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BPPM - aula 05 ➤ O termo “previnir” tem o significado de “preparar, chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano ou mal); impedir que se realize” . A prevenção em saúde exige uma ação antecipada, a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença. “Promover” tem o significado de dar impulso a; fomentar, originar; gerar. Promoção de Saúde define-se, tradicionalmente, de maneira bem mais ampla que prevenção, pois refere-se a medidas que “não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar gerais”. As estratégias de promoção enfatizam a transformação das condições de vida e de trabalho que conformam a estrutura subjacente aos problemas de saúde, demandando uma abordagem intersetorial. ➤ Promoção da saúde + prevenção de doenças: visões complementares no sentido de buscar uma saúde melhor (resultado de ambas é evitar o sofrimento causado pelas doenças e suas consequências). ➤ Promoção da Saúde: aprimorar continuamente a saúde humana agindo sobre seus determinantes. - visa aumentar a saúde e o bem estar ➤ Prevenção de Doenças: evitar o mal, afastando-se suas causas ou recorrendo-se a medidas protetoras específicas. - Prevenção de doenças significa evitar o desenvolvimento do estado patológico, incluindo medidas que limitam o surgimento e a progressão da doença e desencadeiam impacto na redução da mortalidade ou morbidade populacional. O ato de prevenção é passível de ser realizado em diversos momentos do processo saúde-doença, sendo que a classificação do processo mórbido do Homem é principalmente dividida em dois períodos: pré-patogênico (antes do indivíduo adoecer) e patogênico (curso da doença no homem). A doença também pode ser classificada como precoce, avançada ou convalescença, e pode culminar em cura, estado crônico, invalidez ou morte. Para cada um desses estágios de temporalidade ou impacto de progressão patológica, ações que interceptem o curso natural podem ser pactuadas, a partir da prevenção primordial e mais quatro níveis de prevenção. 1 BPPM - aula 05 Prevenção Prim�rdial Evita a instalação dos fatores de risco que possam desencadear doenças ou agravos à saúde ➤ Normalmente vinculado a políticas e programas de promoção de saúde. ➤ Diminuir a probabilidade de ocorrência de uma doença. ➤ Foco no indivíduo Exemplo: exercícios físicos e alimentação saudável em indivíduos com peso adequado e saudáveis = age evitando riscos para o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas, como hipertensão e diabetes. ➤ Nível comunitário Exemplo: campanhas antitabagismo para ambientes coletivos, fluoração da água para prevenção odontológica e campanhas de uso de cinto de segurança, com redução de risco de acidentes automobilísticos. Prevenção Primária Evita o aparecimento de doenças ou agravos à saúde, ao evitar ou remover a exposição do indivíduo as suas causas e fatores de risco ➤ Fatores de risco são existentes nesse nível. ➤ A imunização representa um exemplo de prevenção primária (reduz doenças infecciosas) ➤ Exemplos de prevenção primária: incentivo para adoção de hábitos saudáveis em pacientes acima do peso para a prevenção de doenças crônicas, interrupção do tabaco para redução de neoplasia pulmonar, mastectomias e ooforectomias profiláticas em mulheres assintomáticas com alterações genéticas de alto risco cumulativo para neoplasia. Prevenção Secundária Atua na identificação precoce da doença, antes do surgimento de seus sintomas (fase pré-clínica) ➤ Rastreamento ou triagem para doenças em fase de ausência de manifestação clínica e o seguimento clínico e tratamento precoce quando necessário. ➤ “check up de rotina” = ao sugerir exames para investigação, o paciente intuitivamente raciocina a ideia da prevenção secundária. ➤ Exemplos: rastreamento de neoplasia de colo uterino por exame de Papanicolaou, rastreamento de sífilis em gestantes e verificação preventiva de lesões na pele. Prevenção Terciária Etapa em que a prevenção se concentra na reabilitação e controle de complicações, após a doença já ter se manifestado clinicamente 2 BPPM - aula 05 ➤ Consiste em amenizar os efeitos degradantes decorrentes do processo de doença e propiciar a reinserção do indivíduo em suas atividades de vida. ➤ Exemplos: uso de drogas específicas para diminuir o risco de morte em paciente pós infarto do miocárdio, monitoramento de sinais de pé diabético. Prevenção Quaternária Ação tomada para identificar o paciente em risco de excesso de medicalização e intervenções curativas ou preventivas, a fim de protegê-lo de medidas excessivas, cujos danos poderiam superar os benefícios ➤ Ações para evitar o adoecimento iatrogênico desencadeado por alta medicalização e excessos de rastreamentos preventivos