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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE BELO HORIZONTE CAMPUS FLORESTA – ENFERMAGEM A COMUNICAÇÃO NOS CUIDADOS PALIATIVOS Grupo: Ana Luiza Almeida, Amanda Mendes Luiz, Bárbara Valeskia Mendes, Carolina Goulart Evangelista, Cíntia Ramos Ferreira, Jéssica Damas, Julie Costa Silva, Kataryne Aryany Silva, Lúcelia Faustino de Lima, Nathália Cristina Lima Braga, Nilmara Eva da Silva, Vânia dos Anjos, Sabrina Goulart Coelho, Vinicius Dia A. da Silva Turma: 3001 Disciplina: Relacionamento da Comunicação Professora: Gleicimara Amorim Rangel BELO HORIZONTE 2021 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..............................................................................................3 2. A História dos Cuidados Paliativos.............................................................4 3. O papel da Enfermagem nos cuidados paliativos.......................................5 4. A importância da Comunicação nos cuidados paliativos............................. 5. A comunicação como instrumento terapêutico na identificação emocionais e espirituais ..............................................................................7 6. A comunicação de notícias difíceis .............................................................8 7. O USO DE ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO.....................................10 7.1 Metas de comunicação ao final da vida ................................................10 7.2 Estratégias verbal e não-verbal ............................................................11 7.3 Ações comunicativas no apoio familiar na terminalidade......................12 8. CONCLUSÃO.............................................................................................13 9. REFERÊNCIAS..........................................................................................13 INTRODUÇÃO Cuidados paliativos ou Palliativismo é o conjunto de práticas de assistência ao paciente incurável que visa oferecer dignidade e diminuição de sofrimento mais comum em pacientes terminais ou em estágio avançado de determinada enfermidade. O cuidado é realizado por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. O estudo teve como objetivo compreender e explorar os meios de comunicação entre enfermeiro e paciente, averiguar o uso de estratégias em âmbito dos cuidados paliativos, ao assistir o paciente em fase terminal. Trata-se de um trabalho acadêmico, realizado por 14 estudantes de Belo Horizonte (MG), do curso de Enfermagem do Centro Universitário Estácio, no período de março a maio de 2021. O trabalho foi proposto na disciplina de “Relacionamento da Comunicação de Enfermagem” pela Docente Gleicimara Amorim Rangel. A HISTÓRIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS Na antiguidade historiadores apontam que o cuidado paliativo começou durante as Cruzadas na Idade Média, era comum encontrar hospícios pelo caminho, que abrigavam os doentes, mulheres em trabalho de parto, pobres e leprosos. No século XVII, um padre francês fundou a Ordem das Irmãs de Caridade em Paris e abriu casas para órfãos, pobres e doentes. Em 1900 foi fundado o St. Josheph’s Convent em Londres e, mais tarde, o St. Josheph’s Hospice, pelas Irmãs de Caridade, irlandesas. Oficialmente, os cuidados paliativos surgiram como prática distinta na área da atenção em saúde na década de 1960, no Reino Unido, a médica, enfermeira, assistente social e escritora inglesa Cicely Sauders foi a pioneira dos cuidados paliativos, que dedicou à sua vida ao trabalho social para alívio do sofrimento humano. “Eu me importo pelo fato de você ser você, me importo até o último dia da sua vida e faremos tudo que estiver ao nosso alcance, não somente para ajudar você morrer em paz, mas também para você viver até dia da sua morte”. (SAUNDERS,1965). Nos Estados Unidos, os cuidados surgiram na década de 1970, Elisabeth Kübler-Ross, uma psiquiatra suíça trouxe esse movimento para América, em 1974, foi fundado um hospício no Estados Unidos e partir daí, essa abordagem de cuidado passou a ser disseminada em diversos países. No Brasil, de acordo com OMS os cuidados paliativos são reconhecidos desde 1990, que consiste na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameaça a vida, por meio de prevenção e alívio ao sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. O