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Supervisão e orientação pedagógica9

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SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO 
PEDAGÓGICA
APRENDER A ESTUDAR EM GRUPO
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Reconhecer a importância do grupo como meio de estudar de forma sistematizada;
2. identificar os instrumentos e os procedimentos necessários à formação de grupo;
3. observar sugestões e provocações para valorização da coesão do grupo.
A formação dos grupos de estudos na escola deve partir da premissa de que estudar de forma sistematizada se
relaciona de forma coerente com a ideia de que professores e supervisores são formadores e formandos que
negociam responsabilidades, compartilham necessidades, interesses e também contribuições teóricas.
Há um sentido de parceria e cumplicidade nessa troca, na qual a construção e a transformação do conhecimento,
ao mesmo tempo, constrói e transforma os sujeitos dessa relação.
O projeto da escola precisa ser um espelho que reflete cada um de seus participantes, suas características
específicas e também a forma com que contribuem para o trabalho pedagógico, nesse caso, a escola também se
reflete nessas ações e é nessa relação entre o individual e o coletivo que o trabalho do Supervisor Pedagógico
acontece, porém, devendo sempre atuar mais preventivamente.
Dessa forma, as ações do Supervisor Pedagógico devem se pautar, exclusivamente, em aspectos informativos,
ligados ao projeto que envolve todo o coletivo da escola, sendo o Supervisor Pedagógico o mediador dessa
relação.
O projeto da escola precisa ser um espelho que reflete cada um de seus participantes, suas características
específicas e também a forma com que contribuem para o trabalho pedagógico, nesse caso, a escola também se
reflete nessas ações e é nessa relação entre o individual e o coletivo que o trabalho do Supervisor Pedagógico
acontece, porém, devendo sempre atuar mais preventivamente.
Dessa forma, as ações do Supervisor Pedagógico devem se pautar, exclusivamente, em aspectos informativos,
ligados ao projeto que envolve todo o coletivo da escola, sendo o Supervisor Pedagógico o mediador dessa
relação.
Placco e Souza (2008) sugerem algumas dimensões a serem trabalhadas pelo Supervisor Pedagógico nas
reuniões de formação contínua:
Competências pessoais
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Autoconhecimento, valores, capacidade de tomar decisões e de resolver problemas, definição de metas, etc.
Competências sociais
Crença em seus valores e metas, firmeza, resistência à pressão dos grupos de pares.
Conhecimentos
Conteúdo da matéria a ser ensinada, aspectos do desenvolvimento da aprendizagem, das questões que envolvem
valores, ética, cidadania.
Para os autores, o trabalho formador na escola, para atingir o âmbito pessoal do professor, deve promover
mudanças em suas atitudes, em seus valores, em sua visão de mundo, de homem, de teoria, enfim, desenvolvê-lo
em todos os aspectos.
Essa formação deve produzir marcas constituídas de sentidos e significados valiosos para sua docência.
A grande ousadia do trabalho do Supervisor Pedagógico na formação continuada é a transformação da
consciência do professor, cujo fruto seja a construção de uma prática pedagógica mais consistente, enriquecida,
criativa e verdadeira, sendo o Supervisor Pedagógico alguém que não dita o que deve ser feito e sim alguém que
transforma essas reuniões em espaço de dúvidas, cuidando das contradições, provocando estranhamentos,
espelhando fazeres e falas e, assim, provocando a reflexão.
A organização dos grupos de estudo não é o único canal para investir na formação, mas é um meio para estudar
de forma sistematizada. Terzi (2008) coloca algumas provocações que podem ser utilizadas como motivação
inicial na formação dos grupos de trabalho:
• Você não gostaria de participar de um grupo de estudos? Você conhece algum grupo de estudo em que 
possa participar?
Ou ainda:
• Estou muito parado, sinto falta de atualização.
• Preciso aprender mais...
• Não posso ficar estagnado.
