Buscar

Símbolos e relação simbólica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANTROPOLOGIA 
E CULTURA 
Priscila Farfan Barroso
Símbolos e relações 
simbólicas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a importância dos símbolos para os seres humanos.
 � Escrever sobre a relação entre os símbolos e a ação simbólica.
 � Descrever o estudo dos símbolos na vida social.
Introdução
Neste capítulo, você conhecerá como os símbolos atuam na comunicação 
entre seres humanos. E nesse sentido, estudará as relações simbólicas 
que permeiam a nossa sociedade. 
Os símbolos para os seres humanos 
Nos perguntamos como os homens se comunicam? Como eles entendem um 
ao outro? O que media essa compreensão? E nesse sentido, o que diferencia a 
comunicação humana dos animais? Essas perguntas podem ser respondidas 
a partir do estudo dos símbolos, uma vez que eles permeiam o imaginário 
humano e se tornam crucial para as relações humanas. 
Desde de muito pequenas, as pessoas aprendem a perceberem os símbolos 
que circulam a cultura em que vivem, e então utilizam esses símbolos para 
se comunicar e efetivarem suas ações (Figura 1). Assim, alguns estudiosos 
do assunto aprofundaram suas análises para compreender qual, de fato, é a 
importância dos símbolos para a comunicação dos seres humanos. 
O antropólogo americano Leslie White (2009) entendia que a diferença entre 
os seres humanos e os outros seres era justamente o fato de que os homens 
tivessem a capacidade de simbologizar, pois, para ele, os animais se comunicam 
através de sinais, e os homens se comunicam por meio de símbolos. White ex-
plica o que é essa capacidade de simbologizar, em um texto inicial do seu livro: 
Antropologia e Cultura_U2_C9.indd 99 17/11/2017 10:47:12
É a capacidade de originar, definir e atribuir significados, de forma livre 
e arbitrária, as coisas e acontecimentos do mundo externo, bem como 
compreender esses significados. [...] Os seres humanos atribuem-lhe esse 
significado e estabelecem sua importância. O significado por sua vez, pode 
ser compreendido por outros seres humanos. Se não fosse assim, não 
faria sentidos para eles. Simbologizar, portanto, envolve a possibilidade de 
criar, atribuir e compreender significados (WHITE, 2009, p. 9, grifo nosso).
Então, é através dos significados dados aos símbolos que os homens se 
comunicam e se entendem, a fim de identificar coisas, atos, sons e tudo o que 
não é sensorial. Por exemplo, em relação a crença do sagrado. O que é definido 
pelo homem como sagrado e o que não é também se dá como atribuição de 
significados. Entre os católicos, as imagens de santos são sagradas, mas entre 
evangélicos as imagens não são veneradas porque eles fazem uma outra leitura 
da bíblia. Desse modo, em uma mesma cultura, as interpretações dos grupos 
dos sociais existentes também podem ser diferentes e até opostas. 
White (2009) ainda afirma que foi por esse processo de amadurecimento de 
evolução neurológica da capacidade de simbologizar que se fundou a criação e 
construção da cultura. Então, os símbolos seriam as unidades básicas do com-
portamento humano e se constituiriam como aporte para o desenvolvimento da 
cultura, de modo que o significado de uma coisa ou algo dependesse inclusive 
do contexto de análise, baseado na cultura em questão. O autor ainda explica 
melhor essa relação ao defender que: “A cultura como um todo – em termos 
ideológicos, sociológicos e tecnológicos – depende da simbolização, que se 
expressa principalmente no discurso articulado” (WHITE, 2009, p. 28-29). 
Por meio da linguagem é que se organiza o pensamento permeado por 
símbolos e a comunicação entre as pessoas se dá por meio da linguagem. 
Essa linguagem é permeada por símbolos que fazem sentido em uma cultura 
específica, assim, por meio dela é possível acumular e transmitir conheci-
mento adiante, bem como originar as instituições sociais que estruturam a 
sociedade. Logo, o estudo dos símbolos é crucial para que possamos analisar 
e compreender como se dá a comunicação entre os seres humanos tornando 
possível seus modos de vida. Por isso, se queremos entender os significados 
de uma outra cultura, temos de acessá-la ou mesmo mergulhar nela e buscar 
os símbolos que fazem sentido ali. 
Símbolos e relações simbólicas100
Antropologia e Cultura_U2_C9.indd 100 17/11/2017 10:47:12
Você pode ver o documentário O rap pelo rap, de 
Pedro Fávero, que fala sobre os simbolismos que per-
meiam esse estilo de música. E também aproveitar 
para refletir um pouco mais sobre os significados 
que circulam entre as pessoas que têm o rap como 
estilo de vida a partir dos depoimentos e entrevistas. 
https://goo.gl/PpHjZ1
Os símbolos e a ação simbólica
Após compreender a importância dos símbolos, cabe entender como se dá a 
circulação desses símbolos na sociedade. Com esse objetivo, vamos trazer as 
ideias de Clifford Geertz (2008, p. 9) a fim de entender a afirmação de que “o 
comportamento humano é visto como ação simbólica”. Podemos dizer que 
essa ação simbólica pode ser intrepretada a partir dos seus contextos culturais, 
e não como se pudessem ser explicados definitivamente por si própria.