PAPEL DA ENFERMAGEM NOS CUIDADOS PALIATIAVOS Nos cuidados paliativos, os enfermeiros atuam em equipes interdisciplinares, buscando oferecer um cuidado profissional que reduza o sofrimento e promova o conforto e a dignidade do paciente e da família, atendendo as necessidades básicas de saúde física, espiritual, emocional e social. Os enfermeiros têm, nos cuidados paliativos, a qualidade de vida como o principal objetivo, oferecendo meios que garantam mais vida aos anos, ao invés de anos à vida. O enfermeiro atua de acordo com o Processo de Enfermagem, promovendo a educação em saúde, orientações e apoio emocional e social aos pacientes e seus familiares. Primeiro o enfermeiro realiza uma consulta, que envolve a identificação do problema e a avaliação. Após esse primeiro contato, o profissional estabelece o diagnóstico que vai traçar o tratamento adequado para os cuidados de cada paciente. Através dos cuidados paliativos é aplicado um olhar diferenciado sob o paciente, com enfoque no alívio do sofrimento, no conforto e na dignidade humana. O profissional da enfermagem responsável por realizar o acompanhamento de um paciente e seus familiares através dos cuidados paliativos não verifica, apenas, os sinais vitais desse paciente. A relação construída nesse ambiente vai além do controle da dor e os protocolos médicos. Conversas, visitas frequentes, auxílio com limpeza e higiene, atendimento familiar são algumas das atividades que fazem parte das atribuições do enfermeiro, oferecendo sempre atenção e conforto. É importante que a enfermagem ofereça também um sistema de apoio as famílias incluídos aconselhamento e suporte ao luto. A comunicação entre todos auxilia o próprio processo de aceitação da morte, mesmo após o óbito a equipe deve seguir com atenção aos familiares, buscando facilitar a compreensão sobre a causa da morte e os procedimentos a serem tomados a seguir. Os cuidados paliativos abrangem desde as primeiras medidas de assistência, ainda em casa ou nohospital, até o momento pós morte. O QUE PRECISAMOS ENTENDER SOBRE COMUNICAÇÃO NOS CUIDADAOS PALIATIVOS Independente da área de formação ou da categoria profissional, os profissionais de saúde têm como base de seus trabalhos as relações humanas e, por isso, precisam aprimorar suas habilidades de comunicações. Médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e outros especialistas que trabalham com seres humanos em situações de doença e sofrimento, principalmente com aqueles que vivenciam a terminalidade, necessitam saber não apenas o que, mas quando e como falar. Precisam saber até mesmo o momento de calar substituído a frase por um toque afetivo ou potencializar o efeito de um ansiolítico com um bom par de ouvidos, estando mais próximo é acessível às reais necessidades dos pacientes. A comunicação eficaz é considerada instrumento fundamental para o cuidado integral e humanizado porque, por meio dela, é possível reconhecer e acolher, empaticamente, as necessidades do paciente. Quando o enfermeiro utiliza esse instrumento de forma verbal e não verbal, permite ao paciente participar das escolhas e dos cuidados específicos relacionados à sua doença, visando a obtenção de tratamento digno. No campo da enfermagem, a comunicação representa ferramenta sobremaneira importante para a prática dos cuidados paliativos com o paciente sem possibilidade terapêutica de cura. Nos cuidados paliativos a comunicação vai muito além das palavras e do conteúdo, pois contempla a escuta atenta, o olhar e a postura, para que possa obter assistência pautada na humanização. O emprego adequado desse recurso é a medida terapêutica comprovadamente eficaz para pacientes que dele necessitam. Nesse tipo de comunicação, há relacionamentos e troca de ideias e de saberes, geradores de uma nova consciência capaz de produzir mudanças no ser humano e no mundo. Para tanto, tal comunicação deve ter como base a Enfermagem Humanística. A Enfermagem Humanística consiste em um diálogo vivo, que envolve o encontro, em que há expectativa de alguém atender e alguém para ser atendido, a presença, na qualidade de ser receptivo e recíproco para outra pessoa, o relacionamento, por meio do qual um vai em direção ao outro, o que promove uma presença autêntica e um chamado e uma resposta, que se apresentam na forma de comunicação verbal e não verbal. No momento em que o profissional se comunica com o paciente que