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MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA Fisiologia Respiratória A respiração tem por objetivo oferecer oxigênio aos tecidos e remover o dióxido de carbono. Divide-se em 4 grandes eventos: 1. Ventilação Pulmonar: Movimento do ar entre a atmosfera e os alvéolos pulmonares. Se dá por meio da diferença de pressão entre os dois ambientes através de características elásticas próprias do tecido pulmonar e contração muscular esquelética 2. Difusão O2 x CO2 entre alvéolos e sangue: Respeitando as características químicas e físicas, bem como os fatores relacionados à condição atual do indivíduo (saúde, repouso, atividade física, etc.) 3. Transporte de O2 e CO2: Através do sangue e dos líquidos corporais em direção às células (O2) e vindo delas (CO2) 4. Regulação da ventilação: adaptação da oferta à demanda ventilatória do indivíduo MECÂNICA DA VENTILAÇÃO PULMONAR Os pulmões são contraídos e expandidos de 2 maneiras: 1. Pelo movimento do diafragma para baixo e para cima, alongando ou encurtando a cavidade torácica 2. Pela elevação ou depressão das costelas aumentando e diminuindo o diâmetro antero-posterior e latero- lateral da caixa torácica OBS: Na inspiração as costelas se elevam, os músculos intercostais contraem e o diafragma contrai (desce). Na expiração, as costelas abaixam, os músculos intercostais relaxam e o diafragma relaxa (sobe) RESPIRAÇÃO NORMAL • Motor primário do movimento inspiratório: diafragma • A inspiração é ativa pela contração do músculo diafragma, que rebaixa • O movimento de expiração é em grande parte passivo, pelo relaxamento do músculo diafragma, que retorna para sua forma de cúpula, bem como o recolhimento elástico dos pulmões. De forma ativa, há uma pequena parcela de participação da contração da musculatura de intercostais internos, ajudando a trazer o gradil costal RESPIRAÇÃO INTENSA • O diafragma continua sendo o motor primário, mas há o uso de intercostais externos e músculos acessórios, como o esternocleidomastoideo e os escalenos. • A expiração deixa de ser essencialmente passiva e passa a ser mais ativa, por ação de músculos abdominais e intercostais internos ELEVAÇÃO DA CAIXA TORÁCICA • É o segundo mecanismo de expansão pulmonar • Em repouso: inclinação para baixo das costelas e projeção posterior do esterno (em direção à coluna vertebral) • Elevação da caixa torácica: projeção anterior do gradil costal deslocando o esterno no mesmo sentido (afasta-se da coluna vertebral) → aumento da espessura ântero-posterior do tórax em 20% (inspiração máxima em comparação à expiração) • Todos os músculos que elevam a caixa torácica são inspiratórios: MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA Intercostais externos (principal), auxiliado por esternocleidomastoideo (elevação do esterno), serrátil anterior (eleva muitas das costelas) e o escaleno (elevação das duas primeiras costelas) • Os músculos que deprimem a caixa torácica são denominados expiratórios: Retos abdominais (puxam para baixo as costelas abdominais e em conjunto com outros músculos abdominais que empurram o conteúdo abdominal para cima, empurrando o diafragma) e também os intercostais internos (deprimem o gradil costal) MOVIMENTO DO AR • O ar vai para o local de maior pressão para o de menor pressão • O pulmão é uma estrutura elástica • Na ausência de força contrária ele expulsa o ar • Não há fixação entre pulmões e paredes torácicas • Só se prende ao mediastino por meio de seu hilo • Circundado por fina película de líquido pleural, que promove a lubrificação e, assim, diminui o atrito PRESSÃO PLEURAL Pressão do líquido existente no estreito espaço entre a pleura pulmonar (visceral) e a pleura da parede torácica (parietal). Como existe um ligeiro grau de sucção deste líquido pelos canais linfáticos, essa pressão é ligeiramente negativa (movimento de saída do líquido do espaço pleural) • Pressão normal (início da inspiração) = - 5cm H20 • Durante a inspiração normal = - 7,5cm H20 • Durante a expiração, os eventos são invertidos PRESSÃO ALVEOLAR Pressão do ar no interior dos alvéolos. Quando a glote está aberta, e não há entrada e saída de ar dos pulmões, as pressões em todas as partes dos pulmões (incluindo alvéolos) são iguais à atmosférica (pressão de referência zero para as vias aéreas (0 cm H20). Para que o ar entre nos alvéolos, durante a inspiração, a pressão alveolar deve cair para valor ligeiramente inferior à pressão atmosférica (pressão alveolar < 0 cm H20) • Fase inspiratória (normal): a pressão alveolar diminui para -1 cm de H20. Diminuição essa que permite a entrada de 0,5 litro de ar inspirado durante os 2 segundos da inspiração • Fase expiratória (normal): a pressão alveolar aumenta para cerca de +1 cm de H20, o que determina a saúde de 0,5 litro de ar inspirado dos pulmões durante os 2 a 3 segundos de expiração PRESSÃO TRANSPULMONAR • Diferença entre a pressão alveolar e a pressão pleural, ou seja, é a diferença entre a pressão nos alvéolos e a das superfícies externas dos pulmões • Fornece uma medida das forças elásticas nos pulmões que tendem a MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA produzir colapso dos pulmões a cada momento da respiração, a denominada pressão de retração COMPLACÊNCIA DOS PULMÕES Refere-se ao grau de expansão dos pulmões que ocorre para cada unidade de aumento da pressão transpulmonar. No adulto normal o seu valor médio é de 200ml de ar para cada centímetro de água de pressão transpulmonar As características da complacência são determinadas pelas forças elásticas dos pulmões. São divididas em dois grupos: 1. Forças elásticas do próprio tecido pulmonar: • Deve-se ao entrelaçamento de elastina e colágeno • Pulmões vazios: fibras elasticamente contraídas • Pulmões expandidos: fibras elasticamente alongadas • Porém ainda exercem força elástica de retorno 2. Força elástica da tensão superficial do líquido alveolar: • É responsável por 2/3 das forças elásticas totais • Quando os pulmões estão cheios de ar, existe interface entre o líquido de revestimento alveolar e o ar contido nos alvéolos • Preenchidos por solução salina, não há a interface ar-líquido, logo não existe efeito da tensão superficial – apenas forças elásticas atuam sobre o tecido OBS: As pressões pleurais necessárias para expandir os pulmões cheios de ar são cerca de 3x maiores do que as necessárias para expandir os pulmões cheios de solução salina. Portanto, as forças elásticas teciduais que tendem a causar colapso dos pulmões cheios de ar representam, apenas, cerca de 1/3 da elasticidade pulmonar total, enquanto as forças de tensão superficial nos alvéolos em outros espaços aéreos representam 2/3 OBS: As forças elásticas da tensão superficial dos pulmões também aumentam acentuadamente quando a substância denominada surfactante não está presente no líquido alveolar PRINCÍPIO DA TENSÃO SUPERFICIAL • Quando se forma interface entre água e o ar, as moléculas de água situadas na superfície tem atração especialmente forte umas pelas outras • Como consequência, a superfície da água está sempre tentando contrair- se. Isso acontece por exemplo na chuva, em que a união das gotas se deve à presença de uma forte membrana contrátil, formada por molécula de água, em torno de toda a superfície dessas gotas • Nos alvéolos, a superfície da água também está tentando se contrair. Isso tende a forçar o ar para fora dos MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA alvéolos, através dos bronquíolos, e, desse modo, fazer com que os alvéolos entrem em colapso • O efeito final consiste na geração de força contrátil elástica de todo o pulmão, denominada força elástica de tensão superficial OBS: O surfactante é umagente tensoativo na água, ou seja, reduz acentuadamente a tensão superficial da água. É uma mistura de fosfolipídios + proteínas + íons, produzida pelas células epiteliais alveolares tipo II. Ele não se dissolve uniformemente