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Henrique Vieira Filho Terapeuta Holístico - CRT 21001 Sociedade Das Artes São Paulo - SP - Brasil O Corpo Como Portal Para o Autoconhecimento https://doi.org/10.5281/zenodo.4722931 Henrique Carimbo Autor: Henrique Vieira Filho Terapeuta Holístico - CRT 21001 Ilustração de Capa: “Moiras Cósmicas” Autor: Henrique Vieira Filho Modelo Fotográfico: Rilda Arte digital que homenageia o quadro de “As Moiras” do pintor Juan de Medina 17ª edição 2020 © Sociedade Das Artes Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, sob qualquer forma, sem a prévia autorização do autor. O Corpo Como Portal Para o Autoconhecimento Livroteca - Arte E Terapia Alameda Santos, 211 - conj 1412 - Cerqueira César São Paulo - SP - Brasil - 01419-000 www.livroteca.com.br - contato@livroteca.com.br V658f Vieira Filho, Henrique O Corpo Como Portal Para o Autoconhecimento / Henrique Vieira Filho. São Paulo: Sociedade Das Artes, 2020, 84 p. ISBN: 978-85-917741-1-1 1.. Psicanálise. 2 Terapia. 3. Holismo. 4.. Bioenergética. 5. Psicoterapia Reichiana. Título. II. Autor. CDD: 150 CDU: 159.964 Ficha Catalográfica http://www.livroteca.com.br mailto:contato@livroteca.com.br Página 4 Apresentação É com grande prazer que concretizamos mais uma obra que preza pela adequação à legislação brasileira e igualmente às NTSV - Normas Técnicas Setoriais Voluntárias da Terapia Holística. Este livro disserta sobra a integração das técnicas corporais orientais seculares com as modernas e ocidentais abordagens psicanalísticas reichianas e derivadas, propondo uma Terapia Corporal de abordagem holística. Resgata a importância do tocar e ser tocado como instrumento de catarse terapêutica e de harmonização psicofísica, resultando em ampliação da qualidade de vida e autoconhecimento, tanto para o Cliente, quanto para o profissional. Nossos desejos de excelentes leituras a todos! Sociedade Das Artes Página 5 Terapia Corporal O Toque como Fator de Equilíbrio e Autoconhecimento Introdução Muito se aborda a globalização e o acesso universal a informações em todos os campos de conhecimento, incluindo a Terapia Holística. Porém, mesmo no Brasil, de ampla tradição de sincretismo e fusão das mais variadas vertentes de pensamento, ainda deparamos com um separatismo entre as técnicas corporais orientais e ocidentais, bem como uma distância entre o discurso de paradigma holístico e uma real aplicação deste conceito, a tal ponto de ainda encontrarmos profissionais que iludem-se de atuar em questões físicas e outros, em aspectos psíquicos, como se tais existissem de forma isolada... São inegáveis as qualidades técnicas das manobras corporais tradicionais, tais como o shiatsu, Tui-ná, anma, sparsha, dentre outras, assim como é fundamental a contribuição da psicanálise quanto à compreensão que aspectos inconscientes de nossa personalidade são corporificados. Contudo, ambas as vertentes ainda não convergiram, resultando em “massagistas” (termo totalmente inadequado à legislação brasileira...) que desconhecem o fato de seu trabalho pode resultar em catarses, como também em profissionais da vegetoterapia e bioenergética propondo técnicas de toque, respiratórias e posturais que já estariam eficientemente supridas nas já seculares técnicas corporais, como as já citadas, bem como as oriundas do yôga e tai- chi-chuan. Página 6 O Corpo como Portal para o Autoconhecimento Cabe ao Brasil eliminar a iniciativa em superar desinformações, preconceitos e vaidades, promovendo a integração entre todas estas linhas complementares de tratamento, formando Terapeutas Corporais que honrem a sabedoria milenar, da mesma forma que abraçam a modernidade psicanalítica, fazendo justiça a que mais esta modalidade terapêutica seja integrante da Terapia Holística, atendendo à Clientela ciente de que