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Memoriais adoção Natanael Gomes de Oliveira e Fca Leila da Costa Gomes

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COMARCA DE MARACANAÚ
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MARACANAÚ-CE
AÇÃO DE ADOÇÃO
PROCESSO Nº 4215-05.2009.8.06.0117
REQUERENTE: NATANAEL GOMES DE OLIVEIRA e FRANCISCA LEILA DA COSTA GOMES 
NATANAEL GOMES DE OLIVEIRA e FRANCISCA LEILA DA COSTA GOMES, ambos já devidamente qualificados nos autos do processo em epígrafe, veem respeitosamente ante V. Ex.a., por intermédio da Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará, em atendimento ao despacho de fl. dos autos, apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, o que faz na forma a seguir exposta:
DOS FATOS
A parte autora propôs Ação de Adoção em favor de JEAN GOMES DE OLIVEIRA, visto ter este sido deixado por sua genitora, Sra. ELIUDE GOMES DE OLIVEIRA, na casa de seu irmão, ora requerente, quando o adotando contava com apenas 01 (um) ano de nascido. 
Ante a impossibilidade de cuidar da criança acima mencionada, a Sra. ELIUDE GOMES DE OLIVEIRA procurou os requerentes, para que estes adotassem o infante nominado. A partir de então, passaram os promoventes a manter a criança, prestando-lhe os cuidados necessários, tendo este sido integrado a entidade familiar.
A parte demandante apresentou a certidão de nascimento do adotando (fl. 18), termo de concordância materna de adoção (fl. 19), certidões de antecedentes criminais (fls. 25/26). 
Designada audiência de instrução, tendo esta vindo a ocorrer, momento em que foram prestada declarações das testemunhas arroladas na inicial, bem como foi colhido depoimento da mãe biológica da criança, oportunidade em que esta ratificou sua concordância com o pleito autoral (mídia acostada às fls. 52). 
Às fls. 33/34, repousa relatório social. Após, abriu-se vista para o oferecimento de Memoriais.
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A douta professora Maria Berenice Dias (in Manual de direito das famílias, 5ª ed. rev. atual. e ampl., editora Revista dos Tribunais: São Paulo, 2009, p. 434), ao tratar do instituto da adoção, leciona:
“O estado de filiação decorre de um fato (nascimento) ou de um ato jurídico: a adoção.
 A adoção é um ato jurídico em sentido estrito, cuja eficácia está condicionada à chancela judicial. Cria um vínculo fictício de paternidade-maternidade-filiação entre pessoas estranhas, análogo ao que resulta da filiação biológica. Esse conceito persegue as razões legais e seus efeitos, mas representa somente uma face do instituto, conforme ressalta Waldyr Grisard.
 A adoção constitui-se um parentesco eletivo, pois decorre exclusivamente de um ato de vontade. A verdadeira paternidade funda-se no desejo de amar e ser amado, mas é incrível como a sociedade ainda não vê a adoção como deve ser vista. Precisa ser justificada como razoável para reparar a falha de uma mulher que não pode ter filhos.
 Trata-se de modalidade de filiação construída no amor, na feliz expressão de Luiz Edson Fachin
, gerando vínculo de parentesco por opção. A adoção consagra a paternidade socioafetiva, baseando-se não em fator biológico, mas em fator sociológico.
”
Neste contexto, tem-se que a noção atual de adoção não busca a concepção tradicional de conferir uma família a uma criança, nem é uma paternidade ou maternidade de segunda classe, mas sim “uma construção cultural, fortificada na convivência, no entrelaçamento dos afetos, pouco importando sua origem. Nesse sentido, o filho biológico é também adotado pelos pais no cotidiano de suas vidas
” (in ob. cit., pp. 434/435).
Deste modo, a adoção decorre da ideia de que esta modalidade de entidade familiar não é formada por pessoas com os mesmos laços biológicos, mas de algo muito mais forte, que é o amor que os une e dá a verdadeira sensação de família.
Na espécie, o adotando JEAN GOMES DE OLIVEIRA foi entregue por sua genitora aos cuidados dos autores, desde os seus primeiros meses de vida, em 2006, sendo o pai do infante desconhecido da demandante.
Por sua vez, ante a guarda de fato de os autores, por conta da entrega da criança, passou aquela a prestar os cuidados e atenções necessárias ao perfeito desenvolvimento do menor, o que ensejou sua perfeita integração ao ambiente familiar.
Com efeito, após virem a ter a criança consigo, a parte demandante passou a por ele responder, conferindo-lhe o necessário para uma vida digna, no que concerne ao custeio das suas despesas e a prestação de sua educação, inclusive quanto a sua formação moral e a espiritual. De igual modo, a adotante passou a dar-lhe carinho e afeto, ante o amor que passou a uni-los, o que tem possibilitado ao infante alcançar a almejada felicidade.
Tais informações foram confirmadas pelas declarações prestadas pelas testemunhas em juízo, o que terminou por confirmar as informações prestadas pela Assistente Social no âmbito do seu Relatório Social.
O Superior Tribunal de Justiça tem considerado que “a legislação que dispõe sobre a proteção à criança e ao adolescente proclama enfaticamente a especial atenção que se deve dar aos seus direitos e interesses e à hermenêutica valorativa e teleológica na sua exegese” (RMS nº 1.898/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 17/04/1995), o que significa dizer que, o que deve preponderar em casos como o presente são os superiores interesses do menor.
Outrossim, cumpre dizer, por serem os pais do infante desconhecidos, resta dispensado o consentimento dos mesmos na presente ação de adoção, na forma do art. 45, § 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA.
Deste modo, por ser a adoção o meio de ligar pessoas, com origens genéticas diversas, a um mesmo laço familiar, visto haver entre elas um sentimento maior denominado amor, e por estarem preenchidos os requisitos legais, em especial no que concerne a proteção integral do menor, posto que a parte autora assumiu, sem qualquer restrição, seu dever de guarda, criação, educação e fiscalização de JEAN GOMES DE OLIVEIRA, a procedência da demanda se impõe.
DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja julgada procedente a ação, deferindo-se a adoção em favor da suplicante, e, após, determinar-se a expedição dos mandados judiciais competentes de cancelamento do registro originário e de adoção do adotando, conferindo ao adotado, conforme teor contido no art. 1.627 do novo Código Civil, os patronímicos da parte promovente, passando a chamar-se JEAN MOISÉS GOMES DE OLIVEIRA, tudo de forma gratuita, por ser a peticionante pobre na forma da lei.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
Maracanaú, 01 de outubro de 2014.
Adriana Cristina Pereira Benicio
Defensora Pública
�	 Alice de Souza Birchal, A relação processual dos avós no direito de família: direito à busca da andestralidade, convivência familiar e alimentos. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coord.). Anais do IV Congresso Brasileiro de Direito de Família. Afeto, ética, família e o novo Código Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 41.
�	 Waldyr Grisard Filho, Será verdadeiramente plena a adoção unilateral? Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre: IBDFAM/Síntese, n. 11, p. 39, out.-dez. 2001.
�	 Anabel Vitória Mendonça de Souza, Adoção plena: um instituto do amor. Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre: IBDFAM/Síntese, n. 28, p. 85, fev.-mar. 2005.
�	 Luiz Edson Fachin, Elementos críticos do direito de família. Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p. 219.
�	 Zeno Veloso, Direito brasileiro da filiação e da paternidade. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 160.
�	 Paulo Luiz Netto Lobo, Direito de família, relações de parentesco, direito patrimonial. In: AZEVEDO, Álvaro Villaça (coord.). Código Civil comentado. São Paulo: Atlas, 2003, v. 16, p. 144.

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