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CAPÍTULO 10 Castellan Espontaneidade e Equilíbrio 10.1 AS CONDIÇÕES GERAIS DE EQUILÍBRIO E DE ESPONTANEIDADE O nosso objetivo agora é encontrar as características que distinguem uma transformação irreversível (real) de uma transformação reversível (ideal). Começaremos indagando que relações existem entre a variação de entropia numa transformação e o escoamento irreversível de calor que a acompanha. Em cada ponto ao longo de uma transformação reversível, o sistema desloca-se do equilíbrio apenas infinitesimalmente. O sistema é transformado através de uma mudança reversível de estado, embora permaneça efetivamente, em equilíbrio. A condição para reversibilidade é, portanto, uma condição de equilíbrio; da equação de definição de dS, a condição de reversibilidade é que TdS = dQrev. 10.1 Portanto, a Eq. (10.1) é a condição de equilíbrio. A condição para uma transformação de estado irreversível é a desigualdade de Clausius, (8.44), TdS > dQirev. 10.2 Transformações irreversíveis são transformações reais, naturais ou espontâneas. Iremos nos referir às transformações na direção natural como transformações espontâneas e à desigualdade (10.2) como condição de espontaneidade. As duas relações, Eqs. (10.1) e (10.2), podem ser combinadas numa única TdS ≥ dQ 10.3 onde se admite que o sinal de igualdade implica um valor reversível de dQ. Usando o primeiro princípio na forma dQ = dU + dW, a relação em (10.3) pode ser escrita como TdS ≥dU + dW -dU - dW + TdS ≥ 0 10.4 A relação (10.4) exprime a condição de equilíbrio ( = ) e de espontaneidade ( > ) para uma transformação em termos de variações nas propriedades do sistema dU, dV,dS e da quantidade de trabalho dWrev ou dWirr associada à transformação. 10.2.2 TRANSFORMAÇÕES A TEMPERATURA CONSTANTE Se um sistema sofre uma transformação de estado isotérmica, então TdS = d(TS) e a relação (10.4) pode ser escrita na forma: -dU + d(TS) > dW, -d(U - TS) > dW. (10.7) A combinação de variáveis U - TS aparece tão frequentemente que se dá um símbolo especial, A. Por definição, A = U - TS. (10.8) Sendo uma combinação de funções de estado do sistema, A é uma função de estado do sistema; esta função A é chamada energia de Helmholtz do sistema.* A relação (10.7) reduz-se à forma -dA>dW, (10.9) ou, integrando, -∆A≥W. (10.10) O significado de A é dado pela relação (10.10); o trabalho produzido numa transformação isotérmica é menor ou igual à diminuição da energia de Helmholtz. 10.2.3 TRANSFORMAÇÕES A PRESSÃO E TEMPERATURA CONSTANTE O sistema é confinado sob pressão constante, Pop = p, que é a pressão de equilíbrio do sistema. Como p é uma constante, pdV = d(pV). A temperatura é constante e, portanto, TdS = d (TS). A relação (10.5) toma-se, então, -[dU + d(pV) - d(TS)] ≥dW -d(U + pV - TS) > dW (10.11) A combinação de variáveis U + p V - TS se dá um símbolo especial G. Por definição, G = U + pV - TS = H - TS = A + pV. (10.12) Sendo composta de propriedades de estado de um sistema, G é uma propriedade de estado; G é chamada energia de Gibbs do sistema. Comumente, G é chamado de energia livre do sistema. 10.5 AS EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS DA TERMODINÂMICA Além das propriedades mecânicas p e V, um sistema tem três propriedades fundamentais T, U e S, definidas pelos princípios da Termodinâmica e três variáveis compostas H, A e G, que são importantes. Estamos agora em posição de desenvolver um conjunto importante de equações diferenciais que relacionem essas propriedades entre si. No momento, restringiremos nossa discussão a sistemas que produzem apenas trabalhos de expansão, portanto, dWa = 0. Com essa restrição,.a condição geral de equilíbrio é dU = TdS – PDV (10.19) Esta combinação do primeiro e segundo princípios da Termodinâmica é a equação fundamental da Termodinâmica. Usando as definições das funções compostas. H=U + pV, A = U - TS, G=U + pV-TS, e diferenciando cada uma, obtemos dH = dU + pdV+ Vdp, dA = dU - TdS - SdT, dG = dU + pdV+ Vdp - TdS - SdT. Em cada uma dessas três equações, dU pode ser substituído pelo seu valor dado pela Eq. (10.19); depois