Para situar o pensamento do autor, destacamos que ele se filia a antropologia 
simbólica fundante na Universidade de Harvard, nos anos 60 e 70, sendo esta 
prenunciada pelo estruturalismo francês de Levi-Strauss (1908-2009) ao expor 
certa resistência à metodologia cientificista e ao considerar o particularismo 
das culturas (BARNARD; SPENCER, 2002).
Assim, seria por meio da interpretação das culturas que se desvendaria os 
símbolos permeados entre os seres humanos, resultando na ação simbólica. 
A ação simbólica, por sua vez, associa a ação e a representação, ou seja, não 
podemos pensá-las de modo separadas, pois elas serão reveladas a partir do 
fluxo do discurso social de uma maneira contextualizada e dinâmica, como 
Geertz (2008) compreende a cultura, e não uma ação simbólica disposta em uma 
estrutura fechada e, de certa maneira, estática como teorizava Lévi-Strauss. 
Geertz entende que caberia então inspecionar o fluxo do discurso social, 
em uma atenção elucidativa aos significados em questão. Assim, nos processos 
de observação, análise e registro da cultura do outro seria possivel acessar os 
significados e interpretá-los, de modo que esses processos ocorrem de maneira 
simultâneas. Logo, quem observa para tentar entender a ação simbólica parti-
cipa também da construção desse significado, podendo perceber as recorrências 
dos significados envoltos na dimensão humana, como propõe Geertz (2008).
101Símbolos e relações simbólicas
Antropologia e Cultura_U2_C9.indd 101 17/11/2017 10:47:12
Podemos dizer, então, que Geertz aposta em uma ideia de que a experiência 
do outro está imbuída de uma troca constante de símbolos significantes. Esse 
termo de “simbolos significantes”, o autor retoma de Mead (apud GEERTZ, 
2008, p. 33) para aplicar à “[...] qualquer coisa que esteja afastada da simples 
realidade e que seja usada para impor um significado à experiência”. Assim, 
o foco do estudo da cultura são os mecanismos empregados pelos indivíduos 
ou grupos de indivíduos ao se situar(em) no mundo. Objetiva-se a compreen-
são da estrutura significativa da experiência sem perder de vista a dimensão 
temporal. De modo que o autor enfatiza que “é preciso compreender tanto a 
organização da atividade social, suas formas institucionais e os sistemas de 
idéias que as animam, como a natureza das relações existentes entre elas” 
(GEERTZ, 2008, p. 150).
No estudo sobre a sociedade balinesa, Geertz (2008) aplica essas ideias 
para desvendar os significados em outra cultura. E retomando alguns pontos 
de sua obra, quando trata da pessoa, do tempo e da conduta em Bali, Ge-
ertz se interessa no como se define as pessoas e como elas são percebidas 
na interação com outras pessoas. Assim, ele aposta em uma investigação 
empírica e sistemática em que a experiência do outro está imbuída de uma 
troca constante de símbolos significantes,sendo foco do estudo da cultura 
os mecanismos empregados pelos indivíduos ou grupos de indivíduos ao se 
situar(em) no mundo.
Quanto às brigas de galo na sociedade balinesa (GEERTZ, 2008) (Figura 2), 
Geertz interpreta que a rinha entre os animais, no espaço público, explicita 
aspectos culturais nos quais os homens se realizam simbolicamente no que lhe é 
interditado socialmente. Destaca-se que há aversão ao comportamento animal. 
Entretanto, as pessoas estão absorvidas em um fluxo de atividade comum que 
as relacionam entre si, sendo que os galos são entendidos como “ampliação 
da personalidade de seus proprietários” (GEERTZ, 2008, p. 190), em que se 
explicita uma rivalidade entre posições sociais em uma dada sociedade. 
Símbolos e relações simbólicas102
Antropologia e Cultura_U2_C9.indd 102 17/11/2017 10:47:12
Figura 2. Rinha de galos balinesa, considerada de extrema importância nesta cultura. 
Fonte: Bali Rooster Fight (2017). 
Enquanto se desenrola a briga de galos, as pessoas assumem certos temas, 
como “[...] morte, masculinidade, perda, beneficências, oportunidade – e 
ordenando-os em uma estrutura globalizante, apresenta-os de maneira tal 
que alivia uma visão particular da sua natureza essencial” (GEERTZ, 2008, 
p. 2016). As apostas nos galos, realizadas nos bastidores, estão atreladas a 
uma série de regras em que o pesquisador deve se atentar para que a ação 
social seja interpretada a partir do contexto cultural, uma vez que a cultura é 
pública porque o significado o é, como defende Geertz (2008). 
