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Português_Jurídico_03

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PORTUGUÊS JURÍDICO
LEITURA, PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO 
DE TEXTOS
Marília Rodrigues Mazzola
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Olá!
Você está na unidade . Conheça aqui as relações entre o ato de ler,Leitura, produção e interpretação de textos
interpretar e produzir textos e descubra como realizar sínteses contextualizadas por meio de técnicas para
apresentações de conclusão, como o pensamento indutivo e o pensamento dedutivo. Veja também como
estabelecer relações no texto, por meio de ferramentas de contraste e comparação.
Bons estudos!
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1 Leitura e produção
O ser humano – e a evolução da espécie humana – sempre dependeram do conhecimento para sobreviver. Por
isso, aprender constantemente é uma ferramenta de sobrevivência. Afinal, é por meio dele que o homem pode
aprender a caçar, obter abrigo, se locomover, utilizar máquinas, desenvolver leis, etc.
Num primeiro momento, o conhecimento era produzido e transmitido de maneira oral. No entanto, isso acabava
se perdendo por fatores como imigração, emigração, mortes e doenças (com perdas neurológicas), que se
mostravam como bloqueios à propagação do saber.
Assim, o surgimento da escrita e do papel “promoveram o registro e o acúmulo dos acontecimentos cotidianos,
da história, dos costumes, da própria cultura, dos saberes e práticas sobre os fenômenos naturais e sociais em
acervos” (Córdula apud Córdula, Nascimento, 2018, p.1). de modo que “o conhecimento da humanidade passou a
ser perpetuado, redigido, arquivado e acessível aos leitores (Córdula apud Córdula, Nascimento, 2018, p.1 ).
É por esse motivo que, hoje, no mundo contemporâneo, a realidade é bem diferente: a velocidade da propagação
de informação contribui para a disseminação do conhecimento, proveniente de diversas fontes. Além disso, o
domínio do saber pode se dar pela observação, por tentativas, erros e ocorrências do cotidiano.
Para é preciso desenvolver competências como habilidades de leitura e escrita. aprender A , nesteleitura
sentido, é uma ferramenta primordial, pois é ela que ajuda a perpetuar a transmissão de reflexões, ideias e
conhecimentos.
A leitura é, ainda, um importante e eficiente meio de adquirir conhecimento. Com ela, o ser humano se depara
com a sabedoria, os pensamentos, as inquietações, as percepções de pensadores e estudiosos, cujos esforços
intelectuais utilizaram para analisar determinado objeto.
Figura 1 - Leitura como forma de aprendizado
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Figura 1 - Leitura como forma de aprendizado
Fonte: Patpitchaya, Shutterstock (2020)
#PraCegoVer: A imagem mostra uma pessoa segurando um livro aberto.
No que tange à leitura, uma pessoa pode ser considerada analfabeta ou alfabetizada. Como lecionam MORAIS e
KOLISNKY (2016, p. 146):
Assista aí
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O alfabetizado é aquele que pode ler uma escrita alfabética, incluindo palavras escritas que nunca
tinha encontrado, e escrever a fala de outrem e eventualmente a sua própria fala interna. Isso é
possível se aprendeu, de algum modo, o código ortográfico dessa língua. Sendo a sua própria língua,
pode ler com compreensão e escrever frases com sentido. Porém, como lê e escreve utilizando
processos de decodificação e de recodificação que são conscientes, controlados, sequenciais e,
portanto, lentos, a focalização da atenção sobre esses processos e a sobrecarga na memória de
trabalho influenciam negativamente tanto a compreensão como a qualidade da escrita.
Segundo as Nações Unidas (ONU) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), considera-se analfabeto aquele incapaz de ler e escrever uma frase simples relacionada com a vida
quotidiana (MORAIS, KOLISNKY, 2016, p. 156).
Assista aí
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1.1 Tipos de leitor
Pode-se dizer que existem quatro tipos de leitores. O primeiro era o leitor da era pré-industrial: um leitor
contemplativo e meditativo, cuja apreciação da leitura era um objetivo. O livro impresso, naquele momento, vivia
seu auge.
O segundo tipo de leitor surge na Revolução Industrial e está ligado aos centros urbanos, tornando a leitura mais
dinâmica e híbrida.