vivencia a terminalidade de maneira adequada, fortalece o vínculo, adquire confiança e quase sempre, consegue decifrar informações essenciais e amenizar-lhe a ansiedade e a aflição. Ressalta-se, então, que a comunicação se for explanada de maneira compreensível, ao paciente em fase terminal, contribui para que ele tenha consciência de sua dignidade durante toda a assistência prestada e lhe proporciona autonomia, quando precisa tomar decisões sobre sua vida e seu tratamento. Vale salientar que uma das principais habilidades de comunicação necessária aos profissionais da Saúde é a escuta, que deve ser atenta e reflexiva, para que o profissional possa identificar as reais necessidades dos pacientes. Mostrar-se disponível para ouvi-lo e compreendê-lo é uma maneira eficaz de ajudá-lo emocional e espiritualmente. Escutar os pacientes terminais significa concentrar-se no paciente e em suas reais necessidades, em diferentes aspectos. Quando o profissional está preparado para a escuta, o paciente e seus familiares se sentem atendidos e satisfeitos em seus anseios e preocupações. Para tanto, é imprescindível que o enfermeiro transforme sua forma de assistir, passando do fazer para o escutar, perceber, compreender, identificar necessidades, para somente então, planejar ações. Nesse sentido, o escutar não é apenas ouvir, mas permanecer em silêncio, empregar gestos de afeto e sorriso que expressem aceitação e estimulem a expressão de sentimentos. A COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO TERAPÊUTICO NA IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES EMOCIONAIS E ESPIRITUAIS Independente de idade, etnia ou sexo, alguns pensamentos e sentimentos são frequentes a quem vivencia a terminalidade, como a preocupação com os familiares que ficam, o medo do desconhecido perante a morte, o sofrimento intenso no momento da morte e estar sozinho quando tudo isso acontecer, que são comuns e geram intenso sofrimento psíquico para o doente. Reflexões sobre o processo de revisão de sua vida também são frequentemente realizados e podem trazer angústias para o paciente que tem assuntos inacabados ou conflitos a serem resolvidos. Se o paciente ainda é capaz de verbalizar, pode haver o desejo de compartilhar com alguém da equipe de saúde ou com familiares os seus sentimentos e anseios. E mesmo quando já não é mais possível falar sobre seus anseios, o paciente que vivencia a terminalidade demonstra de maneiras não- verbal e fisiológica seu sofrimento. Nesse contexto, as palavras mostram-se secundárias e a comunicação não-verbal assume o papel de instrumento do cuidado nessa fase final. As estratégias necessidades espirituais expressas de modo verbal e não verbal: Aspectos espirituais identificados Necessidades relacionadas Estratégias de comunicação Reflexões ou questionamento sobre o significado da vida Construir um sentido para vida e a própria existência Ouvir atentamente; estimular reflexão e expressões de sentimentos (perguntas abertas) Preocupações com o legado; resgate de relacionamento Agradecer e demonstrar amor a quem lhe é importante; perdoar e ser perdoado; despedir-se Estimular; permitir e promover reencontros; conversar com familiares; flexibilizando horários de visita; promover ambiente agradável para essas interações familiares (disponibilizar cadeiras, ambiente privativo) Questionamentos acerca da morte ou o que vem depois dela; ressignificação de dor e sofrimento Estreitar relação com o Ser Supremo reafirmar crenças Ouvir atentamente; utilizar toque afetivo para demonstração de compreensão e apoio; respeitar momentos de silêncio do outro. A COMUNICAÇÃO DE NOTÍCIAS DÍFICIES Comunicar más notícias a pacientes e seus familiares em hospitais é uma das mais difíceis e importantes tarefas com que se deparam as equipes de saúde. A despeito de sua importância, muitos profissionais ainda carecem de informação e preparação suficientes para lidar com essas situações. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (2009), cabe ao profissional médico à comunicação inicial de diagnósticos e prognósticos de doenças que ameacem a continuidade da vida, bem como de quaisquer outras que se configurem como diagnóstico médico. Contudo, todas as categorias profissionais da área da saúde podem contribuir para o desenvolvimento da comunicação com o paciente e a preservação de sua autonomia. Para dar más notícias, devemos sempre entender o paciente, demonstrar compaixão e usar uma comunicação acessível. Demonstrar compaixão não é dar falsas esperanças ao paciente! Caso ele queira, seja claro ao falar do prognóstico, mas tenha em mente que sempre temos algo para fazer por ele, mesmo que não seja a cura. Existem alguns protocolos e metas para facilitar a comunicação de notícias difíceis como o protocolo (SPIKES) que consiste em seis etapas e a intenção é habilitar os profissionais de saúde a preencher os quatros objetivos mais importantes durante a transmissão de más notícias: - Recolher informações dos pacientes; - Transmitir as informações médicas; - Proporcionar suporte ao paciente; - Induzir a sua colaboração no desenvolvimento de uma estratégiaou plano de tratamento para o futuro. O protocolo SPIKES foi criado em 1992, por Robert Buckman, para orientar os profissionais de saúde a comunicarem más notícias, abordando diretrizes básicas, como: Etapa 1 S (setting up the interview): Planejar/ensaiar a conversa mentalmente já que é uma situação de estresse - Escolha um local que possibilite alguma privacidade; envolva pessoas importantes para o paciente, se for da sua escolha, como por exemplo os familiares; procure sentar-se (isso relaxa um pouco o paciente e demonstra que você não está com pressa) e mantenha contado com o paciente caso seja confortável para ele (contado visual, pegar no braço no paciente, como forma de acolhimento); Etapa 2 P (Perception): Avaliar a percepção do paciente - Antes de falar sobre a doença, pergunte ao paciente o que já foi dito para ele sobre sua condição e quais as suas expectativas. Assim, você consegue entender o que se passa na cabeça do seu paciente, corrigir possíveis ideias incorretas e moldar a notícia para a compreensão dele; Etapa 3 I (Invitation): Obtendo o convite do paciente - Quando o paciente explicita a vontade de saber sobre tudo, o médico recebe o cartão verde para falar sobre a verdadeira condição do paciente. Entretanto, quando o paciente não deixa clara a sua vontade de saber toda a informação ou não quer saber, é válido que o médico questione ao paciente o que ele quer saber sobre a sua doença e sobre o resultado dos seus exames. Se o paciente não quer saber dos detalhes, se ofereça para responder a qualquer pergunta no futuro ou para falar com um parente ou amigo; Etapa 4 K (Knowledge): Dando Conhecimento e Informação ao Paciente - Avisar ao paciente que você tem más notícias pode diminuir o choque da transmissão dessas notícias e pode facilitar o processamento da informação. Informe ao paciente sua condição usando um vocabulário que facilite sua compressão e demonstre compaixão. Passe as informações aos poucos e vá avaliando o grau de entendimento do paciente; Etapa 5 E (Emotions): Abordar as Emoções dos Pacientes com Respostas Afetivas - Demonstre compaixão e responda as emoções do paciente. Quando os pacientes ouvem más notícias a reação emocional mais frequente é uma expressão de choque, isolamento e dor. Nesta situação o médico pode oferecer apoio e solidariedade com uma resposta afetiva. Etapa 6 S (Strategy e Summary): Estratégia e Resumo - Caso o paciente queira e esteja preparado, apresente as opções de tratamento e compartilhe a responsabilidade das tomadas de decisões. Mais uma vez, não há fórmula mágica! Para dar más notícias, devemos sempre entender o paciente, demonstrar compaixão e usar uma comunicação acessível. Demonstrar compaixão não é dar falsas esperanças ao paciente! Caso ele queira, seja claro ao falar do prognóstico, mas tenha em mente que sempre temos algo para fazer por ele, mesmo que não seja a cura. Em situações em que não há tratamento curativo, devemos oferecer conforto ao paciente e deixar isso claro para ele. Diagnósticos médicos não devem ser limitados, mesmo que tenham provável efeito negativo sobre o paciente, a menos que isso seja um desejo dele. No entanto, revelar a verdade, sem o cuidado com a maneira como isso é feito ou o compromisso de dar suporte e assistência ao paciente, pode ter um impacto ainda pior do que a omissão dos fatos. A relação enfermeiro - paciente é dinâmica e, por isso, a abordagem é flexível. O médico deve se guiar pela compreensão, pelas preferências e pelo comportamento dos seus pacientes. O protocolo SPIKES tem o objetivo de facilitar a abordagem de assuntos delicados diante de pacientes com câncer, como diagnóstico, recidiva