físico-psíquico-social- transcendente é uma só unidade indissociável. Página 7 O Corpo como Portal Para o Auto- conhecimento A tendência moderna de separar o todo em partes para melhor análise, por um lado, proporcionou grandes avanços científicos, por outro, dificultou-nos o poder de síntese, a capacidade de entendimento integral. Soma-se a isto que várias correntes filosóficas e até religiosas desapercebidamente estimularam a que o CORPO deixasse de ser percebido como sendo EU, estando mais visto como uma “máquina”, ou “roupa” que usamos ! Na visão holística, inexiste separação de corpo, psique e coletivo, tudo é um só ente, o Universo que somos. Tal qual a água manifesta-se ora como sólido, ora como líquido e até mesmo gasoso, nosso EU apresenta-se sob difentes graus de condensação, desde a mais densa matéria, até o mais sutil pensamento. Assim sendo, aqui não cabe a expressão “mEU corpo”, mas sim, “EU-Corpo”, pois a matéria não é apenas algo que possuímos, mas sim, aquilo que TAMBÉM somos... Nesta linha de abordagem, a Terapia Corporal, ainda que o nome induza, vai além do restabelecimento físico (este fica à cargo dos fisioterapeutas...), já que o objetivo final é a ampliação da consciência, sendo o corpo a via de acesso para tal. Em suas versões modernas, boa parte das vertentes corporais, contentam-se em produzir bem-estar e ampliar a qualidade de vida, tais como o shiatsu, Do-In, Tui-ná, Anma, Shantala, Reflexoterapia, Terapia Corporal Ayurvédica, dentre outras, que buscam pelo toque, equilibrar os corpos físico e energético (claro, inexiste “separação”, é só uma questão de didática, pois tudo é um contínuo...). Até este ponto, nos deparamos com o aumento do bem-estar físico e mental, sem necessariamente aumentar a conscientização da vida “interior”. Outras linhagens ocupam-se igualmente de ampliar a consciência corpórea, resgatando o físico como integrante de nosso EU, tais como yôga, tai-chi-chuan, demais artes marciais e a dança. Aqui, se reconhece a necessidade de harmonizar o “interior”, com o “exterior”, por meio deste último. Já as técnicas de objetivos mais ambiciosos, valem- se do corpo como portal de acesso ao psiquismo, tanto consciente, quanto inconsciente, trazendo mais e mais conteúdo emocional e lembranças que antes jaziam reprimidas na musculatura; este é o caso da terapia reichiana e da bioenergética. Ou seja, via corpo, promovem o diálogo entre os aspectos físicos e psíquicos, com a intenção de aflorar os conteúdos inconscientes à tona, comumente as lembranças se apresentando carregadas das emoções relacionadas, gerando catarses reveladoras a serem analisadas no decorrer das sessões. Muitos dos milenares rituais xamânicos das mais variadas culturas, envolvendo danças, cantos, movimentos, sem dúvida são precursores em induzir via corpo o aflorar do inconsciente. Outrossim, a atenção individual e a ocupação em auxiliar o Cliente a compreender o fenômeno, assimilá-lo e traduzir em benefícios à sua vida, é mérito recentemente resgatado pela Psicanálise e suas variadas correntes. Dissidindo de Freud em vários aspectos, Wilhelm Reich “corporificou” o inconsciente, identificando suas informações como uma bioenergia circulante (por ele denominada “orgone”). A negação das emoções, impulsos, desejos oriundos do Página 9 Id se dá pelo impedimento da livre passagem da bioenergia por meio da musculatura corporal, quer seja pela tensão excessiva (mais facilmente identificável...), ou pela ausência desta (falta de tônus), pois em ambas as situações, é prejudicado o livre fluxo energético. Observa-se aqui, um grande paralelismo (jamais assumido...) com as teorias da Terapia Tradicional Chinesa e seus Meridianos (caminhos preferenciais da energia circulante). Reich extrapolou, concluindo que o inconsciente individual é corporal e que a repressão