O terceiro leitor, chamado de imersivo, advém da contemporaneidade, na qual a leitura envolve diferentes tipos
de comunicação, mídias e formatos, que ele mesmo escolhe, influenciado pelo ciberespaço e por cenários virtuais.
Figura 2 - Leitura e sua evolução
#PraCegoVer: A imagem mostra uma pessoa sentada com um tablete na mãe, lendo a versão de algum livro.
Por fim, o quarto perfil de leitor é o chamado movente, ou fragmentário. Como ensinam ALMEIDA e CERIGATTO
(2016, p. 211/212):
É fruto de um cenário de constante crescimento das cidades. Surge, um leitor de informações mais
fragmentadas, movente, que diversifica as formas de ler, em um mundo que a imagem passa a ser
cada vez mais frequente. Com o advento tecnológico em expansão, a evolução da imprensa, dos
jornais, o surgimento dos cinemas, e a instantaneidade da televisão, o novo leitor ainda endossa
características do perfil anterior, “contemplativo”, mas passa a ser também mais “instável”.
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A leitura também provoca outros efeitos, como o acúmulo de vocabulário e a boa escrita. Para que se possa
escrever bem é preciso também ler bem. No entanto, ambas as habilidades precisam ser desenvolvidas, gerando
para o leitor/escritor autonomia e automaticidade e deixando-o apto para identificar na leitura e escrever em
textos palavras muito rapidamente, muitas vezes na base de uma única fixação ocular por palavra, sem
consciência dos processos subjacentes que conduzem à tomada de consciência de como cada palavra se
pronuncia e o que significam (MORAIS, KOLISNKY, 2016, p. 146).
Também ensinam MORAIS e KOLISNKY (2016, p. 147) que:
Podemos distinguir entre três tipos de letrado, em função do que ele faz utilizando suas capacidades
de leitura e escrita autônomas. O tipo de letrado mais frequente é o letrado simplesmente produtivo
(ou reprodutivo), aquele que utiliza estas capacidades para adquirir conhecimento (pela leitura) e
para comunicar informação (pela escrita). Há letrados, porém, que não são simplesmente (re)
produtivos, mas que criam algo de novo a partir das suas leituras e o fazem conhecer através da
escrita. Pode ser conhecimento, pode ser, de modo mais geral, informação, pode também ser
expressão de emoções, de afetos, de ideias. Entre estes letrados inovadores, inventivos, estão os
letrados científicos, eles descobrem conhecimento e transmitem este novo conhecimento.
Finalmente, há o tipo de letrado (bem mais raro), que através das suas capacidades e atividades de
literacia consegue formular uma teoria, uma concepção geral no seio de um domínio ou cobrindo
mais do que um domínio, que abre caminho para uma nova maneira de interpretar, conceitualizar,
exprimir o mundo e nós próprios. Pode, dependendo do domínio e da forma de expressão, ser um
letrado científico, um letrado filósofo, um letrado literário, um letrado ideólogo, etc.
A linguagem é comumente utilizada como ferramenta de persuasão e hegemonia linguística. A importância da
leitura, especialmente a comparativa, para a produção de anotações, textos, peças jurídicas, enfim, para qualquer
material, é essencial. Conclui-se que ler é uma ferramenta para a produção.
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1.2 Leitura
Pode-se afirmar que a humanidade fala por meio de textos. Koch(apud Cerqueira, 2012, p.34) ensina que o texto
é “uma atividade consciente, criativa, que compreende o desenvolvimento de estratégias, concretas de ação e a
escolha de meios adequados à realização de objetivos”.
Para se obter o significado de um texto é preciso fazer a sua leitura. A leitura é um ato individual que permite
construir significados, em contextos que ocorrem quando autor e leitor interagem. Como ensina Santos (2006, p.
80),
é através da leitura e sua respectiva compreensão que se consegue entender a realidade.
Compreender um texto é estabelecer uma relação dinâmica com um determinado contexto, bem
como perceber criticamente a objetividade dos fatos desse contexto. Assim, a leitura de um texto
precisa transcender os limites dele mesmo e remeter o leitor à percepção e análise da realidade.
