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Análise Crítica da Carta da ONU

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Alice Duarte
Relações Internacionais – PA4
Profª Carla Holand e Nádia Menezes
Análise Crítica da Carta da ONU
	A Carta da ONU é o documento de fundação da maior organização internacional existente, a Organização das Nações Unidas. Esta organização foi criada no intuito de evitar mais conflitos mundiais, após o mundo ter sido assolado por duas grandes guerras mundiais. A Carta foi assinada no dia 26 de junho de 1945 e a ONU entrou em vigor, oficialmente, em 24 de outubro do mesmo ano, quando o documento foi ratificado pelos governos da França, da China, da antiga União Soviética – hoje Rússia – do Reino Unido e dos Estados Unidos da América.
	Já no preâmbulo da Carta da ONU, é dito que é necessário “reafirmar a fé (...) na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas”. Não é necessário grande conhecimento técnico na área de Relações Internacionais para saber que isso, na realidade, não ocorre. As nações grandes ainda são diferenciadas das pequenas, tanto na prática, quanto dentro da própria ONU, que já apresenta, na parte inicial do documento de criação, a sua primeira contradição, já que no Cap. V, Art. 23, que versa sobre o Conselho de Segurança – conselho que tem o dever de assegurar a paz e a segurança internacional – é declarado que “A República da China, a França, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e os Estados Unidos da América serão membros permanentes do Conselho de Segurança”. Há, então, uma contradição entre o que é proclamado pela carta – igualdade entre nações – e o que é, de fato, efetivado pela existência de um conselho com 5 países grandes – os vencedores da Segunda Guerra Mundial – que tem poder de veto e são permanentes. 
	Segundo o Capítulo I, que trata dos propósitos e princípios das Nações Unidas, Art. 1º, §1, “Manter a paz e a segurança internacionais” é o principal preceito da organização internacional. Acredito, eu, que quando foi criada, a ONU desejava, verdadeiramente, ter o poder de assegurar a paz e a segurança para todo o globo, sendo, assim, um organismo supranacional, que regulasse todo o sistema internacional. Isso, entretanto, não se efetivou, principalmente por causa dos interesses das grandes potências, que não necessariamente seguiram, durante a história das Nações Unidas, o que foi imposto a eles pela organização. No §2, do mesmo artigo, a carta menciona a igualdade de direito e a autodeterminação dos povos – que quer dizer que os países tenham governos próprios e tomem suas decisões sem a interferência externa. Já ocorreram no mundo, contudo, situações de membros da ONU que feriram essa autodeterminação, como, por exemplo, a invasão do Iraque, por parte dos Estados Unidos, em 2003, caçando e matando o ditador iraquiano, Saddam Hussein. 
	A Assembleia Geral, que é o tema do capítulo IV, é o organismo mais justo dentro do Sistema ONU, já que todos os membros da organização participam e, segundo o Art. 18, §1, “Cada membro da Assembleia Geral terá um voto”. O órgão, consoante o Art. 10, pode tratar de quaisquer assuntos presentes nas finalidades da Carta da ONU, ou seja, qualquer país pode sugerir assuntos a serem debatidos dentro da Assembleia Geral, o que proporciona que os interesses dos mais diversos Estados, sejam eles grandes ou pequenos, se tornem de conhecimento de todos e possam ser acordados pelas Nações Unidas. Esse organismo segue, de fato, o que a ONU propôs como princípio: a igualdade entre as nações. 
	Outra das contradições presentes na carta, sendo essa, também, muito explícita, está entre o Art. 2º, §3, “Todos os membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos”, e o Art. 42, “ O Conselho de Segurança (...) poderá levar a efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou reestabelecer a paz e a segurança internacionais”. Essa incoerência do documento, que previa, nos seus princípios, a solução pacífica das controvérsias internacionais, mas que no Cap. V, sobre o Conselho de Segurança – órgão que retrata, de maneira clara, a real distribuição de poder no Sistema Internacional e dentro da ONU – já delibera que a força pode, sim, ser utilizada, é deveras séria. Se a Carta da ONU prevê a autodeterminação dos povos, a solução pacífica de controvérsias e a igualdade de direito entre nações grandes e pequenas, como é possível que um grupo de 15 membros decida se tal país merece ou não ter seu território invadido em nome da “paz mundial”? Como exemplo, é possível citar a intervenção no Iraque, em 1991, que foi autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU, após o presidente Saddam Hussein invadir e anexar o território do Kuwait. Ao todo, 29 países enviaram efetivos para combater o exército iraquiano, que sofreu enormes baixas e foi massacrado, já que tinha bem menos efetivo do que a coligação formada para combatê-lo. 
	O Conselho Econômico e Social, tema do Cap. X, é, também, uma proposta interessante que está presente na Carta da ONU. Conforme o Art. 68, “O Conselho Econômico e Social criará comissões para os assuntos econômicos e sociais e a proteção dos diretos humanos”, ou seja, é um órgão voltado para o desenvolvimento social e econômico de todos os países do globo, que tem como parte, agências especializadas que tratam de assuntos específicos, tais como a Organização Mundial da Saúde, a FAO – que trata de agricultura – a UNICEF – que é relacionada às crianças – e a UNESCO – que é ligada à cultura mundial. Cada uma dessas agências é responsável por algo em todos os países-membro das Nações Unidas e são, de certa forma, efetivas, já que são submetidas a relatórios anuais do que vêm fazendo em cada um dos países atendidos. 
	A Corte Internacional de Justiça, tema sobre o qual versa o Cap. XIV, é o principal órgão judiciário da ONU, do qual fazem parte, segundo o Art. 93, §1, todos os países-membro da organização. Nessa corte são julgadas disputas entre Estados, nunca entre indivíduos ou entre Estado e indivíduo. Os juízes da corte são eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança, e pertencem às mais diversas regiões do planeta. Conforme o Art. 94, §1, “Cada membro das Nações Unidas se compromete a conformar-se com a decisão da Corte Internacional de Justiça em qualquer caso em que for parte”, isto é, se o caso for levado a Corte Internacional de Justiça a decisão dos juízes deve ser, obrigatoriamente, cumprida pelas partes.
	Conclui-se, então, que a Carta da ONU tem algumas contradições, principalmente no que diz respeito à igualdade entre as nações e à solução pacífica de controvérsias. O interesse dos grandes Estados, principalmente dos Estados Unidos, se sobrepõe, na maioria das vezes, em relação aos dos demais países pertencentes à organização. Entretanto alguns órgãos, como a Assembleia Geral e o Conselho Econômico e Social são, geralmente, efetivos e auxiliam àqueles que não são tão bem representados no Sistema ONU, por serem nações pequenas e sem muita representatividade no Sistema Internacional. A Carta da ONU tem, portanto, pontos negativos e pontos positivos, contudo os pontos negativos acabam se destacando por haver uma grande discrepância no que é dito na carta e no que é colocado em prática nas Nações Unidas.

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