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ITER CRIMINIS DOUGLAS DA SILVA ARAÚJO Mestre em Direito – UFRN Mestre em Planejamento Urbano e Dinâmicas Territoriais – UERN Especialista em Criminologia e Segurança Pública – FIP Graduado em Direito – UFCG Iter criminis é o caminho/itinerário do crime. É o conjunto de fases que vão se suceder no caminho do delito. INTRODUÇÃO Cogitação Preparação Execução Consumação Exemplo geral: o agente, com intenção de matar a vítima (cogitação), adquire um revólver e se posta de emboscada à sua espera (atos preparatórios), atirando contra ela (execução) e lhe produzindo a morte (consumação). FASES Cogitação É a ideia do crime que surge na cabeça do agente. Preparação O sujeito cria condições para realização da conduta delituosa idealizada. Execução Ocorre quando o sujeito coloca em prática o seu plano. Consumação Ocorre quando o agente realiza todos os elementos do tipo penal. É sempre impunível. O agente começa a preparar terreno para cometer o crime. Em regra, não é punível. Em regra, é a partir dessa fase que passa a ser punível a sua conduta. É a subsunção do fato à norma. Exceção: crimes-obstáculo. Ex.: associação criminosa. Iniciada a execução, pode ocorrer: a consumação, a tentativa de crime, a desistência voluntária ou arrependimento eficaz. Nos termos do art. 14, 1, do Código Penal, diz-se o crime consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Classificação dos crimes em relação ao comento de consumação: crimes materiais: ocorre a consumação com a produção do resultado naturalístico; crimes formais: ocorre a consumação com a prática da conduta típica, independentemente da produção do resultado naturalístico; crimes de mera conduta: com a prática da conduta, pois o tipo não prevê a produção de resultado naturalístico. CRIME CONSUMADO (Art. 14, I, CP) Tentativa se dá quando o sujeito inicia a execução, mas não chega à consumação, por circunstâncias alheias à sua vontade. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de 1/3 a 2/3. e) Espécies de tentativa: A tentativa, quanto ao iter criminis percorrido, pode ser: tentativa imperfeita (inacabada): o sujeito não praticou todos os atos executórios. A execução é interrompida. tentativa perfeita (acabada): o sujeito praticou todos os atos executórios, mas não conseguiu alcançar o seu intento. Quanto ao resultado produzido na vítima, poderá ser: tentativa branca (incruenta): a vítima não sofre lesão. tentativa vermelha (cruenta): a vítima é atingida pelo agente. CRIME TENTADO (Art. 14, II, CP) Esses dois casos são denominados de tentativa abandonada. Na tentativa, o resultado não acontece por circunstâncias alheias à vontade do agente. Na tentativa abandonada, o resultado não ocorre pela vontade do agente, que impede a consumação do delito. O sujeito só responderá pelos atos até então praticados. A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com o crime culposo. Existe discussão doutrinária sobre a natureza jurídica, porém prevalece o entendimento de que se trata de causas exclusão da tipicidade. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA e ARREPENDIMENTO EFICAZ Na desistência voluntária, o indivíduo não termina os atos executórios, podendo prosseguir, mas não quer. Ex.: o agente, com intenção de matar a vítima, desfere três facadas em seu corpo. Em seguida, podendo prosseguir na execução, desferindo outros golpes, desiste de seu intento, permitindo que a vítima sobreviva. Responderá apenas pela lesão corporal (leve, grave ou gravíssima). No arrependimento eficaz, o agente, depois de realizados os atos executórios aptos a alcançar o resultado (conforme planejado), arrepende-se e pratica uma ação impedindo a produção do resultado, evitando, em razão dela, a consumação do crime inicialmente pretendido. Se ocorrer a consumação o arrependimento não será eficaz. O arrependimento eficaz se dá depois de finalizados os atos de execução e antes da consumação. Ex.: O ex-marido de uma mulher, com o firme propósito de matá-la, coloca veneno na comida dela. Após ela finalizar a refeição, ele se arrepende e a leva ao hospital para uma lavagem gástrica, tudo a tempo de salvá-la da morte. Responderá pela lesão corporal. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA e ARREPENDIMENTO EFICAZ REQUISITOS: Deflui-se do art. 15 os seguintes requisitos: início de execução; não consumação; voluntariedade (agir ou deixar de agir sem coação física ou moral). Obs.: o ato voluntário pode ser espontâneo ou não espontâneo (a vontade surge após o agente ser induzido por circunstância externa que não impossibilitaria a consumação do crime). Assim, o requisito é uma conduta voluntária, não necessariamente espontânea. Exemplo: o agente, no interior da casa da vítima, desiste do furto em virtude de um conselho de um terceiro. O ato não foi espontâneo, mas sim voluntário. Saliente-se que o agente, se quisesse, poderia ter prosseguido com a execução do crime. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA e ARREPENDIMENTO EFICAZ Conforme o art. 16 do CP, nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Natureza jurídica: causa obrigatória de redução de pena. REQUISITOS: Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa; Reparação do dano ou restituição do objeto material: a reparação deve ser integral; Ato voluntário: a reparação ou restituição não precisa ser espontânea, bastando ser voluntária. Reparação até o recebimento da denúncia ou da queixa: caso seja posterior e antes da sentença, será considerada circunstância atenuante genérica (CP, art. 65, III, b), e incidirá na segunda fase de aplicação da pena. ARREPENDIMENTO POSTERIOR Crime impossível é o quase-crime, crime oco, tentativa inidônea. O art. 17 do CP estabelece que não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. São espécies de crime impossível: ineficácia absoluta do meio: é o meio escolhido pelo sujeito. Ex.: quem pega uma arma quebrada para atirar, não vai alcançar o intento criminoso; O sujeito, pretendendo matar a vítima, aciona o gatilho com a arma sem munição; a falsificação grosseira. impropriedade absoluta do objeto: o objeto material não serve para a consumação do delito. Ex.: matar quem já está morto. Praticar aborto em quem não está grávida. flagrante preparado: Súmula 145 do STF: “não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. No caso, a autoridade policial ou terceiro induz ou instiga o agente a praticar o crime, mas adota medidas para que o crime jamais se consume. CRIME IMPOSSÍVEL
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