do material psíquico implicaem bloquear energeticamente a circulação da informação, que evolui para tensões musculares, até culminarem em somatizações cada vez mais complexas e, paralelamente, a aparência corporal é igualmente reflexo das experiências psíquicas vividas: quanto mais um componente é mantido inconsciente, maior é o grau de somatização... Analisando os Clientes, Reich e seus discípulos identif icaram regiões corpóreas estatisticamente predominantes, nas quais os traumas psíquicos específicos a cada fase da vida tendem a ser sua energia-informação retida em sua circulação em direção ao consciente. Tal mapeamento, também conhecido como Couraças Musculares do Caráter, aproxima-se e muito das zonas tradicionalmente definidas para os Chacras (centros de energia), tanto nas tradições milenares da China, quanto da Índia. Enquanto na abordagem freudiana, o Cliente segue seu próprio ritmo espontâneo de resgate do inconsciente, por meio de associações livres de idéias durante as consultas, na análise reichiana introduziu-se o TOQUE nas zonas musculaturas específicas (“couraças”), provocando a circulação da bio-energia e, com isso, o contato consciente com as emoções e lembranças reprimidas. Página 10 O Corpo como Portal para o Autoconhecimento A linha reichiana “clássica”, a Vegetoterapia, segue um padrão relativamente rígido e pré-fixado para a sequência de desbloqueio das couraças, enquanto que as chamadas correntes neoreichianas, como a Bioenergética (que tem Alexander Lowen como seu expoente...) são mais flexíveis quanto à ordem e formas de trabalhar os bloqueios. Estas últimas vertentes, de origens ocidentais e modernas, em contraponto com as demais linhas aqui inicialmentes descritas, milenares e orientais, permaneceram distanciadas, uma corrente desconhecendo totalmente a outra. Não raro deparamos com reichianos que desconhecem chacras e shiatsuterapeutas que nem sequer imaginam que desbloqueiam “couraças do caráter”... Minha experiência pessoal na Terapia Corporal iniciou com as técnicas manipulativas orientais (shiatsu e Tui-ná); contudo, mais do que “relaxamento”, comumente os Clientes experienciavam catarses emocionais. Ou seja, conhecendo ou não as teorias reichianas, sabendo ou não o que são “couraças”, estamos literalmente colocando nossas mãos no inconsciente de quem atendemos e irá aflorar o material psíquico reprimido. Ao estudar e praticar as linhas neoreichianas, senti-me enriquecido em meu potencial de entendimento de meus Clientes, outrossim, mantive as manobras orientais de toque, pois, em meu caso, mostraram-se igualmente eficientes também para o objetivo de ampliação da consciência. Felizmente, a Terapia Holística, sem preconceito, resgata e abraça todas as variantes, resultando num vasto leque de opções técnicas para melhor nos adaptarmos às necessidades e receptividades de cada Cliente. Página 11 O Shiatsu, o Do-In e o Jeitinho Brasileiro... As técnicas de terapia corporal são anteriores à própria humanidade. Os animais (nós inclusos...) instintivamente tocam às regiões afetadas, em busca de alívio e solução. Nas mais variadas culturas humanas, desde o advento da escrita, encontram-se registros do poder transformador do toque, seja nas tradições mitológicas, seja em tratados terapêuticos milenares. O Nei Ching - O Livro do Imperador Amarelo (escrito cerca de 2700 aC, na China) e os Sutras Indianos, que abordam a Terapia Ayurvédica (aproximadamente 1800 aC) são duas das obras mais conhecidas e antigas que incluem a Terapia Corporal. Podemos extrapolar o conceito e incluir as unções das tradições judaicas-cristãs e o poder do toque de deuses, reis e heróis, personagens da rica mitologia grego-romana. Nos períodos dos grandes descobrimentos (traduza-se como invasões européias a outros povos...), os navegadores descreveram em