Um cidadão letrado deve ser capaz de avaliar a qualidade da informação a partir da sua fonte e dos métodos
utilizados para gerá-la. Afinal, para a compreensão integral de um texto, a leitura é instrumento necessário para
que o trabalho de produção textual seja bem realizado.
Existem quatro métodos ou níveis de leitura: elementar, averiguativa, analítica e sintópica (ou comparativa).
Leitura elementar
É o primeiro nível de leitura existente e corresponde à decodificação do texto. Trata-se do primeiro passo de um
leitor, pois ele já conhece o som ou a grafia das palavras e, com isso, inicia o processo de aquisição da leitura.
Segundo Campos (2016, p. 5), é quando um indivíduo está aprendendo a unir o som e a escrita.
Leitura averiguativa
É uma leitura geral, genérica do texto. Nela, o leitor fica na “superfície”, entende o tema central, os objetivos da
obra, mas não aprofunda o conhecimento sobre a mesma.
Leitura analítica
Ao contrário da leitura averiguativa, a leitura analítica é uma leitura mais profunda, que busca compreender o
texto e a sua mensagem, propriamente ditos. Segundo Campos (2016), ela faz uma prospecção no assunto.
Leitura sintópica
É a capacidade da pessoa ler decodificando os grafemas e fonemas e, ainda assim, entender a obra e ser capaz de
realizar outras leituras que divirjam do conteúdo apresentado. Segundo Campos (2016), este pode ser
considerado um leitor maduro, e que tem capacidade de ver os “dois lados da moeda” a respeito de um assunto.
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Como já visto anteriormente, para se comunicar é preciso dar significado a um signo. A significação é o processo
pelo qual os signos são usados socialmente. Ou seja, é quando são usados os signos para dizer alguma coisa a
alguém. O ato de leitura é uma forma de encontrar significação, assim como o ato da escrita.
Para corroborar com tal argumento, especialmente na vida profissional, a literatura especializada demonstra
que o ato de ler é tão importante para a vida profissional que cientistas, por exemplo, passam quase dois terços
do seu tempo de aquisição de informação em atividades de leitura, e quase um quarto (23%) do seu tempo total
de trabalho por dia. (TENOPIR; KING, 2004; cf. também NORRIS et al., 2008 apud MORAIS, KOLISNKY, 2016, p.
150).
A leitura é considerada também uma fonte de estímulo, pois permite a criação. Assim que, escrever bem,
depende, de uma maneira ou de outra, de uma boa habilidade de leitura.
Assista aí
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1.3 Produção
A redação de um bom texto deve estar atrelada à prática da leitura para que ela se torne eficiente. Afinal, a
leitura em profundidade, que desenvolve a percepção, o senso de análise, a reflexão e o posicionamento crítico
acerca do que lê, possibilita a melhoria no processo de produção textual.
Segundo Ilari (apud Cerqueira, 2012, p.31), para que haja uma eficiente redação, deve-se satisfazer três
exigências: importância da leitura dos bons autores; observação prévia dos fatos que são assunto do texto e uma
motivação para redigir.
O ato de transmitir uma informação de qualidade exige a ausência de ruídos na significação por parte do
receptor da mensagem. Para Orlandi (apud SANTOS, 2006, p. 81),
o texto não deve ser entendido apenas como um produto, deve-se observar o processo de sua
produção, da sua significação. Consequentemente, o leitor não apreende um sentido que está no
texto, mas sim atribui sentidos ao texto. Logo, a leitura é produzida e procura-se determinar o
processo e as condições de sua produção. São mencionados como componentes das condições de
produção da leitura: os sujeitos (autor e leitor), a ideologia, os diferentes tipos de discurso e a
distinção entre leitura parafrástica e a polissêmica.
Figura 3 - Escrita: modo de transmissão de informações
Fonte: FotoDuets, iStock (2020).
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#PraCegoVer: A imagem mostra uma pessoa com uma caneta na mão, escrevendo na folha em branco de um
caderno.
Por isso, a produção de textos, por parte do emissor, deve ser feita com cautela e apreço. Isso é válido nas mais
diversas áreas do conhecimento. Senão veja o entendimento de MORAIS e KOLISNKY (2016, p. 150): “No que
respeita à fase de produção do texto científico, as estratégias são diversas e podem depender do domínio, do tipo
de texto (teórico, experimental, resenha)”.
