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Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 9. Metabolismo Ósseo O tecido ósseo é um tecido metabolicamente ativo, que tem algumas particularidades para manter sua atividade. E principalmente a sua atividade metabólica está ligada aos processos de renovação e remodelação. Temos variadas células que vão estar associadas a esse processo: osteoblastos, osteoclastos e osteócitos, cada uma com um papel metabólico diferenciado. Os processos que concretizam essa atividade metabólica específica desse tecido relacionadas a renovação e remodelamento são processos antagônicos e acoplados, então formação e reabsorção vão estar acontecendo simultaneamente – é importante que aconteçam de maneira equilibrada para não haver um excesso de calcificação nos ossos ou um osso fraco (homeostasia). Para manter esse equilíbrio temos um complexo sistema de controle que está relacionada a hormônios, fatores físicos e fatores humorais (fatores imunológicos locais). E alguns fatores externos também podem ter uma relação com a capacidade de renovação e remodelamento, como idade, doenças ósteo-metabólicas, mobilidade diminuída, ação de algumas moléculas como fármacos por exemplo. – existem relações que podem fazer com que haja a alteração dessa capacidade metabólica neste tecido. Diáfise: corpo dos ossos Epífise: extremos dos ossos Metáfise: área que converge diáfise para a epífise Osso trabecular: homeostase mineral Osso cortical: sustentação estrutural Células Ósseas Osteoclastos: onde se localizam as enzimas desmineralizantes Osteoblastos: forma os tipos diferentes de ossos (cortical e trabecular). Osteócitos: são as células indiferenciadas – osso mais maduro, matriz óssea Ainda temos os componentes da cartilagem, que vão ser a parte onde há o estímulo para a síntese proteica. Marcadores: prolina e hidroxiprolina. Processos Antagônicos e Acoplados Temos por exemplo, um osteoclasto e um osteoblasto (uma célula mais diferenciada e uma célula mais precurssora), existe uma relação entre elas na reabsorção que é mediada pelos osteoclastos e a formação do tecido ósseo que é mediada pelos osteoblastos. Então, os osteoblastos que são mais indiferenciadas é que sofre a ação do paratormônio e da vitamina D, por exemplo. Que vai estimular essa célula a produzir fatores de diferenciação, fatores de crescimento e vão fazer então com que o osteoclasto faça a sua atividade de reabsorção, e ao passo em que faz isso, secreta moléculas que também vão regular a atividade dos osteoblastos. Então os osteoblastos, são a linhagem precurssora de células, são quem vão produzir moléculas que vão fornecer a atividade para os osteoclastos. Ao mesmo tempo em que estou produzindo células para a formação do tecido ósseo (osteoblasto), eu estou ativando a célula que vai controlar esse processo. Se tivéssemos só osteoblasto se diferenciando, só teríamos osso compacto e não ia ter uma capacidade desse tecido de trocar íons e minerais, de contribuir com a regulação. Então, quando o osteoclasto consegue fazer esse metabolismo de reabsorção e ao mesmo tempo controlar a atividade dos osteoblastos eu tenho processos que são antagônicos e acoplados. Enquanto um estimula o outro, o outro controla a atividade do seguinte. O IGF vai agir nos osteoblastos. Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 9. Matriz Extracelular Óssea A matriz extracelular óssea vai ter células com papéis diferenciados e tem componentes orgânicos e inorgânicos. Quando falamos de matriz inorgânicas, o componente que vai prevalecer acima de 90% é o fosfato de cálcio e pode estar ligado de várias maneiras diferentes, sendo que a hidroxiapatita é o principal componente da matriz inorgânica. Moléculas que vão formar o tecido conjuntivo e vão dar uma capacidade sobre essas células do tecido ósseo de que haja tanto ancorajem do tecido ósseo nos outros tecidos quanto também uma capacidade de filtração, absorção de moléculas. Colágeno é uma proteína quartenária chamada de super alfa hélice, que tem na sua composição poucos aminoácidos que vão se repetindo. Em geral, os diferentes tipos de colágeno tem 3 aminoácidos que se repetem : glicina, prolina e lisina. A prolina e lisina podem ou não ser hidroxiladas. A hidroxilação vai garantir a formação das pontes cruzadas. Ponte cruzada: uma cadeia faz ponte de hidrogênio com a outra e essa ponte de hidrogênio só é possível por causa da repetição sequencial desses aminoácidos. Sem a ponte cruzada é como se o colágeno fosse frouxo. Quem faz a hidroxilação dos aminoácidos é a vitamina C. Então, vitamina C é tão importante quanto os aminoácidos para a síntese endógena do colágeno. Além do colágeno, temos outras proteínas que vão garantir essa relação do tecido conjuntivo que vai favorecer a metabolização do tecido ósseo. Os condrócitos vão ser o maior sítio para síntese dessas proteínas, por isso que a ação do GH é tão importante sobre os condrócitos. Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 9. A elastina tem a capacidade de estabelecer ligações covalentes entre suas próprias moléculas e essas ligações dão a capacidade de distensão e de relaxamento dessa proteína, por isso é tão importante na relação com vasos sanguíneos e tendões. A laminina tem duas atividades, tem a atividade de estruturar essa ligação tanto com outras proteínas (ex:colágeno e elastina) e também com as células. Ela tem domínios diferentes na mesma proteína, tem 3 cadeias e cada uma tem uma parte mais linear e estrutural e uma parte globular que é mais ativa. Importante enzima de associação com outras proteínas. Além de todas essas proteínas, existem outros tipos de moléculas que são importantíssimos: os glicosaminoglicanos. Rica em dissacarídeos de amino açúcares (açúcares que tem nitrogênio), são longas cadeias repetidas de dissacarídeos. Com as ligações entre esses dissacarídeos intermediada pela eletronegatividade do nitrogênio, faz com que haja uma capacidade dessas moléculas se comprimirem e expulsarem a água ou então se expandirem e associarem a água nas suas moléculas. Essas moléculas não estão sozinhas na nossa matrix extracelular, estão associadas a pequenas porções de proteína – por isso que não chama de glicoproteína, só posso chamar assim quando tiver concentrações iguais da parte glicídica e proteica. (nessa, tenho muito mais dissacarídeo do que proteína) Proteoglicanos são a associação de glicosaminoglicanos com uma proteína central que vai agregar. Então, uma proteína central associada a unidades dissacarídicas repetitivas. Isso é importante porque vai formar um gel, principalmente na composição da matriz óssea. Esse gel, além de atividade lubrificante nos nossos espaços interarticulares, tem também a capacidade de promover uma difusão de íons cálcio. A difusão de íons cálcio nessa matriz é fundamental que haja os mecanismos de absorção ósseo, absorção de cálcio do plasma para o tecido ósseo. E por outro lado, esse gel não vai favorecer a saída de cálcio. Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 9. Os glicosaminoglicanos não ficam livres, precisam ficar ligados á uma proteína. Parte proteica só garante estrutura, quem é funcional são os dissacarídeos. Controle da Síntese Proteica nos Osteoblastos Eu tenho o estímulo da síntese proteica vindo indiretamente do GH nos osteoblastos, que tem receptores IGF. O paratormônio também vai fazer essa atividade, vai fazer de estímulo a síntese proteica geral. A vitamina D3 tem a capacidade de regular principalmente a expressão gênica de uma proteína que é a osteocalcina, que é uma proteína que vai ter afinidade com a hidroxiapatita. E temos uma enzima, fosfatase alcalina, que fica aderida a membrana das células e vai fazer com que haja uma relação de transporte de aminoácidos – enzima da superfície que vai estar sempreativa quando o osteoblasto estiver em atividade pela síntese proteica. Essa enzima não está presente somente no tecido ósseo, também está no fígado e no intestino, é usada como exame bioquímico para avaliar doenças hepáticas e ósseas. Além do estímulo a síntese proteica dos osteoblastos, existe a relação da mineralização até que esses minerais em associação com essa atividade metabólica e de síntese proteica dos osteoblastos estimulem a diferenciação dessas células para que essas células façam a formação do tecido ósseo. O cálcio e o fosfato da matriz vão se ligar com aquelas proteínas. Osteoblastos vão secretar a fosfatase alcalina que vai fazer a reação de desfosforilação, vai ser importante para a formação dos cristais de hidroxiapatita.. Uma vez que os osteoblastos absorvem cristais de hidroxiapatita, eu tenho a formação de um osso novo. Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 9. A vitamina D, apesar de ter um efeito sinérgico com o paratormônio, ela tem um mecanismo de conservatório muito maior, ao mesmo tempo que ela está auxiliando na retirada de cálcio nos tecidos ósseos, ela está aumentando a absorção intestinal para fazer o equilíbrio. A função dela é jogar cálcio na corrente sanguínea, mas ela ajuda equilibrando. Ela estimula mais a formação, enquanto que o paratormônio só estimula a reabsorção. Calcitonina é secretada pelas células parafoliculares da tireoide. O paratormônio vai ser estimulado pelo cálcio sanguíneo e vai agir em sinergismo com a vitamina D, ele só contribui para o aumento da absorção de cálcio no intestino devido a ativação da vitamina D. O nível plasmático elevado de cálcio elevado vai agir sobre receptores da célula parafoliculares da tireoide estimulando a secreção da calcitonina. Derivada do colesterol, produzida no nosso organismo. Precisa ser hidroxilada para ficar ativa. A partir da metabolização enzimática do colesterol, forma dehidrocolesterol (D2), pela ação da luz ultra violeta aqueles quatro anéis esteroidais que veio do colesterol, a luz ultra violeta rompe essa ligação abrindo o anel. A abertura desse anel é importante porque vai dar uma capacidade de hidroxilação para essa molécula. Depois ela é hidroxilada no carbono 25 e na sequência ela é hidroxilada no carbono 1. Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 9. Então, a D3 é ativada. Quando a 1 hidroxilase que é renal não estiver ativa, existe uma outra hidroxilase que é a 24 hidroxilase que pode ser ativada no local. E aí a molécula 24,25- colecalciferol não tem atividade sobre o metabolismo de cálcio, só a 1,25. Baixo cálcio no sangue, vai fazer com que haja liberação do paratormônio e a ativação da vitamina D. A ação das duas moléculas sobre os osteoblastos vai fazer com que haja liberação de cálcio para o soro. A vitamina D está atuando no intestino, provocando a síntese e secreção de calbindina que está de fato realizando absorção do cálcio, contribuindo mais ainda para aumentar o cálcio plasmático. No rim, temos uma ação do paratormônio importante, positiva e negativa. A ação negativa é impedindo a liberação de cálcio na urina. A ação positiva vai contribuir com a atividade da vitamina D, é a ativação do paratormônio ativando no rim a 1 hidroxilase. Quando o cálcio está alto no soro e não temos paratormônio, a calcitonina não vai agir na ativação da 1 hidroxilase, permitindo que a 24 hidroxilase haja sobre a vitamina D, formando o 24,25 vitamina D que não é o calcitriol. Eu não tenho paratormônio quando o cálcio está alto no soro. A calcitonina vai inibir a saída de cálcio do tecido ósseo para o sangue. No rim, ela vai agir estimulando a liberação de cálcio na urina. A não ativação da 1 hidroxilase permite com que a atividade enzimática da 24 hidroxilase, que tem um km bem maior para a vitamina D do que a 1 hidroxilase, aja. Na baixa concentração de vitamina D, temos a atuação isolada do paratormônio sobre o tecido ósseo. Para garantir os níveis plasmáticos de cálcio no soro, ele vai retirar muito cálcio do tecido ósseo, porque os mecanismos de conservação dados pelo sinergismo entre eles não vai existir porque você está com baixa de vitamina D. Ter vitamina D em excesso é mais prejudicial, age não tão forte se houvesse paratormônio mas ajuda nos mecanismos de conservação que garante níveis plasmáticos de cálcio no soro. Na ausência do paratormônio, a calcitonina vai estar aginda e promovendo a liberação de cálcio pela urina e a ausência de paratormônio pode interferir nos níveis de 1,25 de hidroxi vitamina D, fazendo com que haja prevalência da 24 hidroxilase. O excesso da vitamina D age para que não aja a conservação renal e vai acabar comprometendo os próprios níveis de vitamina D. A maior parte do cálcio está ligada a fosfato e tem hora que você consegue tirar nos mecanismos de reabsorção, tanto o cálcio quanto o fósforo e tem hora que não. As vezes o paratormônio age de maneira mais prevalente em m outro em outro. Nos ossos, a ação do paratormônio é bem forte para a retirada do cálcio, aumentar os níveis plasmáticos de cálcio. Fosfóro age menos, fica mais retido. Nos rins, o paratormônio consegue fazer uma pequena conservação do cálcio. Conserva mais o fosfato. No intestino, age de maneira mais discreta porque sua ação é muito mais relacionada a vitamina D. Vai haver aumento do cálcio livre, em relação ao fosfato. Isso é bom, porque eu quero cálcio livre para outros processos, o cálcio ligado ao fosfato só serve para formar os cristais de hidroxiapatita, mineralização. O uso da vitamina D exógeno pode ser maléfico pois pode fazer com que você tenha uma diminuição do Thalia Feitosa, Bioquímica – Aula 9. cálcio, enfraquecimento do cálcio do tecido ósseo, porque você joga o cálcio para o plasma mas libera ele todo no rim e você leva ao enfraquecimento. A vitamina D atua em vários processos imunológicos.
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