seus relatos, práticas corporais com finalidades terapêuticas nos povos africanos e americanos. Enquanto no Oriente, as tradições do toque mantiveram- se relativamente intactas, o Ocidente em muito perdeu contato com suas técnicas corporais, somente retomando a pauta nos anos 60, com o movimento da contracultura hippie, “revolução aquariana”, culminando com a atual e crescente busca por Qualidade de Vida, que transformou o toque numa das propostas terapêuticas mais requisitadas. Contudo, nesta trajetória atual de retomada das técnicas, o formato original passou por inúmeras concessões, seja ao adaptar-se aos padrões pudicos de cada período, seja para adequar-se à legislação de cada país. Ora simples mudanças estéticas, tais como adequar nomenclatura, ora abrindo mão de tocar regiões corpóreas polêmicas (para os temporais parâmetros legais e sociais de hoje...), algumas destas passagens raramente constam na literatura. Quase como “segredos” transmitidos oralmente, de difícil ou até impossível comprovação, algumas dessas histórias, vistas sob os olhos do Século 21, chegam a ser tragicômicas e não há motivos para que não sejam compartilhadas. Com o objetivo singelo de obter o sorriso do leitor e de mostrar que os heróis de nossa profissão também são humanos (felizmente...), o breve relato a seguir tratará de algumas destas passagens, onde constataremos o famoso “jeitinho brasileiro” (desta vez, no bom sentido...) sendo aplicado na Europa, no Japão, no Estados Unidos e, é claro, no Brasil, em prol da boa causa de resgatar a terapia corporal para nossos tempos. Cabe aqui uma prévia consideração sobre o “jeitinho brasileiro”. O “jeito” não é um atributo exclusivo de nosso país, mas sim, comum a toda cultura onde existe um descompasso entre as leis formais e as reais práticas sociais. Existe o sentido negativo, onde as normas são contornadas em benefício INDIVIDUAL (desde uma singela “fila dupla” na porta da escola, até corrupção em alto escalão dos governos...), como também há o lado positivo, onde o “jeitinho” é uma forma criativa de solucionar uma situação difícil ou proibida, ou quanto o interesse COLETIVO vê- se ameaçado por legislação injusta e em descompasso com a realidade estabelecida e bem aceita pela maioria da sociedade (esta última opção é a que considero aplicável aos casos relacionados aos tópicos aqui relatados sobre as práticas de terapia do toque...). Um passagem histórica à qual muitos autores associam à aplicação benéfica do “jeitinho brasileiro” deu-se durante Página 13 o período escravocrata em nosso país. Aprisionados e sujeitos a leis hoje em dia universalmente reconhecidas como injustas, os escravos, de forma criativa, burlavam a vigilância, permanecendo em contínuo treinamento de guerra, ao camuflarem suas técnicas marciais em....dança ! E seus arco e flechas em... instrumentos musicais ! Daí nasceram a capoeira e o berimbau... Impedidos em seus direitos à religião, passaram a associar os Orixás, seja por semelhança na aparência ou de suas histórias, às imagens de entidades e santos católicos, adaptando seu culto aos aceitos pelos escravocratas. A este sincretismo inicial, podemos associar a atual Umbanda. Enfim, passemos agora a demonstrar a aplicação benéfica do “jeitinho” como estratégia de sobrevivência contra as perseguições sofridas em nossa profissão. Comecemos pelo Japão, nos idos de 1920: a ampla difusão da técnica An’Ma (de origem chinesa e também sob significativa influência ayurvédica - indiana) resultou que as autoridades sanitárias estabelecessem uma série de exigências legais para o seu exercício profissional. Tão difíceis de serem cumpridas, mais prático foi simplesmente mudarem o nome de seus trabalhos, agora como sendo Shiatsu, escapando assim do enquadramento da legislação restritiva. Com o passar do tempo, realmente