No mundo jurídico, tais cuidados devem ser especialmente considerados, devido à necessidade altamente
específica que ele exige.
O texto jurídico deve, no mínimo, obedecer:
adequação da linguagem do texto;
obediência à estrutura;
descrição do assunto a ser tratado de forma sintética;
desenvolvimento argumentativo estruturado
utilização de clareza, coesão e coerência
Fique de olho
No que tange à criação jurídica em específico, existem diversas modalidades de textos:
legislativos, normativos, argumentativos, dissertativos, etc. Para Bittar (OLIVEIRA, 2010, apud
p. 229) pode-se dividir os textos jurídicos em 4 categorias:
1) O discurso normativo refere-se à característica modal poder-fazer-dever, revelada em
textos de leis, portarias, regulamentos, decretos.
2) O discurso decisório liga-se à característica poder-fazer-dever, nas esferas administrativas e
Judiciárias, a exemplo da sentença prolatada por um juiz ou decisão em processos
administrativos.
3) O discurso burocrático refere-se à característica modal poder-fazer-fazer (andamento
burocrático-procedimental). Um exemplo dessa modalidade é o Regimento Interno de Casas
Legislativas ou de Tribunais de Justiça.
4) O discurso científico possui a característica modal poder-fazer-saber. Mediante a produção
de lições doutrinárias, ensinamentos teóricos, resenhas, críticas, comentários, formulações e
reformulações exegéticas.
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2 Leitura e interpretação de textos
Além da leitura ser importante para a obtenção de saberes e para o conhecimento em geral, ela pode ter outras
finalidades. É também um ato social, uma prática educativa, uma atividade técnica do cotidiano, entre outros
(MIRANDA, SANTOS, 208, p. 301).
A leitura, sob um ponto de vista inicial, permite a identificação e extração de dados e termos, mas somada à
interpretação, permite a análise do assunto abordado, a sua reconstrução e até mesmo ressignificação. É através
da leitura, sob essas mais diversas perspectivas que permite resultados como: a sintetização, a conclusão, a
criação de relações, a intepretação, etc.
Por isso, a leitura é importante sob os mais diversos pontos de vista relacionados ao texto, tanto para o emissor
quanto para o receptor da mensagem.
Um dos mais importantes é a conexão existente entre o ato de leitura e a interpretação.
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2.1 Ler
Ler é apenas uma parte do ato complexo da leitura. Como explica Prates et al (2016, p. 127) “ler em sentido
amplo implica o registro, tanto mental quanto escrito, do que se leu e, mais ainda, o entendimentodaquilo que o
autor planejou nos comunicar”. Prioriza-se o leitor, o vê como fonte de sentidos.
Ler não é um mero processo mecânico, de repetição mental das palavras. Trata-se da efetiva compreensão delas,
e ainda, do contexto que as envolve. Por isso, a leitura não pode limitar-se à decodificação, deve ela construir
significados, interpretando o contexto que pretende se inserir.
Dominar a leitura e ser um leitor proficiente exige uma atitude ativa, dinâmica e crítica em relação ao
conhecimento (SANTOS, 2006, p. 77). Por isso,
os diversos conceitos de leitura existentes podem ser agrupados em duas grandes concepções,
geralmente vistas como antagônicas. Uma primeira tendência é a que prioriza o texto,
consequentemente, a leitura é vista como produto, como reconhecimento de sentidos materializados
na superfície textual. Essa posição não considera a importância do leitor e preconiza a noção de texto
como objeto autônomo e fechado de sentidos estáveis. (...)o sentido está no texto. Portanto, caberia
ao leitor a tarefa de decodificar e reconhecer os elementos linguísticos já conhecidos e descobrir o
significado dos elementos desconhecidos (SANTOS, 2006, p. 79).
Figura 4 - Leitura: diferentes mensagens em diferentes modos de comunicação
Fonte: Shutterstock (2020).
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#PraCegoVer: Na imagem, uma mulher lê o rótulo de uma embalagem em meio às prateleiras de um
supermercado.
Essa é a leitura de um rótulo, por exemplo, que não exige um papel de destaque do receptor, mas uma mera
decodificação de signos simples existentes na embalagem. Mas e se nessa mesma embalagem existam palavras
complexas, as quais o receptor não conhece?