na água que reveste os alvéolos, espalhando-se sobre ela CAIXA TORÁCICA X EXPANSIBILIDADE PULMONAR • A caixa torácica tem suas próprias características elásticas e viscosas, semelhantes às dos pulmões. Mesmo que não houvesse pulmões no tórax, ainda assim haveria necessidade de esforço muscular para expandir a caixa torácica • A complacência do tórax e dos pulmões juntos é medida quando ocorre expansão dos pulmões de uma pessoa totalmente relaxada ou paralisada • A pressão necessária para inflar o conjunto é quase o dobro da necessária para inflar os pulmões fora da caixa torácica • Deslocamento de 110 mm de volume/cm H20 – pulmão + caixa torácica • Deslocamento de 200 mm de volume/cm H20 – pulmão isolado • Em situações extremas (expansão máxima ou compressão mínima) a influência do tórax fica ainda mais ativa reduzindo a complacência do sistema pulmão + tórax a menos de 1/5 da complacência dos pulmões isoladamente TRABALHO VENTILATÓRIO • Inspiração ativa x expiração “passiva” • Assim sendo, só há “trabalho” na inspiração • O trabalho inspiratório pode ser dividido em 3 partes: 1. Trabalho da complacência ou trabalho elástico 2. Trabalho da resistência tecidual 3. Trabalho da resistência das vias aéreas Trabalho da complacência ou trabalho elástico: necessário para vencer as forças elásticas dos pulmões e do tórax. Pode ser calculado multiplicando-se o volume da expansão pela pressão média necessária para produzir a expansão Trabalho da resistência tecidual: exigido para superar a viscosidade do pulmão e das estruturas da parede torácica Trabalho da resistência das vias aéreas: necessário para vencer a resistência ao fluxo de ar pelas vias respiratórias • A maior parte do trabalho executado pelos músculos respiratórios é utilizada apenas para expandir os pulmões. Em geral, apenas uma pequena porcentagem do trabalho total é usada para superar a resistência das vias aéreas MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA • Por outro lado, durante a respiração intensa, quando o ar tem que fluir em alta velocidade pelas vias aéreas, a maior parte do trabalho é utilizada para vencer a resistência das vias aéreas • Durante a respiração normal em repouso, praticamente nenhum “trabalho” muscular é executado durante a expiração, pois ela resulta, quase inteiramente, da retração elástica dos pulmões e do tórax • Durante a respiração intensa ou quando a resistência das vias aéreas e a resistência dos tecidos são grandes, ocorre trabalho expiratório, que algumas vezes, fica ainda maior que o trabalho inspiratório OBS: Uma das principais limitações à intensidade do exercício que a pessoa pode executar consiste na sua capacidade de fornecer energia suficiente aos músculos apenas para o processo respiratório VOLUMES PULMONARES 1. Volume corrente: volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração normal, seu valor é cerca de 500 ml 2. Volume de reserva inspiratório: volume extra de ar que pode ser inspirado, além do volume corrente normal, quando a pessoa inspira com força total. 3.000 ml 3. Volume de reserva expiratório: na expiração forçada, o máximo volume extra de ar que pode ser expirado, após o final de expiração corrente normal. 1.100 ml 4. Volume residual: volume de ar que fica nos pulmões, após a expiração mais forçada. 1.200 ml CAPACIDADES PULMONARES 1. Capacidade Inspiratória: Volume Corrente + Volume de Reserva Inspira tório. O tanto que a pessoa pode respirar, começando no nível normal até distender os pulmões no seu máximo. 3.500 ml CI = VC + VRI 2. Capacidade Residual Funcional: Volume de Reserva Expira tório + Volume Residual. Quantidade que permanece nos pulmões a pós expiração normal. 2.300 ml CRF = VRE + VR 3. Capacidade Vital: Volume de Reserva Inspiratório + Volume Corrente + Volume de Reserva Expiratório. É a quantidade máxima que a pessoa pode expelir dos pulmões, após primeiro enche-los à sua extensão máxima. 