de reunir os termos, as equações tornam-se [a Eq. (10.19) está repetida em primeiro lugar] dU = TdS - pdV, (10.19) dH = TdS + Vdp, (10.20) dA = -SdT-pdV, (10.21) dG= -SdT+ Vdp. (10.22) Estas quatro equações são algumas vezes conhecidas como as quatro equações fundamentais da Termodinâmica; na realidade, elas são simplesmente quatro modos diferentes de se olhar a mesma equação fundamental, Eq. (10.19). A Eq. (10.19) relaciona a variação de energia com variações de entropia e volume. A Eq. (10.20) relaciona a variação de entalpia com variações de entropia e pressão. A Eq. (10.21) relaciona a variação da energia de Helmholtz dA com variações de temperatura e volume. A Eq. (10.22) relaciona variações da energia de Gibbs com variações de temperatura e pressão. Em virtude da simplicidade dessas equações, S e V são chamadas variáveis "naturais" para a energia; S e p são as variáveis naturais para a entalpia; T e V são as variáveis naturais para a energia de Helmholtz; e T e p são as variáveis naturais para a energia de Gibbs. Como cada uma dessas expressões é uma expressão diferencial exata, segue-se que as derivadas cruzadas são iguais. Deste fato, obtemos, imediatamente, as quatro relações de Maxwell: ANTES, UM POUCO DE MATEMÁTICA 7.2. Equações de Maxwell Para a dedução das equações de Maxwell é necessário lembrar dois teoremas matemáticos. Teorema 1: se existe uma relação entre x, y e z, podemos imaginar z como função de x, y. Sendo z uma função contínua de x, y a diferencial total desta função será: (7.13) Chamando: (7.14) Podemos escrever (7.13) como: (7.15) Como z, M, N são funções de x, y, então: Ou seja (7.16) A equação (7.16) mostra a condição básica para uma coordenada qualquer possuir diferencial exata. Teorema 2: Se “f” é uma função de x, y, z e existe uma relação entre x, y, z, então “f” poderá ser expressada como função de qualquer par x, y, z. Similarmente se x, y, z são funções de “f” e qualquer outra das coordenadas x, ou Y ou z, podemos dizer: Caso 1: (7.17) Caso 2: (7.18) Combinando as equações (7.17) e (7.18) teremos: (7.19) Reorganizando a equação (7.19) teremos (7.20) Caso 3: (7.21) Comparando a equação (7.21) com a (7.20) teremos que: (7.22) e (7.23) A equação (7.22) devidamente organizada, usando propriedades matemáticas das diferenciais parciais poderá ser escrita como: (7.24) Vamos aplicar os resultados obtidos, com a aplicação dos dois teoremas matemáticos acima descritos, a propriedades de uma substância pura, até agora conhecidas e as outras propriedades usadas na termodinâmica especificamente para analisar processos de mudança de fase, reações químicas e processos isométricos. As duas primeiras dessas equações relacionam-se com mudanças de estado a entropia constante, isto é, mudanças de estado adiabáticas reversíveis. A derivada (dT/dV)s representa a taxa da variação da temperatura com o volume numa transformação adiabática reversível. Não nos ocuparemos muito das Eqs. (10.23) e (10.24). As Eqs. (10.25) e (10.26) são de grande importância, porque relacionam a dependência da entropia com o volume, a temperatura constante, e a dependência da entropia com a pressão, a temperatura constante, com quantidades facilmente mensuráveis. 10.6 A EQUAÇÃO DE ESTADO TERMODINÂMICA As equações de estado discutidas até aqui, a lei dos gases ideais, a equação de van der Waals etc, são relações entre p, V e T obtidas de dados empíricos sobre o comportamento dos Gases. A equação de estado para um líquido ou sólido foi simplesmente expressa em termos dos coeficientes de expansão térmica e compressibilidade, determinados experimentalmente. Essas relações aplicam-se a sistemas em equilíbrio, mas existe uma condição de equilíbrio que é mais geral. O segundo princípio da Termodinâmicarequer a relação. dU = TdS - pdV como condição de equilíbrio. Desta relação, estamos aptos a deduzir uma equação de estado para qualquer sistema. Consideremos as variações em U, S e V da Eq. (10.19) para T constante: (∂U)T=T(∂S)T-p(∂V)T. Dividindo-se agora por (∂V)T, temos U e S são consideradas como funções de T e V. Portanto, as derivadas parciais na Eq. (10.27) são funções de T e V. Esta equação relaciona a pressão como função de T e V sendo, portanto, uma equação de estado. Usando o valor de (∂S/∂V)T da Eq. (10.25) e recompondo, a Eq. (10.27) torna-se Restringindo-se a segunda equação fundamental, Eq., (10.20), a temperatura constante, e dividindo-se por (∂p)T, obtemos Usando-se a Eq. (10.26) e rearranjando, obtemos Esta é uma equação de estado geral, exprimindo o volume como uma função da temperatura e da pressão. Essas equações de estado termodinâmicas são aplicáveis a qualquer substância. 