Explica Santos (2006, p.81) acerca da necessidade de conhecimentos prévios do leitor, para garantir que o
mesmo compreenda o texto.
O leitor, durante a leitura, utiliza-se do conhecimento que ele já tem, como o conhecimento
linguístico, o textual e o conhecimento de mundo para construir o significado de um texto. Dessa
forma, a compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização do conhecimento
já adquirido pelo leitor, pois sem esse conhecimento ou com a sua limitação, não haverá
compreensão, ou pelo menos, haverá um comprometimento em relação ao seu significado. Fazem
parte desse conhecimento prévio do leitor o conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o
conhecimento de mundo. (...) é na interação desses níveis de conhecimento que o leitor consegue
construir o sentido do texto; por isso, esses conhecimentos devem ser ativados durante a leitura
para se atingir o momento da compreensão.
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2.2 Interpretar
Se o indivíduo não compreender o que está lendo, então as palavras escritas não terão significado para o
receptor. Interpretar é preciso porque um signo, por si só, nada significa. Ou seja: um signo só vai ganhar
significado se o leitor souber fazer a sua interpretação.
A significação só acontece no contexto do uso do signo, ou seja, em uma determinada situação ou em um código
específico, que trarão o devido significado para o símbolo. Mas não é só isso. Como diz Santos (2006, p. 80),
a construção de sentidos se dá através de um processo ativo e dinâmico de negociação entre autor e
leitor no espaço compartilhado do texto. Portanto, o leitor para construir o significado durante a
leitura mobiliza seu conhecimento prévio, socialmente adquirido e armazenado em esquemas
mentais, confrontando-os com as pistas linguísticas impressas pelo autor no texto, entende-se,
portanto, que a leitura se processa na interação autor-texto-leitor.
O texto se apresenta como um caminho para a construção de sentidos. Para Freire (apud SANTOS, 2006, p. 80)
“não se pode fazer apenas uma leitura mecânica do texto, na qual se memoriza o conteúdo, sem compreendê-lo.
É imprescindível ter postura crítica para que o estudo possa ser produtivo”.
A leitura crítica permite relacionar texto e contexto, perceber relações, ir além do ler e, sim, compreender. Por
meio dela é possível ir além da mensagem que está explícita no texto, fazendo com que o leitor consiga verificar,
através o implícito, a intenção do emissor. Tal postura é especialmente importante, uma vez que “entre ler e
escrever uma frase simples e poder compreender e produzir textos como os que hoje em dia são necessários
para se participar de maneira livre e eficiente na vida profissional, social e política de um país, há uma grande
distância” (MORAIS, KOLISNKY, 2016, p. 156).
Mas quais estratégias permitem uma boa interpretação textual e a informação presente na mensagem? Segundo
Morais e Kolinsky (2016, p. 150),
há uma constância na estrutura informacional e gráfica dos artigos que permite identificar
rapidamente o que é importante. É fácil ir diretamente ao estado da arte, às hipóteses, ao plano
experimental, aos dados, às inferências, às conclusões. Há uma expectativa de certos padrões de
argumentação, de conexões entre afirmações, suposições, justificações, evidências.
Baseado em Kleiman (1989), e também Koch (1997), Santos (2006, p. 81) traça um perfil de ações que auxilia o
leitor na construção de significados: as estratégias metacognitivas e estratégias cognitivas:
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As estratégias metacognitivas são definidas como “operações (não regras) realizadas com algum
objetivo em mente, sobre as quais temos controle consciente, no sentido de sermos capazes de dizer
e explicar a nossa ação” (Kleiman, 1998, p. 50). Assim, se o leitor tiver controle consciente sobre
essas operações, saberá dizer para que ele está lendo um texto e saberá dizer quando não está
entendendo um texto. Essas são as características básicas apontadas para que um leitor seja
considerado proficiente.
Já as estratégias cognitivas da leitura regem os comportamentos automáticos, inconscientes do
leitor, são aqueles processos através do qual o leitor utiliza elementos formais do texto para fazer as
ligações necessárias à construção de um contexto. Através de estratégias de processamento de texto,
o leitor interpreta as suas marcas formais, que são percebidas como elementos de ligação entre as
formas contíguas de suas micro e macroestruturas.