se estabeleceram diferenças entreambas, a tal ponto que são atualmente vistas como linhas distintas de terapia corporal. Estados Unidos e Europa, anos 70: Jacques De Langre e Michio Kushi conquistaram fama e respeito ao ministrarem cursos para não-médicos, onde ensinavam técnicas de toque, sob enfoque da Terapia Tradicional Chinesa e macrobiótica. Como de praxe, seu sucesso despertou a ira de grupos corporativistas, os quais pressionaram com o peso das leis, sob o argumento de que somente médicos Página 14 O Corpo como Portal para o Autoconhecimento poderiam tocar em Clientes com finalidades terapêuticas. Para poderem trabalhar em paz, passaram a divulgar que seus cursos ensinavam cada pessoa a tocar EM SI MESMOS e não nos outros... Daí, surgiu o neologismo DO-IN, termo cuja sonoridade sugere uma origem oriental, mas que, na verdade, é de língua INGLESA, uma curruptela da união do verbo “to do” (fazer) acrescido de “in” (no sentido de “para dentro”), algo traduzível como “fazer em si”. Nesta sequência, Kushi publicou “O Livro do Do-In”, onde ensina princípios básicos do Shiatsu, enquanto De Langre, lançou “Do-in - Técnica Oriental de Auto-Massagem”, onde apresenta uma breve lista de sintomas e seus respectivos pontos harmonizantes, via digitopuntura (aplicação dos dedos em pontos tradicionais de acupuntura...). Já no Brasil, Juracy Cançado, em seu livro “Do-In - Livro Dos Primeiros Socorros”, multiplica exponencialmente a quantidade de sintomas e pontos listados por De Langre, passando a ser o “pai adotivo” da técnica e seu principal divulgador. Brasil, décadas de 1940 a 1960: grupos corporativistas profundamente participantes do poder político incentivam leis em detrimento de certas profissões, favorecendo direta ou indiretamente à classe médica. Por exemplos: o Decreto Lei 4113, de 1942 proíbe os MASSAGISTAS de fazerem qualquer referência a tratamentos em suas divulgações, além de fazerem constar obrigatoriamente nome completo e onde podem ser encontrados... Já a Lei 3968, de 1961 cria exigências impossíveis de serem cumpridas para a profissão de MASSAGISTA, tais como diplomas e exames junto ao serviço nacional de fiscalização de MEDICINA (claro, jamais ninguém conseguiu sequer ser recebido para registrar certificados ou se submeter a provas...), além de só poder fazer massagem mediante Página 15 Henrique Vieira Filho - Terapeuta Holístico - CRT 21001 RECEITA MÉDICA (!!), a qual deve ser mantida ad infinitum à disposição das autoridades e que todos os massagistas jamais podem utilizar nenhum tipo de equipamentos e que toda e qualquer divulgação deve ser submetida previamente à análise e aprovação das autoridades sanitárias. Destas leis injustas e impraticáveis, resultou em contínuo estado de temor vivenciado pelos profissionais, pois, a qualquer momento poderiam ter suas prisões decretadas e justificadas por esta legislação específica, em atendimento a qualquer pedido de pessoas contrariadas por seu sucesso.... Por sinal, estes exemplos negativos de legislar para favorecer um único grupo, sem considerar o interesse da maioria da sociedade, estão em vigor até hoje e podem ser utilizadas a qualquer instante contra qualquer pessoa que se titule como massagista ou praticante de massagem, ou, mesmo massoterapeuta e massoterapia (recente parecer do Ministério Público do Paraná igualou estes dois termos aos primeiros, quanto à necessidade de cumprimento das citadas leis impossíveis de cumprir...). Como solução prática e de pronta aplicação, o SINTE - Sindicato dos Terapeutas, que é a entidade oficial que representa a profissão em todo o Brasil, orienta a seus filiados a simplesmente abolirem estas duas palavras (e suas derivações...) de seu vocabulário profissional, passando a definir a profissão em si como TERAPIA HOLÍSTICA e as técnicas de toque como Terapia