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alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
CONCURSO DE PESSOAS 
É a participação de dois ou mais agentes para a prática de um delito. 
Art. 29 CP: quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade. 
Art. 29, §1, CP: se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de 1/6 a 1/3. 
Art. 29, §2º, CP: se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa 
pena será aumentada até a metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
Art. 30 CP: não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
Art. 31 CP: o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se 
o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
 
1. NATUREZA JURÍDICA DO CONCURSO DE PESSOAS 
1.1. TEORIA UNITÁRIA OU MONISTA 
Todos que contribuem para a prática cometem o mesmo crime, sem haver distinção quanto ao enquadramento típico 
entre autor e partícipe. Num resumo: todos respondem por um único crime. 
Como regra, o CP adotou a teoria unitária (porém, de forma mitigada/temperada, já que cada um responde na medida da 
sua culpabilidade). Assim, todas as condutas feitas pelos partícipes se enquadram no mesmo tipo legal. 
Art. 29 CP: quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida da sua 
culpabilidade. 
 
1.2. TEORIA PLURALISTA OU PLURALÍSTICA 
Cada um dos participantes responde por delito próprio, havendo uma pluralidade de fatos típicos, de modo que cada 
partícipe será punido por um crime diferente. 
De acordo com essa teoria, existirão tantos crimes quantos forem os participantes da conduta, já que cada um responde 
por uma conduta própria e um resultado particular. 
Existem casos, como no crime de aborto, que será adotada a teoria pluralista como exceção. No crime de aborto, a mãe 
comete um crime e o médico que faz o procedimento (por exemplo) comete outro tipo penal. 
 
 
alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
1.3. TEORIA DUALISTA 
O autor responde por um crime e o partícipe responde por outro crime. Ou seja: existem dois crimes. 
 
2. ESPÉCIES DE CONCURSO DE PESSOAS 
Eventual: o tipo penal não exige que o fato seja praticado necessariamente por duas ou mais pessoas. Entretanto, o delito 
poderá ser praticado por mais de um agente. Exemplo: furto, roubo, homicídio. 
Necessário: o tipo penal exige que a conduta seja praticada por duas ou mais pessoas. A conduta pode ser: 
• Paralela/crimes de conduta unilateral: os agentes buscam a mesma finalidade criminosa. Exemplo: associação 
criminosa 
• Convergentes/crimes de conduta bilateral/crimes de encontro: os agentes buscam condutas que se encontram e 
produzem o resultado pretendido. Exemplo: bigamia 
• Contrapostas: os agentes praticam condutas um contra o outro. Exemplo: rixa 
 
3. REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS 
Pluralidade de condutas: para a configuração do concurso de pessoas é necessário que haja, pelo menos, duas condutadas 
praticadas pelo autor e partícipe. 
Pluralidade de agentes com discernimento: é preciso que haja pelo menos dois agentes. 
Atenção: a doutrina se divide, mas prevalece o entendimento de que todos os participantes devem ter discernimento 
(devem ser imputáveis), de forma que a inimputabilidade (por doença mental, por exemplo), afastaria o concurso de 
pessoas, devendo ser considerada a autoria mediata. 
Atenção 2: de acordo com Capez, autor mediato é aquele que se serve de pessoa sem condições de discernimento para 
realizar por ele a conduta típica. Ela é usada como um mero instrumento de atuação, como se fosse uma arma ou um 
animal irracional. O executor atua sem vontade ou consciência, considerando-se, por essa razão, que a conduta principal 
foi realizada pelo autor mediato. 
Atenção 3: a autoria mediata pode se dar por: 
• Autoria mediata por erro do executor: quem pratica a conduta foi induzido a erro pelo mandante (erro de tipo ou 
erro de proibição) 
• Autoria mediata por coação do executor: quem pratica a ação foi coagido pelo infrator (a culpabilidade é afastada 
na coação moral irresistível) 
alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
• Autoria mediata por inimputabilidade do agente: o infrator se vale de uma pessoa inimputável para a prática do 
delito 
Atenção 4: só se admite autoria mediata nos crimes próprios se o autor mediato reunir todas as condições especiais 
exigidas pelo tipo penal. Já nos crimes de mão própria não cabe autoria mediata em nenhuma hipótese. 
Relevância causal de todas as condutas: se a conduta não contribuiu para a produção do resultado, não poderá ser 
considerada como integrante do concurso de pessoas. Além disso, a colaboração deve ser prévia ou concomitante. 
Liame subjetivo ou concurso de vontades: é preciso que haja a unidade de desígnios, a vontade de todos para contribuir 
com o resultado. Se não houver uma união de vontades para a produção de um fim em comum, não haverá concurso de 
pessoas, mas sim a autoria colateral. 
Atenção: autoria colateral: quando mais de um agente realiza a conduta, sem que exista liame subjetivo entre eles. 
Exemplo: duas pessoas atiram simultaneamente na mesma pessoa, sem que um conheça a conduta do outro. 
Existência de fato punível: é preciso que o fato seja punível, exigindo que o fato represente, pelo menos, a tentativa de um 
crime. 
Art. 31 CP: o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se 
o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
 