da doença e início de tratamento paliativo, mas seus princípios podem ser expandidos para outros cenários na prática médica. O USO DE ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO Habilidades de comunicação são essenciais ao profissional que convive com pacientes sob cuidados paliativos, independentemente de sua formação básica ou área de especialidade, porque permitem melhor acesso e abordagem à sua dimensão emocional. O cuidado à dimensão emocional é de suma importância para quem vivencia o processo de morrer, uma vez que situações de estresse psicológico são comuns entre estes pacientes. A preocupação com os familiares que ficam, o medo do desconhecido perante a morte, do sofrimento intenso no momento da morte e de estar sozinho quando tudo isso acontecer são comuns e geram intenso sofrimento psíquico para o doente. Reflexões sobre o processo de revisão de vida também são frequentemente realizados e podem trazer angústias para o paciente que tem assuntos inacabados ou conflitos a serem resolvidos. Fazendo uso adequado da comunicação interpessoal, frequentemente é possível decifrar informações essenciais e assim diminuir a ansiedade e aflição de quem está vivenciando a ameaça da terminalidade. Ao comunicar notícias difíceis é importante que o profissional mostre atenção, empatia e carinho em seu comportamento e sinais não verbais. A expressão facial, o contato visual, a distância adequada e o toque em mãos, braços ou ombros ajudam, conforme já referido, a demonstrar empatia e oferecer apoio e conforto. O paciente precisa sentir que, por pior que seja sua situação, ali se encontra alguém que não o abandonará, em quem poderá confiar e que poderá cuidar dele. METAS DE COMUNICAÇÕES AO FINAL DA VIDA Ao final da vida, espera-se que uma comunicação adequada permita que: 1. Conhecer problemas, anseios, tremores e expectativas; 2. Facilitar o alívio de sintomas de modo eficaz e melhorar sua autoestima; 3. Oferecer informações verdadeiras, de modo delicado e progressivo, de acordo, com as necessidades do paciente; 4. Identificar o que pode aumentar seu bem-estar; 5. Conhecer seus valores culturais, espirituais e oferecer medidas de apoio; 6. Respeitar / reforçar autonomia; 7. Detectar as necessidades da família; 8. Fazer com que o paciente se sinta cuidado e acompanhado até o fim; 9. Diminuir incertezas. ESTRATÉGIAS VERBAL E NÃO VERBAL 1. Prepare- se para comunicar: - Escolha o local, de preferência onde haja acomodações para sentar-se. - Cuide da privacidade - Reserve um tempo para a conversa 2. Descubra o quanto o paciente sabe, o quanto quer ou aguenta saber: - Utilize perguntas abertas: O que você sabe sobre a doença? O que você teme sobre sua condição? - Atente-se aos sinais não-verbais do paciente durante as respostas - Identifique os sinais de ansiedade extrema ou sofrimento exacerbado, avaliado as condições emocionais do paciente 3. Compartilhe a informação: - Informe com tom de voz suave, porém firme, utilizando vocabulário adequado à compreensão do outro - Seja claro e faça a pausas para que o paciente tenha oportunidade de falar - Valide a compreensão, fazendo perguntas curtas - Utilize o toque afetivo e proximidade física - Verbalize a compaixão e solidariedade ao sofrimento do outro 4. Acolha os sentimentos: - Permita e estimule a expressão de sentimentos (de modo verbal e/ou não-verbal) - Permaneça junto ao paciente 5- Planeje o seguimento: - Fale concisamente sobre os sintomas, possibilidades de tratamento e prognósticos - Deixe claro como e onde encontrá-lo, se necessário - Verbalize a disponibilidade para o cuidado e o não-abandono - Estabeleça, junto com o paciente, metas a curto e médio prazos e ações para atingi-las. NECESSIDADES EMOCIONAIS EXPRESSAS DE MODO VERBAL E NÃO VERBAL ESTRATÉGIAS POSSIVÉIS DE COMUNICAÇÃO ÚTEIS PARA O CUIDADO AO FIM DA VIDA Aspectos emocionais identificados Necessidades relacionadas Estratégiaspossíveis de comunicação - Sentimentos de tristeza - Autoimagem e autoestima alteradas - Medo de incapacidade e deterioração física - Medo de ter dor - Medo de estar sozinho no momento da morte - Luto pelas perdas antecipadas (vida, relacionamentos etc.) - Ser ouvido - Ser aceito - Ser confortado - Ser valorizado - Sentir- se seguro - Exercer sua autonomia - Estar sempre acompanhado - Ter valores e crenças respeitados - Ouvir - Utilizar toque afetivo - Estar presente junto ao