• Gosto de ler e estudar.
• Preciso rever minhas experiências de sala de aula.
Essas provocações podem ser feitas através de cartazes colocados na sala dos professores.
De maneira geral, a maioria dos professores clama por atualização.
Interrogam-se, querem aprender e investigar seu próprio ato de aprender e estudar em grupo, o que significa
aproximar-se de outras vozes, de outros textos, de outros intérpretes, fazendo um ir e vir de questões,
reelaborações e sínteses.
Porém, esse trabalho é exigente, requer leitura e escrita, enfrentamento, sistematização e persistência
investigativa. Isso significa ir além do óbvio.
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Segundo Terzi (2008, p. 108), quando a ideia do estudo em grupo já está presente na fala dos professores, outras
provocações podem ser feitas:
• Não consigo pôr minha prática em teoria.
• Como tomar distância da própria prática, olhar o entorno e se ver naquela aprendizagem?
• Estou buscando “frestas” no meu trabalho. Como faço para torna-las concretas?
• Será que sei ver como as crianças aprendem? O que se deseja que as crianças aprendam?
• Quero resgatar minhas dificuldades e buscar novas convicções.
• Tenho medo da escrita. Permitir-me com menos pressões e angústias. Não sei trabalhar com outras 
linguagens.
• Sinto-me só, não tenho interlocutores.
Essas questões são perturbadoras, portanto, não basta trazê-las para o espaço do grupo de estudos, é preciso
que seja identificado o papel de cada um na busca de soluções, sendo necessário reconduzir aos lugares de
atuação essas provocações e posicionamentos.
Bom, agora já temos um grupo de estudos formado com os combinados e desejos de aprendizagens de cada um,
misturados à ansiedade da primeira aproximação.
Nos primeiros passos do grupo, sugerimos a tarefa de escrever sobre as próprias memórias, relembrando a
decisão de cada um em se tornar professor ou outra função que esteja presente no grupo.
A autobiografia é a escrita reflexiva de nós mesmos, onde identificamos as opções passadas, compondo os
projetos do amanhã. Ao relembrar nossas passagens como educadores, transportamos emoções, ternuras,
inquietações, perplexidades que revelam as pessoas que são comuns no grupo, propiciando a descoberta de
afinidades.
A revisão dos tempos de escola ajuda a tecer os primeiros significados, especialmente os de ensinar, aprender e
estudar.
Esses relatos, escritos ou contados, trazem pistas reflexivas do que nos motiva ou paralisa.
Após um período de encontros, é possível construir um acervo documentário com os encaminhamentos,
identificações práticas ou teorias, perguntas, discussões e interpretações realizadas nos encontros.
Então, é necessário construir uma documentação sistematizando o vivido pelo grupo.
Essa documentação deve reunir um conjunto de informações, vivências, interpretações de leituras, percepções
que propiciaram o nascimento de análises, revisões de perguntas, manifestações de subjetividades e também o
sentimento de pertença.
Dessa forma, podemos ter como registro das atividades desenvolvidas no grupo referência para a construção
documental:
• Anotações
• Revisão da escrita
• Debate de leituras
• Seleção de ideias centrais
• Sínteses
• Relato de experiências
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• Sínteses
• Relato de experiências
• Reorganização de pauta
• Fotografias
• Discussão de filmes e imagens do cotidiano, etc.
A documentação dá visibilidade e transparência à história construída pelo grupo, retratando as buscas
pedagógicas, cognitivas, culturais e afetivas. Também direciona o grupo ao caminho da pesquisa – ação (Segundo
Kurt Levin, esse tipo de pesquisa se traduz pelo envolvimento do pesquisador com os sujeitos estudados, sendo
os usuários potenciais das informações. (SOMMER E AMIC – s.d. -hartmut@unb/.br -Alimentando o ato de
pensar e o desdobramento de novos projetos).