4. MODALIDADES DO CONCURSO DE PESSOAS 
4.1. COAUTORIA 
Inicialmente, cumpre esclarecer quais são as teorias que definem o conceito de autor do crime: 
• Conceito extensivo: não há diferença entre autor e partícipe. Autor é todo aquele que concorre para o crime 
• Conceito restritivo: é o conceito adotado pelo código penal. Autor e partícipe não se confundem. Autor é quem 
pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal (matar, roubar etc) e todas as outras pessoas que participam 
de alguma forma (colaboração) são os partícipes 
Além dos conceitos que definem autor e partícipe, existem 3 critérios para diferenciação entre eles: 
• Teoria objetivo-formal: autor é quem realiza a conduta do núcleo do tipo penal, e partícipe é quem colabora para 
o resultado (mas não realizam propriamente a conduta do núcleo do tipo) 
• Teoria objetivo-material: autor é quem tem maior participação no crime e partícipe é quem tem menor 
participação, independente de quem efetivamente realiza a conduta do tipo 
• Teoria do domínio do fato: autor é aquele que possui o domínio da conduta criminosa (seja executor ou não). 
Autor é quem decide sobre a prática do crime (de acordo com essa teoria, mandante é autor do crime). O partícipe 
é quem contribui para o delito, mas não tem poder de decisão sobre o crime. Essa teoria não se aplica aos crimes 
culposos, uma vez que o domínio final não era buscado pelos agentes 
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Atenção: de acordo com a teoria do domínio do fato, o domínio/controle pode se dar por (e em todas as hipóteses o 
agente será considerado autor do crime): 
• Domínio da ação: o agente realiza diretamente o tipo penal 
• Domínio da vontade: o agente não realiza diretamente o tipopenal, mas controla a vontade do executor, que é um mero 
instrumento do crime (autoria mediata) 
• Domínio funcional do fato: cada pessoa desempenha um papel essencial e indispensável ao crime. É como se fosse uma 
divisão de tarefas para a concretização do delito 
Como regra, a teoria adotada pelo código penal é a teoria objetivo-formal. Entretanto, é considerada a teoria do domínio 
do fato para os crimes em que há autoria mediata. 
Entendidos os conceitos de autor e partícipe, bem como as teorias que buscam diferenciá-los, podemos conceituar a 
coautoria como: concurso de pessoas que praticam a conduta descrita no tipo penal. 
Exemplo: uma pessoa empresta seu carro para que dois indivíduos pratiquem um roubo a banco. Assim, os dois indivíduos 
utilizam o carro para ir até a agência e os dois anunciam o assalto com a “arma apontada” para as vítimas. Nesse caso, 
quem emprestou o carro para facilitar a fuga do assalto é partícipe, e os dois que entraram na agência e anunciaram o 
roubo são autores. 
Atenção: 
• Coautoria: há vínculo subjetivo entre os agentes. 
• Autoria colateral: os agentes praticam o núcleo do tipo, mas um não age em acordo de vontade com o outro. 
Tipos de coautoria: 
• Funcional/parcial: as condutas dos agentes são diferentes e se somam para a produção do resultado. Exemplo: 
uma pessoa segura a vítima enquanto outra pessoa bate 
• Material/direta: as condutas dos agentes são iguais e se somam para a produção do resultado. Exemplo: dois 
agressores batem juntos na vítima 
Pontos polêmicos sobre a coautoria: 
Admite-se a coautoria nos crimes próprios, desde que ambos os agentes possuam a qualidade exigida pela lei para a 
configuração do crime próprio. E, se um agente não tiver a qualidade, deve pelo menos ter ciência de que o outro agente 
age nessa qualidade. 
Não se admite coautoria nos crimes de mão própria. 
Sobre a coautoria nos crimes omissivos, a doutrina diverge: 
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• Parte entende que não há coautoria ou participação, uma vez que todas as pessoas praticam o tipo penal de 
forma autônoma 
• Parte entende que pode haver (corrente minoritária) 
• Parte entende que é possível a participação, mas não coautoria (corrente majoritária) 
 