paciente - Verbalizar não- abandono - Verbalizar disponibilidade e interesse - Estimular visitas e permanência de cuidador / acompanhante AÇÕES COMUNICATIVAS NO APOIO FAMILIAR NA TERMINALIDADE Os familiares são os elementos essenciais que permitirão uma vivência mais serena e tranquila do processo de morte do doente, sem gerar expectativas que não podem ser atendidas. Os familiares têm a necessidade de se manter informados sobre o que acontece e o que esperar do processo de morte de seus entes. Desse modo, uma das necessidades mais proeminentes da família é o estabelecimento de uma comunicação clara, honesta e mais frequente com os membros da equipe que cuidam do paciente. É praticamente impossível cuidar do indivíduo de forma completa sem considerar contexto, dinâmica e relacionamento familiar. As informações contínuas e acessíveis aos familiares são os elementos essenciais que permitirão uma vivência mais serena e tranquila do processo de morte do doente, sem gerar expectativas que não podem ser atendidas. Os familiares têm a necessidade de se manter informados sobre o que acontece e o que esperar do processo de morte de seus entes. Desse modo, uma das necessidades mais proeminentes da família é o estabelecimento de uma comunicação clara, honesta e mais frequente com os membros da equipe que cuidam do paciente. Ações comunicativas eficazes Presença mais frequente Verbalização de disponibilidade, compaixão e pesar pela perda Perguntar o que ele precisa ou o que você pode fazer para ajudá-lo naquele momento Respeitar crenças, rituais e expressões de sentimentos e, se puder participar junto Utilizar toque afetivo CONCLUSÃO Os cuidados paliativos é um conjunto de práticas assistenciais a indivíduos com doenças incuráveis com objetivo de reduzir o sofrimento e ofertar dignidade e melhor qualidade de vida neste momento. A comunicação vai além de verbalizar e pode ser expressa através de posturas, gestos e símbolos. Relacionar com o próximo é essencial para a vida, porque confirma a existência do homem e fundamenta sua experiência humana, verifica-se a necessidade de adoção de métodos tanto no âmbito verbal quanto não verbal que tornem a comunicação efetiva e atua na construção de bons relacionamentos. Através do relacionamento efetivo é possível os seres humanos compartilharem experiências comuns, fortalecem seus elos, revelam similaridades, anseios e necessidades. A Enfermagem possui um papel primordial nos cuidados paliativos, além de ofertar práticas assistenciais, é responsável por estabelecer a comunicação e o fortalecimento de vínculos entre o paciente e seus familiares. Este fato implica diretamente na eficácia no cuidado estabelecido. O enfermeiro, como líder da equipe de enfermagem deve mostrar-se habilito, empático, compreensivo, disposto a atender as necessidades do paciente e de promover o bom relacionamento entre a sua equipe e juntamente dos seus familiares. Em virtude do que foi mencionado ao logo deste trabalho, conclui-se que a comunicação efetiva é uma ferramenta essencial no âmbito dos cuidados paliativos por interferir de maneira precisa na metodologia terapêutica ao paciente. Reforça-se a importância do domínio de estratégias comunicativas visando a promoção de bons relacionamentos interpessoais. Destaca-se a atuação do enfermeiro nesse contexto com um profissional fundamental nessa e em outras áreas de atuação. REFERÊNCIAS 1. SILVA, M. J. P. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. São Paulo: Gente, 1990. 2. ARAÚJO, Monica Martins Trovo de; SILVA, Maria Júlia Paes da. Estratégias de comunicação utilizadas por profissionais de saúde na atenção à pacientes sob cuidados paliativos. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 46, n. 3, p. 626-632, 2012 3. ANDRADE, Cristiani Garrido de; COSTA, Solange Fátima Geraldo da; LOPES, Maria Emília Limeira. Cuidados paliativos: a comunicação como estratégia de cuidado para o paciente em fase terminal. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, p. 2523-2530, 2013. 4. ARAUJO, Janete; LEITÃO, Elizabeth Maria. A comunicação de más notícias: mentira piedosa ou sinceridade cuidadosa. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, v. 11, n. 2, 2012. 5. BARBOSA, António; NETO, Isabel. Manual de cuidados paliativos. Lisboa: Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, 2010.
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