Assim, o autor se dedica a refletir sobre a concepção de pessoa na so-
ciedade balinesa, destancando definições de ordens simbólicas também no 
reconhecimento destas pessoas. Os nomes pessoais, que não são muito acio-
nados na vida pública; os nomes da ordem do nascimento, designados para os 
primeiros filhos de um casal, explicitando aqueles que ainda não procriaram; 
os termos de parentesco, que classificam em termos geracionais aqueles que 
são contemporâneos; os tecnônimos, que são mais usados na ordem social ao 
explicitar a relação entre alguém e outro, vinculados a procriação de casais, de 
modo a estabelecer uma possibilidade de continuidade reprodutiva; título de 
status, que se referência por uma ordem divina podendo estar combinado com 
a dimensão do poder, da riqueza e da divisão do trabalho; e títulos públicos, 
103Símbolos e relações simbólicas
Antropologia e Cultura_U2_C9.indd 103 17/11/2017 10:47:13
que são explicitados na ordem pública em relação ao que o indivíduo faz da 
sua vida (GEERTZ, 2008). 
Os símbolos na vida social
A discussão desse capítulo é um convite para que percebamos os simbo-
lismos presentes em nossa cultura. Talvez pela familiaridade com o que 
faz sentido para nós, não nos damos conta da potencialidade interpretativa 
dos significados que permeiam os símbolos em nossa cultura. Entretanto, 
se fizermos um exercício de compreensão de aspectos culturais que sejam 
distanciados a nós, poderemos acessar, observar e interpretar os signifi-
cados relevantes para as outras pessoas, e que mesmo sendo estranhos a 
nós, conhece-los nos fará ampliar nosso conhecimento dos modos de vida 
existentes em nossa cultura. 
Podemos não compreender porque alguém gosta de um estilo de música, 
pensa de tal jeito sobre um assunto ou mesmo faz parte de uma religião que 
não faz sentido. Mas, se soubermos aplicar alguns conhecimentos de etnografia 
apreendidos nessa disciplina, será possível, como fala Geertz, diferenciarmos 
uma piscadela de uma contração involuntária das pálpebras e, assim, reali-
zar uma interpretação que faça sentido na cultura analisada. De modo que, 
aos poucos, pode-se compreender “a hierarquia estratificada de estruturas 
significantes em termos das quais os tiques nervosos, as piscadelas, as falsas 
psicadelas, as imitações são produzidas, percebidas e interpretadas” (2008, p. 
5). Logo, conclui-se que não estamos em busca de uma verdade pronta, fechada 
e incontestável, mas uma afirmação etnográfica sobre sua interpretação das 
estruturas de significados socialmente estabelecidos.
Nesse sentido, para compreender, cabe comparar, negociar e questionar 
as interpretações configuradas, uma vez que elas não têm necessariamente o 
propósito de inferir generalizações da estrutura social como os estruturalistas 
faziam, mas sim de interpretar a cultura do outro, considerando o empenho 
em relativizar seus próprios valores e normas sociais. 
Ao mesmo tempo, Geertz (2008) aconselha que se concentre em voos 
baixos nessas análise, sendo esses mais vantajosos do que os voos altos, pois, 
quando a pessoa quer compreender a cultura do outro como um todo, pode 
equivocar-se com mais facilidade. Por isso, caberia mais propor perguntas 
e alguns refinamentos de debates do que fazer grandes afirmações, gerar 
consensos e estabelecer explicações definitivas. 
Símbolos e relações simbólicas104
Antropologia e Cultura_U2_C9.indd 104 17/11/2017 10:47:13
Falamos ao longo do texto em ver, mas esse ver não 
está só relacionado à visão, e sim a percepção. Por 
isso, você pode ver o documentário Janela da Alma, 
de João Jardim e Walter Carvalho, de 2001, para 
sensibilizar-se sobre a percepção dos símbolos que 
permeiam a vida social.
https://goo.gl/jjYsyW
105Símbolos e relações simbólicas
Antropologia e Cultura_U2_C9.indd 105 17/11/2017 10:47:13
BALI ROOSTER FIGHT. 2017. Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/547891110
901075472/?lp=true>. Acesso em: 1 out. 2017.
BARNARD, A.; SPENCER, J. Encyclopedia of cultural and social anthropology. London: 
Routledge, 2002.
CIBERDUVIDAS. ([2000?]). Disponível em: <https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/quem-
-somos>. Acesso em: 1 out. 2017.
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
WHITE, L. O conceito de cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009.

Continue navegando