4.600 ml CV = VRI + VC + VRE 4. Capacidade Pulmonar Total: é o volume máximo a que os pulmões podem ser expandidos com o maior INSPIRAÇÃO EXPIRAÇÃO MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA esforço (cerca de 5.800 ml); é igual à capacidade vital mais o volume residual CPT = CV + VR OBS: Todos os volumes e capacidades pulmonares são cerca de 20 a 25% menores em mulheres do que em homens, sendo maiores em pessoas de grande porte e de porte atlético do que em pessoas de pequeno porte e astênicas VOLUME MINUTO RESPIRATÓRIO • Quantidade total do ar fresco que se movimenta pelas vias aéreas a cada minuto • Volume minuto respiratório (VMR) = VC X FR • VMR = 500 X 12 • VMR = 6 litros/min • Um indivíduo pode viver por um curto período de tempo com VMR de apenas 1,5 litros/min e frequência respiratória de 2 a 4 irpm • Se a FR se eleva para 40 a 50 irpm, e o volume corrente ficar tão grande quanto a capacidade vital (próximo a 4,6 litros) o volume minuto será superior a 200 litros/min, 30x maior que o normal. A maioria das pessoas não consegue sustentar mais da metade a dois terços desses valores por mais de 1 minuto VENTILAÇÃO ALVEOLAR • É a intensidade com que o ar fresco alcança as áreas da porção respiratória (alvéolos, sacos alveolares, ductos alveolares e bronquíolos respiratórios) • Durante a respiração normal em repouso, o volume corrente é apenas suficiente para preencher as vias aéreas até os bronquíolos terminais, e só pequena parcela do ar inspirado, geralmente, segue todo o trajeto até os alvéolos • O restante do trajeto, dos bronquíolos terminais até os alvéolos, é percorrido pelo ar por difusão (movimento cinético das moléculas ESPAÇO MORTO • Porção do trato respiratório que não é capaz de realizar as trocas gasosas. O ar que está na área é chamado de ar no espaço morto • No adulto jovem, o ar do espaço morto normal é cerca de 150 ml, aumentando ligeiramente, com a idade INTENSIDADE DA VENTILAÇÃO ALVEOLAR • Ventilação alveolar por minuto: volume total do ar fresco que penetra nos alvéolos e áreas adjacentes de trocas gasosas a cada minuto • É igual ao produto da frequência respiratória pela quantidade de ar fresco que penetra nessas áreas a cada inspiração Va = ventilação alveolar por min Vt = volume corrente Vd = volume do espaço morto • Assim, para um volume corrente normal (500ml), espaço morto normal (150ml) e frequência respiratória normal (12irpm), a ventilação alveolar é: FUNÇÕES DAS VIAS AÉREAS • Traqueia, brônquios e bronquíolos Revestimento de muco (células caliciformes) e ação dos cílios Reflexo da tosse Reflexo do espirro MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA • Funções respiratórias normais do nariz Filtração Umidificação • Laringe Vocalização Fonação VOLUME SANGUÍNEO DOS PULMÕES • É cerca de 450 ml (cerca de 9% de todo o volume de sangue) • 70 ml encontram-se nos capilares pulmonares • Restante (380 ml) → dividido igualmente em veias e artérias • Os pulmões possuem uma quantidade reservatória de sangue variável (causas fisiológicas ou patológicas) → varia desde a metade até o dobro do normal • Ex: a perda de sangue da circulação sistêmica por hemorragia pode ser compensada, em parte, pelo desvio automático de sangue dos pulmões para os vasos sistêmicos FLUXO SANGUÍNEO PELOS PULMÕES • É essencialmente igual ao débito cardíaco • Controlado pelos mesmos fatores que controlam o DC • Os vasos pulmonares atuam como tubos distensíveis: Aumento da PA = aumento do calibre vascular Diminuição da PA = diminuição do calibre vascular • Fluxo sanguíneo alveolar X diminuição do O2 alveolar: Diminuição da concentração de O2 alveolar (menos de 70% do normal) Contração dos vasos sanguíneos adjacentes no decorrer de 3 a 10 minutos levando a um aumento da resistência vascular periférica Distribuindo o fluxo de sangue para áreas onde ele é mais útil Em outras palavras, se alguns alvéolos estiverem pouco ventilados, de modo que sua concentração de oxigênio é baixa, os vasos locais têm constrição. Esse processo determina o fluxo de