Corporal, ou, ainda com seus nomes de origem, tais como Shiatsu, Tui-ná, An-Ma, Shantala, Terapia Corporal Ayurvédica, Do-In e assim por diante. Em suma, estas simples estratégias, derem um “jeito” de contornar injustas perseguições, salvaguardando os interesses da sociedade como um todo, cada vez mais ávida em ampliar sua Qualidade de Vida, pelas mãos (literalmente...) de bons profissionais da nobre Arte do TOQUE. Página 16 O Corpo como Portal para o Autoconhecimento Reflexoterapia: A Microssíntese do Eu Ver um mundo num grão de areia e um céu numa flor silvestre, ter o Infinito na palma da sua mão e a Eternidade numa hora. (Poesia de William Blake) Acima citei a Arte, e, na sequência, pretendo o mesmo com a Ciência, mas sempre com um certo receio ao aplicar metáforas envolvendo o científico e a Terapia Holística, pois algumas pessoas levam ao “pé-da-letra”... Pertinente pontuarmos que são analogias, paralelismos, já que nenhuma disciplina da dita “ciência” se ocupou em estudar os fenômenos de nossa profissão. Para fins didáticos e de entendimento, pediremos emprestados à Física Moderna alguns conceitos da Holografia. O Holograma é um tipo de fotografia especial baseada na luz coerente (laser), inventada por Dennis Gabor (ganhador do Prêmio Nobel). A placa holográfica aparenta ser um padrão incoerente de ondas; entretanto, quando iluminada por um laser adequado, surge como que pairando sobre ela, uma imagem tridimensional do objeto holografado. Uma das características interessantes da placa holográfica, é a de que, na hipótese de ser fracionada, qualquer “pedaço” do holograma é capaz de reproduzir a imagem TODA, embora com menos detalhes do que se obteria com o holograma inteiro. A holografia possibilita armazenar uma quantidade extrema de informações, com riqueza tridimensional. Página 17 Henrique Vieira Filho - Terapeuta Holístico - CRT 21001 Aplicando termos atuais sobre conceitos milenares, metaforicamente, podemos dizer que fazemos parte de e que somos um Holograma Universal, onde tudo está intimamente ligado entre si, nada ocorrendo ao acaso. Microcosmos que somos, nossas energias compõem uma holografia onde toda e qualquer informação psíquica/ física se encontra assessível em qualquer parte de nosso ser. Assim como os cientistas de hoje estudam o macroscópico corpo espelhado no microscópico DNA, os antigos projetavam o TODO de nosso eu, miniaturizado em qualquer região corpórea e por meio deste artifício, realizavam avaliações e até mesmo intervenções capazes de refletir no indivíduo por inteiro. Por exemplos, analisando a iris (Iridologia), a língua (Semiologia da Língua), o pulso (Pulsologia), podemos realizar uma ReflexoLOGIA e obtermos um quadro sintético que espelha o estado geral da pessoa. Já atuando seja nas mãos (Quiroterapia), ou nos pés (Podalterapia) ou nas orelhas (Auriculoterapia), além da avaliação, simultaneamente aplicamos a TERAPIA em si, via toque, ou agulhas, imãs, cores, dentre uma vasta gama de opções de ReflexoTERAPIAS. Qualquer parte do corpo pode ser tomada como uma zona reflexa e, por meio dela, ativarmos uma série de recursos psicofísicos. Outrossim, especificamente na esfera emocinal (neste enfoque, denominamos de Calatonia, termo criado por Pethor Sandor), cada qual parece possuir um tropismo, uma tendência, para aflorar uma temática sob um prisma particular. Os pés, por exemplo, costumam provocar “insights” que enfocam sob um ângulo bastante primordial, básico, Página 18 O Corpo como Portal para o Autoconhecimento terreno, quase material, provocando o contato com traumas ligados à realidade primária. Já a orelha tende a produzir enfoques sob um prisma transcendente, transpessoal (expansão da consciência para além dos limites usuais do ego e da personalidade), levando, até mesmo, a estados alterados de consciência