está em volta, ministrar aulas de acordo com o espaço que seus alunos tem acesso, exemplificando e usando o conhecimento de mundo fazendo com que haja uma troca de saberes, com tudo isso é de grande chances que tenham uma melhor desenvoltura. Considerações finais Em suma, depois de tudo o que descrito, pude concluir que o conhecimento nem sempre foi acessível a todos, em determinadas épocas pessoas acreditavam que apenas a alta sociedade poderia ter acesso. E a partir das leituras essa exclusão se dava porque era muito pregado que a classe trabalhadora deveria continuar na ignorância, concluindo então que para eles quantos mais ignorantes mais submissos seriam, pois o conhecimento é libertador. Nos dias atuais ainda existem pessoas com esse pensamento, porém de forma discreta, não deixam explícito, fazem isso através de outros e por caminhos considerados discretos, ou seja, quando a educação básica é negligência de forma consciente é uma forma de “escolher” a quem deve ter acesso ao conhecimento. Vale ressaltar que grandes mudanças que aconteceram no passado reflete nos dias atuais, tais como o povo que busca pelo saber de alguma forma ou de outra, pois necessitam e acreditam que a mudança se inicia por meio da educação, e que através da mesmo podem ser transformados indivíduos e assim como consequência transformar uma sociedade por completo. Quanto a dissipação do conhecimento, fica essa missão ao docente que servirá de mediador para que os sujeitos alcancem a sabedoria, tendo ele que levar tudo em consideração, aproveitando a bagagem de conhecimento que já é preexistente em alguns, instigando a buscar sempre mais, mostrado o conhecer poderá lhe tornar um sujeito crítico, podendo a partir daí ter uma maior participação na sociedade. Mas cabe ao docente buscar metodologias atualizadas, não se acomodar apenas com a formação acadêmica, e para isso tem que realmente ter amor ao ensino. BIBLIOGRAFIA ANDRERY, Maria Amélia et alli. Para compreender a ciência. São Paulo, EDUC, 1992. BATISTA, Gustavo Silvano; GOUVEIA, Roberta Alves; CARMO, Renata de Oliveira Souza. A epistemologia da prática profissional docente: observações acerca de alguns desafios atuais. Ensino em Re-Vista, p. 49-69, 2016. PIETROBON, Sandra Regina Gardacho. A prática pedagógica e a construção do conhecimento científico. Práxis Educativa. v.1, n.2 , p. 77 - 86, 2006. ROLDÃO, Maria do Céu. Função docente: natureza e construção do conhecimento profissional. Revista brasileira de educação, v. 12, n. 34, p. 94-103, 2007. ANGIONI, Lucas. Aristóteles e a necessidade do conhecimento científico. Discurso, v. 50, n. 2, p. 193-238, 2020.
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