4.2. PARTICIPAÇÃO 
A participação pode ser: 
• Moral: o agente instiga (o partícipe reforça a ideia criminosa já existente na cabeça do autor) ou induz (o partícipe 
faz surgir a ideia na cabeça do autor, que nunca tinha pensado sobre o crime antes) alguém a praticar o crime 
• Material: o partícipe presta auxílio ao autor, como o fornecimento de arma ou ajuda na fuga. Como regra, o auxílio 
não será prestado após a consumação do crime, salvo se for previamente ajustado 
Como a conduta do partícipe é considerada acessória em relação à do autor, ele não poderá responder da mesma forma 
que o autor. Então, surgiu a teoria da acessoriedade para punição do partícipe, que é dividida em: 
• Acessoriedade mínima: a conduta deve ser um fato típico 
• Acessoriedade limitada: a conduta deve ser um fato típico e ilícito 
• Acessoriedade máxima: a conduta deve ser um fato típico, ilícito e praticado por um agente culpável 
• Hiperacessoriedade: além do fato ser típico, ilícito e praticado por agente culpável, o autor deve ser efetivamente 
punido para que o partícipe também seja 
O código penal não adotou expressamente nenhuma teoria, mas a doutrina entende que a teoria que mais se encaixa no 
nosso ordenamento é a da acessoriedade limitada. 
 
5. COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS 
Existem duas espécies de circunstâncias: 
• Mera circunstância: é dispensável à caracterização do crime, apenas agrega um fato que pode aumentar ou 
diminuir a pena (como o motivo torpe) 
• Circunstância elementar: se refere a algo indispensável para a caracterização do crime (como o matar “alguém” 
em um homicídio; matar um animal, por exemplo, não é homicídio). Podem ser: 
o Subjetivas/de caráter pessoal: relativas à pessoa. Exemplo: condição de funcionário público 
o Objetivas/caráter real: relativas ao fato criminoso, ao modus operandi. Exemplo: emprego de violência 
no crime de roubo 
Art. 30 CP: não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
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Atenção: condições pessoais são fatores pessoais do agente, que independem da infração penal. Exemplo: uma pessoa 
menor de idade. 
 
6. COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA 
É quando os agentes decidem praticar um crime, mas, durante a execução, um deles decide praticar um outro crime mais 
grave. 
Art. 29, §2º, CP: se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa 
pena será aumentada até a metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
Exemplo: dois agentes decidem furtar uma casa vazia. Assim, um agente vai até a casa e o outro permanece no carro. Mas, 
chegando na casa, os donos estavam presentes e o agente atira e mata as vítimas (quem estava no carro tinha concordado 
apenas com o furto). 
Assim, quem permaneceu no carro responde: 
• Se não sabia que o agente estava armado e poderia vir a ocorrer um latrocínio: responde por furto 
• Se sabia que o agente estava armado e poderia atirar em quem aparecesse: responde por furto + metade (não 
responde por latrocínio!) 
O aumento de pena varia conforme o grau de previsibilidade do crime mais grave, ainda que não houvesse acordo para a 
prática do mais grave). 
 
7. MULTIDÃO CRIMINOSA/DELINQUENTE 
São os atos em que inúmeras pessoas praticam o mesmo delito, agindo em concurso de pessoas (geralmente sem um 
acordo prévio), em que cada um adere tacitamente à conduta do outro. 
É, por exemplo, o caso de linchamentos, brigas de torcidas organizadas, saques a caminhões tombados etc. Os agentes 
responderão pelo crime em concurso, tendo, no entanto, direito à atenuante. 
Art. 65, III, e, CP: são circunstâncias que sempre atenuam a pena: ter o agente cometido o crime sob a influência de 
multidão em tumulto, se não o provocou.

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