sangue para outras áreas dos pulmões que estão mais arejadas, proporcionado assim, um sistema de controle automático de distribuição do fluxo sanguíneo para as áreas pulmonares em proporção a seus graus de ventilação PRESSÃO HIDROSTÁTICA X FLUXO SANGUÍNEO PULMONAR • No adulto normal em posição ortostática, o ponto mais baixo dos pulmões situa-se cerca de 30 cm abaixo do ponto mais alto • Isso representa uma diferença de pressão de 23 mmHg, dos quais 15 mmHg estão acima do coração e 8 mmHg abaixo • Assim sendo, na pessoa em posição ortostática, as pressões arteriais pulmonares na parte mais alta do pulmão são cerca de 15 mmHg menores do que a pressão arterial pulmonar existente no nível do coração • A pressão na porção mais inferior dos pulmões é cerca de 8 mmHg maior • Essas diferenças de pressões exercem efeitos profundos sobre o fluxo MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA sanguíneo, pelas diferentes áres dos pulmões, há pouco fluxo no ápice dos pulmões, enquanto o fluxo é 5x maior nas partes inferiores DÉBITO CARDÍACO X CIRCULAÇÃO PULMONAR Durante exercício intenso, o fluxo sanguíneo pelos pulmões aumenta de 4 a 7 vezes. Esse fluxo adicional é acomodado, pelos pulmões, de três maneiras: 1. Aumento do nº de capilares abertos (até 3x mais) 2. Distensão de todos os capilares e aumento por mais de duas vezes da velocidade do fluxo por cada capilar 3. Pela elevação da pressão arterial pulmonar No indivíduo normal, o aumento do n° de capilares abertos associado pela distensão de todos os capilares e aumento da velocidade do fluxo por cada capilar faz com que a pressão arterial pulmonar aumente muito pouco, mesmo durante o exercício máximo DINÂMICA DOS CAPILARES PULMONARES • As paredes alveolares são revestidas por número tão grande de capilares, que, na maioria dos locais, os capilares quase chegam a se tocar lado a lado • De tal forma que diz-se, frequentemente, que o sangue capilar flui nas paredes alveolares como uma “camada”, e não em capilares individuais • A mensuração da pressão capilar pulmonar ainda não foi feita. Estima- se que seja de 7 mmHg por ser um ponto médio entre os 2 mmHg da pressão atrial esquerda média e os 15 mmHg da artéria pulmonar TEMPO DE PERMANÊNCIA DO SANGUE NOS CAPILARES • Quando o débito cardíaco está normal, o sangue passa pelos capilares pulmonares em cerca de 0,8 segundo. O aumento do DC pode reduzir para apenas 0,3 segundo. • O encurtamento seria muito maior, não fosse o fato de capilares adicionais, que, normalmente, estão colapsados, se abrirem para acomodar o aumento do fluxo sanguíneo LÍQUIDOS NA CAVIDADE PLEURAL • Facilitam o deslizamento resultante da expansão e contração durante a respiração. É uma camada de liquido mucoide entre as pleuras parietal e visceral • A membrana pleural é serosa mesenquimatosa porosa, através da qual pequena quantidade de liquido intersticial transita continuamente para o espaço pleural • Esse liquido carrega consigo proteínas teciduais, conferindo ao líquido pleural seu aspecto mucoide, facilitando o deslizamento dos pulmões em movimento • A quantidade total de liquido em cada cavidade pleural é normalmente pequena. Toda vez que essa quantidade apenas ultrapassa o volume suficiente para começar a fluir MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA para a cavidade pleural, o excesso é retirado pelos vasos linfáticos • O custo desse excesso de líquido no espaço pleural, leva maior a compressão em cima dos pulmões e menor vai ser a probabilidade de eles negativarem sua pressão, o que provoca diminuição no volume de ar que chega PRESSÃO NEGATIVA DO LÍQUIDO PLEURAL • Como a tendência dos pulmões à retração faz com que eles tendem a entrar em colapso, é sempre necessária uma força negativa externa aos pulmões para mantê-los expandidos. Esta força é proporcionada, pela pressão negativa do espaço pleural normal • Tal pressão se deve à retirada, pelos vasos linfáticos, do líquido no espaço pleural. O valor médio é