em pacientes que se sentem enfermos mas que não necessariamente têm a doença. ➤ Diálogo com pacientes sobre a compreensão do que é saúde e doença. ➤ A prevenção quaternária se encaixa nos cuidados paliativos, com objetivo de redução do sofrimento. ➤ A prevenção quaternária é baseada nos preceitos hipocráticos “primum non nocere” (não maleficência) e da beneficiência, pela consciência de que medidas de saúde excessivas podem ser extremamente danosas. Visa proteger os pacientes das próprias práticas clínicas, evita a supervalorização de fatores de risco e o intervencionismo médico sobre o tratamento. Com base nos conhecimentos adquiridos até o momento, tem-se que as escolhas de prevenção envolvem cuidado minucioso e visão integrada de paciente, profissionais da saúde, bases de evidência na literatura, protocolos de recomendação e possibilidade de efetivação de práticas. Para essa determinação, há quatro estratégias principais para a efetivação da prevenção: “Screening” (ou rastreamento), imunização, aconselhamento 3 BPPM - aula 05 sobre hábitos de vida e quimioprofilaxia (prevenção por via farmacológica ou “terapêutica”). Essas estratégias quando agrupadas em módulos constituem o Exame Periódico de Saúde (EPS). Existem ainda formas abrangentes de preconizar a prevenção, pautando no “menos” e no “mais”: A prevenção a “menos” consiste em resgatar a saúde e sustentabilidade das condições| modo de viver, pois se tem uma boa segurança sobre esse tipo de ação preventiva por meio da remoção de algumas exposições anormais e fatores patogênicos. Já a prevenção “mais” significa a introdução de um agente externo, uma droga, uma vacina, por exemplo. Nesses casos há a necessidade de comprovação de evidências de altíssima qualidade, pois o que se pretende é oferecer um potencial benefício futuro por meio de uma intervenção presente. Exemplo: Pode-se sugerir que um indivíduo obeso intensifique a atividade física (foco no mais) e evite a ingesta alimentar hipercalórica ou gordurosa (foco no menos). A Atenção Primária usa duas abordagens para a prevenção de doenças e promoção de saúde: Estratégia de Alto Risco (EAR) ➤ Distingue indivíduos de alto risco em comparação com o restante da população; ➤ Apenas quando identificado o risco alguma intervenção é oferecida; ➤ Tendência da medicalização da prevenção (desvantagem); OBS: Um grande número de pessoas submetidas a um pequeno risco poderá produzir mais casos da doença em questão do que um pequeno grupo com alto risco. Estratégia de Amplitude Populacional (EAP) ➤ Propõe a intervenção sobre uma população, e não apenas nos indivíduos separados em dois grupos de risco antagônicos, com o objetivo de reduzir a prevalência do fenômeno mais amplamente. ➤ Exemplos: adição de flúor à água, de ferro à farinha de trigo, proibição da ingesta de bebida alcoólica associada à direção. ➤ Desvantagem: menor benefício individual, pois a intervenção é populacional. 4 BPPM - aula 05 F�rtalezas e Fragilidades da Prevenção de D�enças no Trabalho das Equipes da ESF ➤ Grande parte dos pacientes com fatores de risco nunca desenvolverão as complicações que estão em risco; não se deve assustar os pacientes. ➤ As práticas preventivas podem ocasionar danos (intervenções exageradas e desnecessárias, passíveisa complicações e iatrogenias - prevenção quaternária) ➤ Supervalorização dos riscos pode provocar a percepção de doença onde ela não existe; ➤ Aparentemente indolentes e, até mesmo, positivas, práticas preventivas podem ocasionar danos como: intervenções desnecessárias, efeitos psicossociais dos testes e dos falsos-positivos; falsa segurança dos falsos-negativos e, principalmente, conversão de sadios em doentes. ➤ Apesar de a ação de prevenção ser bastante vinculada ao papel do médico, amplia-se para outras áreas de atuação, ainda mais no conceito interdisciplinar da APS. ➤ Análise de decisões clínicas devem ser pautadas em epidemiologia clínica, medicina baseada em evidências e bom diálogo entre profissional da saúde e o usuário, de forma a particularizar o cuidado, além da intervenção a qualquer custo e não ponderada, mas enfatizando a qualidade de vida e equilíbrio entre benefícios e malefícios dentre as opções preventivas. Elab�ração de Pr�t�c�l�s ➤ Das análises e qualidades de evidências, aplicam-se as sugestões para as práticas, classificadas em A,B,C,D,I. Níveis A e B: os benefícios são, respectivamente, substancial e moderado substancial Nível C: recomenda-se seletivamente, pois o benefício é pequeno Nível D: categoriza como não recomendável, com benefícios não comprovados ou danos superando os benefícios Nível I: é relacionado a evidências insuficientes para a conclusão sobre danos ou benefícios 5
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