com sensações espirituais e religiosas.Por sua vez, as mãos apresentam ambos os aspectos acima relatados, com ênfase aos momentos atuais. As teorias que explicam via “anatomia energética” a Reflexologia em nada elucidam essa diferenciação. Já através da análise da simbologia (símbolo é a melhor expressão possível para designar algo desconhecido ou incapaz de ser descrito por palavras) de cada região reflexa distinta, é que chegaremos a algum entendimento... Com todas as ressalvas, vamos novamente emprestar da Ciência, um de seus episódios mais fascinantes. Trata-se da acalorada discussão para determinar se a luz é partícula (comportamento corpuscular, “matéria”) ou onda (“energia”). Quando o experimento direcionava para a hipótese corpuscular, assim se comportava a luz; já quando a proposição era demonstrar sua natureza ondulatória, exatamente desta maneira a luz reagia. Ou seja, duas versões aparentemente antagônicas e auto-excludentes entre si, conviviam tal qual (metáfora, lembre-se...) yin e yang, em eterna oposição complementar e o que mais aguçou a imaginação era questionar como é que a luz “sabia” como se adequar aos experimentos divergentes... Página 19 Henrique Vieira Filho - Terapeuta Holístico - CRT 21001 Podemos criar uma analogia com o que constatamos perante os mais diferentes mapeamentos aplicados à Reflexoterapia. Autores discordantes, escolas diversas, cada qual com seus passionais defensores e críticos, nos brindam com mapas de certa semelhança, mas que não raro chegam a se contrariar radicalmente em alguns tópicos. Seria mais simples elegermos um preferido e desdenhar aos demais, contudo, o que constatei por experiência é que, tal qual a discussão partícula ou onda, todos os mapas estão RELATIVAMENTE (perdõe-me, Einstein...) corretos e se complementam, sem se excluir. Havendo uma boa afinidade entre o Terapeuta Holístico e o mapeamento que elegeu e, claro, uma boa sintonia com o Cliente, neste as zonas reflexas como que atendem à expectativa e comportam-se em sincronicidade com o mapa adotado. Empaticamente, ocorre a adequação entre a zona reflexa e o padrão esperado... nandacarlos@terapiaholistica.net www.nandacarlos.terapiaholistica.net Terapeuta HolísticaTerapeuta Holística CredenciadaCredenciada Terapeuta Holística Credenciada contato@henriquevieirafilho.com.br www.henriquevieirafilho.com.br Terapeuta HolísticoTerapeuta Holístico CredenciadoCredenciado Terapeuta Holístico Credenciado São inegáveis as qualidades técnicas das manobras corporais tradicionais, tais como o shiatsu, tuina, anma, sparsha, dentre outras, assim como é fundamental a contribuição da psicanálise quanto à compreensão que aspectos inconscientes de nossa personalidade são corporificados. Contudo, ambas as vertentes ainda não convergiram, resultando em "massagistas" que desconhecem o fato de seu trabalho pode resultar em catarses, como também em profissionais da vegetoterapia e bioenergética propondo técnicas de toque, respiratórias e posturais que já estariam eficientemente supridas nas já seculares técnicas corporais, como as já citadas, bem como as oriundas do yôga e tai-chi-chuan. Cabe ao Brasil a iniciativa em superar desinformações, preconceitos e vaidades, promovendo a integração entre todas estas linhas complementares de tratamento, formando Terapeutas Corporais que honrem a sabedoria milenar, da mesma forma que abraçam a modernidade psicanalítica, fazendo justiça a que mais esta modalidade terapêutica seja integrante da Terapia Holística, atendendo a Clientela ciente de que físico-psíquico-social- transcendente é uma só unidade indissociável Livroteca - Arte E Terapia Alameda Santos, 211 - conj 1412 - Cerqueira César São Paulo - SP - Brasil - 01419-000 www.livroteca.com.br - contato@livroteca.com.br
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