de -7mmHg REGULAÇÃO DA RESPIRAÇÃO • Em condições normais, o sistema nervoso ajusta a ventilação alveolar quase exatamente de acordo com as necessidades do organismo, de modo que a pressão de oxigênio (PO2) e a de dióxido de carbono (PCO2), no sangue arterial, dificilmente se alteram, mesmo durante a realização de exercício físico CENTRO RESPIRATÓRIO • Localizados bilateralmente no bulbo e na ponte • Composto por 3 grandes grupos de neurônios 1. Grupo respiratório dorsal: fica na porção dorsal do bulbo, responsável principalmente pela inspiração 2. Grupo respiratório ventral: localizado na porção ventrolateral do bulbo, que pode determinar tanto a expiração, quanto a inspiração, dependendo dos neurônios do grupo que são estimulados 3. Centro pneumotáxico: localizado dorsalmente na porção superior da ponte, e ajuda a controlar a frequência e o padrão da respiração CONTROLE QUÍMICO DA RESPIRAÇÃO • A atividade respiratória é altamente sensível às alterações nas concentrações de O2 e CO2 e íons hidrogênio nos tecidos • O excesso de CO2 ou de íons H+ no sangue exerce, principalmente, ação direta sobre o próprio centro respiratório, produzindo acentuada intensificação dos sinais motores tanto inspiratórios quanto expiratórios para os músculos da respiração • O O2 não exerce efeito direto significativo sobre o centro respiratório do cérebro no controle da respiração. Com efeito, o O2 atua quase inteiramente sobre quimiorreceptores periféricos, que se localizam nos corpos carotídeos e aórticos, os quais, por sua vez, transmitem sinais nervosos apropriados ao centro respiratório para o controle da respiração • Na área quimiossensível, os neurônios sensores são especialmente excitados por íons H+ (acredita-se que este seja o único estímulo percebido por estes receptores) • Em virtude da dificuldade que o íon H+ tem de atravessar a barreira hematoencefálica, acredita-se que ele cause um efeito consideravelmente menor na estimulação dos neurônios sensíveis quando comparados as alterações do CO2 • Em relação à resposta ao CO2, exerce-se pouco efeito direto na estimulação neuronal da área quimiossensível. O maior efeito é indireto MARÍLIA ARAÚJO – P2 MEDICINA • CO2 + H20 = H2CO3 (ácido carbônico) que vai dissociar-se em íons hidrogênio e íons bicarbonato, que exercem potente efeito estimulador direto • Como o CO2 passa com muita facilidade pela membrana de barreira hematoencefálica, sempre que a PCO2 do sangue aumentar, a PCO2 do líquido intersticial do bulbo e do líquido cefalorraquidiano se comportará da mesma forma • A excitação do centro respiratório pelo CO2 é intensa nas primeiras horas a partir do início de sua elevação; em seguida declina-se gradualmente, no decorrer dos próximos 1 a 2 dias, diminuindo para cerca de 1/5 do efeito inicial. Isto se deve à ação do sistema renal interferindo, diretamente, nas concentrações de íons H+ • O O2 no controle do centro respiratório praticamente não exerce qualquer efeito direto • Exerce efeito indireto nos quimiorreceptores periféricos(fora do cérebro) localizados nos corpos carotídeos e aórticos • Este mecanismo responde quando o O2 sanguíneo cai excessivamente (PO2 < 70 mmHg) estimulando estes quimiorreceptores REGULAÇÃO DA RESPIRAÇÃO NO EXERCÍCIO • No exercício intenso, o consumo de O2 e a formação de CO2 podem aumentar em até 20 vezes. Contudo, no atleta treinado, a ventilação alveolar normalmente aumenta quase exatamente em proporção ao nível aumentado do metabolismo, mantendo PO2 arterial, PCO2 e o pH quase exatamente normais • Acredita-se que o cérebro, ao transmitir impulsos motores para os músculos em contração, também transmita impulsos cerebrais para o tronco cerebral, excitando o centro respiratório • Durante o exercício, os movimentos do corpo, especialmente dos braços e das pernas, aumentam a ventilação pulmonar, ao excitar propriorreceptores existentes nas articulações e nos músculos, que, então, transmitem impulsos excitatórios ao centro respiratório