10.8 AS PROPRIEDADES DE G A equação fundamental (10.22), dG = -SdT + Vdp, mostra a energia de Gibbs como uma função da temperatura e da pressão; a expressão equivalente é, portanto, Comparando essas duas equações vemos que Em virtude da importância da energia de Gibbs, as Eqs. (10.41) e (10.42) contém duas importantes informações da Termodinâmica. Como a entropia de qualquer substância é positiva, o sinal negativo na Eq. (10.41) mostra que um aumento de temperatura diminui a energia de Gibbs, se a pressão for constante. Essa diminuição é maior para os gases, que têm altos valores de entropia, do que para os líquidos ou sólidos, que tém baixos valores deentropia. Como V é sempre positivo, a Eq. (10.42) mostra que um aumento na pressão, a temperatura constante, acarreta um aumento da energia de Gibbs. A energia de Gibbs para qualquer material puro é convenientemente expressa integrando-se a Eq. (10.22), a temperatura constante, desde a pressão padrão, P0 = 1 atm, até qualquer outra pressão p: onde G° é a energia de Gibbs da substância sob a pressão de 1 atm, ou seja, a energia de Gibbs padrão, que é uma função da temperatura. Se a substância em questão for um líquido ou sólido, o volume será praticamente independente da pressão e poderá ser removido do sinal de integração; então G(T, p) = G0(T) + V(p - p°) (líquidos e sólidos). (10.44) Como o volume de líquidos e sólidos é pequeno, a menos que a pressão seja enorme, o segundo membro da Eq. (10.44) é desprezível; comumente, para fases condensadas escreveremos simplesmente G = G0(T) (10.45) e ignoremos a dependência de G com a pressão. O volume dos gases é muito maior que o de líquidos e sólidos e depende acentuadamente pressão; aplicando-se a Eq. (10.43) ao gás ideal ela torna-se Costuma- se usar o símbolo especial µ para a energia de Gibbs por mol; então, definimos = G/n (10.46) Portanto, para a energia de Gibbs molar do gás ideal, temos = 0(T) + RTlnp. (10.47) O termo logarítmico na Eq. (10.47) é bastante grande e na maioria das circunstâncias não pode ser ignorado. Desta equação, é claro que, a uma temperatura especificada, a pressão determina a energia de Gibbs de um gás ideal; quanto maior a pressão, maior a energia de Gibbs 10.10 A DEPENDÊNCIA DA ENERGIA DE GIBBS COM A TEMPERATURA A dependência da energia de Gibbs com a temperatura é expressa de vários modos diferentes, dependendo da conveniência em diferentes problemas. Reescrevendo a Eq. (10.41) temos Da definição G = H-TS, obtemos - S = (G - H)/T e a Eq. (10.52) torna-se É frequentemente importante conhecer como a função G/T depende da temperatura. Pelas regras comuns de derivação, obtemos Usando a Eq. (10.52) esta torna-se que se reduz à equação de Gibbs-Helmholtz, Como d(1/T) = -(l/T2)dT, podemos substituir ∂T da derivada na Eq. (10.54) por - T2d(1/T). Assim sendo, [∂(G/T)/∂(1/T]p =H (10.55) y x z x N x N y x z x y z y M y x ¶ ¶ ¶ = ¶ ¶ = ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ ¶ ¶ º ¶ ¶ = ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ 2 2 2 ; d d y x x N y M ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ = ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ ) , ( ' y f f x = dy y x df f x dx f y ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ + ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ = ) , ( ' ' z f f y = dz z y df f y dy f z ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ + ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ = ú ú û ù ê ê ë é ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ + ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ + ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ = dz z y df f y y x df f z dx f z f y dz z y y x df f y y x f x dx f f z f y ú ú û ù ê ê ë é ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ + ú ú û ù ê ê ë é ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ + ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ = ( ) z f f x , ' ' ' = df z x df f x dx f z ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ + ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ = f f f z y y x z x ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ = ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ z f y z f y y x f x f x ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ + ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ = ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ 0 . 1 = ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ f f f x z z y y x dy y z dx x z dz x y ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ + ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ = N y z M x z x y = ÷ ÷ ø ö ç ç è æ ¶ ¶ = ÷ ø ö ç è æ ¶ ¶ ; Ndy Mdx dz + + CAPÍTULO 10 Castellan Espontaneidade e Equilíbrio 10.1 AS CONDIÇÕES GERAIS DE EQUILÍBRIO E DE ESPONTANEIDADE O nosso objetivo agora é encontrar as características que distinguem uma transformação irreversível (real) de uma transformação reversível (ideal) . Começaremos indagando que relações existem entre a variação de entropia numa transformação e o escoamento ir reversível de calor que a acompanha. Em cada ponto ao longo de uma transformação reversível, o sistema desloca - se do equilíbrio apenas infinitesimalmente. O sistema é transformado através de uma mudança reversível de estado, embora permaneça efetivamente, em equilíbrio. A condição para reversibilidade é, portanto, uma condição de equilíbrio; da equação de definição de dS, a condição de reversibilidade é que TdS = dQ rev . 10.1 Portanto, a Eq. (10.1) é a condição de equilíbrio. A condição para uma transformação de estado irreversível é a desigualdade de Clausius, (8.44), TdS > dQ irev . 10.2 Transformações irreversíveis são transformações reais, naturais ou espontâneas. Iremos nos referir às transformações na direção natural como transformações espontâneas e à desigualdade (10.2) como condição de espontaneidade. As duas relações, Eqs. (10.1) e (10.2), podem ser combinadas numa única TdS = dQ 10.3 onde se admite que o sinal de igualdade implica um valor reversível de dQ. Usando o primeiro princípio na forma dQ = dU + dW, a relação em (10.3) pode ser escrita como TdS = dU + dW - dU - dW + TdS = 0 10.4 CAPÍTULO 10 Castellan Espontaneidade e Equilíbrio 10.1 AS CONDIÇÕES GERAIS DE EQUILÍBRIO E DE ESPONTANEIDADE O nosso objetivo agora é encontrar as características que distinguem uma transformação irreversível (real) de uma transformação reversível (ideal). Começaremos indagando que relações existem entre a variação de entropia numa transformação e o escoamento irreversível de calor que a acompanha. Em cada ponto ao longo de uma transformação reversível, o sistema desloca-se do equilíbrio apenas infinitesimalmente. O sistema é transformado através de uma mudança reversível de estado, embora permaneça efetivamente, em equilíbrio. A condição para reversibilidade é, portanto, uma condição de equilíbrio; da equação de definição de dS, a condição de reversibilidade é que TdS = dQ rev . 10.1 Portanto, a Eq. (10.1) é a condição de equilíbrio. A condição para uma transformação de estado irreversível é a desigualdade de Clausius, (8.44), TdS > dQ irev . 10.2 Transformações irreversíveis são transformações reais, naturais ou espontâneas. Iremos nos referir às transformações na direção natural como transformações espontâneas e à desigualdade (10.2) como condição de espontaneidade. As duas relações, Eqs. (10.1) e (10.2), podem ser combinadas numa única TdS = dQ 10.3 onde se admite queo sinal de igualdade implica um valor reversível de dQ. Usando o primeiro princípio na forma dQ = dU + dW, a relação em (10.3) pode ser escrita como TdS =dU + dW -dU - dW + TdS = 0 10.4
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