É importante que formadores e formandos relatem e pensem a variedade dos percursos da aprendizagem
realizada no grupo e a diversidade de resultados alcançados.
A) Organizando o tempo e o espaço
• Periodicidade dosencontros – quinzenal ou mensal.
• Calendários – discutidos em grupos – semestral.
• Duração – pode ser de duas ou quatro horas.
• A sala do encontro – lugar especialmente organizado para a chegada e vivência do grupo.
Sugestão de organização de espaços
• Dinâmica do tapete (alimento estético) - um tapete com recortes, poesias, crônicas, reproduções de 
obras de arte, romances, fotos (inclusive do grupo), trechos de filmes - a responsabilidade de 
complementação dos elementos do tapete é do grupo.
• Partilha de alimentos (sabores e afetos) – encontro marcado por sabores, os momentos de lanche 
também são importantes, podendo ser feito um rodízio da responsabilidade de organizar o lanche.
B) Organização do grupo
• Critérios de participação – organizar perfil para os participantes.
• Compromissos e responsabilidades – apresentação de um conjunto de orientações e combinados, 
ressaltando a responsabilidade de cada um no desenvolvimento das atividades e nos resultados do grupo 
de estudos.
C) Funções do Supervisor Pedagógico
• Liderança mediadora e articuladora.
• Atenção às necessidades, intenções e interesses do grupo, intervindo, fazendo devolutivas e 
contribuindo para a flexibilidade dos encaminhamentos.
• Trazer os questionamentos e organizar o estudo dos temas acordados, acolhendo sugestões.
• Elaborar devolutivas em forma de texto (relembrados).
• Instiga à utilização de diversas linguagens.
Sugestões de encaminhamentos
• Estruturação da pauta – a partir de referenciais da prática, fazer a previsão das questões que serão 
abordadas. Por ser flexível, permite inclusões e redimensionamentos.
• Colheita das contribuições – através de exercício de criação, leituras compartilhadas, materiais 
utilizados no tapete.
• Construção de registro – todos fazem anotações no decorrer da reunião e um elemento do grupo fica 
responsável pela síntese.
• Estudo – discussão, problematização a partir de referenciais de leituras, comentários localizadores e 
identificação de outros pontos a serem contemplados nos próximos encontros.
• Tarefa – definição e descrição da tarefa do encontro onde todos devem trazer contribuições. Pode-se 
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• Tarefa – definição e descrição da tarefa do encontro onde todos devem trazer contribuições. Pode-se 
fazer rodízio da responsabilidade de trazer contribuições.
• Fechamento – avaliação e autoavaliação, após o momento de avaliação, pode-se fazer cartografia das 
palavras e expressões mais usadas durante o trabalho, assim como conceitos e temas que apareceram 
com maior incidência.
• Relembrando - entre um encontro e outro o Supervisor Pedagógico pode elaborar texto de reflexão 
aprofundando os aspectos destacados na última reunião. Também pode indicar outras referências 
bibliográficas - isso pode ser enviado por e-mail.
• Replanejamento – observação dos movimentos do grupo, discussões para as próximas leituras, sendo 
retomada ou com novos encaminhamentos.
• Síntese das sínteses - ao final de um período fazer uma síntese para observação e reflexão do grupo - 
reescrita. Pode ser feita individualmente, em dupla ou em grupo. A partir dessa ação pode-se definir os 
eixos centrais a serem contemplados no próximo período.
O que vem na próxima aula
• O planejamento da ação supervisora;
• a composição do plano de ação do Supervisor Pedagógico;
• descrição dos elementos que compõem o plano de ação do Supervisor Pedagógico.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu a importância da mediação do Supervisor Pedagógico no trabalho de formação dos 
professores, considerando a organização e sistematização desse trabalho;
• identificou estratégias que podem ser usadas na formação dos grupos de estudo na escola;
• observou sugestões de atividades que podem contribuir para a coesão do grupo.
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