Um texto apresenta uma multiplicidade de interpretações ou de leituras, não sendo possível atribuir apenas uma
interpretação como única e verdadeira.
A compreensão consiste na apreensão das significações possíveis que são representadas através de marcas
linguísticas que funcionam como pistas para que o leitor faça a decodificação adequada (SANTOS, 2006, p. 82).
A sintaxe é uma destas pistas. Trata-se de uma área de estudo da gramática responsável pela compreensão da 
organização textual, possibilitando, portanto, compreender o significado do texto. Isso se dá a partir do
momento que o leitor identifica os elementos da frase e a sua ordem, por meio da qual determina relações
textuais diretas e indiretas, que permitirão que monitorar a leitura e assimilar, entre as várias informações,
aquela que é a principal (MIRANDA, SANTOS, 2018).
Figura 5 - Sintaxe
Fonte: aga7ta, Shutterstock (2020).
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Fonte: aga7ta, Shutterstock (2020).
#PraCegoVer: A imagem mostra algumas letras do alfabeto espalhadas em uma mesa, enquanto outras formam
a palavra “sintaxe”.
Interpretar permite a compreensão plena do texto, a abordagem de seus itens informacionais, o recolhimento de
todos os dados existentes na mensagem e a sua conexão com outras informações, textos, e até mesmo com o
mundo externo.
Isso é primordial para o operador de direito, pois ele, muitas vezes, é responsável por essa conexão entre o
mundo externo e as necessidades dos cidadãos. Essa representação é feita através das mensagens que ele
propaga no meio jurídico.
é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• entender as relações entre leitura, produção e interpretação de textos;
• compreender a necessidade da contextualização para a produção textual;
• conhecer sobre métodos argumentativos na produção textual;
• aprender sobre formas de criação de conclusões;• verificar métodos de estabelecimento de relações em diferentes situações textuais.
Referências
ALMEIDA, L. B. C. and CERIGATTO, M. P. Os desafios de educar para o novo contexto de leitura, linguagens e
produção da informação. In: SOUZA, F. M., and ARANHA, S. D. G., orgs. Interculturalidade, linguagens e formação
de professores. Disponível em < http://books.scielo.org/id/qbsd6/pdf/souza-9788578793470-10.pdf>. Acesso
em 26.Dez.2019.
BESSA, Dante Diniz. Teorias da comunicação. Brasília: Universidade de Brasília, 2006. Disponível em < 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/10_2_teor_com.pdf>. Acesso em 26.Dez.2019.
CAMPOS, Leandro Machado. A leitura sintópica (ou comparativa) na pratica pedagógica. Disponível em <
https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/54615>. Acesso em 09.Jan.2020.
CARDOSO, Rosimeiri Darc. Leitura e escrita na graduação – o texto científico. Disponível em < http://fap.com.br
/fapciencia/002/edicao_2008/005.pdf>. Acesso em 26.Dez.2019.
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http://books.scielo.org/id/qbsd6/pdf/souza-9788578793470-10.pdf
http://books.scielo.org/id/qbsd6/pdf/souza-9788578793470-10.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/10_2_teor_com.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/10_2_teor_com.pdf
https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/54615
https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/54615
http://fap.com.br/fapciencia/002/edicao_2008/005.pdf
http://fap.com.br/fapciencia/002/edicao_2008/005.pdf
http://fap.com.br/fapciencia/002/edicao_2008/005.pdf
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CERQUEIRA, Débora de Cássia da Silva. Leitura e produção textual: inserção do texto em sala de aula. Disponível
em < http://www2.uefs.br/dla/graduando/n4/n4.25-36.pdf>. Acesso em 26.Dez.2019.
http://www2.uefs.br/dla/graduando/n4/n4.25-36.pdf
http://www2.uefs.br/dla/graduando/n4/n4.25-36.pdf
	Olá!
	1 Leitura e produção
	Assista aí
	Assista aí
	1.1 Tipos de leitor
	1.2 Leitura
	Assista aí
	1.3 Produção
	2 Leitura e interpretação de textos
	2.1 Ler
	2.2 Interpretar
	é isso Aí!
	Referências

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